domingo, 21 de junho de 2009

Dólar fraco

www.monitormercantil.com.br - 26/01/2009 - 19:01 - Dólar fraco pode empurrar EUA para novas guerras

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Títulos em liquidação

o coordenador da Cátedra e Rede Unesco/UNU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), Theotonio dos Santos, destaca que o Tesouro norte-americano está vendendo títulos com deságio de quase 30%. (...), ele avalia que o dólar tende a perder o papel hegemônico, mas continuará fazendo parte de uma cesta de moedas fortes.

"Existe realmente a tendência de fuga dos títulos americanos, que atualmente são de péssima qualidade. São lastreados numa moeda em desvalorização, com taxa de juros baixíssima", comentou o coordenador do Reggen, que é também integrante do Conselho Editorial do MM. Ele classifica a dívida pública dos EUA como impagável. "A perspectiva do investidor é receber outro documento quando seu título vencer. E o Tesouro só está conseguindo vender papéis com valor de face muito baixo, pouco acima de 70%".

A explicação de Santos para a parte da demanda que ainda resiste está na esperança gerada pela mudança de governo. "Talvez exista uma expectativa que, com o fortalecimento do governo e melhora da situação econômica, esses títulos possam valorizar e permitir a revenda com lucro". Ele pondera, no entanto, que a recuperação com Barack Obama na presidência deverá acontecer "muito mais na produção do que no setor financeiro".

Para o coordenador do Reggen, o próprio governo pode estar permitindo uma desvalorização dos títulos, na ponta. "Deve estar sendo obrigado a fazer isso para poder vender. Para tanto, cria-se um sistema qualquer de promoções. Faz parte da derrocada do dólar".

Estatização mais forte

Diante desse quadro, ele não vê perspectiva imediata de solução para o crescente déficit fiscal norte-americano. "O problema fiscal está aliado ao déficit comercial e a moeda está ameaçada por isso mesmo. A recuperação parece que será feita através de déficit público, mas nem tudo será repassado ao setor produtivo, é um gasto apenas contábil. Deve haver uma estatização mais forte do setor financeiro, ainda que os bancos sejam revendidos no futuro", prevê, lembrando que Timothy F. Geithner, secretário do Tesouro nomeado pelo novo governo, tem essa linha.

"O governo vai priorizar as áreas que vão atrair capitais, mas na realidade o investimento será feito com dinheiro do Estado. Baixar o déficit público não vai, porque investimento será com dinheiro público. As contas não vão melhorar no curto prazo", resume o coordenador do Reggen, lembrando que não há espaço para um aumento geral de impostos no momento. "Aumentar imposto não dá. Porém Obama se propôs a eleva-los para os setores de mais alta renda. Talvez por aí, e cortando gastos militares, possa conseguir equilibrar a situação", conclui.

Rogério Lessa

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