sábado, 31 de outubro de 2015

CARTA ABERTA A CESAR MAIA.

Caro César: Há muito tempo não nos vemos mas acompanho seus artigos quando posso.

Sempre me lembro que você foi um bom aluno meu no Chile e vejo que você busca sempre dar um fundamento analítico às suas posições políticas. Isto faz parecer que você continua fiel à denúncia do roubo de votos que caracterizou o crime eleitoral do Grupo Globo contra Brizola que você alertou. Porém, não concordo com grande parte dos seus exercícios teóricos.

Quero contudo chamar a atenção para o seu último artigo no Globo - jornal que continua afeito ao golpismo que o caracterizou por décadas - sobre as recentes eleições em Portugal, as quais você apresenta como uma vitória da direita neoliberal.

Contudo, trata-se exatamente do contrário: a direita no governo só alcançou 38,5% dos votos enquanto que a esquerda unida finalmente por um programa comum anti-neoliberal obteve 50,7% dos votos e dispõe claramente de uma maioria de deputados devendo portanto formar o governo.

Na verdade, mais uma vez, a direita busca apelar ao golpismo para sustentar suas políticas contrárias às grandes maiorias sociais. O presidente Cavaco Silva pretende impedir a posse de uma clara maioria de esquerda anti-neoliberal.

Publico abaixo um artigo que me enviou Sergio Caldieri para informar melhor a você e aos leitores em geral do meu blog. O artigo de Jacques Sapir é bastante claro e espero que você revise suas afirmações sobre a vigência democrática do neoliberalismo.

Muito cordialmente,
Theotonio

Silencioso golpe de estado em Lisboa 
25/10/2015, 
Jacques Sapir, Russeurope, Hipothèses

Portugal é vítima, nos últimos dias, de um silencioso golpe de estado organizado pelos dirigentes portugueses pró-Europa[1]. É evento especialmente grave. Acontece quando ainda está fresco na memória o golpe de força bem-sucedido contra o governo grego, pela combinação de pressões políticas vindas do Eurogrupo e pressões econômicas (e financeiras) vindas do Banco Central Europeu. E confirma a natureza profundamente antidemocrática, não só da zona-euro, mas também, e muito se deve lamentar, da União Europeia.

O resultado das eleições portuguesas

Muito se disse na França especialmente, na mídia, que a coalizão de direita saíra vitoriosa nas últimas eleições legislativas em Portugal. É mentira. Os partidos de direita, comandados pelo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho não tiveram mais de 38,5% dos votos e perderam 28 assentos no Parlamento. A maioria dos eleitores portugueses votou CONTRA as primeiras medidas de arrocho [orig. "austérité"], de fato, 50,7%. Eles eleitores votaram em candidatos da esquerda moderada , mas também do Partido Comunista Português e de outras formações da esquerda radical. De fato, o Partido Socialista Português tem 85 cadeiras, o Bloco de Esquerda (esquerda radical) 19, e o Partido Comunista Português 17. De 230 cadeiras/votos do Parlamento, as forças anti-arrocho têm 121; a maioria absoluta é de 116[2].

Poder-se-ia pensar num acordo entre os partidos da direita e o Partido Socialista. Mas esse acordo nunca seria possível sem a rediscussão de parte do programa de arrocho [orig. "austérité"] que resultou do acordo entre o governo português e as instituições europeias. E rediscussão que não deixaria de evocar a situação da Grécia...

Os socialistas e o "Bloco de Esquerda" disseram claramente que aquele acorde teria de ser revisto. Foi o que motivou o presidente Cavaco Silva a rejeitar o projeto de governo apresentado pela Esquerda. Mas os considerandos da declaração de Cavaco Silva vão ainda mais longe. Disse que"Considerados todos os sacrifícios importantes feitos no quadro de um importante acordo financeiro,é meu dever, e no exercício de minhas prerrogativas constitucionais, fazer todo o meu possível para impedir que se enviem falsos sinais para as instituições financeiras e os investidores internacionais[3]."

Essa declaração é, afinal, o verdadeiro problema. Que Cavaco Silva pense que governo da esquerda unida possa levar a um enfrentamento com o Eurogrupo e a União Europeia, é direito dele pensar o que bem queira, e é até bastante provável que seja como ele diz. Mas numa república parlamentarista como é Portugal hoje, o presidente não tem absolutamente qualquer 'dever' ou poder de interpretar intenções futuras, para opor-se à vontade dos eleitores.

Se uma coalizão de esquerda e de extrema esquerda tem maioria no Parlamento e se apresenta – como nesse caso – um programa de governo, a lei manda que a maioria forme o novo governo. Qualquer outra decisão aproxima-se de ato inconstitucional, e pode configurar golpe de Estado.


Situação econômica de Portugal

O golpe de Cavaco Silva surge quando a situação econômica de Portugal, quase sempre apresentada pelos jornais e jornalistas e 'especialistas' de televisão como caso de "sucesso" das políticas de arrocho [orig. "austérité"], continua extremamente precária. O déficit no orçamento ultrapassou 7% em 2014 e teria de estar naquele ano bem abaixo de 3%. A dívida pública já ultrapassa 127% do PIB. E se a economia conhece outra vez algum crescimento, ela se mantém, em 2015, no nível de 2014. O país foi empurrado dez anos para trás por conta das políticas de arrocho, com golpe social (desemprego) extremamente forte.

De fato, as "reformas" impostas como contrapartida do plano de ajuda para financiar a dívida e os bancos não resolveram o problema principal do país. Esse problema é a baixa produtividade do trabalho. A produtividade do trabalho é muito baixa em Portugal, e isso por várias razões, mão de obra pouco ou mal formada e investimento produtivo muito insuficiente. Portugal pôde acomodar-se a essa baixa produtividade nos anos 1980s e 1990s porque podia deixar que a moeda se desvalorizasse. Depois de 1999 e da entrada no euro, isso passou a ser impossível. Não surpreende, portanto, que a produção esteja estagnada.

Os sucessivos planos de arrocho [orig. "austérité"] postos em ação têm o objetivo de achatar os salários (em valor), sejam os salários diretos sejam os indiretos. Mas esse achatamento só beneficia as exportações, porque ao mesmo tempo deprime o consumo interno [4]. No caso em que uma depreciação da moeda deixaria inalterado o consumo interno, é preciso que os ganhos na exportação realizados graças aos planos de arrocho compensem as perdas no consumo interno. Por isso os planos de arrocho SEMPRE serão menos eficazes que uma desvalorização da moeda, e Patrick Artus pode acrescentar, em nota datada de 2012:"O ajuste pela taxa de câmbio dá resultados rápidos; vimos taxas mais altas nos casos de Espanha e Itália em 1992-1993 com rápido desaparecimento do déficit externo e aumento limitado no tempo de desemprego. Vê-se também nos diferentes ajustes dos países emergentes: Coreia e Tailândia em 1997, Brasil em 1998"[5].

A responsabilidade do euro na situação econômica de Portugal é inegável. Mas a responsabilidade das autoridades europeias no caos econômico e político que pode estar a caminho é também indiscutível.

Lições a aprender

Fala-se com frequência de um habituar-se ao desastre, de um cansaço de sofrer que levaria os povos a abandonar-se ao pior. De fato, nada disso se vê na atual situação. Os portugueses tentaram aplicar métodos inspirados pelo Eurogrupo e Comissão Europeia, e hoje são obrigados a constatar que esses métodos não dão os resultados prometidos. O voto nas eleições legislativas é o resultado desse processo. Mas dirigentes enfeudados no exterior, quer dizer, nas instituições europeias, decidiram não levar em conta os votos.
O que hoje se passa em Lisboa é tão grave, mesmo que pareça menos espetacular, que o que se viu acontecer na Grécia.

A natureza profundamente antidemocrática do Eurogrupo e da União Europeia afirma-se ainda mais uma vez, e confirma-se. Só cego não vê. E esse segundo evento poderia bem ser a gota d'água. Mas, para que seja, é imperativo que todas as forças decididas a lutar contra o euro encontrem formas de coordenarem suas ações. É preciso também não esquecer o que La Boétie escreveu no Discours de la servitude volontaire[1] publicado em 1574[6]: "os tiranos só nos parecem grandes porque estamos ajoelhados"[7]. Poder-se-ia retomar essa fórmula, que nos parece tão contemporânea e formulá-la assim:"as instituições europeias só parecem grandes porque (os soberanistas) estamos divididos".

Mais que nunca, põe-se ante nós a questão da coordenação de diferentes forças soberanistas. Essa coordenação não implica, de modo algum, que seja pequena a força a que essas forças se opõem, nem que poderia ser suspensa entre parênteses. É sempre a lógica das "Frentes" como a "Frente Unida Anti-Japão" feita na China pelo Partido Comunista Chinês e o Guomindang, que não são alianças no senso estrito do termo, mas permitem marchar separadamente e atacar juntos. Mas a realidade, por desagradável que pareça a alguns, é que, se não formos capazes de nos coordenar, um poder, na realidade minoritário, poderá continuar a exercer sua tirania. E de golpe de estado em golpe de estado, instaurar um regime permanente de golpe de estado.

NOTAS

[1]Evans-Pritchard A. "Eurozone crosses Rubicon as Portugal’s anti-euro Left banned from power", The Telegraph, 23/10/2015 [traduzido no Blog do Alok].

[2]Reuters, "LEAD 2-La gauche portugaise travaille à la formation d’un gouvernement" 12/10/2015,

[3]Evans-Pritchard A. "Eurozone crosses Rubicon as Portugal’s anti-euro Left banned from power", op.cit..

[4]Blanchard O. et D. Leigh, Growth Forecast Errors and Fiscal Multipliers,FMI Working PaperWP/13/1, Washington DC, janvier 2013.

[5]Artus P., "Dévaluer en cas de besoin avait beaucoup d’avantages", Flash-Economie, Natixis, n°365, 29 mai 2012, p. 6.

[6]La Boétie E., Discours de la servitude volontaire, Paris, Mille et une nuits, 1997.

[7]Essa frase conheceu grande sucesso às vésperas de 1789, mas noutra forma: "Os grandes só parecem grandes porque andam montados nas nossas costas; sacudâmo-los de cima de nós, rastejarão pelo chão."

[1]Etienne De La Boétie. [1574] Discurso da Servidão Voluntária. Tradução: Laymert Garcia dos Santos. Comentários: Claude Lefort, Pierre Clastres e Marilena Chauí. São Paulo: Editora Brasiliense, 1982 [NTs].

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

X SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE LUTA CONTRA O NEOLIBERALISMO


Movimentos sociais e intelectuais se reunirão para discutir a crise do capital, a guerra imperialista e o golpe neoliberal

O X Seminário Internacional de Luta contra o Neoliberalismo será realizado nos dias 6 e 7 de novembro na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), respectivamente. O evento, realizado anualmente, é em comemoração ao vigésimo quarto aniversário do Jornal INVERTA- fundado em 20 de setembro de 1991 na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e que constituiu-se em uma referência da imprensa alternativa de cunho socialista no Brasil e na América Latina – na ocasião, também se comemorará os vinte e três anos da circulação ininterrupta do Granma Internacional de Cuba em língua portuguesa e onze anos do acordo da Prensa Latina com a Cooperativa INVERTA.

A atividade é organizada pelo Jornal Inverta, pelo Centro de Educação Popular e Pesquisas Econômicas e Sociais (CEPPES) e pela Rede de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN).

Participam da atividade os diversos comitês que compõem o Movimento Nacional de Luta pelo Socialismo, assim como a Juventude 5 de Julho e uma série de entidades e movimentos sociais de todo o país.

No debate sobre os efeitos da crise do capital e a guerra imperialista pelo mundo participarão os representantes diplomáticos da Bolívia, Cuba, Síria e Venezuela. Discutindo a conjuntura brasileira, a tentativa de golpe neoliberal e a resposta dos movimentos sociais estarão destacados intelectuais e lideranças de movimentos sociais de todo o Brasil.

O ato de abertura será no auditório 11 (1º andar) da UERJ, na sexta-feira, dia 6 de novembro, às 18 horas, coordenado por Bianka de Jesus, editora e jornalista-responsável do Jornal Inverta e pelo historiador, Rafael Rocha, diretor da Inverta Cooperativa, e contará com a presença dos convidados internacionais e de diversos representantes de movimentos sociais e organizações políticas.


Os debates acontecerão no segundo dia, 7 de novembro, a partir das 8 horas, no ISERJ. A primeira mesa discutirá a crise do capital e a guerra imperialista. Será coordenada pelo editor do Jornal Inverta, Aluisio Bevilaqua, e pela pesquisadora do CEPPES, Julia Mariano Pereira. Os debatedores deste primeiro painel serão: Antonio Cícero Cassiano Sousa, professor do ISERJ e diretor do CEPPES; Beatriz Bissio, jornalista e professora-adjunta de Ciências Políticas da UFRJ; Edgar González Marín, cônsul-geral da Venezuela no Rio de Janeiro; Ingrid Sarti, professora de Relações Internacionais da UFRJ/IFICS e atual presidenta do Fórum Universitário do Mercosul; Nélida Carmona, cônsul-geral de Cuba em São Paulo; Shirley Orozco, cônsul-geral da Bolívia no Rio de Janeiro; e Theotonio dos Santos, presidente do CEPPES, doutor em Economia pela UFF e coordenador da Cátedra da UNESCO em Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN).

A segunda mesa, que tem como tema a crise do capital e o golpe neoliberal, começará às 11 horas, e terá como coordenadores Georgina Queiroz, do Centro Cultural Casa das Américas de Nova Friburgo, e Reimont Otoni, vereador no Rio de Janeiro pelo Partido dos Trabalhadores. Entre os debatedores convidados estarão: Aluisio Pampolha Bevilaqua, editor do Jornal Inverta, doutor em Educação pela UFC, pesquisador do CEPPES e membro do conselho da REGGEN e da Cátedra em Economia Global e Desenvolvimento Sustentável; Carlos Araújo, fundador do PDT, ex-preso político durante a ditadura militar e deputado estadual durante vários mandatos no Rio Grande do Sul; Eurico Figueiredo, professor titular de Assuntos Estratégicos e Relações Internacionais da UFF, colaborador permanente do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos da Escola de Guerra Naval; Gaudêncio Frigotto, professor adjunto no PPFH/UERJ e doutor em Educação pela PUC/SP; Glauber Braga, deputado federal (PSOL-RJ) e atual presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados; João Vicente Goulart, atual presidente do Instituto Presidente João Goulart; Roberto Amaral, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, e coordenador da Frente Brasil Popular; Wadih Damous, deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, da Comissão da Verdade/RJ e do Sindicato dos Advogados do Rio de Janeiro.

A terceira mesa, que terá início às 14 horas, debaterá a crise do capital e a resistência dos movimentos sociais ao golpe e à guerra, e será coordenada por Roberto Figueiredo, do Jornal Inverta e Ana Alice Teixeira Pereira, diretora do CEPPES. Os debatedores serão André Laino, professor da UENF (Universidade Estadual do Norte-Fluminense Darcy Ribeiro); Edson Munhoz, do Sindipetro-RJ e secretário de comunicação da CUT-RJ; Elton Lima, diretor do Sindicato dos Trabalhadores de Alimentação de Pelotas e secretário de comunicação da CUT-RS; João Pedro Stédile, economista e dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); Leonel Brizola Neto, vereador no Rio de Janeiro pelo PSOL; Orlando Guilhon, coordenador da Frente Brasil Popular e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC); Osmarina Portal, dirigente do Movimento Nacional de Luta pelo Socialismo; e Roberto Kennedy Franco, professor adjunto da UNILAB (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira).

Em seguida haverá um ato de comemoração ao 24º aniversário do Jornal Inverta, 23 anos de circulação no Brasil do jornal Granma Internacional e 11 anos do Acordo da Inverta Cooperativa com a Agência de Notícias Latino-americana Prensa Latina. Serão entregues as comendas imprescindíveis a militantes e personalidades com decisiva contribuição na luta social.

Além do almoço cultural de adesão, haverá um ato cultural de encerramento com as presenças da Brigada de Cultura da Juventude 5 de Julho, Cia Em Parte, Companhia de Arte Inverta, Escola de Teatro Waldir Onofre, do músico Gonzalo, do ator Idioraci Santos, da cantora Imyra Chalar da Silva, do grupo de forró Originais do Sudeste, da cantora Marília Bevilaqua, do compositor e cantor, Pedro Monteiro, da Juventude 5 de Julho e do intérprete Zelito Alves.

Inscreva - se em: http://reggen.org/

Serviço:

X Seminário Internacional de Luta contra o Neoliberalismo
Data: 6 e 7 de novembro de 2015 – sexta e sábado
Locais: Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) – sexta, dia 6; e no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (ISERJ), sábado, dia 7.
Contatos para imprensa:
Tel: 21-2222-4070 e 21-2242-7754 – Jornal INVERTA

terça-feira, 27 de outubro de 2015

OS PAÍSES EMERGENTES E O ESPÍRITO DA CONFERÊNCIA DE BANDUNG

O ESPÍRITO DE BANDUNG CRESCE DE NOVO.

DURANTE A DÉCADA DE 1970, INSPIROU O MOVIMENTO DOS NÃO ALINHADOS QUE REUNIU A MAIOR PARTE DOS PAÍSES MEMBROS DAS NAÇÕES UNIDAS CAUSANDO UMA REAÇÃO DOS CENTROS DE PODER MUNDIAL ATRAVÉS DA CRIAÇÃO DA COMISSÃO TRILATERAL (REUNINDO EUA, EUROPA E JAPÃO, SOB O COMANDO DA FAMÍLIA ROCKFELLER). 

AS COMEMORAÇÕES DOS 60 ANOS DA CONFERENCIA DE BANDUNG, ESTIMULADA ENTRE OUTRAS COISAS PELA CRIAÇÃO DOS BRICS, ESTÃO DESPERTANDO UM ENORME INTERESSE NÃO SOMENTE NA ÁSIA E ÁFRICA MAS INCLUINDO A AMÉRICA LATINA.

CHAMAMOS A ATENÇÃO DOS NOSSOS LEITORES PARA ALGUMAS INICIATIVAS NO CAMPO ACADÊMICO:

A - O South Center, dirigido por Martin Khor, dedicou importantes análises sobre a atualidade da Conferência de Bandung. Ver em:






B - A Associação Latinoamericana de Informação - ALAI publicou um número de sua revista mensal, America Latina en movimiento,  dedicado à Vigência do Espírito de Bandung. Baixar em:

http://www.alainet.org/es/revistas/169851

C - Uma iniciativa acadêmica multidisciplinar de instituições afro - asiáticas realiza uma conferência sobre: "Repensando as forças emergentes: 60 anos depois da Conferência de Bandung". 

A Professora Beatriz Bissio, como membro da Cátedra e Rede UNESCO sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN), representa a América Latina nessa conferência. A Professora Mônica Bruckman, também convidada, enviou seu paper na impossibilidade de realizar a viagem a Bandung. Veja abaixo o link para acessar a convocatória com a justificativa desse encontro:

http://www.bandungspirit.org/IMG/pdf/bandung_60_booklet-complete-1.pdf

D - Importantes especialistas em gestão internacional e pública, preocupados com a importância crescente dos países emergentes, preparam uma reunião para o próximo ano sobre: "Descolonizando os estudos de organização: na busca de um Novo Bandung". Ver texto abaixo:


In 1955 in Indonesia, a historical meeting took place of Asian and African states. The twenty-nine countries that co-organized the Conference represented nearly one-fourth of the land surface of the world and a total population of 1.5 billion. The Bandung Conference sought to create a new sense of solidarity among countries whose inhabitants had been dehumanized by colonialism. It represented a moment for constructing a more diverse, heterogenous collection of knowledge, including about organizations. Today metaphorically speaking, Bandung represents an opportunity for constructing a pluriversal MOS (Ibarra-Colado, 2006) and fostering a world in which many worlds and knowledges can coexist (Mignolo, 2011) from the perspective and in the interests “of the immense majority of humanity excluded by globalization” (Dussel, 2013: xx).

We wish to explore the possibility of a new Bandung in Organization Studies. We wish to discuss and assess organizing projects that are explicitly decolonial, and seek to reshape the existing global order. We also wish to consider the absence of such views within venues such as EGOS and the US Academy of Management, and the consequences of such absence. In short we wish to deploy the Bandung conference as a metaphor for heterogenous, dissonant, dissident, critical reframings of the discipline of MOS, reframings sensitive to differences of language, history, cultural identity, indigenous struggle, and development. The possibility of a New Bandung for MOS in Viña del Mar also means tracking the “center” and its own “peripheries”, in an effort to understand both the adherents as well as victims on a global scale of US-led Eurocentric “Organization Studies”.

Putting together “subalternized” voices, knowledges and bodies in order to dis-organize, alter-organize, organize ‘otherwise’, and decolonize MOS is a major challenge. In this stream we stand for the co-creation of a New Bandung in Organization Studies and particularly welcome contributions from peripheries of the “center”, whether peripheries defined by language (Lusophone, Francophone and Hispanic Americas and Africas), colonial history (South Asia and Indonesia), contemporary struggles (indigenous groups, Palestine, Kashmir), or other definitions.

We invite academics and practitioners of a variety of training and from different fields of knowledge to submit papers related to the following themes and topics:

- Engagements with MOS through post-colonialisms, Third Worldisms, development studies, dependency theorizings, and critical views on neoliberalism(s); or by engaging ‘otherwise’ with globalization studies, international relations, and regional studies;
- The contemporary global financial crisis and what it offers to heterogenize MOS; in particular the austerity project of the European Union, which follows prior efforts in Africa and Latin America through the 1970s and 1980s;
- Power shifts in the global order and what they signal for MOS; such shifts include the rise of the BRICS countries (Brazil, Russia, India, China South Africa) as a counter-hegemon to the Bretton Woods institutions;
- Projects of engagement and dis-engagement with the “center” of MOS; such projects include conference panels, presentations, journal submissions and other forms of colloboration and resistance with US-led Eurocentric “Organization Studies”, from “peripheries”;
- The post Cold War setting and what it constitutes in terms of Euro-American hegemony in MOS; in particular organizational struggles involving workers and oppressed peoples, and their implications for MOS;
- Contemporary struggles of indigenous people, such as in Ecuador or Bolivia, and their organizational implications;
- Critiques of Anglo/American- centric and heteronormative methodologies in MOS that present alternative modes of knowledge production; these could include (but not limited to) feminist, queer, experiential, ethnographic, interdisciplinary and psychodynamic methods;
- Historical accounts of alternative organizational theorizing from the South, that could be of relevance in this contemporary MOS moment;
- Fostering alternative types of organizations and organization studies from a perspective that recognizes more diversity than solely the corporate form
- Decolonial historical analyses of the rise of MOS within the Cold War period in Europe and of military dictatorships in Latin America;
- Decolonial historical analyses of “organization studies” from the perspective of alternative theorizing in Latin America, Europe and other parts of the rest of the world

Important Dates:
Abstract submission: November 10, 2015
Notification of acceptance: December 10, 2015
Submission of full paper (6.000 words): March 10, 2016
Abstracts of about 1000 words should be submitted through the website form at www.laemos.com<http://www.laemos.com>
The abstracts should be in English, including the name and email address of the author(s)

References

Amin, S. (2013). The Implosion of Contemporary Capitalism. New York: Monthly Review Press.
Bowden, B., & Seabrooke, L. (Eds.). (2006). Global standards of market civilization. London: Routledge.
Dussel, E. (2013). Ethics of Liberation. Durham and London: Duke University Press.
Ibarra-Colado, E. (2006). Organization Studies and Epistemic Coloniality in Latin America: Thinking Otherness from the Margins. Organization, 13 (4): 489-508.
Mignolo, W. (2011). The Darker Side of Western Modernity: Global Futures, Decolonial Options. London: Duke University Press.
Tlostanova, M. (2015). Keynote lecture. Delinking from progressivism, or emergence as re-existence: Some non-Western remedies against the rhetoric of modernity. Ephemera, Moscow, May 6-7, pp. 26-27.



quinta-feira, 15 de outubro de 2015

THEOTONIO DOS SANTOS, CIENTÍFICO SOCIAL BRASILEÑO, UNO DE LOS AUTORES DE LA TEORÍA DE LA DEPENDENCIA: “DILMA FUE MÁS LEJOS DE LO NECESARIO PARA LLEGAR A UNA NEGOCIACIÓN PORQUE SE VIO MUY AMENAZADA POR EL IMPEACHMENT”. (EXCLUSIVA PARA NODAL ECONOMÍA)

Theotonio Dos Santos, científico social brasileño, uno de los autores de la Teoría de la Dependencia: “Dilma fue más lejos de lo necesario para llegar a una negociación porque se vio muy amenazada por el impeachment”. (Exclusiva para Nodal Economía)

 

 

 

Por Paola Bianco. De la redacción de Nodal Economía

Brasil atraviesa una situación económica y política compleja tanto por las medidas de ajuste que viene tomando el gobierno en el último tiempo -que han horadado la legitimidad del mismo- como por los numerosos intentos de juicio político que impulsa la oposición contra la presidenta Dilma Rousseff. En ocasión del Congreso del Pensamiento Económico Latinoamericano, que se realizó en Argentina hace unos días, Nodal Economía entrevistó al prestigioso intelectual Tehotonio Dos Santos, uno de los referentes de la Teoría de la Dependencia, con el propósito de comprender la complejidad de este proceso, dilucidar las tensiones que existen al interior de la escena política brasileña y evidenciar los intereses geopolíticos y económicos que subyacen a esta etapa que –al menos tentativamente- parecieran ser el anverso de un proyecto que busca poner límites a las transformaciones de los últimos años.
Si analizamos la actual coyuntura de Brasil, la lectura que se está haciendo es que en el segundo mandato de Dilma Rousseff -y cuarto del PT- la presidenta ha pegado un giro hacia la ortodoxia. Primero con la designación de Joaquim Levy en el Ministerio de Hacienda y luego con la implementación de una serie de políticas de ajuste. ¿Cómo explica esto? ¿Se produjo efectivamente un cambio en la política económica del PT?
En realidad, el retroceso de la política económica se inicia a fines de 2012 y comienzos de 2013. Se trataba de un momento próximo a una elección presidencial y aparecieron entonces muchas noticias acerca de que EEUU iba a elevar la tasa de interés. La gente comenzó a meter esto en sus cálculos y a tener miedo del impacto que iba a tener. Se suponía que con esta medida caería el capital que venía a invertir en el país. Las autoridades del Banco Central empezaron a decir que había un peligro inflacionario muy grande, aunque esto no era así, había un control de la inflación. Entonces se tomó la tesis de que era necesario elevar la tasa de interés. A partir de ese momento empieza una recesión económica -porque nosotros estábamos creciendo al 7%- y ahí empieza a caer el crecimiento, es decir, sobre el final del mandato anterior de Dilma.
O sea, ¿los problemas de la economía de Brasil empiezan con una política de austeridad, que fue la de subir la tasa de interés?
Sí. El crecimiento cae, entonces Dilma, que estaba con 60 o 70 por ciento de apoyo, va a una elección más disputable. Es decir, ella ya entra en esta lógica y empieza a subir la tasa de interés y también sube la inflación.
Pero el mercado siempre propone recetas ortodoxas. Sin embargo, Brasil fue parte del proceso regional de los últimos años que logró ir en contra de esos principios y poner la política por encima de la economía, con medidas –por ejemplo- orientadas a la reconstrucción del mercado interno y a la distribución del ingreso. ¿Qué intereses influyeron entonces en este cambio?
En realidad, cuando entró al gobierno en enero de 2003, Lula asume una posición muy próxima a la ortodoxia. El director del Banco Central era miembro del partido recién derrotado (PSDB) y también entró un equipo bastante conservador al Ministerio de Economía que trabajaba con el Banco Mundial. De hecho, Lula lanza una política muy conservadora, que eleva la tasa de interés en forma extraordinaria. Hay que tener en cuenta que cuando llegó Lula, la tasa ya se encontraba en un nivel elevado -un 18 %- y él la lleva a 23 %, una cosa absurda, que ningún manual de economía recomendaría. Pero se consigue bajar la inflación, que ya era muy alta, estaba cerca del 12 %, y la medida va permitiendo al gobierno recuperarse políticamente y asegurar el control. Luego viene la crisis de 2008 y Lula mantiene la política anticíclica. Entonces, en los primeros años de gobierno hace todo lo maquiavélico y, en la segunda parte, toma las medidas más populares. Esto quedó como una máxima en Brasil, que se usa en realidad en todo el mundo: la “política de zigzag”; esa es la concepción estratégica de Lula.
En el caso de Dilma, como ella empezó una política de contención de la oposición, entonces se fue generando una situación de mucha inestabilidad y fue cayendo su prestigio del 70 por ciento a menos del 50 por ciento. Pero al final se agarró a una política de izquierda para poder sostener el apoyo dentro del PT, sino hubiera perdido sus propias bases.
Sin embargo, en la política exterior también se observan cambios. Por ejemplo, Brasil es uno de los países de la región que más impulsó en el último tiempo el acuerdo de libre comercio del Mercosur con la Unión Europea (UE) a diferencia, por ejemplo, de Argentina, que busca un acuerdo más equilibrado que proteja la industria. ¿Qué piensa de esto?
Acuerdo, pero en parte. Porque Dilma, por ejemplo, también participó en la estructuración de los BRICS, que no existían como grupo. Además, ha mantenido la línea fundamental de la política del PT en cuanto a la integración regional, aunque con menos ímpetu. En relación a Europa, el acuerdo ya existía. Lo que pasó es que la UE presionó más por un tratado en el último tiempo, ahora que Dilma no quería. Los europeos, en realidad, pretendían un acuerdo con toda Latinoamérica, pero eso no avanzó y, solo el Mercosur quedó como referencia para un entendimiento. Los europeos quedaron un poco preocupados porque EEUU estaba forzando la idea de la Alianza del Pacífico, que es una tontería absurda que no tiene ninguna consistencia. Pensemos que Colombia está ahí, pero también firmó todos los acuerdos de Unasur y Celac, y Chile y Perú también. Por eso esta estrategia del Pacífico no tiene ninguna posibilidad. Pero como EEUU no tiene en este momento ningún instrumento efectivo de participación en la región, está jugando con estas cosas idealizadas para presionar, pero no puede crear un movimiento anti-chino en el Pacífico. Es la primera vez que lo digo en público, si Estados Unidos continúa en esta política, California se va separar del país, porque California es el Pacífico y el Pacífico es China. Por eso, esta es una política muy peligrosa.
Pero acá, muchos diplomáticos vieron en la Alianza del Pacífico la posibilidad de desequilibrar la integración. Esto, unido a la proyección de que EEUU iba a aumentar la tasa de interés a 3 %, fue creando un clima a partir de una cantidad de noticias, todas falsas, y, ciertamente, los diplomáticos tuvieron algo que ver con el temor de Dilma en ese momento.
¿Cree que estas presiones que se expresan a través de los medios influyeron sobre la presidenta?
Dilma estuvo muy influenciada por estas jugadas, pero no se puede decir que ella haya cambiado. En el caso de la política económica tampoco, aunque fue más lejos de lo necesario para llegar a una negociación, porque realmente se vio muy amenazada por el tema del impeachment y, todo esto evidentemente trajo al señor Levy.
¿Cómo se resuelve entonces la gobernabilidad?
Se fueron haciendo algunos acuerdos entre las fuerzas progresistas de Brasil para superar la situación. Además hay otro problema, EEUU está en retroceso. La idea es cercar China porque está avanzando mucho, entonces tiene que bajar su participación en Oriente Medio y sacar las tropas. En ese momento decide que no vale la pena continuar estas presiones en Brasil, porque sería abrir un frente muy grande, extremadamente difícil de manejar.
¿Usted dice que EEUU operó el impeachment?
No el gobierno, sino la inteligencia norteamericana. Ahora no y por eso también se dividió la cuestión. El PSDB que está en el mismo barco: también bajó y ahora se está llegando a una situación de cierto equilibrio. Ya hay un compromiso casi mayoritario y estable de apoyo al gobierno y en el parlamento también. Con un poquito más de apoyo, defendiendo la ley, etc., quizá se pueda garantizar que el gobierno tenga victorias. La situación está llegando a un punto en que hay incluso mucha presión de los conservadores contra Levy en el Congreso, porque corta recursos y ellos no quieren exponerse a perder votos. La situación estaba desestabilizando a la élite, entonces él empezó a ceder muchas cosas, aunque la verdad es que nada de esto funciona sino baja la tasa de interés, porque todos esos recursos son para pagar interés. Con un tasa del 14 %, el país está debiendo ya -con esta política absurda- casi el 60 % del PIB. Esto disminuiría la presión sobre el presupuesto, porque no hay un problema del presupuesto.
¿Cree que habría que darle más importancia a la inserción de Brasil en el bloque de los BRICS y a la relación con China?
Bueno, se avanzó mucho. Se formalizó el Banco de los BRICS en la última reunión y todo indica que el próximo año va a estar en funcionamiento. Pero esto ya debería haber avanzado, porque esto permitiría una ofensiva. Pero, tanto dentro de la burocracia económica como de la diplomática, la gente no piensa así. Los chinos están ofreciendo apoyos muy generosos, no en préstamos, sino en inversión directa.
Algunos analistas sostienen que la relación de América Latina y China se inscribe en una neodependencia. ¿Qué piensa usted -que explicó la relación de la región con el mundo a partir de la Teórica de la Dependencia- sobre esta tesis?
Es una cosa un poco mecánica. Porque evidentemente China no está apostando a una hegemonía mundial en la misma dimensión que EEUU o en la que Inglaterra tuvo en otro momento del sistema mundial. Ellos saben que el costo de eso sería muy elevado. Por lo tanto, nosotros en la negociación con China tenemos condiciones para hacer muchas cosas, y si no lo hacemos, no es culpa de los chinos sino de nuestra visión colonizada, no independiente. Nuestra clase dominante está extremadamente colonizada. La prensa también refleja esta visión. Esto debilita mucho nuestra capacidad de negociación, porque evidentemente nosotros no podemos producir diferenciaciones en nuestra sociedad, formular una política más independiente basada en nuestros intereses. Esta visión se suma al asedio financiero. El año pasado, con la recesión, el sector financiero tuvo 28 por ciento de ganancia. En síntesis, no hay crisis, hay políticas comprometidas con intereses económicos. Si cambia la política, el país puede volver a crecer, no al 7 u 8 por ciento, pero si al 5 por ciento.

 

MAIS ELEMENTOS SOBRE A CRISE GERAL DO CAPITALISMO

Tony Ferreira está sempre bem antenado para os grandes problemas de nosso tempo, Este sintético texto mostra claramente esta qualidade: Estamos numa fase muito avançada da crise geral do capital e, portanto, de transição para uma civilização planetária que deve ser conduzida na direção de umas novas formações sociais em direção ao socialismo. A luta do capital para sobreviver é cada vez mais cruel e violenta. 
Segue o texto de Tony Ferreira

"Que diferença existe entre os barcos de imigrantes daLíbia agora e os navios negreiros que indignaram Castro Alves?" (Zuenir Ventura. "O Globo").

           A diferença, meu cândido e caro sr. Zuenir, é que, aos navios negreiros -que alimentavam com sua carga uma economia capitalista predominantemente agrária e escravista-, o próprio capitalismo tinha uma alternativa melhor e mais humana, que era, e foi, a economia capitalista predominantemente industrial e assalariadora.

           Já hoje, os barcos de emigrantes da Líbia, apesar de também transportarem predominantemente negros, refletem outra coisa. Refletem a miséria existente no III Mundo, particularmente na África, resultante do esgotamento do sistema capitalista, que já atingiu, planetariamente, sua última configuração, na qual só há lugar bom para, no máximo, 20% das pessoas que vivem sob esta formação econômico-social ; que já atingiu, praticamente, CONFORME TODAS  AS ESTATÍSTICAS MOSTRAM, o grau máximo de concentração da renda (o que, DENTRO DO CAPITALISMO, É IRREVERSÍVEL) ; que já não possui alternativas a oferecer, a não ser empurrar esses barcos de volta e manter-se vivo às custas de bilionárias e violentas intervenções militares, sabotadoras e golpistas no III Mundo -onde vive hoje o proletariado mundial-, lideradas pelos EUA, via CIA e/ou OTAN, de modo a manter a brutal espoliação e o grande domínio -vitais para sua manutenção, repito- exercidos pelo I Mundo sobre ele.

           Conforme, corretamente, escreveu o desembargador do TJ e membro da Associação Juízes para a Democracia, Siro Darlan, em "O Dia", de 16.09.15 : "O que se vê agora na Europa é uma reação tardia à violência sofrida secularmente pelos que se julgam os donos do mundo, que derrubaram os governos constituídos do Iraque, Síria e Líbia, produzindo guerras que atendiam aos seus interesses econômicos com falsas justificativas. Agora a Europa está sendo invadida por suas vítimas que chegam às suas fronteiras, desembarcam vivos ou mortos em suas praias, invadem seus trens e escalam suas montanhas, enfrentando a violência de uma polícia que tenta, sem sucesso, fechar as fronteiras com jatos de água, cassetetes e gás lacrimogêneo.". Exatamente o também apontado por um  dos mais aclamados fotógrafos da atualidade, o brasileiro Sebastião Salgado. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em 4/10/15, Salgado fez uma análise da atual crise de refugiados e atribuiu o problema às intervenções militares dos Estados Unidos e de países da Europa. "Quando eu conheci o Iraque, era um país rico, onde as pessoas trabalhavam, tinham aposentadoria, residências e viviam em paz. Um país (Estados Unidos) atacou o lugar e o trouxe para a idade da pedra. No Iraque hoje ninguém tem casa, bomba explode todos os dias, é um país fisicamente destruído. Para onde você quer que esse povo vá?”, questionou.

           É, sr. Zuenir, como já preconizava Rosa Luxemburgo, há mais de um século (em uma frase que ficou famosa :"Socialismo, ou barbárie."), a situação atual, toda ela parida pelo já ultrapassado e crescentemente deletério capitalismo, e sem saída dentro deste, é de tal gravidade, que o último livro do mundialmente renomado astrofísico britânico Martin Rees, ex-presidente da Royal Society entre 2005 e 2010, foi intitulado, significativamente, como "Nosso Último Século", e questiona se será possível à espécie humana sobreviver a este próprio século em que estamos vivendo, ao século 21 ! Posição, esta, ratificada, atualmente, por vários cientistas e pesquisadores, entre eles, por exemplo, o húngaro István Mészáros, professor emérito da Universidade de Sussex, na Inglaterra:"A persistir o capitalismo, o destino da humanidade será a sua autodestruição através das guerras e da crise ecológica. A alternativa socialista não é apenas possível, mas necessária para a sobrevivência da humanidade." ("A montanha que devemos conquistar"). E até mesmo pelo Papa Francisco : "Reconhecemos nós que o capitalismo impôs a lógica do lucro a todo o custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza ? Se é assim – insisto – digamo-lo sem medo : Queremos uma mudança, uma mudança real, uma mudança de estruturas. Esse sistema capitalista é insuportável : não o suportam os camponeses, não o suportam os trabalhadores, não o suportam as comunidades, não o suportam os povos.... E nem sequer o suporta a Terra, a irmã Mãe Terra, como dizia São Francisco. Quando o capital se torna um ídolo e dirige as opções dos seres humanos, quando a avidez do dinheiro domina todo o sistema socioeconômico, arruína a sociedade, condena o homem, transforma-o em escravo, destrói a fraternidade inter-humana, faz lutar povo contra povo e até, como vemos, põe em risco esta nossa casa comum. Não quero alongar-me na descrição dos efeitos malignos desta ditadura sutil : vós conhecei-los !" (Discurso pronunciado na Bolívia, em 09.07.2015. Rádio Vaticano, 10.07.15.)

            Sério mas simples, né, "seu" Zuenir ? Ou a humanidade dá cabo do capitalismo, ou ele terminará acabando com ela.


                  Tony


CUIDADO COM AS REVOLUÇÕES COLORIDAS. UMA DELAS ESTÁ EM MARCHA NO BRASIL

Moniz Bandeira realiza de forma sintética uma análise profunda da estratégia de golpismo "legal" que a inteligência dos Estados Unidos vem promovendo sistematicamente na região latino americana e em todo o planeta, sobretudo no Oriente Médio. Por razões de saude não vou participar da reunião convocada pela Academia de Ciencias Sociais da China e o Comité Central do Partido Comunista da China sobre as "revoluções coloridas" para a qual fui convidado para a próxima semana mas vejo com satisfação que as forças anti imperialistas no mundo vêm se interessando por uma estratégia sofisticada que dispõe já de propostas bem elaboradas publicadas nos livros citados por Moniz Bandeira que publicará no próximo ano um excelente livro sobre o tema. Sugiro aos meus leitores que não deixem de acompanhar esta pista tão bem sublinhada nesta entrevista.     

La ONDA digital
En el Brasil de hoy el Congreso y el Poder Judicial tratan de usurpar los poderes del Ejecutivo
http://www.laondadigital.uy/archivos/9055


Nº739
05-10-2015
12-10-2015 Uruguay



El cientista político e historiador brasileño Luiz Alberto Moniz Bandeira, analiza en este diálogo la compleja realidad política e institucional que vive Brasil por estos días.

Profesor, ¿usted cree que Brasil se encuentra en una encrucijada similar a la de 1964? ¿Es probable que el país vuelva a ser exclusivo, sólo para una minoría?

– La situación actual de Brasil es muy diferente a la de 1964. Ya no existe la supuesta amenaza comunista ni las Fuerzas Armadas brasileñas están dispuestas a dar ningún golpe de Estado. Tampoco quieren que se viole la Constitución, aunque, bajo el artificio de un impeachment, sin ninguna base legal, sólo porque la oposición se siente insatisfecha con la derrota en las urnas, no quiere al gobierno del candidato electo. La coyuntura mundial cambió. Lo que ocurre actualmente es una crisis económica, que surge no sólo de factores internos, sino también de perturbaciones externas de la economía mundial, como la caída de los precios de las materias primas, incluyendo al petróleo. Y la crisis económica que atraviesa Brasil, fue y es agravada, en gran medida, por la lucha de clases, por aquellos que no aceptan – por ejemplo – los programas sociales como el “Bolsa Familia” y por otros intereses políticos nacionales, conjugados y estimulados por intereses económicos y políticos extranjeros. Y, por mencionar un ejemplo, Brasil pertenece al grupo llamado BRICS, que creó el Banco de Desarrollo recientemente instalado en Shangai, como una alternativa ante el Banco Mundial y el Fondo Monetario Internacional. Este grupo de países, encabezados por Rusia y China, busca liberarse del dominio del dólar, como moneda fiduciaria, moneda de reserva internacional, a través de la cual, protegida por la OTAN que subordina a la Unión Europea, sólo los Estados Unidos producen, sin respaldo, y a través de la cual mantienen la hegemonía mundial. Evidentemente existen otros intereses para desestabilizar a Brasil.



En la historia brasileña, ¿hubo algún otro período de movilidad social intensa como la vivida desde 2003 hasta ahora? ¿Fue, por ejemplo el caso del gobierno Vargas o del gobierno Goulart? ¿Cuáles son las similitudes y cuáles las diferencias?

– Cada época, la de Getúlio Vargas y la de João Goulart, como la actual, tienen profundas diferencias, dado que el desarrollo de las fuerzas productivas en Brasil y en el mundo fue intenso, desde la década de 1950. De la misma forma que no se entra en el mismo río dos veces, no se vive dos veces el mismo tiempo histórico y, por consiguiente, el mismo sistema capitalista, porque las aguas corrieron y el sistema económico, aunque subsista, no es completamente igual, ni nacional ni internacionalmente, al que fue en el pasado. Está en permanente mutación, como nuestros propios cuerpos. Esto no significa que las similitudes desaparezcan. La historia es una, continua y las similitudes, en una esfera superior de la espiral, pueden repetirse con características y condiciones distintas. Getúlio Vargas reconoció los derechos laborales e instauró el régimen de libertad social en Brasil. En la carta testamento que dejó al suicidarse, el 24 de agosto de 1954, escribió: “La campaña subterránea de los grupos internacionales se alió a la de los grupos nacionales enojados contra el régimen de garantía del trabajo”. Esto se repitió y se repite. El presidente João Goulart continuó el mismo trabajo de Vargas y no sólo defendió los intereses nacionales, sino que extendió la legislación laboral al campo. Hubo, por lo tanto, movilidad social, como en la época de Vargas, desde la Revolución de 1930. Y la campaña subterránea de los intereses extranjeros se alió y fomentó la de los intereses nacionales. Las diferencias, sin embargo, son igualmente variadas. La supuesta amenaza comunista no existe más como elemento de manipulación de la opinión pública y de las Fuerzas Armadas; las dictaduras militares impuestas en América Latina constituyeron un fiasco; y los Estados Unidos ya no representan más una gran estrella como en la década de 1950, cuando la legitimidad de un gobierno pasaba por el buen relacionamiento con Washington. Los Estados Unidos están en franca decadencia, como reconoció el politólogo Francis Fukuyama en su obra Political Order and Political Decay.

-¿Cómo definir las nuevas formas que adoptan, en diferentes partes del mundo, los ataques a los Estados? ¿Podría ser Brasil víctima de algún experimento de ataque al Estado; llevado a cabo, claro, mediante el uso del Congreso y la justicia?

– La nueva técnica de ataque, de golpe de Estado, fue delineada por el profesor Gene Sharp. La estrategia fue plasmada en el libro del profesor Gene Sharp titulado From Dictatorship to Democracy. A Conceptual Framework for Liberation, traducido a decenas de idiomas para el entrenamiento de activistas/agitadores. Esta estrategia es llevada a la práctica mediante, en principio, una lucha no violenta, más compleja y por diversos medios, como la guerra psicológica, social, económica y política. Dichos medios son, por ejemplo, demostraciones de protesta, huelgas, no cooperación, deslealtad, boicots, marchas, caravanas de automóviles, procesiones, etc., porque los gobiernos solamente pueden subsistir si cuentan con la cooperación, sumisión y obediencia de la población y de las instituciones de la sociedad. Ella guió, en gran medida, la política de regime change del presidente George W. Bush, de acuerdo con el Project for the New American Century (PNAC). Consiste en fomentar el Political defiance, es decir, el desafío político, término usado por el coronel Robert Helvey, especialista de la Joint Military Attache School (JMAS), operado por la Defence Intelligence Agency (DIA), para describir cómo derrocar un gobierno y conquistar el control de las instituciones, mediante la planificación de las operaciones y movilización popular en el ataque a las fuentes de poder en los países hostiles a los intereses y valores de Occidente.

Y la estrategia del profesor Gene Sharp establece lo que el coronel David Galula había definido como “cold war revolutionary”, es decir, actividades de insurgencia que se mantenían, en su mayor parte, dentro de la legalidad, sin recurrir a la violencia. De esta manera, a través de ONGs financiadas por los Estados Unidos, las “revoluciones de colores” derrocaron a los gobiernos de países miembros de la Comunidad de los Estados Independientes (CEI) organización supranacional fundada en 1991 por iniciativa del presidente Boris Yeltsin, integrando en el espacio económico de Rusia a repúblicas de la extinta Unión Soviética: Armenia, Azerbaiyán, Bielorusia, Kazajstán, Kirguistán, Moldavia, Rusia, Tayikistán, Turkmenistán, Ucrania y Uzbekistán). La misma estrategia fue adoptada, también, por el presidente Barack Obama para promover la tan floreciente “Primavera Árabe”, que ya dejó como resultado, según la ONU, más de 160 mil millones de refugiados. La “freedom agenda”, del presidente George W. Bush y adoptada por el presidente Barack Obama, constituye lo que el Directorate of Army Doctrine (DAD), del Departamento de Defensa de Canadá, define como subversión, es decir, la tentativa de socavar la estabilidad y la fuerza económica, política y militar de un Estado sin recurrir al uso de la fuerza, por medio de la insurrección, pero con demostraciones, para provocar medidas violentas, para que puedan ser denunciadas como “excesiva reacción de las autoridades y así desacreditar al gobierno”.

La propaganda – agregó el documento del DAD – era “el elemento clave de la subversión” e incluye la publicación de informaciones nocivas para las fuerzas de seguridad, así como la difusión de rumores falsos o verdaderos destinados a socavar la credibilidad y la confianza en el gobierno. Y de ahí que los Estados Unidos tratan de crear el caos para derrocar un régimen. Hoy en Brasil no cuentan, sin embargo, con las Fuerzas Armadas. La estrategia del profesor Gene Sharp, aplicada en los países de Eurasia y del Medio Oriente por medio de las llamadas “revoluciones de colores” y “Primavera Árabe”, la demuestro en forma documentada en mi libro “La Segunda Guerra Fría”, que sale este año también en Argentina y en Alemania.

-¿Cuáles son las posibilidades reales de que prospere un “golpe blando” en este país y cuáles serían las consecuencias para América del Sur?

– No creo que el impeachment contra la presidente Dilma Roussef prospere. No existe ninguna acusación personal contra ella. Es una persona extremadamente honesta y correcta. Y no se puede decir que la crisis económica, que de hecho existe, sea alarmante en un país que el 18 de septiembre de 2015 contaba con reservas del orden de los U$S 370.570 millones, es decir, más de U$S 370 mil millones. Sin embargo, todo es posible, en un país cuyos partidos ya no existen, se convirtieron en meros rótulos, donde grupos de intereses particulares y el orden jurídico desapareció, con el juez de Paraná arrogándose el supremo derecho de investigar, más allá de su jurisdicción y ordenar, sin culpa comprobada, sólo basado en denuncias privilegiadas de grandes empresarios, a desacreditar a las empresas, empresas estatales y a empresas privadas, responsables, en gran medida, por las exportaciones de bienes y servicios de Brasil. Se trata de un método nazifascista, de terrorismo de Estado, de las épocas de Hitler y de los procesos de Moscú, bajo la tiranía de Stalin. La crisis, por lo tanto, no es sólo política, es institucional, dado que tanto el Congreso como el Poder Judicial tratan de usurpar los poderes del Ejecutivo. Es la crisis del régimen republicano, del presidencialismo, que de una manera u otra se da en los Estados Unidos y en los demás países donde fue implantado. Pero si el golpe blando tuviera éxito en Brasil, las consecuencias para América Latina serían las peores. Como declaró el presidente Richard Nixon en 1971: “hacia donde vaya Brasil irá América Latina”.

Por Luiz Alberto Moniz Bandeira
Escritor cientista político, historiador Brasileño
Traducido para LA ONDA digital por Cristina Iriarte
La ONDA digital Nº 739 (Síganos em Twitter y facebook)

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