sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Conferência de Theotonio Dos Santos sobre a crise econômica mundial no II Congresso de Historia Econômica do Rio de Janeiro

O II Congresso Fluminense de História Econômica foi realizado entre os dias 10 e 13 de setembro de 2012, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.  
 
 


Os demais vídeos do evento podem ser vistos no youtube.

Guerra Psicológica em Marcha no Brasil e na América Latina

Trata-se de uma guerra psicológica já usada em várias oportunidades, em articulação com poderosos grupos de poder mundiais, particularmente as agências de “inteligência” dos Estados Unidos, cujas atividades conhecemos bastante através dos processos e comissões de inquérito e direito de informação que operam naquele país. Conheço-os em detalhe desde a campanha contra Getúlio Vargas e o “mar de lama” que inundaria seu governo. Jamais provado: mas agora se conseguiu transformar na Suprema Corte em princípio jurídico a dispensa de prova!!! Imaginem o que esta nova Inquisição poderá fazer... E tão mais longe irão quanto mais frágil se revelem os defensores dos processos de mudança social que estão em curso... Lembro-me deles sobretudo na campanha contra João Goulart. Os enfrentamos aqui no Rio de Janeiro durante os dois governos Brizola. Os enfrentamos durante o governo Allende no Chile. Também venho assistindo de perto suas campanhas sujas contra Chávez, Correa, Morales e, agora, Cristina... Nossos escribas locais não acrescentam absolutamente nada aos argumentos bem cozinhados que vêm do centro de poder mundial... Vergonha!
 
Como combater estes poderes mediáticos que agora utilizam também os instrumentos virtuais, colocando ao seu serviço, os pobres internautas que se dispõem a divulgar estas calúnias em nome da necessidade de conhecer os 2 lados...? Este artigo de Jaime Amparo Alves -  que não conheço pessoalmente - é muito interessante e bem fundamentado mas é necessário ir mais longe na compreensão da articulação entre estes agentes (bem ou mal remunerados) da reação contra a emancipação humana.
 

Nunca houve tanto ódio na mídia conservadora do Brasil

Os textos de Demétrio Magnoli, Ricardo Noblat, Merval Pereira, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, entre outros, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira.

Jaime Amparo Alves*

Os brasileiros no exterior que acompanham o noticiário brasileiro pela internet têm a impressão de que o país nunca esteve tão mal. Explodem os casos de corrupção, a crise ronda a economia, a inflação está de volta, e o país vive imerso no caos moral. Isso é o que querem nos fazer crer as redações jornalísticas do eixo Rio – São Paulo. Com seus gatekeepers escolhidos a dedo, Folha de S. Paulo, Estadão, Veja e O Globo investem pesadamente no caos com duas intenções: inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e destruir a imagem pública do ex-presidente Lula da Silva. Até aí nada novo.
 
Tanto Lula quanto Dilma sabem que a mídia não lhes dará trégua, embora não tenham – nem terão – a coragem de uma Cristina Kirchner de levar a cabo uma nova legislação que democratize os meios de comunicação e redistribua as verbas para o setor. Pelo contrário, a Polícia Federal segue perseguindo as rádios comunitárias e os conglomerados de mídia Globo/Veja celebram os recordes de cotas de publicidade governamentais. O PT sofre da síndrome de Estocolmo (aquela na qual o sequestrado se apaixona pelo sequestrador) e o exemplo mais emblemático disso é a posição de Marta Suplicy como colunista de um jornal cuja marca tem sido o linchamento e a inviabilização política das duas administrações petistas em São Paulo.
 
O que chama a atenção na nova onda conservadora é o time de intelectuais e artistas com uma retórica que amedronta. Que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso use a gramática sociológica para confundir os menos atentos já era de se esperar, como é o caso das análises de Demétrio Magnoli, especialista sênior da imprensa em todas as áreas do conhecimento. Nunca alguém assumiu com tanta maestria e com tanta desenvoltura papel tão medíocre quanto Magnoli: especialista em políticas públicas, cotas raciais, sindicalismo, movimentos sociais, comunicação, direitos humanos, política internacional… Demétrio Magnoli é o porta-voz maior do que a direita brasileira tem de pior, ainda que seus artigos não resistam a uma análise crítica.
 
Agora, a nova cruzada moral recebe, além dos já conhecidos defensores dos “valores civilizatórios”, nomes como Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/01/para-ofender-lula-e-as-esquerdas.html> . A raiva com que escrevem poderia ser canalizada para causas bem mais nobres se ambos não se deixassem cativar pelo canto da sereia. Eles assumiram a construção midiática do escândalo, e do que chamam de degenerescência moral, com o fato. E, porque estão convencidos de que o país está em perigo, de que o ex-presidente Lula é a encarnação do mal, e de que o PT deve ser extinguido para que o país sobreviva, reproduzem a retórica dos conglomerados de mídia com uma ingenuidade inconcebível para quem tanto nos inspirou com sua imaginação literária.
 
Ferreira Gullar e João Ubaldo Ribeiro fazem parte agora daquela intelligentsia nacional que dá legitimidade científica a uma insidiosa prática jornalística que tem na Veja sua maior expressão. Para além das divergências ideológicas com o projeto político do PT – as quais eu também tenho -, o discurso político que emana dos colunistas dos jornalões paulistanos/cariocas impressiona pela brutalidade. Os mais sofisticados sugerem que a exemplo de Getúlio Vargas, o ex-presidente Lula cometa suicídio; os menos cínicos celebraram o “câncer” como a única forma de imobilizá-lo. Os leitores de tais jornais, claro, celebram seus argumentos com comentários irreproduzíveis aqui.
 
Quais os limites da retórica de ódio contra o ex-presidente metalúrgico? Seria o ódio contra o seu papel político, a sua condição nordestina, o lugar que ocupa no imaginário das elites? Como figuras públicas tão preparadas para a leitura social do mundo se juntam ao coro de um discurso tão cruel e tão covarde já fartamente reproduzido pelos colunistas de sempre? Se a morte biológica do inimigo político já é celebrada abertamente – e a morte simbólica ritualizada cotidianamente nos discursos desumanizadores – estaríamos inaugurando uma nova etapa no jornalismo lombrosiano?
 
Para além da nossa condenação aos crimes cometidos por dirigentes dos partidos políticos na era Lula, os textos de Demétrio Magnoli , Marco Antonio Villa, Ricardo Noblat , Merval Pereira, Dora Kramer, Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes, Eliane Catanhede, além dos que agora se somam a eles, são fontes preciosas para as futuras gerações de jornalistas e estudiosos da comunicação entenderem o que Perseu Abramo chamou apropriadamente de “padrões de manipulação” na mídia brasileira. Seus textos serão utilizados nas disciplinas de ontologia jornalística não apenas com o exemplos concretos da falência ética do jornalismo tal qual entendíamos até aqui, mas também como sintoma dos novos desafios para uma profissão cada vez mais dominada por uma economia da moralidade que confere legitimidade a práticas corporativas inquisitoriais vendidas como de interesse público.
 
O chamado “mensalão” tem recebido a projeção de uma bomba de Hiroshima não porque os barões da mídia e os seus gatekeepers estejam ultrajados em sua sensibilidade humana. Bobagem! Tamanha diligência não se viu em relação à série de assaltos à nação empreendidos no governo do presidente sociólogo! A verdade é que o “mensalão” surge como a oportunidade histórica para que se faça o que a oposição – que nas palavras de um dos colunistas da Veja “se recusa a fazer o seu papel” – não conseguiu até aqui: destruir a biografia do presidente metalúrgico, inviabilizar o governo da presidenta Dilma Rousseff e reconduzir o projeto da elite ‘sudestina’ ao Palácio do Planalto.
 
Minha esperança ingênua e utópica é que o Partido dos Trabalhadores aprenda a lição e leve adiante as propostas de refundação do país abandonadas com o acordo tácito para uma trégua da mídia. Não haverá trégua, ainda que a nova ministra da Cultura se sinta tentada a corroborar com o lobby da Folha de S. Paulo pela lei dos direitos autorais, ou que o governo Dilma continue derramando milhões de reais nos cofres das organizações Globo e Abril via publicidade oficial. Não é o PT, o Congresso Nacional ou o governo federal que estão nas mãos da mídia.
 
Somos todos reféns da meia dúzia de jornais que definem o que é notícia, as práticas de corrupção que merecem ser condenadas, e, incrivelmente, quais e como devem ser julgadas pela mais alta corte de Justiça do país. Na última sessão do julgamento da ação penal 470, por exemplo, um furioso ministro-relator exigia a distribuição antecipada do voto do ministro-revisor para agilizar o trabalho da imprensa (!). O STF se transformou na nova arena midiática onde o enredo jornalístico do espetáculo da punição exemplar vai sendo sancionado.
 
Depois de cinco anos morando fora do país, estou menos convencido por que diabos tenho um diploma de jornalismo em minhas mãos. Por outro lado, estou mais convencido de que estou melhor informado sobre o Brasil assistindo à imprensa internacional. Foi pelas agências de notícias internacionais que informei aos meus amigos no Brasil de que a política externa do ex-presidente metalúrgico se transformou em tema padrão na cobertura jornalística por aqui. Informei-lhes que o protagonismo político do Brasil na mediação de um acordo nuclear entre Irã e Turquia recebeu atenção muito mais generosa da mídia estadunidense, ainda que boicotado na mídia nacional. Informei-lhes que acompanhei daqui o presidente analfabeto receber o título de doutor honoris causa em instituições europeias, e avisei-lhes que por causa da política soberana do governo do presidente metalúrgico, ser brasileiro no exterior passou a ter uma outra conotação. O Brasil finalmente recebeu um status de respeitabilidade e o presidente nordestino projetou para o mundo nossa estratégia de uma America Latina soberana.
 
Meus amigos no Brasil são privados do direito à informação e continuarão a ser porque nem o governo federal nem o Congresso Nacional estão dispostos a pagar o preço por uma “reforma” em área tão estratégica e tão fundamental para o exercício da cidadania. Com 70% de aprovação popular, e com os movimentos sociais nas ruas, Lula da Silva não teve coragem de enfrentar o monstro e agora paga caro por sua covardia. Terá a Dilma coragem com aprovação semelhante, ou nossa meia dúzia de Murdochs seguirão intocáveis sob o manto da liberdade de e(i)mprensa?
 
* Jaime Amparo Alves é jornalista, doutor em Antropologia Social, Universidade do Texas em Austin – amparoalves@gmail.com

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Revista America Latina em Movimento: Integración suramericana temas estratégicos

Preciosa edição da revista da Alai sobre a estratégia da UNASUL para a gestão soberana dos recursos naturais, coordenada por Osvaldo Leon e Monica Bruckmann. Não percam, podem baixar de graça ou comprar a revista. Para baixar em .pdf clique aqui: http://www.alainet.org/publica/480.phtml
 
Integración suramericana: Temas estratégicos

Los procesos de integración que vive América del Sur buscan promover una integración y unidad regional de largo plazo y de carácter multidimensional: económico, político, cultural, educacional, de infraestructura, etc. En este contexto, se retoma el debate sobre el desarrollo como proyecto regional. 

Temas claves como soberanía, recursos naturales e hidro-energéticos, preservación de la biodiversidad y los recursos bio-genéticos, la Amazonía como área de preservación y de disputa, se colocan en el centro del debate político.

A este debate se dedica la más reciente edición de la revista mensual de ALAI "América Latina en Movimiento" (edición doble: 480-481, noviembre-diciembre 2012), con el siguiente temario:







Recursos naturales, pensamiento estratégico y soberanía
Monica Bruckmann

Entrevista a Alí Rodriguez Araque:
UNASUR: Garantía de equilibrio mundial
Monica Bruckmann y Osvaldo León

Integración: fenómeno de larga duración
Theotonio dos Santos

Pistas y desafíos en la geopolítica latinoamericana
Ana Ester Ceceña

El Banco del Sur y la nueva arquitectura financiera regional
Jaime Estay

Recursos naturales, ciencia y tecnología y políticas industriales:
América Latina ante la reprimarización y la sociedad del conocimiento
Leonel Corona y Remzi Xhemalce

Venezuela: El petróleo como fuente rentística internacional y soberanía
Bernard Mommer

Minería a cielo abierto: Una mirada argentina sobre los conflictos sociales y ambientales
Elsa M. Bruzzone

Chile: Allende, el cobre y el movimiento de trabajadores y estudiantes
Orlando Caputo y Graciela Galarce

Participación social, cultura y comunicación
Osvaldo León



Para adquirir la edición impresa:
Visite la página: http://alainet.org/adquisiciones.phtml

Precios por ejemplar, o suscripción anual (se incluye ahora pagos por tarjeta de crédito o cuenta Paypal).

Más información sobre adquisiciones: alaiadmin@alainet.org

Redacción ALAI: info@alainet.org

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Site de Roberto Amaral

Recebemos esta excelente noticia de Roberto Amaral. Ele criou seu site. Vale a pena acompanhar:

Apresentação
 
Prezada amiga, prezado amigo
 
Apresento-lhe (ele está no ar ainda em processo de construção, portanto, sujeito a 'chuvas e trovoadas') meu sítio/site/blog/sei-lá-o-quê no endereço www.ramaral.org Gostaria de conhecer sua opinião e ler sua critica. E gostaria que você, acaso concordando com o que nele está editado, divulgue seu acesso, para que ele possa chegar a todos os seus amigos e amigas.

Abraços,
 
Roberto Amaral

Integração sul-americana

Continuam os debates sobre a integração sul americana. Vale a pena acompanhar.

Capitalismo corporativo y ciencias sociales, artigo de Pablo González Casanova

Devemos ler sempre com muito cuidado as reflexões de Pablo Gonzalez Casanova, nosso querido companheiro e mestre.
 
 
Capitalismo corporativo y ciencias sociales
 
Pablo González Casanova (*)
 
 
Palabras preliminares.
 
Para acercarse a un planteamiento de las ciencias sociales y  el porvenir de cualquier país o región es ineludible analizar el proceso de globalización que a nivel mundial se inició con el golpe de estado de Pinochet en Chile. Desde entonces hasta hoy, globalización y neoliberalismo han evolucionado a grandes saltos, en sucesivas crisis que abarcan al mundo entero.
 
A partir de la necesidad de plantear los problemas locales o regionales dentro de una  dialéctica mundial,  divido esta exposición en tres partes. En una primera, me referiré a las ciencias hegemónicas de la globalización, en la segunda tomaré en cuenta la presente agudización de la crisis y la dialéctica de las necesidades inmediatas, y de los hábitos de presión y negociación, o de conformismo, en la tercera señalaré cómo llegan a superarse las contradicciones,  las desregulaciones y las depredaciones del capitalismo corporativo conforme se agudizan y  me referiré a las ciencias sociales y el pensamiento crítico, alternativo y revolucionario, con manifestaciones particularmente ricas en América Latina.
 
Quiero antes aclarar que reconozco los males y peligros del mundo  con la seguridad de que conocerlos nos ayuda a luchar para vencerlos. Digo esto porque voy a hablar de una situación que ha empeorado y de cómo ha empeorado.
 
Entre lo nuevo de la globalización cabe atender observaciones que juntas tienen un sentido de que carecen cuando se les ve por separado. Procuraré destacar las tendencias en que se inscriben las noticias aisladas de los periódicos y otros medios.
 
Primera Parte.
 
1. Aclaro. Las ciencias hegemónicas no son sólo ideologías. Son también tecnologías y tecnociencias para la dominación y la acumulación.
 
2. Como ciencias y tecnocienciencias su desarrollo no se limita, pero  corresponde al de las ciencias de la comunicación y de la organización destinadas a alcanzar los objetivos del capitalismo corporativo y de sus sistemas de organización para la maximización de ganancias y la minimización de pérdidas.
 
3. Las ciencias y tecnociencias se aplican a la organización del sistema de sistemas corporativos, y también a la organización de una corporación como sistema de dominación y acumulación.
 
4. Las tecnociencias de la comunicación y la información constituyen conocimientos directamente vinculados a la organización de  los sistemas del  capitalismo corporativo. El vínculo entre comunicación, información y  organización plantea los problemas de la infraestructura de la comunicación y de la información, los problemas de las redes de información y sus unidades jerárquicas y cooperativas, centralizadas y autónomas, formales e informales, legales e ilegales, abiertas y encubiertas.
 
5. Plantea a la vez los problemas de las unidades jerárquicas  y de las unidades coordinadas que de arriba para abajo o de abajo para arriba  dialogan y precisan las acciones más adecuadas en los diferentes sitios o tiempos.
 
6. En todos los casos la organización de las corporaciones busca estimular la retroalimentación para incrementar la eficiencia y la eficacia, la competitividad y las posibilidades de dominar y acumular. Nadie declara que “en general” las organizaciones deben ser jerárquicas o cooperativas: se estudia cuáles  son las  mejores en cada caso o campo de acción para alcanzar los objetivos.
 
7. A los problemas anteriores se añaden los que corresponden al sentido de la información. En este  terreno aparecen las racionalizaciones y las ideologías y valores  que deforman u ocultan los verdaderos objetivos que se buscan.
 
8. Muchos engaños y autoengaños se ocultan a los propios actores e investigadores, no se diga a los competidores o a las  víctimas actuales y potenciales, a quienes se debilita y hace perder eficacia y eficiencia mediante políticas de desinformación, de desorganización, de pérdida de sentido de la realidad, de conformismo, desentendimiento, desidia  mental y material, virtual y real.
 
9. En las guerras formales e informales las políticas de desinformación, desconocimiento y desestructuración   se complementan con las medidas de eliminación y destrucción física y moral de competidores y opositores.
 
10. Eliminación y destrucción se combinan con invitaciones y atenciones que buscan la cooptación, colusión y corrupción de individuos y grupos a los que se atrae y se separa de su gente. La política de eliminación se combina con la política de los desertores y traidores, o de los agradecidos e incorporados.
 
A las limitaciones y contradicciones de estas medidas y al rechazo de las mismas nos referiremos después.
 
11.  Otro campo de los conocimientos hegemónicos aplicados por el capital corporativo es el de las combinaciones y reestructuraciones no sólo en redes de empresas asociadas y subordinadas sino  en redes de complejos empresariales-militares-políticos y mediáticos. Las redes de las corporaciones incluyen colectivos de los que mandan en los organismos financieros, en las megaempresas de producción, comunicación y servicios, en el ejército y la información. 
 
12. Los complejos de poder son  unidades integradas que constituyen “el poder detrás del Estado”. A los complejos de poder de las corporaciones les corresponde asumir la soberanía o decisión de última instancia; pero no lo hacen sin una gran cantidad de mediaciones en las que las decisiones se discuten y toman por socios, miembros, ciudadanos en  campos asignados a las soluciones alternativas.  Se combina así una gran autoridad y sujeción con campos de negociación que varían según la correlación de fuerzas.
 
13. Informales en gran medida, los complejos de poder se sirven, de manera también informal, de intermediarios o grupos de cooptación, corrupción, presión y represión que, entre otros, constituyen los “lobbies” cuyos miembros operan en los círculos políticos, o forman y contratan a agentes abiertos y encubiertos a los que se asignan esporádica o sistemáticamente  acciones legales e ilegales, entre las que se esconde el crimen organizado y subrogado.
 
14. Los sistemas autorregulados y orientados a fines se aplican junto con sistemas tecnológicos que son  además de autorregulados, adaptables, creadores y procreadores. Las tecnociencias de la “inteligencia” impulsan crecimiento y perfeccionamiento de la robótica, y dan origen tanto a la biorrobótica como a la construcción de redes y sistemas de redes de información y organización.
 
15. Robótica y biorrobótica así como ciencias de la información y de la organización aumentan eficiencia y eficacia de las corporaciones y complejos en los costos de la acumulación y de la dominación, en la masa salarial, en las bajas de guerra, en la “conquista” de mercados… También aumentan el desempleo de artesanos, trabajadores por su cuenta, asalariados de pequeñas y medianas empresas.
 
16. Es más, debilitan las demandas de los trabajadores organizados que desde sus lugares de trabajo se enfrentan a un capital en redes con alta movilidad mundial, capaz de emigrar de un día a otro  a los países de trabajadores des-regulados, que son como “establos de mano de obra barata”.
 
17. Los efectos buscados  para el abatimiento de salarios y  la pérdida de fuerza de los trabajadores organizados no se limitan a operar en la geografía de las desigualdades existente. Con el neoliberalismo y la globalización imponen políticas de construcción de “establos de mano de obra barata” en los propios países metropolitanos, no se diga ya en los de la periferia mundial.
 
18. Las tecnociencias aumentan exponencialmente la proporción de víctimas y daños del enemigo, en relación a las víctimas y daños propios. Los trasgénicos aumentan en forma también exponencial la capacidad de producción de las agroindustrias y el desplazamiento o eliminación de campesinos, cuyos  territorios pasan a depender de las semillas transgénicas o a perder sus propiedades en beneficio de la agroindustria o  de las empresas extractivistas. A la expulsión de que son objeto por los trasgénicos, se añaden muchas medidas más como la falta de créditos, y numerosas formas de asedio y acoso de guardias blancos, paramilitares y narcos.  Las noticias que se publican al respecto no dan idea de las tendencias a que obedecen.
 
19. Otros recursos tecnocientíficos notables son, de un lado,  los que tienen antecedentes en  la historia de los “engaños de guerra” y, de otro lado,  los que operan en  la economía monetaria. Se trata de la “realidad virtual” que se afina de manera increíble con el termo-magnetismo. Este contribuye como una especie de milagro científico a hacer creer que se vive en un mundo en el que no se vive. Permite organizar  luchas de distracción que anulan  totalmente la capacidad de ver y entender  las luchas reales en que los beneficiarios son las corporaciones y complejos y los integrantes de sus redes de apoyo.
 
20. Es necesario aclarar que la diferencia entre la realidad virtual y la realidad es distinta de la diferencia entre el mundo formal y el mundo real de  las instituciones y el derecho. Es distinto en relación a  las verdaderas prácticas que nada o poco tienen que ver con las formas institucionales y jurídicas.
 
Los modelos tecnocientíficos de la realidad virtual  corresponden a lo que de veras parece real y no es real, a  lo que potencialmente es real y a la hora de la verdad resulta que no  es real… El fenómeno se da en la deuda externa, en la deuda pública, y en la deuda hipotecaria, todas impagables, pero que permiten crear auges económicos ficticios,  poseer propiedades que de antemano se van a perder y hacer negocios y política a corporaciones y complejos. El fenómeno también se repite en las guerras virtuales contra el terrorismo y el narcotráfico que distraen de las guerras reales de  globalización y recolonización. En sus versiones político-militares corresponde a modelos de corrupción y cooptación de individuos, grupos  y colectividades de víctimas hambrientas. En  las guerras y políticas virtuales por “la libertad” los escenarios virtuales han sido ampliamente aplicados. Se han aplicado también en los procesos de globalización, primero con las técnicas contrainsurgentes, después con las técnicas de colonización y recolonización urbano-rural.
 
21.  La ciencia más avanzada en opinión de la mayoría de los gerentes de la globalización  es la llamada “ciencia de la toma de decisiones”, una de las ramas en que reciben generosos subsidios y estímulos los grupos y centros  de investigación. Su área privilegiada es la que se ocupa de refinar la toma de  decisiones para la maximización de utilidades y par la disminución de riesgos tanto en el campo económico como en el político--militar. Combinada con la vieja política de “pan y palo”, o con la  psicología de Skinner para la domesticación de animales y humanos, o con los preceptos de Teodoro Roosevelt para la dominación de los pueblos con “bananas y garrotes”, más que un rigor científico indica cuán fuerte se siente el mundo de las corporaciones y de los complejos militares-empresariales para imponer su política de dominación y acumulación.
 
22. Por otra parte, un tipo de conocimientos científicos  que se pensaría ajeno a su aplicación por el capital corporativo es el de los sistemas cosmológicos que Prigoginne llamó “disipativos”. Se trata de sistemas que para continuar existiendo insumen energía y materia de sus contextos y arrojan a ellos deshechos y basuras. En el reino de las analogías, característico de las nuevas ciencias el fenómeno es un símil perfecto de las distintas formas del colonialismo y sobre todo del neocolonialismo transnacional. Es cierto,  los símiles despiertan la imaginación científica de los modelos y escenarios de la geopolítica.
 
23. En cuanto a  los sistemas de la materia y de la vida, muchos  muestran obedecer a procesos entrópicos y neguentrópicos, o a “luchas” antisistémicas y de defensa del sistema. Es el caso de los sistemas en fases de transición al caos o en fases de emergencia del caos, de des-estructuración por bifurcaciones sucesivas e incontenibles, o de  estructuración creciente con “fractales”  o formaciones, que son similares a escalas cada vez mayores; o el caso de las redes y “dendritas” o “conductores” de  neurones que se vuelven órganos más y más complejos y eficientes. Es el caso también del cuerpo humano  con los anticuerpos positivos que lo defienden junto con el baso, y los anticuerpos negativos que atacan a los defensores, los confunden y los  llegan a destruir, destruyendo así al organismo. Todo ese tipo de sistemas, aparentemente desligados de la práctica, tienen  aplicación analógica para destruir al enemigo o a la víctima, y como en los casos anteriores pueden reaparecer en una epistemología funcional al sistema, grata al sistema,  y que por principio se oculta su propia  historicidad  como sistema que necesariamente tiene un principio y  un fin. La “negación” cognitiva – descubierta por Freud en sus investigaciones psico-analíticas, se manifiesta aún con más claridad en relación a las fuerzas dominantes de sistemas que  muestran características terminales, como es el caso del capitalismo según lo ha comprobado entre otros, Immanuel Wallernstein, uno de los más connotados investigadores de las ciencias sociales.
 
Segunda Parte.
 
24. Si reparamos en el conjunto de estas nuevas técnicas de organización y las consideramos como  sistemas de unidades o “colectivos”que se enlazan e interactúan para alcanzar objetivos, reconocemos un hecho en el que hemos puesto menos atención de la que merece. Neoliberalismo y globalización han generado una colosal reestructuración del capitalismo, de la dominación y la acumulación, que atañen a las luchas de los trabajadores y de los pueblos.
 
Ya en ocasiones anteriores el capitalismo se había reestructurado para aumentar su poder y ganancias. Pero las reestructuraciones actuales son distintas de las anteriores. Las anteriores sirvieron, desde el siglo XIX, para  aumentar las divisiones de la clase obrera en proceso de organización y lucha. Las políticas emergentes en los inicios del capitalismo industrial  pasaron de la creación de la llamada “aristocracia obrera” – que se separó del “proletariado pobre”--, a la formación de los “sectores medios”, y de amplias capas de   “trabajadores de cuello blanco” frente a los de “cuello azul”, y frente a los que no tenían  ni camisa, frente a los “descamisados” como los llaman en la Argentina.
 
Las políticas de estratificación y movilidad social se llegaron a aplicar en gran escala. Si desde fines del siglo XIX el cambio de la escala o estratificación social aumentó en algunos países de Europa Occidental, aumentó todavía más, y en un mayor número de países, después de la Segunda Guerra Mundial. Lo impulsaron en los países metropolitanos el “Welfare State” (el “Estado Social”) y el “New Deal”, (el “Nuevo Trato”), y en los países periféricos el “Nacionalismo revolucionario”, la “descolonización” formal y el “desarrollismo”. A las viejas divisiones de los trabajadores  se añadieron nuevas divisiones por estratos y sectores con una mayoría que quedó des-regulada y siguió  sin  derechos sociales y ciudadanos efectivos (y la falsa esperanza de alcanzarlos con “el desarrollo”), y con una minoría relativa que contaba con organizaciones y prestaciones, y con la regulación jurídica de los derechos de unirse, de presionar y negociar. El derivado buscado y no buscado, esperado e inesperado de esa política fue la proliferación simultánea de  “los condenados de la tierra”,  de los trabajadores y pueblos “marginados”  y “excluidos”, de los braceros desterrados y “sin papeles”. Desde entonces hasta hoy  todos esos “marginados del desarrollo”, excluidos y super-explotados constituyen la inmensa mayoría de los trabajadores del mundo.
 
25. Con la globalización y el neoliberalismo de fines del siglo XX y principios del XXI vino un nuevo control de los trabajadores. El nuevo control incluyó a los trabajadores metropolitanos y a todos los trabajadores  organizados para privarlos de sus derechos y prestaciones y “des-regularlos”. Al mismo tiempo el capital corporativo entró en el proceso de forjar una nueva “organización de sistemas autorregulados” a su servicio, que cambiaron aun más, tanto  la lucha de clases como la lucha de los pueblos por su Independencia.
 
Al crecimiento de las compañías transnacionales se añadió la consolidación de las fuerzas de mando y el impulso a la integración de los verdaderos “complejos empresariales-militares-mediáticos y políticos”. Con ellos el capital corporativo perfeccionó sus políticas de cooptación y represión, y  también las de ocultamiento mediante acciones llamadas “encubiertas”, entre las cuales destaca la “subrogación” o “subcontratación” de trabajadores a través de fábricas de obreros super-explotados. Esas fábricas son conocidas en inglés como “sweat shops” o “fábricas sudadero”. Lo que sus patrones hacen es bajo su propia responsabilidad. De sus acciones inhumanas e incluso criminales,  no son responsables, ni aparente ni legalmente, las megaempresas que al comprar sus productos a precios mucho más bajos de los que habrían tenido que pagar a sus asalariados, se quedan con el excedente que logran los explotadores.
 
26. Las nuevas políticas  permitieron al capital corporativo quitar las principales facultades soberanas a los estados, hasta disponer de un nuevo tipo de estado privatizado cuyos jefes de gobierno hacen de la “competitividad”, de la “eficacia”, la “eficiencia” y la “gobernanza” su principal tarea: atraer a los capitales con exenciones de impuestos, con subsidios, con aplicación del presupuesto para fortalecer sus infraestructuras, con desregulación de los trabajadores, con políticas de “dejar hacer, dejar pasar” o de “lavado de dinero” que contribuyen sin el menor obstáculo a la compraventa y el trasiego de armas y narcóticos. Sus beneficiarios contribuyen por su parte a la recolonización de regiones y países mediante la subrogada cooperación del “crimen organizado”.
 
También, “bajo su propio riesgo”, el “crimen organizado” coopera  con las corporaciones “extractivistas” y manufactureras para proporcionarles mano de obra barata y trabajadores cabalmente des-regulados, muchos de ellos en condición de nuevos  esclavos o semi-esclavos de facto, con hombres, mujeres, niños y niñas que los gobiernos dan por “desaparecidos”. Grupos “paramilitares” y “crimen organizado” practican la política de inmigración de los países industriales que ya no necesitan más trabajadores informales de los que tienen. Se adelantan a  sus policías de migración y a sus guardias fronterizos y les ahorran el trabajo de rechazarlos o eliminarlos reduciéndolos mediante las políticas de genocidio y esclavización. Las víctimas son en parte  contabilizadas y clasificadas por los propios órganos de Naciones Unidas.
 
27. La nueva categoría de los gobiernos privatizados hace de sus presidentes un nuevo tipo de gerentes que  muestran ser buenos gobernantes por su capacidad de atraer capitales corporativos y de aplicar las políticas de “descrecimiento”, “desinformación”, “desconocimiento” y “des-educación” con que el capital corporativo dominante logra eliminar competidores en los países endeudados e impide que surjan nuevos competidores con alta capacidad tecnológica, o clases medias con jóvenes insumisos y bien preparados. La política de la ignorancia universal es aplicada con una variante principal: en los países metropolitanos y más avanzados de Europa, Estados Unidos y Canadá con una creciente privatización de las escuelas y universidades, complementada con el endeudamiento de por vida de los estudiantes pobres que quieran estudiar,  y con la transmisión de una mentalidad y orientación tecnocrática y empresarial  que se aplican en la docencia y la investigación. En cuanto a los países en desarrollo sujetos al Banco Central Europeo o al Banco Mundial dominado por Estados Unidos, la política de la ignorancia va desde la clausura legal de escuelas y universidades, hasta su auto-destrucción y ocupación por las fuerzas públicas. La política de la ignorancia incluye a todos los niveles de educación e investigación científica, tecnológica y humanista, entre variaciones focalizadas.
 
28. Los presidentes-gerentes y demás gobernantes mental y materialmente privatizados abandonan, con el apoyo de los “accionistas” y de la burocracia de los “complejos militares-políticos-empresariales y mediáticos” los antiguos proyecto de Civilización, Progreso, Desarrollo. Por supuesto abandonan también los antiguos proyectos de la democracia del pueblo con el pueblo y para el pueblo, y de justicia y libertad que en un tiempo pasado proclamaron algunos de los más importantes “founding fathers”, como Lincoln.
 
29. Al “adelgazamiento” del Estado para bien de la “Sociedad Civil” y de los derechos humanos, el proceso globalizador suma, en efecto,  el triunfo que propuso el neoconservador Daniel Bell sobre “las obsoletas luchas ideológicas” que han sido sustituidas por unas curiosas luchas de partidos con distintos marbetes y con posiciones muy parecidas en que apoyan las contrarreformas neoliberales, o guardan silencio sobre ellas dejando que pueblos y trabajadores paguen los costos de la crisis que enriquece sin recato las arcas de los poderosos.
 
30. El discurso público pierde su significado práctico. El derecho, la moral, el humanismo, la democracia, el socialismo, la patria, los “derechos humanos” contienen significados y sobreentendidos retóricos, sólo emocionales para los poderosos. La crítica y la presión pierden significado: los aludidos “hacen como que no oyen”, y no oyen.  Sólo queda lo que Cardoza y Aragón llamaba “el derecho de pataleo”. En la Sociedad y el Estado predomina el individualismo, con “amables mendicantes”, y a veces con agresivos “grupos de presión e interés” y con “tribus políticas” cuyos miembros se muestran deseosos de ser designados para  puestos de  elección popular. Estos se otorgan bajo un nuevo tipo de golpes de estado institucionales, y  son fuente de múltiples negocios para quienes financian los millonarios gastos de las “elecciones populares”. En los golpes de estado institucionales,  el ejército se limita a fortalecer los actos ilegales e  ilegítimos una vez que son declarados perfectamente legales y legítimos por las autoridades nacionales y  por los jefes de Estado del proyecto globalizador. La globalización abarca así a la “democracia occidental” y fortalece con la legitimidad diplomática y “la comunidad internacional” los nuevos golpes a la “libertad de sufragio”.
 
Segunda Parte.
 
31. En tales condiciones se acentúa una crisis que incluye la economía, la cultura, la política, la seguridad, la sociedad, la ecología, la paz Se incrementan las cooptaciones, corrupciones y represiones no sólo individuales sino colectivas. Pierden sentido las luchas de los partidos políticos con el alineamiento de todos a la misma política globalizadora y neoliberal. La lógica del “menos malo” o del “menosmalismo”, que a menudo no carece de fundamento, se sigue aplicando en condiciones cada vez peores.
 
32. Al mismo tiempo las fuerzas neoliberales y globalizadoras amplían el espacio de lo no negociable y se aferran a lo no negociable. Como buenos gobernantes de la globalización muestran lo que se les exige: muestran que “saben tomar decisiones frente a los peligros”, que es “el más reciente arte de gobernar”. Enfrentan los riesgos al sostener y ampliar firmemente lo no negociable, pues “lo no negociable” corresponde a una nueva expresión de la dictadura del capital.
 
33. En esta situación, los conocimientos científicos no estimulados o tácita y abiertamente prohibidos pasan a ser “conocimientos perseguidos”, como hace poco señaló, en los propios Estados Unidos,  el presidente de la “Academy for the Advancement of Science”.
 
34. También se perfeccionan los falsos apoyos a los movimientos sociales rebeldes con “marinnes” o soldados locales que los defienden en nombre de la libertad. Y al grito de la libertad se amplía la legalización de las políticas de privatización y depredación.
 
35. Se pone en el orden de lo legal conveniente lo que antes se criminalizaba sin un derecho positivo que lo respaldara y que ahora se realiza “con todo derecho”. Así se incrementan los espacios legales de la “mano de obra” des-regulada, y la esclavización del trabajo de una mano de obra universalmente des-regulada.
 
36. Se aplican modelos de corrupción de electores y de rebeldes, de bases de apoyo a gobiernos y estados en resistencia. Se montan escenarios de la realidad virtual en países enteros con hombres de carne y hueso, con armas de alto calibre y con víctimas incontables de heridos, muertos, desaparecidos, despojados y esclavizados.
 
37. Políticas contra los trabajadores y los pueblos que antes sólo se practicaban en el “Sur” se aplican en el “Norte”, como en España, Grecia, Italia.
 
38. Se estimulan fobias raciales y religiosas, como las que hoy se dan contra los musulmanes y ayer se dieron contra los judíos.
 
39. Aumentan abiertamente los procesos de recolonización y de intervención aérea, terrestre y marítima, como en Libia. O las ocupaciones que con el pretexto de ayuda humanitaria se realizan, como en Haití.
 
40. Aumentan las guerras bien armadas  entre el Norte y el Sur de países como en Sudán.
 
41. Continúan las guerras de asedio y cerco de Rusia y China, y las que destruyen países enteros como Palestina, Irak y Siria.
 
42. Aumentan las explotaciones mineras a cielo abierto.
 
43. Continúan los factores antropogénicos que determinan el calentamiento global.
 
44. Se extienden y profundizan las políticas de descrecimiento.
 
45. Se incrementa el desempleo tecnológico y el desempleo por eliminación del sector público de salud, educación, vivienda,  producción y distribución de bienes y servicios de primera necesidad para la población de bajos ingresos.
 
46. Las políticas de “austeridad” y “ajuste presupuestal” se combinan con las de subsidios billonarios para salvar a las corporaciones y a los bancos de curiosas crisis en que obtienen  inmensas ganancias.
 
47. Emerge nuevamente el mundo con un claro enfrentamiento entre los bloques de Oriente y Occidente.
 
48. Los procesos de destrucción-recuperación son sustituidos por los de destrucción de países y  apropiación de energéticos y de otros recursos extractivos para los que se construye la infraestructura necesaria.
 
49. La extrema derecha ocupa un espacio cada vez más amplio con algunas combinaciones en que, desde la derecha, se busca “cuidar” a la clase media, como en Estados Unidos, donde el demócrata Obama se corre a la derecha con algunas concesiones sociales y el Republicano Romney reelabora esa rara especie de anglo-fascismo con democracia y sin soberanía del pueblo, en espera de ganar la próxima vez.
 
Tercera Parte.
 
50. En medio de esta gran crisis surgen  en Nuestra América y en la propia América del Norte, fuerzas que no tienen precedente. Se advierten nuevas posibilidades, resistencias,  valores y formas de lucha con énfasis en la construcción de fuerzas.
 
51. Tanto en las corrientes emancipadoras como en el pensamiento crítico, alternativo y revolucionario, radical y en  resistencia, se da un énfasis especial  a la construcción de los propios movimientos con la práctica  en ellos de los valores por los que luchan. A la clásica alternativa de “Reforma o Revolución” se añade la idea-fuerza de crear “ese otro mundo posible” en las organizaciones mismas que luchan por alcanzarlo. El fenómeno se advierte desde el “26 de Julio” en la precursora Isla de Cuba, pasando por los zapatistas del Sureste Mexicano, que en más de veinte años construyen en sus territorios el ideal por el que luchan, hasta los pueblos andinos y los “Ocupa” de Wall Street. En todos los movimientos  por  “otro mundo posible” se busca practicar “la felicidad de unos que no implique el sacrificio de otros”, como definen los nuevos incas la utopía posible y necesaria de nuestro tiempo. En todos predominan los valores de una democracia como poder del pueblo, y como respeto a la cultura, la lengua, la raza, el sexo, la edad de los demás.
 
52. Al llegar a este punto  parecería fundamental analizar la dialéctica de los intereses inmediatos que se encuentran con  los hábitos de trabajar y luchar y con un sentido común que no fácilmente se abandona… Sólo apuntaré el problema. Es evidente que la dialéctica de los intereses inmediatos y de los hábitos de pensar y actuar vive crecientes contradicciones conforme el proceso globalizador avanza como crisis y como guerra,  en que crisis y guerra adquieren características extremadamente  violentas y dramáticas en la dominación y la acumulación, en el poder y  el empleo, en la inseguridad, en la educación y la cultura, en la política y  la sociedad, y en  el agotamiento de los recursos vitales. Vivir la crisis en la crisis –como en Grecia o España—genera cambios inusitados de dolor y de furia. Unos toman la decisión de quitarse la vida, y  otros la de luchar y hasta dar la vida para vencer al sistema opresor y depredador en que “la vida no es vida”, y en que con la decisión de luchar para ganar se lucha por la firmeza, por la lucidez, por la sagacidad, por la malicia y la audacia frente al enemigo, y, también por la conciencia de lo que ocurre, de sus causas y remedios; por la información y la organización y por fortalecer recuperar y extender el sentido de la lucha. Crisis, decisión  y creación histórica parecen darse con más frecuencia y fortaleza en las juventudes “sin escuela, sin empleo y sin futuro” que se unen más y más entre sí y con  “los de abajo y a la izquierda”, con  los trabajadores des-regulados y con los excluidos, con los ciudadanos burlados, con los  pueblos recolonizados y, ahora también, con los des-regulados y colonizados de las propias metrópolis.
 
Una crisis semejante –que por lo demás está rigurosamente documentada--   rompe la dialéctica de los intereses inmediatos y elimina el “sentido común” enajenado de quienes querían seguir luchando como antes,  sólo para recuperar lo que antes obtenían como individuos, o como “grupos” o “partidos” o “sindicatos de empresa” o pequeñas congregaciones. Entre tropiezos e iluminaciones  redescubren la vieja y nueva lucha por la emancipación frente a opresores y depredadores, hoy reagrupados en redes de  accionistas, gerentes y consejos de corporaciones, organismos financieros  y complejos empresariales-militares-políticos y mediáticos con sus redes abiertas y encubiertas de asociados, subordinados, subrogados y mafiosos, con unos como grandes, respetables y cultos señores, y otros como agentes encubiertos, criminales organizados supuestamente perseguidos y paramilitares, supuestamente campesinos, obreros y estudiantes pobres.   
 
Tres observaciones  ineludibles:
 
53. La inmensa mayoría de las poblaciones que se beneficiaron con las políticas del Estado Social y que hoy sufren los crecientes daños del Estado privatizado y recolonizado, neoliberal, tienen hábitos de luchar e intereses creados que los llevan a proponerse lo imposible: volver al pasado estado social, que por lo demás sólo benefició y dio derechos a una quinta parte de la población mundial, o menos.  Muchos de los que se niegan a sacrificar sus intereses inmediatos y los de su familia –con razones que para nada son despreciables— muestran una gran incapacidad de reconocer que “lo no negociable” va en serio y no es un decir de las fuerzas que dominan en su país y en el mundo. No se dan cuenta que “lo no negociable” es lo que le da un carácter dictatorial a quienes dominan y mandan como grandes propietarios o como soberanos.
 
54. Si la esperanza de regresar al estado socialdemócrata o al socialismo burocrático todavía subsiste en muchos, es de esperar que con la agudización imparable de la crisis, de la desregulación y el despojo, característicos de la recolonización por la fuerza inapelable de las corporaciones y complejos, dada esa agudización determinada por su creciente codicia y e imparables exigencias, los daños que van a generar en miles de millones de víctimas promoverán ese momento histórico de dolor y rabia que en las grandes crisis de civilización  siempre lleva a romper, en forma exponencial, los hábitos de lucha, y a dejar de lado la lógica de los intereses inmediatos. Si esto ocurre como prevén las más rigurosas investigaciones científicas, los nuevos movimientos sociales, surgidos en la época del neoliberalismo y la globalización, y que tienen como pioneros a los pueblos indios, y entre ellos como precursor al movimiento zapatista de los pueblos mayas… es muy probable y deseable que se articulen con  los nuevos movimientos populares encabezados por  la juventud, que en el 2011 y 12 surgieron incluso en los países metropolitanos, y que enriquezcan con ellos el proyecto emancipador más rico en la historia de la humanidad: un proyecto de proyectos de  lucha que define las palabras y los conceptos por la organización.
 
55. El nuevo movimiento histórico por la emancipación y por la vida está en un proceso creador genuino de organización de la libertad, de organización del pluralismo ideológico y religioso, de organización de la justicia social y los derechos humanos de personas, trabajadores, y  comunidades; por    la organización de derechos que incluyan a razas, sexos, homosexuales, grupos de edad, y por la organización de una democracia y un socialismo que combinen la participación con la representación, y las relaciones horizontales con las jerárquicas, y todas para hacer que los encargados o comisionados sean efectivamente “servidores públicos” y “manden obedeciendo” las instrucciones generales deducidas de una Inter-comunicación permanente con la que se deriven y corrijan las líneas generales de lucha, de pueblos soberanos, capaces de  reorganizar y recrear la historia que nace.
 
56. El discurso que “junta la palabra con la cosa” es la forma más idónea para luchar contra la “realidad virtual” que oculta el futuro realmente a esperar, y hace perder el sentido de las luchas realmente existentes con  antiguos y  nuevos recursos del teatro político. Los conceptos de los nuevos movimientos no sólo se definen por las palabras y los símbolos sino por la organización de las prácticas correspondientes, y de los medios más idóneos para alcanzar el futuro que se quiere. Las relaciones deseadas se articulan y practican. Se cumple así ese otro objetivo de “hacer camino al andar”.
 
57. Los conceptos se definen por la organización, la organización por los objetivos a alcanzar, así como por la comunicación, por la información, por los mensajes, por el sentido de los mensajes, por el saber y la experiencia en que los mensajes se basan, por la precisión, claridad  y profundidad con que se trasmiten y entienden, por las medidas en que se aplican y los nuevos conocimientos que de la acción práctica o praxis se derivan, y que permiten repetir o reformular el proceso con mayores conocimientos, tomando en cuenta las variaciones históricas y geográficas concretas a que se refiere el sub-comandante Marcos en sus ensayos epistemológicos. Y en este punto me viene a la memoria esa vivencia de un caminar en el lodo de la Lacandona, en que hasta el teatro sentimos que nos conducía a la Realidad, o el que viví en 1959 en Cuba en que el discurso pedagógico conducía a la utopía que se organiza entre contradicciones.
 
58. Los nuevos contingentes que se inscriban en los amplios proyectos de lucha por otro mundo posible y necesario van a enfrentar numerosas contradicciones entre las que destaca la que se da en los propios gobiernos de resistencia al neoliberalismo y a la globalización, a la privatización, los que se proponen  tanto la resistencia como a la construcción de una nueva organización de la sociedad y el poder, del poder y la acumulación. En cualquiera de esos casos surgen  falsas alternativas, muchas de ellas doctrinarias y de sueños pasados. Pero  la única que podrá asegurar el triunfo de la lucha por la independencia y la democracia, por la justicia, por el nuevo socialismo y la maravillosa libertad es la que organiza la soberanía del pueblo y su gobierno de tal modo que tanto sus gobierno respete la soberanía de su pueblo como los otros gobiernos se vean obligados a respetar la soberanía de pueblos articulados con sus gobiernos, y de gobiernos articulados con sus pueblos, unos y otros capaces de imponer soluciones acordadas frente a las contradicciones internas. La subsistencia de Cuba en medio de la catástrofe del socialismo parlamentario y del socialismo burocrático, se debe a la inmensa organización, de espectro amplio, que comprende al  Estado-Pueblo de la pequeña Isla bloqueada hace más de cincuenta años,  único movimiento emancipador y creador constante y triunfante.
 
59. Hoy, es cada vez mayor el dominio de las nuevas técnicas de comunicación, información y organización por los movimientos del Mundo Árabe, de Grecia y España, de Estados Unidos de Norteamérica, de los jóvenes latinoamericanos, que desde Chile hasta México, pasando por el Caribe, están iniciando la lucha digital y cibernética por otro mundo posible.
 
60. Y lo importante es que a las innovaciones en el conocimiento, la comunicación, y la organización se agrega una convicción creciente de que la moral es un arma fundamental de lucha para la organización de la cooperación, y de la solidaridad necesarias para construir  “otro mundo posible” y para defender su construcción.
 
61. A más de fortalecer las estructuras de la solidaridad y la  cooperación, la moral de lucha unida a la redefinición de las estructuras para la defensa del proyecto alternativo llenará un vacío muy descuidado por los “moralistas”. Frente al ataque de complejos y corporaciones con “la represión y la corrupción”, con “el garrote y la zanahoria”, o “el palo y la voz dulce”, los creadores de la nueva historia no sólo se plantearán siempre la lucha por la seguridad sino la lucha contra la “caridad de guerra” llamada “acción cívica” o “humanitaria” y contra la falsas empatías de quienes dicen luchar con los pueblos cuando en realidad luchan contra ellos. El “soy pobre pero honrado”, y el “prefiero morir luchando que vivir de rodillas” se resumen en el elogio de la dignidad que cultivan los pueblos indios. 
 
62. Las ciencias sociales y quienes las combinan  con el saber de los pueblos  pueden asumir los grandes retos que plantea la historia, y cada quien lo hará “según sus capacidades y posibilidades”. Unos podrán adentrase en la política pedagógica y dialogal, y de vanguardias que construyen vanguardias, que a su vez construyan otras vanguardias, y mantengan un esfuerzo incesante por construirse y educarse a sí mismos. Harán de la pedagogía política, enriquecida por Frei y por Fidel, el arte de enseñar a los pueblos a tomar decisiones en que tómese la decisión que se tome hay riesgos a asumir o consecuencias que soportar, y en que a sabiendas, los pueblos y los pobres piensan y deciden. A la política pedagógica es impostergable añadir ese nuevo tipo de investigación en ciencias sociales que toma muy en cuenta el saber de los pueblos, y que investiga con los pueblos y los trabajadores, con ellos y entre ellos.
 
63. En cualquier caso, todos, como especialistas en ciencias sociales no sólo tenemos que impulsar el conocimiento emocional y racional que aumenta la fuerza de las voluntades emancipadoras. Tenemos que organizarnos para elaborar un informe riguroso, confiable y válido, sobre los peligros de destrucción del mundo, a que inevitablemente vamos, de seguir predominando el proyecto depredador y re-colonizador actual del capital corporativo, que entre los riesgos que exige asumir a sus gobernantes ha presionado una y otra vez por imponer los que provocan el calentamiento global, la destrucción del medio ambiente y las probabilidades de una guerra de destrucción mutua, que si les sirve para aterrorizar es también parte de un juego dictatorial irresponsable. Demostrar con el máximo rigor y la más confiable y válida  información la naturaleza de estos peligros, y plantear un camino de transición a un mundo post-capitalista puede parecer una ilusión. En realidad constituirá una aportación a la vida humana y a la libertad.

 
- Conferencia presentada en CLACSO "Conferencia Latinoamericana y Caribeña de Ciencias Sociales", noviembre 2012.

 

(*) Investigador social.  Ex-rector de la UNAM- mexico

UNASUR: Los recursos naturales como eje dinámico en la estrategia de integración y unidad de nuestros países‏

Publicamos em seguida o texto da secretaria geral da UNASUL que foi em geral incorporado à Declaração de Lima cujo link entregamos aos leitores deste blog em nota anterior.
 
 
UNASUR: Los recursos naturales como eje dinámico en la estrategia de integración y unidad de nuestros países

por Secretaría General UNASUR
 
 
 
Propuesta que eleva la Secretaría General a las Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno de los países integrantes de UNASUR Los recursos naturales como eje dinámico en la estrategia de integración y unidad de nuestros países

Con la firma del Tratado Constitutivo de la UNASUR, los doce países que la integran dieron un paso de dimensiones históricas. Se trata, nada más y nada menos, que de hacer efectiva la decisión de reunir las partes, hoy separadas, de una gran nación. Porque eso somos, una gran nación: por tener un territorio y un origen histórico comunes, por tener una cultura y creencias que nos son también comunes, por compartir igualmente afinidades lingüísticas que nos permite una comunicación fluida y, no menos importante, por enfrentar problemas similares.

Los notables cambios operados en el mundo y particularmente en nuestra región, han abierto las puertas a procesos de integración y de unidad que abarcan todo el espacio identificado como América de Sur y, en general, la América Latina y el Caribe. No es éste, sin embargo, el primer intento de integración. Existen, como se sabe, experiencias anteriores, lo que revela que éste, es un anhelo y un objetivo histórico de nuestros pueblos. El hecho de que tales objetivos no se hayan realizado, nos coloca ante algunas interrogantes al momento de enfrentar la materialización de un proyecto como la UNASUR.

 ¿Dónde radica la principal fortaleza que puede convertir a la UNASUR en un proceso exitoso e irreversible?

En consecuencia ¿Cuál es el eje dinámico fundamental en una estrategia de integración y unidad Suramericanas?

¿Cuáles son los principales retos a encarar y superar en el corto, mediano y largo plazo?

LA PRINCIPAL FORTALEZA DE LA UNASUR

No somos potencia militar, ni industrial, ni tecnológica y, afortunadamente, tampoco potencia nuclear. Lo que al mismo tiempo le confiere fuerza centrípeta en lo interno y gravitación en el ámbito mundial a la región, es el hecho de representar una impresionante reserva de recursos naturales: minerales fósiles  y no fósiles , fuentes de agua dulce , bosques, enorme concentración  de biodiversidad  y ecosistemas, tierras aptas para la producción agrícola, todas las fuentes primarias de energía y, en particular, un gran potencial para la producción de las llamadas energías limpias, para una población de 401 millones dentro de los 612 millones de habitantes que pueblan el conjunto de América Latina y el Caribe, según proyecciones de la CEPAL para 2011 . Ocupamos una superficie que supera los 17 millones de kilómetros cuadrados. Esa superficie aloja recursos mucho más que suficientes para dar impulso a los más ambiciosos planes de desarrollo que imaginarse pueda. Podríamos decir que lo tenemos todo.

Pero, entonces cabría preguntarse ¿Qué es lo que no tenemos? Una reflexión rápida, nos conduce a la siguiente respuesta: nos falta una visión común de nuestras fortalezas y objetivos, una estrategia y un plan coherente para materializarla, que nos permita aprovechar la gigantesca potencialidad que representan la enormes reservas de recursos naturales y humanos alojados en esta riquísima región.


Sin embargo, en los proyectos de integración en desarrollo en este momento, incluida la UNASUR, ese poderoso y principal factor para el éxito de una estrategia y su plan correspondiente, apenas ha merecido referencias ocasionales e insuficientes. Como resultado de esa omisión, nos encontramos frente a un conjunto de paradojas que reclaman nuestra atención.

LAS PARADOJAS

• A pesar del incremento del volumen de nuestras exportaciones, un examen más detallado revela que, mientras en el intercambio intrarregional las manufacturas superan a las materias primas, en el intercambio extra regional el peso relativo de las materias primas supera ampliamente las manufacturas . Estas, además, son de baja composición tecnológica. Al mismo tiempo, esta situación nos está indicando el potencial existente para una fuerte expansión del mercado interno Suramericano con todas las ventajas que esto representa y como factor dinamizador de integración y unidad.

• Mientras tanto, nos hemos convertido en exportadores netos de capital. Los excedentes financieros, lejos de convertirse en inversión productiva local y regional, son enviados al sistema financiero internacional caracterizado hoy por la más alocada actividad especulativa. La misma que se ha convertido en un quebradero de cabeza para las economías del norte.

• Al mismo tiempo que nuestras tierras alojan esa riqueza de enormes proporciones, sobre ellas habitan todavía más de cien millones de seres humanos que padecen la humillación de la pobreza, la indigencia y el desempleo . Miles de nuestros niños siguen falleciendo aún por desnutrición .

• Nuestra región sigue exhibiendo el alarmante record de representar el más alto grado de desigualdad del mundo .

• En el otorgamiento de derechos para la exploración y explotación de recursos naturales, nuestros países se enfrentan por separado con gigantescos consorcios internacionales que se mueven con una sola estrategia y bajo un solo mando a escala planetaria. Representan un equipo único de rango mundial. Mientras tanto, nosotros, por separado, representamos pequeños equipos de rango local, con distintas políticas y una dirección dispersa. Encaramos visiones y políticas de dimensión mundial, con visiones y políticas locales. El resultado no puede ser otro que la pérdida de fuerza en la relación con los gigantes mundiales.

Podrían señalarse muchas otras paradojas, pero las mencionadas bastan como simple ilustración.

NUESTRAS INSTITUCIONES

Si examinamos la actual estructura institucional de la UNASUR, no hay duda de que se han hecho avances importantes. Existen nueve Consejos Ministeriales, además del Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno, y el Consejo de Ministras y Ministros de Relaciones Exteriores, a los que podrán sumarse tres Consejos adicionales cuya creación está siendo planteada.

Por su lado, la Presidencia Pro Tempore ha venido funcionando normalmente y la Secretaría General comienza a dotarse del personal y medios para su normal funcionamiento. Sin embargo, al observar de cerca la situación, nos encontramos con una dispersión de los esfuerzos e incomunicación, salvo excepciones, entre los distintos Consejos. La lentitud que caracteriza actualmente la toma de decisiones plantea el peligro de la burocratización de la Unión, con las consecuencias bien conocidas de este fenómeno.

Es evidente que se requiere diseñar y poner en acción un eje dinámico y articulador de las políticas sectoriales que, con notable ahínco, se intentan desarrollar en los distintos Consejos. La creación del Centro de Comunicaciones, Información y Documentación actualmente en proceso, es un paso importante en esa dirección al interrelacionar la estructura organizacional de UNASUR en tiempo real.

A reserva de proveer todos los datos empíricos que sustentan la afirmación antes señalada, proponemos formalmente que se incluya en la agenda de la Cumbre de Jefes y Jefas de Estado y de Gobierno de la UNASUR, prevista para el día 30 de noviembre, la discusión de una estrategia regional basada en el aprovechamiento de las enormes reservas de recursos naturales como eje dinámico para el desarrollo económico, social, cultural, tecnológico e industrial de nuestras naciones. En esta oportunidad podría hacerse una primera reflexión sobre un conjunto de aspectos tan cruciales como los que abordamos a continuación.


PREMISAS PARA UNA ESTRATEGIA COMÚN

Primera: Existen condiciones reales de obtener enormes beneficios para nuestras naciones a través de una política común basada en el cumplimiento del principio ya establecido por las Naciones Unidas en 1962 (Resolución 1803) sobre la propiedad soberana y permanente de los Estados sobre sus recursos naturales.

Segunda: Posibilidad cierta de encontrar puntos comunes entre los países miembros de la UNASUR, independientemente de regímenes y políticas nacionales, para desarrollar una estrategia  y desplegar un plan común para el mejor aprovechamiento de tales recursos. Esto implica un conjunto de medios y acciones que permitan minimizar el impacto ambiental y social de las actividades extractivas, de transformación y transporte así como garantizar el mejor provecho económico y social, para superar la pobreza y la miseria, garantizar la estabilidad política y mantener la paz existente en nuestra región.

Tercera: Abordar el tema de políticas y planes dirigidos, no solo a la fase extractiva, sino a la de industrialización de las materias primas extraídas. Una estrategia de transformación de las materias primas mediante la creación de  empresas regionales, además de la virtud de agregar valor y superar el tan criticado “extractivismo”, representa la creación de centenares de miles de fuentes de trabajo estable y de calidad, medio eficaz para combatir la pobreza. Se trata, pues, no sólo de beneficios económicos, ya de suyo muy importantes, sino de avanzar conjuntamente en el desarrollo social de toda la región.

Cuarta: La extracción y transformación del recurso natural implica necesariamente, desarrollo tecnológico como medio eficaz, tanto para minimizar los impactos propios de toda intervención en la naturaleza como para elevar la productividad en las distintas actividades relacionadas con los recursos naturales. Esto implica el diseño y aplicación de una política y un plan específico adecuado a las condiciones particulares de nuestra región, coordinando los avances alcanzados por los distintos centros de estudio e investigación tecnológica ya existentes en la misma, así como también de otras regiones, creando centros comunes que den respuesta a los grandes desafíos planteados hoy en el mundo contemporáneo.

Quinta: Tomando como fundamento esta estrategia, se requiere diseñar una política sectorial relativa al sensible asunto del financiamiento (Nueva Arquitectura Financiera) para responder a las demandas que se derivan de los proyectos extractivos, industriales y tecnológicos. Una breve observación a las dificultades que, por ejemplo, encara el Consejo de Economía y Finanzas, radica en el hecho de que la elaboración de políticas y  de iniciativas que se debaten allí,  se encuentran con la ausencia de un plan estratégico de la UNASUR, que vincule políticas e iniciativas con las realidades que sirvan de soporte a un plan general y al plan de acción, indispensables para aclarar el rumbo y obtener los éxitos necesarios y posibles.

Sexta: Formación de los recursos humanos necesarios para el logro de este proyecto, más aún tratándose de la envergadura del que aquí se propone, que implica un esfuerzo conjunto de grandes proporciones. Esto constituye uno de los pasos más importantes para plasmar dos de los principios más trascendentes del Tratado Constitutivo de la UNASUR, el de la identidad y ciudadanía. Basta imaginar por un momento, la formación de miles de jóvenes en distintas especialidades, en centros creados para tal fin, a donde se concurra en igualdad de condiciones, independientemente del lugar donde nacieron. Imaginemos, además, que estos jóvenes puedan trabajar, también en igualdad de condiciones, en cualquier lugar de esta gran región. La producción y el trabajo, están llamados a convertirse en poderosos factores objetivos y subjetivos para hacer realidad la integración y la unión.

Séptima: La elaboración de un mapa regional donde queden geo referenciados los recursos energéticos, minerales fósiles y no fósiles, reservas de agua dulce, bosques, biodiversidad y ecosistemas, potenciales agrícolas,  reservas forestales y los recursos existentes en las áreas marítimas exclusivas. Este mapa dinámico, con capacidad de actualización permanente, servirá como base para nuestros planificadores que  dispondrán así de una visión global y verdaderamente integradora. Este mapa, obviamente, deberá contener información sobre las poblaciones locales. Podrá, entonces, mirarse objetivamente la llamada integración física, mediante la interrelación entre las distintas fuentes de recursos, y su positiva combinación entre regiones, dentro de una concepción de complementación económica que cobrará mucha mayor fuerza en la medida en que se acometa el impulso de industrialización y transporte conjuntos. Brotará, por así decirlo, una visión objetiva del plan para la construcción de vías férreas, carreteras, líneas de gas y petróleo, de electricidad, de puertos, aeropuertos y cuanto sea requerido para la necesaria integración física.

Octava: Estudiar y analizar las potencialidades del mercado interno regional basado en cuatro principios elementales: complementación económica, cooperación, solidaridad y estricto respeto a la soberanía de los Estados miembros. No existe sombra de duda que los resultados arrojarán enormes posibilidades para una rápida y creciente expansión del intercambio interno que, casi de manera espontánea, ha venido ocurriendo. He aquí, además, uno de los medios más eficaces para superar buena parte de las asimetrías que tanto preocupan a estudiosos y analistas de nuestras realidades. Las posibilidades que abre el comercio compensado son, entre muchas otras, un medio para avanzar en tal dirección.

CONCLUSIONES:

1. El éxito de la UNASUR pasa por el diseño y aplicación de una estrategia y un plan que tenga como base de sustentación su principal fortaleza.

2. La principal fortaleza de la región que comprende la UNASUR, radica en la vastedad y variedad de sus recursos naturales así como de su potencial humano.

3. El óptimo y racional aprovechamiento de tales recursos es el medio más eficaz para superar los altos niveles de pobreza y para crear las bases para superar desigualdades y asimetrías.

4. Una estrategia para el desarrollo integral de la región y su concreción en un plan de mediano y largo plazo, pasa por el desarrollo de una política regional de industrialización de las materias primas, de desarrollo tecnológico, de financiamiento con sus respectivos instrumentos, así como por la elaboración de un inventario de los recursos existentes, de un mapa con la ubicación de reservas estimadas y probadas, de las actividades extractivas y de transformación. A todo lo cual se suman los medios de transporte y comunicación.

5. Resulta indispensable un estudio sobre las potencialidades del mercado interno suramericano y del aprovechamiento de posibilidades existentes en otros mercados, comenzando por los países del sur, que sirvan para expandir la cooperación y las relaciones económicas, sociales y culturales, en igualdad de condiciones.  La creciente importancia y dinamismo de las economías del sur están impactando profundamente la economía mundial.

PROPOSICIONES:

1. Crear una Comisión de Alto Nivel que responda directamente al Consejo de Jefas y Jefes de Estado y de Gobierno para abordar el estratégico asunto de los recursos naturales. Esta Comisión estará en coordinación con Comisiones espejo a ser conformadas en cada uno de los países miembros de la UNASUR.

2. Crear Comisiones adscritas a la anterior, para cada uno de los siguientes asuntos:

a) El levantamiento de la información relativa a las reservas estimadas y probadas de recursos naturales existentes en la región de UNASUR;

b) Un estudio comparado sobre las políticas, legislaciones y esquemas contractuales en el otorgamiento de derechos de explotación de recursos naturales en los países de la Unión así como los puntos de coincidencia que sirvan como un primer paso para la definición de políticas y planes conjuntos;

c) Un estudio sobre déficits y excedentes correspondientes a cada uno de nuestros países, así como las posibilidades de desarrollar políticas y planes de complementación en el intercambio y la aplicación de mecanismos de comercio compensado;

d) Un estudio orientado a la creación de un Servicio Geológico de la UNASUR;

e) Convocar un evento para el estudio y análisis conjunto de una estrategia de desarrollo regional de la UNASUR, con la participación invitados especiales de países donde  se desarrollen procesos similares al de esta región. Este evento se propone para finales del primer trimestre de 2013, para lo cual se deberá elaborar la agenda correspondiente, así como la estructura temática interna.

Dejamos así expuesta, en términos muy generales, una visión y un conjunto de propuestas que, estamos convencidos, imprimirán una mayor dinámica la UNASUR como un todo y que permitirá, además, articular los distintos Consejos existentes, facilitando su interrelación a través de un eje y un plan centrales.

Estas propuestas son el resultado del análisis de la situación general en nuestra región, de las experiencias de integración sub-regional antes intentadas y de nuestro proceso vivido en UNASUR hasta el momento. Es nuestra más profunda convicción que la adopción de estas propuestas, de ser aplicadas, representarán una revitalización del proceso de integración, no solo suramericano, sino de todo el continente, para realizar así, en muy corto tiempo, el sueño ancestral de nuestros pueblos y de quienes les dieron aliento para, en medio de padecimientos de todo género, pero también de una fe que nunca se debilitó, forjar una independencia que espera por su más completa y plena realización capaces de ofrecer niveles de vida y de felicidad crecientes para nuestros pueblos.

 
Alí Rodríguez Araque
Secretario General de la UNASUR

Lima, 30 de noviembre de 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Mais informações sobre o livro "Estado Unidos: más allá de la crisis"

O Grupo de Trabalho sobre os Estados Unidos da CLACSO publicou, durante seu funcionamento, 3 livros sobre a crise atual e sua repercussões na relações  entre Estados Unidos e América Latina. Vejam a apresentação do 3° Volume  por Didimo Castillo.
 
"Estimados(as) miembros del ex-Gt. de CLACSO, Estudios sobre EE.UU.:

Espero que se encuentren bien. Les escribo para saludarlos y comentarles que finalmente vio la luz el libro (3) del Gt.: Estado Unidos: más allá de la crisis, coeditado por Siglo XXI Editores, CLACSO y la Facultad de Ciencias Políticas y Sociales de la Universidad Autónoma del Estado de México (FCPyS / UAEM). En los próximos días se los haremos llegar. El libro estará también en versión electrónica en la biblioteca virtual de CLACSO, al igual que los dos primeros. En los casos que sea posible convendría organizar algunas presentaciones y/o la divulgación en las páginas electrónicas de sus instituciones. Agradecemos enormemente al Dr. Emir Sader (ex-Secretario ejecutivo de CLACSO), al Dr. Pablo Gentili (Secretario ejecutivo), al Prof. Marcelo Langieri (Coordinador de Grupos de trabajo) y a todo el equipo de CLACSO, el apoyo brindado al ex-Gt. y, en particular, a la edición del libro(3). Agradecemos de manera especial a la profesora Ivett Tinoco García, directora de la FCPyS / UAEM, por su apoyo valioso que garantizó la participación de la FCPyS en la coedición del libro. Agradecemos igualmente al Dr. Jaime Labastida, director de la editorial Siglo XXI, por la coedición de los tres libros producidos por el ex-Gt. Gracias a todos ustedes por la confianza y el apoyo ofrecido en el trabajo desarrollado por el ex-Gt. Aprovechamos para comentarles que por el libro(3) será editado en inglés por la Editorial BRILL, gracias a las gestiones y apoyo del Dr. Ricardo Dello Buono, editor de la revista Critical Sociology y colaborador del ex-Gt., por lo que, en los casos que así lo consideren, convendría actualizar los textos y revisar las traducciones entregadas.

Estamos en contacto. Un gran abrazo, Dídimo Castillo."
 
ESTADOS UNIDOS: MÁS ALLÁ DE LA CRISIS
 

coordinadores
Dídimo Castillo Fernández
Marco A. Gandásegui, hijo
presentación
Theotonio dos Santos
presentación
John Saxe-Fernández

por
Theotonio dos Santos  Carlos Eduardo Martins  Orlando Caputo Leiva  Jaime Ornelas Delgado  Marco A. Gandásegui, hijo  Adrián Sotelo Valencia  Katia Cobarrubias Hernández  Daniel Munevar  Fabio Grobart Sunshine  Dídimo Castillo Fernández  Alejandro I. Canales  James Martin Cypher  Jorge Hernández Martínez  Darío Salinas Figueredo  Luis Suárez Salazar  Silvina María Romano  Jaime Zuluaga Nieto  María José Rodríguez Rejas  Catalina Toro Pérez  Gian Carlo Delgado Ramos

ISBN: 978-607-03-0437-8


El presente libro Estados Unidos. Más allá de la crisis, está integrado por 20 capítulos, resultados de la investigación realizada por el grupo de trabajo Estudios sobre Estados Unidos del Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales (CLACSO). El libro analiza la crisis capita¬lista actual, su carácter y efectos sobre Estados Unidos, así como sus relaciones con América Latina y el resto del mundo.

La recesión, que afectó sobre todo a Estados Unidos, tiene por lo menos dos interpretaciones. La primera, que sostiene que el ciclo económico debe contrarrestarse con políticas que garanticen la recuperación del sector financiero mediante políticas de austeridad. La segunda interpretación de la crisis tiene como eje lo que los analistas consideran el colapso de la “economía real” que ha cerrado centros de producción y ha lanzado al desempleo a decenas de millo¬nes de trabajadores. El problema no es una cuestión de recuperar los flujos financieros, sino establecer patrones productivos que pudieran generar una nueva dinámica capaz de incrementar el empleo y, sobre todo, la tasa de ganancia.

El libro se estructura en tres secciones temáticas. La primera, enfa¬tiza sobre el significado y carácter de la crisis económica actual y sus consecuencias para Estados Unidos y el resto del mundo en el me¬diano y largo plazo. La segunda recoge un conjunto de trabajos enfo¬cados a mostrar la pérdida de hegemonía de Estado Unidos respecto a la correlación de fuerzas internacionales, los cambios tecnológicos y el entorno de deterioro de las condiciones sociales —acentuadas con la crisis—, su impacto sobre el empleo y las condiciones de vida, así como sobre el sistema de creencias y valores que dieron sentido político y coherencia simbólica al llamado “sueño americano”. La tercera sección es sobre la nueva geopolítica de Estados Unidos, la política exterior hacia América Latina y los escenarios posible para esta región.

Mapa da Violência 2012 - "A cor dos homicídios no Brasil"

Atenção: Um estudo mais que necessário. Parabens para CEBELA, FLACSO (Brasil) e Presidência da República por esta publicação essencial.
 
"Queridos amigos y amigas,

Comparto con Uds. esta nueva publicación de CONTRAPUNTOS / El País: "Racismo y Violencia en Brasil".

http://blogs.elpais.com/contrapuntos/2012/11/racismo-y-violencia-en-brasil.html

Una reflexión sobre los datos revelados por la nueva edición del Mapa de la Violencia 2012 - "A cor dos homicídios no Brasil" promovido por FLACSO Brasil, CEBELA y la Secretaria de Políticas de Promoción de Igualdad Racial de la Presidencia de la República.

Quedo a la espera de vuestros comentarios, críticas y sugerencias.

Un abrazo.

Pablo G.
 

Dr. Pablo Gentili
Diretor
Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais - FLACSO, Brasil"

 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Um Grande Salto para Frente

Vimos numa postagem anterior que o Conselho de Segurança da UNASUL realizou um seminário com a presença de altas autoridades militares da America do Sul no qual assumia uma clara defesa dos recursos naturais da região, das soberanias nacionais sobre os mesmos e do estabelecimento de uma estratégia regional para colocá-los a serviço do pleno desenvolvimento de nossos povos. Classificamos os informes resultantes deste Seminário um grande passo para a frente. Ver esta resolução em: http://theotoniodossantos.blogspot.com.br/2012/11/um-grande-passo-frente.html.

Vemos agora que a reunião das Chefas e Chefes de Estado e de Governo da América do Sul, realizada em Lima-Peru o passado 30 de novembro, reafirma estes princípios e resolve incumbir o Secretário Geral da UNASUL de preparar um estudo sobre a estratégia que deve comandar as políticas regionais de aproveitamento dos recursos naturais e potencial humano para o pleno desenvolvimento integral da União, solicitando inclusive ao Secretário Geral a articulação dos atualmente 9 Conselhos da UNASUL para desenvolver esta concepção estratégica.
 
Nada mais importante para os centros de educação superior e de pesquisa da região do que trabalhar numa tarefa tão fundamental, colocando-se a serviço do dispositivo constitucional brasileiro que coloca a unidade latino americana como um objetivo fundamental de sua política exterior.

Aproveito a oportunidade para saudar a Universidade Federal do Rio de Janeiro (antiga Universidade do Brasil) que foi solicitada a apoiar diretamente estas atividades através de futuros convênios e a colocar como assessora a serviço da secretaria geral da UNASUL (com pleno apoio da Presidência do Brasil, assim como dos demais chefes de Estado da região) a sua Professora Doutora Monica Bruckmann, cujos trabalhos sobre o tema estão sendo divulgados amplamente não somente na região (Peru, Argentina, Equador, Venezuela e Brasil). Acessar a versão inicial do mesmo já divulgada em 16 línguas por blogs de grande divulgação: http://alainet.org/active/45772&lang=es.

O fato de Monica ser minha esposa e colaboradora deste blog só me faz encher-me de contentamento.
Vejam em seguida a versão final da Declaração Geral da UNASUL que trata de vários itens de grande importância e dedica os seus primeiros artigos aos objetivos estratégicos que me parecem já não um passo mas um grande salto na direção da emancipação de nossos povos.
 
Para acessar a declaração clique aqui.

Os recursos naturais e a Geopolítica na América Latina

O tema dos recursos naturais, levantados sistematicamente pela última reunião da UNASUL é recolocado, entre outros, pela assessora da Secretaria Geral da UNASUL, Monica Bruckmann. Vale a pena participar.


Continua o debate sobre a teoria da dependência

O Dr.Alberto Noé, professor da Universidade de Buenos Aires, explica as razões do cerco informativo realizado contra Ruy Mauro Marini, a partir do artigo de Fernando Henrique Cardoso e José Serra deformando suas teses e criticando uma fantasmagórica teoria da estagnação que é exatamente a negação da visão dialética que Marini e de nosso grupo do que se conhece hoje como a teoria crítica ou marxista da dependência. Alberto Noé trabalhou na FESP-RJ comigo, secretariou a realização do Congresso Latino Americano de Sociologia que eu presidi em 1985 e a pesquisa sobre movimentos sociais da Universidade das Nações Unidas, cuja parte brasileira esteve sob minha direção. Ruy Mauro Marini atuou muito amplamente na FESP durante esse período, antes de retornar ao México para dirigir o Centro de Estudios Latinoamericanos (CELA) da UNAM. Ele conhece bem de perto, portanto, o tema deste artigo.


Ruy Mauro Marini e A Dialética da Dependência

Alberto Noé (*)

Um dos mais brilhantes intelectuais brasileiros, consagrado no México, onde se exilou, e em toda a América Latina, levou três décadas para ser editado em seu país.

Dois anos depois de sua morte, esse acontecimento editorial vale como um resgate. Os anos 70 ficaram gravados na historia da América Latina como "os anos de chumbo". Entretanto é importante assinalar que aquela foi uma década de exílio quando a cidade de México se tornou o cenário de convergência de numerosos acadêmicos e cientistas sociais latino-americanos.

Dentre eles destacava-se Ruy Mauro Marini, "o mais latino-americano" dos intelectuais acadêmicos, por sua importante obra, embora desconhecida do leitor brasileiro. Depois de quase trinta anos de sua primeira edição em espanhol, essa obra é editada em sua língua materna.

Como se explica esse atraso?

Varias gerações de cientistas sociais não tiveram o privilegio de conhecer seus textos, paradoxalmente publicados e difundidos na América Latina, mas ignorados no Brasil. É com esta perplexidade que começo esta resenha.

Marini, falecido há dois anos, iniciou sua vida acadêmica na Universidade de Brasília (UnB).
Depois do golpe militar de 1964, exilou-se no Chile, onde foi professor da Universidade de Chile até a queda do governo de Allende em 1973. Posteriormente radicou-se no México. Lá, lecionou na Universidade Nacional Autônoma de México (UNAM) - o grande cenário de sua consagração intelectual - onde produziu a maior parte de sua obra. Tive a honra de ser seu aluno na UNAM.
Em seu livro, Marini procura distinguir as principais características que vem assumindo a superexploração da força de trabalho na América Latina, a partir dos anos 70, quando se afirma a crise da industrialização voltada para o mercado interno e se inicia na região um giro no sentido de sua inserção numa economia mundial globalizada sob o domínio de políticas neoliberais. O conceito de superexploração do trabalho foi estabelecido por Marini no final da década de 60, enfatizado sua relação com a gênese da acumulação capitalista.

O autor afirma, em sua obra, que o regime capitalista de produção desenvolve duas grandes formas de exploração: o aumento da força produtiva do trabalho e a maior exploração do trabalhador. O aumento da força produtiva do trabalho se caracterizaria pela produção de mais quantidade no mesmo tempo e com o mesmo gasto de força de trabalho; e a maior exploração do trabalhador se caracterizaria por três processos, que poderiam atuar conjugadamente ou de forma isolada, representados pelo aumento da jornada de trabalho, pela maior intensidade de trabalho sem a elevação do equivalente em salário e pela redução do fundo de consumo do trabalhador.

O conceito de superexploração da força de trabalho começa a se esboçar em Subdesarrollo y revolución (1968), adquire uma forma mais sistemática em Dialéctica de la dependencia (1973) e continua a se desenvolver em Plúsvalia extraordinária y acumulación de capital (1979), Las razones del neodesarrollismo (1978), y El ciclo del capital en la economía dependiente (1979).

Por outro lado, é importante ressaltar que a corrente dependentista deu margem a varias vertentes do pensamento, não se tornando dessa forma, homogênea em seus postulados básicos.

Se existe por um lado a perspectiva de integração subordinada de Fernando Henrique Cardoso, por outro há a perspectiva da dialética da dependência e da superexploração da força de trabalho, de Marini.

Nos últimos anos, houve um certo consenso entre autores de diversas correntes teóricas y acadêmicas em torno à afirmação de que se "esgotou" a "teoria da dependência"; sobretudo aquela desenvolvida pelas reflexões criticas durante os anos sessenta y setenta.

Neste sentido destaca-se a corrente da "nova dependência" - representada por Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto -, que teve muita difusão no Brasil nos últimos anos, tentando invalidar os representantes da corrente critica da dependência, entre eles, Ruy Mauro Marini.

Nesse contexto é possível entender a publicação de um artigo assinado por Fernando Henrique Cardoso e José Serra, em 1978, atacando Ruy Mauro Marini, que teve, sobretudo no Brasil, importância na formação da opinião sobre a sua obra.

Isto deve-se não apenas à projeção desses autores no âmbito das ciências sociais brasileiras, mas também ao fato de a crítica à obra de Marini haver sido divulgada no Brasil, a partir da Revista do Cebrap, sem que ele tivesse tido direito a resposta, como ocorreu no México, mais precisamente na Revista Mexicana de Sociologia.

Marini se refere a esse triste episódio como uma forma encontrada por Cardoso e Serra para deturpar suas reflexões e deformar, quase sempre, suas analises e, assim, poder criticá-las, manipulando os dados que utiliza: o leitor o entenderá melhor se levar em conta que o artigo é dirigido fundamentalmente à jovem geração brasileira, que conhece pouco ou quase nada da obra de Marini.

Isso é o que levou Fernando Henrique Cardoso e José Serra a adaptá-lo, livremente, aos fins que se propuseram. Seguramente, teriam procedido de outra maneira se fossem dirigidos a um publico mais familiarizados com os textos de Marini.

(*) Doutor em Sociologia pela USP.
Professor do Doutorado em Ciências Sociais – Universidade de Buenos Aires.

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