segunda-feira, 28 de maio de 2012

Theotonio dos Santos no Equador dia 30 de maio




Tienen el agrado de invitar a usted a la presentación de la

COLECCIÓN REPENSAR AMERICA LATINA

Miércoles, 30 de mayo de 2012, Hemiciclo FLACSO Ecuador




15h45  Inauguración

- Gonzalo Abad, coordinador de la Colección

- Adrian Bonilla, director FLACSO Ecuador

16h00  Panel sobre Volumen I

Globalización y conocimiento: repensar las Ciencias Sociales

- Julio Carranza, consejero regional UNESCO

- Franklin Ramírez, profesor investigador FLACSO Ecuador

- Francisco Rojas, secretario general FLACSO

Modera: Mercedes Prieto, profesor investigadora FLACSO Ecuador

17h00  Panel sobre volumen II

La política social en el nuevo contexto: enfoques y experiencias

- Francisco Pareja, experto en integración

- Juan Ponce, subdirector académico FLACSO Ecuador

- Jeannette Sánchez, ministra coordinadora de la Política Económica

Modera: Gonzalo Abad, coordinador de la Colección

18h00  Panel sobre volumen III

Escenarios posibles y políticas sociales

- Fander Falconí, secretario nacional de Planificación y Desarrollo-SENPLADES

- Arturo Villavicencio, rector Instituto de Altos Estudios Nacionales

- Thetonio Dos Santos, editor del volumen III

Modera: Francisco Carrión, profesor investigador asociado a FLACSO Ecuador

Vino de honor

Dirección FLACSO: Calle La Pradera E7-174 y Av. Diego de Almagro

Descargar las publicaciones en:

Uma luz do fim do túnel


O pronunciamento do dirigente político de uma nova esquerda que emerge na Europa, encarnado no processo grego, apresenta  um ato de lucidez num ambiente político e teórico de grande confusão. Ele define muito claramente os termos da luta que se coloca em toda a Europa. Falta ainda compreender que a Europa tem que romper com o Atlantismo e recuperar sua condição histórica (a longa duração...) de ser parte de um continente EURO ASIÁTICO. Ela deve unir sua sorte à Ásia que não se encontra em crise mas, pelo contrário, está num fantástico auge econômico que se tornará muito mais sólido numa aliança com a Europa. A América Latina também é um possível aliado excepcional que gostaria de trabalhar em comum com a Europa, de continente democrático a continente democrático, numa luta comum contra a chantagem financeira que se lhes intenta impor.
Derrubar agora, nas ruas e nos governos a chantagem financeira. Fazer a auditoria da dívida grega e de todas as dívidas. Sobre estas coisas somos conhecedores escaldados na América Latina. Atuemos em comum.
A Europa se redefine financeiramente e nós salvamos nossas reservas construídas com a privação de consumo de nossos povos que se quer agora jogar fora em ajudas aos burocratas do FMI e o Banco Mundial entre outros.
Veja a reveladora entrevista de Alexis Tsipras publicada pelo site  Dilma Presidente:



    
Alexis Tsipras, da Coalisão Syriza, Grécia (vídeo e entrevista transcrita e traduzida)

Conferência de Imprensa, Assembleia Nacional, Paris – 21/5/2012, Parti du Front de Gauche http://youtu.be/-4GKetiuRPo 

Alexis Tsipras, da Coalizão Syriza, da esquerda radical grega, foi recebido na Assembleia Nacional Francesa, pela Frente de Esquerda, e saudado por Martine Billard, Jean-Luc Mélenchon e Pierre Laurent. 

Em seguida, Tsipras falou à imprensa europeia:

“Não sei se estamos causando medo na Europa, mas acho que, sim, surpreendemos um pouco. Pelo menos, se se avaliar pelo número de jornalistas aqui [riso]. 

Esse é, mesmo, um dos nossos objetivos: forçar a inteligência europeia a considerar os fatos, a olhar de frente a realidade. É preciso que todos compreendam que a crise não é grega, não concerne exclusivamente à Grécia, concerne a todos os povos europeus. Trata-se portanto de encontrar solução europeia comum, para um problema que é comum. 

Queremos que todos tomem consciência do fato de que povo algum, seja onde for, no planeta, na Europa, jamais se deixou levar, sem resistência, a uma espécie de suicídio induzido. O que se passa na Grécia há dois anos é uma espécie de indução ao suicídio do povo grego. 

Ouve-se muito falar de programa de ‘austeridade’, mas o que está sendo implantado na Grécia não é simples programa de ‘austeridade’: trata-se de uma experiência, de uma experimentação europeia, do que possa vir a ser uma “solução neoliberal ‘de choque’”. 

A Grécia vive hoje uma crise absolutamente sem precedentes, com características de crise humanitária. Estamos por isso hoje em Paris, e amanhã na Alemanha, para dizer aos povos europeus que absolutamente nada temos contra nenhum deles. 

Na Grécia, estamos em pleno combate, uma luta que combatemos em nome do povo grego, do povo francês, do povo alemão e de todos os povos da Europa. 

Porque, se prosseguir aquela experimentação, aquela experiência de aplicar na Grécia aquela “solução neoliberal ‘de choque’”, a experiência, imediatamente depois, será exportada para outros países europeus.

Mas a guerra que vivemos hoje na Europa não é guerra entre nós, os povos europeus: é guerra em que se enfrentam, de um lado, as forças do trabalho e, de outro lado, as forças invisíveis da finança e dos bancos. Para nós, é difícil afrontar para vencer esses nossos inimigos. 

Nossos adversários políticos, como todos vimos durante a campanha eleitoral, não têm qualquer projeto, não têm programa, não estão representados por nenhum partido ou coalizão clara de projetos ou ideias. Apesar disso, são eles que governam.

“Eles”, os que governam, são o capital financeiro, os bancos, os que detêm os capitais, e que se aliaram, no seio de uma Europa que faz guerra à Europa, guerra aos europeus, guerra ao povo grego, para arregimentar os meios necessários para, amanhã, poder generalizar a sua ‘solução’ de choque neoliberal, contra outros povos europeus. 

Mas, afinal, depois das eleições de 6 de maio, estamos às vésperas de um novo pacto, que o povo grego espera conseguir construir, para firmar sua vitória. Queremos mudar as coisas na Grécia, para, assim, emitir, bem clara, uma mensagem de esperança para toda a Europa. Para fazer lembrar, aos que esquecem a história, que o Memorando nos levou ao desastre. 

E para buscar, com todos os povos europeus, uma refundação da Europa – outra Europa que, dessa vez, será criada sob princípios de solidariedade e coesão social.

Muito nos alegra constatar que, mesmo que ainda não tenhamos chegado aos cargos e responsabilidades de governo, já sopram ventos de mudança em todo o continente. 
Prova disso é que haja aqui tantos jornalistas. 

Prova disso, também, é que questões e ideias que, há bem pouco tempo, pareciam absolutamente extemporâneas, são hoje fatos que se veem e discutem-se por toda parte. Até nossos adversários são obrigados a discutir. E temos, sim, de obrigá-los a discutir, porque estamos sob chantagem, mas a verdadeira chantagem que se arma contra nós é outra, muito mais séria que a que vemos hoje à superfície. 

A verdadeira chantagem não está em nos ameaçarem com o fim da Grécia, se não nos acomodarmos sob o imperativo do choque neoliberal. 

A verdadeira chantagem, hoje, é ameaçarem toda a Europa com o fim do euro e da União Europeia enquanto tal.

Por tudo isso, acreditamos que, dia 17/6, na Grécia, as forças da esperança vencerão o medo. A esquerda grega alcançará vitória decisiva, histórica, contra o Sr. [ininteligível], que nada é além de simulacro, cópia, do que foi, na França, o Sr. Sarkozy.

Entendemos que nossa vitória será o começo de grandes mudanças em toda a Europa.

Estou à disposição dos senhores, se houver perguntas [fim do vídeo].

Um encontro do Brasil com o pensamento latino-americano

Começa-se a publicar os livros da coleção dedicada a resgatar o pensamento social latino americano que esteve invisível para a intelectualidade brasileira, mesmo quando se tratava de autores brasileiros de obras cujo conteúdo profundamente contestador não atraia a atenção de nossas editoras. É hora contudo de que se ajustem as contas com uma geração de autores de excelente qualidade e talvez muito mais acertados do que a oposição a eles pelo estabelecimento das ciência sociais brasileiras pretendeu fazer acreditar.

Parabéns ao IELA.


Homenaje a Gonzalo Arroyo

Querido Lajo

Sé cuanto Gonzalo Arroyo, nuestro querido cura Arroyo, representaba para ti.  Acompaño tu dolor y agrego mi testimonio personal a tu testimonio.
Conocí a Gonzalo entre los disciplinados curas que asistían mis palestras sobre  el marxismo en un seminario en el alto de las cercanias de Santiago, por los años finales de la década del 60..  Posteriormente  tuve la satisfacción de verlos convertirse en “los cristianos por el socialismo”. Gente muy combativa, estudiosa, seria.
Pero Gonzalo nos dio un regalo años después de la derrota de 1973.
Cuando estábamos dirigiendo el doctorado de economía de la UNAM él nos trajo la investigación que estaba desarrollando a nivel mundial, con el apoyo del CNRS en Francia, sobre los sistemas agro industriales. Ella demostraba con datos muy precisos la integración de las economías agrícolas mundiales a los grupos económicos agroindustriales transnacionales. Esto obligaba a reorientar las luchas agrarias en América Latina de manera muy crucial. En el doctorado, realizó seminarios y orientó tesis ligadas a su investigación. Después de mi vuelta a  Brasil, en 1979, perdí mucho el contacto con él pero no dejé de seguir las pistas de su trabajo teórico e investigativo. Eventualmente supe de sus trabajos posteriores, contigo mismo hablamos mucho de él. Y pude constatar como su cooperación con él  te ayudó a organizar todo un campo de investigación y de lucha política a favor de la seguridad alimentaria del Perú y de todo el mundo. Soy testimonio de la recepción  positiva de la presentación de tus estudios en India cuando te invitamos a un encuentro co-organizado por la REGGEN en Nueva Delhi. Gonzalo Arroyo es una de mis referencias fundamentales en un mundo devastado por el hambre. Él nos enseñó muy bien quienes son nuestros enemigos.


"El lunes 21 de Mayo murió en Santiago el Jesuíta chileno GONZALO ARROYO CORREA .Doctor en Economía agraria en la Universidad de Iowa,dedicó su vida a la investigación,docencia y difusión de sus hallazgos y propuestas para lograr la soberanía alimentaria de América Latina Por su significación en las ciencias sociales y en la política  de América Latina sugiero  publicar alguno o los dos artículos siguientes,que recién el próximo sábado 26 de Mayo serán publicadas en mi blog y en facebook 
Gracias



GONZALO ARROYO Y LA LIBERACION AGRARIA Y SOCIAL DE AMERICA LATINA

Manuel Lajo ,Ph.D.
Machala,Ecuador,21 Mayo 2012


Apenas el 9 de Mayo  pedía a mi amigo chileno Diego Portales actualizarme acerca de la salud de Gonzalo y hoy 21 él me comunicó con mucho dolor de su fallecimiento .

Gonzalo,el Padre Arroyo, era nuestro segundo padre para muchos de sus exalumnos del legendario  ILADES  en todo América Latina ,Europa y Norteamérica. Fué nuestro maestro irremplazable para todos los que tuvimos la fortuna de ser integrantes de su red de investigadores sobre el impacto de la expansión de las transnacionales en la agricultura campesina.

En varios países  como el Perú se unieron todos los agricultores y campesinos y  cambió el programa agrario  del pueblo por  los hallazgos de esa investigación tan rigurosa y sacrificada - fué como una cruzada que pidió el propio Padre Arrupe,superior mundial de los jesuitas. Los productores agrarios no podíamos dividirnos porque el enemigo económico era muy poderosos y actuaba (y actúa) sin ningún escrúpulo a pesar que proclama la libre competencia en un mercado monopolizado y distorsionado por los gigantescos subsidios  a los poderosos agribusiness. (Sí el enmigo económico de nuestros productores agrarios latinoamericanos es la expansión subsidiada de los monopolios agroindustriales de EEUU y Europa sobre nuestras economías agropecuarias y nuestros mercados de alimentos).

Gonzalo era una de las presencias y herencia viva del Padre Hurtado, sacerdote jesuíta, el más caracterizado Santo chileno .Hasta hoy y simbolizaba como él la definitiva opción de la Iglesia por acompañar y estar al lado de los pobres en la lucha  por acabar con la miseria  atacando las causas de la pobreza y no solo aliviarla .

Los hijos espirituales e intelectuales de Gonzalo Arroyo - a lo largo y ancho de esa América Latina a cuyo pueblo  tanto amó - queremos decirles a los chilenos que Gonzalo representa uno de los mayores regalos de Chile a Latinoamérica ,porque nunca dejó de dar ideas,afecto,ánimo.

Yo lo ví muy contento cuando le conté detalles cuando tomamos la Catedral de Santiago "Por una Iglesia junto al Pueblo y su lucha", la madrugada del 11 de Agosto de 1968.Lo ví esperanzado y decidido cuando el Padre Gustavo Gutérrez dialogó en 1968-69  con él la primera edición de su libro  "Teología de la Liberación" en la casa modesta de la calle Rossini, Comuna de San Miguel, adonde habíamos ido a vivir un grupo de cristianos que queríamos así también identificrnos con nuestro pueblo.

Los ví muy alegres A Gonzalo y Gustavo  y a la vez preocupados en el Simposium sobre Transiión al Socialismo y Experiencia Chilena (1971) que organizamos CESO(Centro de Estudios Socioeconómicos) y CEREN(Centro de Estudios de la Realidad Nacional) ,de la U de Chile y U Católica,respectivamente. Igual  en el Encuentro de Cristianos para el Socialismo en 1972-73,cuando ya el imperialismo de Nixon y Kissinger preparaba aceleradamente las condiciones para derrocar a Allende y su Gobierno Popular.. Como a Gustavo Gutiérrez (a quien encontré a veces  en las marchas de la CGTP reprimidas por la policía en la Plaza Dos de Mayo o en la casa de la asesinada -ese día- Maria Elena Moyano en Villa el Salvador )  a Gonzalo Arroyo  le gustaba estar "donde las papas quemaban" y no solo contemplando o en el escritorio

A él no lo dejaron ser Ministro de Agricultura de Salvador Allende pero en el Teatro San Diego lleno en pleno poco después lo ovacionó cuando llegó a testimoniar su adhesión a la unidad del pueblo tras una posición coherente que apoyaba en el MAPU(Movimiento de Acción Popular Unitaria) al proceso revolucionario que vivía el Chile de la Unidad Popular. Gonzalo fué al exilio como miles y miles de militantes del pueblo y desde allí siguió aportando no solo a Chile sino a todos los pueblos .

Celebrando  sus misas cada domingo en una Iglesia de París,apoyando a sus compatriotas en el duro exilio europeo o latinaomeruicano, visitando los campos agrícolas y conversando con los campesinos de todos nuestros países para entender las causas de la terrible pobreza rural ,investigando en Brasil, Colombia, Ecuador o Perú, publicando en México o Europa los libros que resultaban de ese esfuerzo, debatiendo en Europa o en EEUU el futuro del agro y la economía de nuestros países, escribiendo siempre en nuestra querida revista MENSAJE(él me animó a escribir el primer artículo "Universidad y Junta Militar en el Perú,1969,fundando la Universidad Alberto Hurtado, ejerciendo así un apostolado ,siempre un sacerdocio que debe enorgullecer para sIempre al pueblo cristiano .
                         
Los quechuas,lo aymaras,los pueblos de la amazonía con los que se identificaba y reclamaba reconocer las raíces indígenas,incas y mapuches de la nacionalidad chilena -como lo escribió varias veces en MENSAJE , los que defendemos   hoy día una inversión minera no depredadora de nuestros recursos naturales ni los derechos de la pachamama ,la madre tierra, saludamos a Gonzalo Arroyo S.J.,uno de los mejores combatientes del pueblo  en esta larga lucha liberadora .En 1990 Jacques Chonchol nos decía en París que Gonzalo había derrotado el cáncer.Él mismo Gonzalo ,en una entrevista de mediados de la década pasada contaba en 19 los años en que derrotaba el cáncer .

Ahora decidió descansar  y nosotros asumimos su herencia  .Gonzalo descansará trabajando ,como sabía y nos enseñó a hacerlo.Y como diría nuestro pueblosencillo y trabajador:Gonzalo Arroyo,presente,ahora y siempre -



   GONZALO ARROYO :SU APORTE MUY ACTUAL A LA LIBERACION POLITICA
           Y LA SOBERANIA ALIMENTARIA DE AMERICA LATINA

Manuel Lajo Lazo*
Ecuador, 21 Mayo 2012

 
Gonzalo Arroyo, SJ fué un sacerdote católico chileno, Doctor en Economía Agraria en Iowa, investigador de la agricultura de América Latina y mundial ,comprometido con las causas del pueblo chileno y del continente, publicó muchos artículos especialmente en la Revista Mensaje de los jesuítas del Centro Bellarmino, uno de los think tank de la iglesia popular ,integró por muchos años  la corriente de la teólogía de la liberación.

En 1965 fundó ILADES (Instituto Latinoamericano de Doctrina y Estudios Sociales,del que fué Subdirector .ILADES se convirtió en una cantera de dirigentes sociales progresistas en todo América Latina  como lo había buscado la Jerarquía de la Iglesia en tiempos de la encíclica Populorum Progressio(1967,el mismo año de la muerte  del Che Guevara en Bolivia ,a  solo  tres años después de la muerte de Camilo Torres en Colombia y tres años antes del triunfo electoral de Salvador Allende en Chile ,1970)

Durante la dictadura de Pinochet(1973-1989) el jesuíta Gonzalo Arroyo fué exiliado en Francia y México y realizó una intensa labor intelectual y técnica .

En la década de 1990 fundó la Universidad Alberto Hurtado. Durante su exilio en Francia y México recorrió América Latina investigando con núcleos de especialistas en cada país el impacto de la expansión de las ETN agroindustriales sobre la agricultura y la alimentación de nuestros países. Militante del MAPU durante el Gobierno de Allende (1970-1973) el Cardenal y la jerarquía católica nomle permitieron asumir el cargo de Ministro de Agricultura que Allende le propuso.Sus libros y artículos  publicados en México,Francia y Chile son un aporte central para  el diagnóstico y la propuesta de cambio del sistema algroalimentario dependiente y deformado por los monopolios y la política de subsidios de EEUU y Europa a sus agroindustrias de etanol y a sus firmas de agribussiness.

*(Peruano,ex alumno de ILADES (Instituto Latinoamericano de Doctrina y Estudios Sociales de Santiago de Chile) en 1967 llegamos a ser colegas con nuestro maestro cuando Gonzalo durante el Gobierno de Allende entró a trabajar al CESO ;Centro de Estudios Socioeconómicos de la Universidad de Chile donde el núcleo de Investigadores que impulsaron la Teoría de la Deoendencia , formado por Andrés Gunder Frank,Ruy Mauro Merini(ya fallecidos),Theotonio Dos Santos,Martha Harnecker , Vania Bambirra,Cristóbal Kay ,Alejandro Schetjman, Jorge Leiva ,Tomás Vasconi,José Bengoa ,amigo y colaborador en las décadas de los 79 y 80 de sus investigaciones sobre agricultura y alimentación en América Latina )



LO QUE DICE WIKIPEDIA DE GONZALO ARROYO S.J. (con ligera actualización)

Wikipedia, la enciclopedia libre:

Una vida

Dos obras

2.1 En alemán

2.2 En español

2.3 En francés

3 Notas y referencias

Vida

Un encuentro con Alberto Hurtado dirigido por Arroyo para convertir al cristianismo, y lo acompañó como un líder espiritual Hurtado. Arroyo se reunió el 8 de 12 1951 los jesuitas se encontraban y el 6 de Ordenado sacerdote en agosto de 1963. [1] Estudió teología católica , la filosofía y la economía. Un título de Ingeniero Agrónomo, se graduó en la Universidad Católica de Chile , en Lovaina y un doctorado en economía. [2]
Arroyo trabajó como capellán y mantenido numerosos contactos con el movimiento de sacerdotes progresistas, sindicatos y grupos campesinos. Él era un fundador de Cristianos por el Socialismo y miembro de la Conferencia Cristiana por la Paz (CRP), en la IV Asamblea Allchristlicher la Paz en 1978 en Praga, él cooperó. Después del golpe militar de Augusto Pinochet en 1973, Arroyo fue a una más de quince años de exilio en París , donde fue profesor asociado en la Sorbona, la investigación y el establecimiento del Centro de Investigación sur l'Amérique Latine et le Tiers Monde (Cetral) contribuyeron. [1]
Arroyo venció junto con la liberación de otros teólogos reformismo , ya que se propaga en los partidos democristianos y conservadores de América Latina. [3] Él se presentó con numerosas publicaciones, incluyendo, en particular para el medio ambiente la agricultura será promovido a la masa de la población sin tierra una perspectiva económica lo permita. la biotecnología y sostenible de manejo de la tierra, él ve una estrecha relación.
Gonzalo Arroyo fué profesor emérito de la Universidad Alberto Hurtado (Facultad de Ciencias Económicas) de la Orden de los Jesuitas en Santiago de Chile ,uno de  cuyos fundadores fué él. [1]

Obras publicadas

En Alemania

Silvio Gomes de Almeida, Jean von der Weid: Las empresas transnacionales en América Latina y la agricultura . Kassel, 1987, ISBN 3-88122-359-2 , (ladok - las perspectivas de desarrollo 27).

En español

con Gerardo Aceituno, Ruth Rama, Fernando Rello: Agricultura y Alimentos en América Latina. El Poder de Las trans Internacionales. Universidad Nacional Autónoma de México, Instituto de Cooperación Iberoamericana, ISBN 968-837-333-8 .

Biotecnología. Una Salida Para La crisis Agroalimentaria. Plaza y Janes, ISBN 968-856-211-4 .

La Biotecnología y El Problema Alimentario de México. Plaza y Valdés, ISBN 968-856-198-3 .

El Desarrollo de la Biotecnología. Para la Agricultura y la Industria agro-Desafíos. Universidad Autónoma Metropolitana, Unidad Xochimilco, ISBN 968-840-396-2 .

Golpe de Estado de Chile. Sigueme Ediciones, ISBN 84-301-0578-6 .

La perdida de la autosuficiencia Alimentaria y El ojo de la Ganadería en México. Plaza y Valdés, ISBN 968-856-210-6 .

con Joaquín Silva, Fernando Verdugo: Por los caminos de América. Desafíos socio-culturales al estilo de Nueva evangelización. Paulina Ediciones, ISBN 956-256-068-6 .

En francés

Agro-industria, et développement. Le cas du Mexique. Cetral, ISBN 2-7384-0033-7 .

Les Firmes transnacional et l'Amérique Latine en la agricultura. Anthropos, Universidad de París X, Nanterre, ISBN 2-7157-1006-2 .

Notas al pie []

↑ un b c UAH noticias: 40 Años de Sacerdocio (español) Consultado el 12 de 05 2010
↑ Lista de los profesores de la Universidad Alberto Hurtado (Español) Consultado el 12 de 05 2010
↑ Gerhard Drekonja Kornat en Tiempo Consultado el 1 de 05 2011

Prêmio Zuzu Angel

Importante iniciativa. Lembrem-se do avanço que produziu na Argentina o movimento das mulheres mães e avós da Praça de Maio.





quinta-feira, 24 de maio de 2012

Theotonio dos Santos será o distinguido conferencista da Assembléia Inaugural do 5th Fórum Mundial de Estudos sobre a China

Organizado pelo Instituto de Estudos Chineses da Academia de Ciências Sociais de Shangai, realizar-se-á entre 9 e 11 de Novembro de 2012, o V Fórum Mundial de Estudos sobre a China. Caberá ao Professor Theotonio Dos Santos pronunciar a Conferência Inaugural deste Encontro. O interesse dos cientistas sociais chineses pela obra do cientista social brasileiro tem se mostrado muito amplo com a edição de 6 livros dele pela Academia de Ciências Sociais da China. Neste momento, foi colocado à venda o seu penúltimo livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo.




"Dear
PAN Weilin
Program coordinator,
The 5th World Forum on China Studies


I am very honored to be invited by professor HUANG Renwei to be a distinguished speaker at the Opening Plenary Session of the 5hWorld Forum on China Studies. I expected to transmit you the interest of a large community of social sciences researchers in the world in the study of the rich Chinese experience of development and your social effort to established a better quality of life for humanity and your fight for a better world international order. In the expectation to collaborate with the 5th World Forum, I send also my friendly regards to Professors HUANg Renwei, Su Zhenxing,

Theotonio Dos Santos

Distinguished Professor of the Federal Fluminense University; President of the UNESCO and United Nations University Chair on Global Economy and Sustainable Development."





"Dear Dr. Theotonio dos Santos,

It gives me great pleasure to send you the attached letter from Professor Huang Renwei, Secretary-General of the World Forum on China Studies, to inquire about your possibility of attending the 5th World Forum on China Studies.

Professor Huang himself has met with you several times at the conferences sponsored by the China Center for Contemporary World Studies. He has been greatly impressed by your speeches. Also, your mutual friend, Professor Su Zhenxing from the CASS Institute of Latin American Studies, has warmly
recommended you to be one of our distinguished speakers at the plenary session. 

This 5th Forum, focusing on China and the World in the Coming Decade,will take place in Shanghai during November 9-12, 2012. We wish you could honor this biennial gathering with your presence and meet with many other outstanding scholars in and beyond the field of China Studies from all over the world.

Please note that, together with Professor Huang's preliminary invitation, there is a background release of the Forum, which provides more information that you might take an interest in. For further details, please do not hesitate to contact me.

Sincerely yours,

PAN Weilin
Program coordinator,
The 5th World Forum on China Studies"






"Inviting Dr. Theotonio dos Santos to Be a Distinguished Speaker at the WFCS


May 16, 2012


Dear Dr. Theotonio dos Santos,


    It gives me great pleasure to inform you that the 5th World Forum on China Studies (or WFCS), sponsored by the State Council Information Office of the People’s Republic of China and the Shanghai Municipal Government, and organized by the Shanghai Academy of Social Sciences, will take place during November 10-11, 2012. This is a high-end biennial event dedicated to reflecting on global challenges while fostering an informed understanding of China.
Based on your great achievements in the “new dependency” theory, and also as recommended by Professor Su Zhenxing, the former director of the CASS Institute of Latin American Studies, I, on behalf of the organizing committee of the 5th WFCS, feel honored to invite you to attend our upcoming Forum as a distinguished speaker in its opening plenary session. Stung by the global financial crisis, the Chinese audiences and the international China Studies community look forward to hearing your most recent observations of the internal and external relations of developing countries with China as a case in point.
Having met you several times at the meetings organized by the China Center for Contemporary World Studies, the International Department of the Central Committee of the Chinese Communist Party, I am convinced that you are in the best position to deliver a key-note speech of around 30 minutes at the 5th Forum that focuses on China in the world of the coming decade. To facilitate your attendance, round-trip first-class fares, an honorarium as well as local accommodations will be provided. It is sincerely expected that you will have the time and interest to participate in our Forum.
Please find the details of the Forum in the attached information release. If you have any question, you are welcome to contact Ms. PAN Weilin, our Forum coordinator, at Chinaforum@sass.org.cn .
Thank you for your attention and your early reply is appreciated.


Cordially yours,


HUANG Renwei 


Secretary-General,
The 5th World Forum on China Studies"






Call-for-Papers



Time: November 9-12, 2012


Location: Shanghai, China


Forum Schedule: November 9, 2012: Registeration
November 10, 2012: Plenary Session and Roundtables
November 11, 2012: Parallel Panels and Closing Ceremony
November 12, 2012: City Tour and Departure

General Information


The Organizing Committee of the World Forum on China Studies is delighted to announce that the 5th Forum, themed on China in the World of the Coming Decade, will be held in Shanghai during November 9-12, 2012.    
This Forum is co-sponsored by the State Council Information Office of the People’s Republic of China and the Shanghai Municipal Government, and co-organized by the Shanghai Academy of Social Sciences and the Information Office of the Shanghai Municipality. As a continuation of the previous forums, the 5th Forum aims to promote mutual understanding and academic interchange among Chinese and overseas scholars. We are open to fresh and creative perspectives, approaches and ideas concerning historical and contemporary topics in China Studies.

Forum Theme
“Win-win Transformation: China in the World of the Coming Decade”

China and the rest of the world will both experience broad and deep structural and institutional transformation in the coming decade, with almost all the major countries facing tough challenges of domestic reform and sustainable development. Internationally, any zero-sum game mentality could only give rise to more crises and conflicts, while win-win cooperation may pave the way for smooth transformation and effective governance. China, with its new strategic thinking and policy options, remains committed to promoting peace and development of the Asia-Pacific region, of the world as well as of its own. Invited keynote speakers will address this most exciting theme from different perspectives in the opening plenary session on the first day of the forum, followed by two parallel round-table conferences for further discussions on the same theme.

Round-table One:
China’s Interaction with and Integration into the International System”

Building on the theme of the Forum, this round-table conference will probe into the trend of China’s full-scale interaction with, and integration into, the international system in the coming decade, with the emphasis laid on the relations between the peaceful rise of China and the transformation of the international system. The ongoing profound changes in the global power structures, the international economic system, the international security pattern, the international governance regime, and the international ideological tendency will all have a palpable bearing on China’s evolution in the respective fields. This roundtable conference is expected to address those far-reaching developments in a prospective manner.

Round-table Two:
 China’s Historical Choice of Its Path in the Past Hundred Years”
     
The past hundred years witnessed drastic changes in China’s domestic      setting as well as its relationship with the outside world. Such changes have always constituted a hugely interesting and perplexing topic of scholarship, both Chinese and overseas. This round-table conference will delve into such topics as (1) “the dissemination of Western learning” and the evolution of the Chinese worldview, (2) the mutation of the Chinese understanding of the West “from the 1898 Reform to the 1911 Revolution”, (3) “the Russian Road” and the Chinese acceptance and adaptation of Marxism, and (4) “Reform and Opening-up” and the Chinese probing for Socialism with Chinese characteristics.

Panel One
“Global Economic Rebalancing and China’s Economic Transformation”
     Possible topics include
n  Potentials and limits to China’s hyper economic growth
n  Approaches to new type of industrialization and urbanization
n  Improvement of the Chinese socialist market economic system
n  RMB internationalization and the reallocation of global resources

Panel Two
China’s Social Transformation and Innovations in State Governance”
     Possible topics include
n  A new pattern of the social interest structures in China
n  Social development and the reincarnation of social justice
n  Networking communities and new media assuming new roles
n  Chinese-styled democracy and innovations in governance

Panel Three
“Worldwide Cultural Integration and the Chinese Cultural Development”
     Possible topics include
n  Diffusion of Confucianism in the perspective of universal values
n  Diversity and affinity of the Chinese spiritual life
n  Creativity and competitiveness of the contemporary Chinese culture
n  Cross-cultural exchange and the Chinese culture “going global”

Panel Four
“New International Environment and the Reshaping of China’s Role”
     Possible topics include
n  Chinese strategy: conventional thinking and theoretical innovations
n  Changes of the international system and China’s reorientation
n  Asia’s geo-structural changes and the building of common interests
n  China’s international image and the recasting of its media environment

Panel Five
China Studies: Its Development and Future Implications”
     Possible topics include
n  Evolution of China Studies as a research program
n  Reflections on the research paradigms of China Studies
n  Inner structures and theoretical growth of China Studies
n  Implications of China Studies in a broad social perspective

Requirements and Subsidies
Paper submission and active participation are requested as usual. The organizing committee of the Forum will provide travel subsidies as well as local accommodations once the paper is officially accepted. The specific amount of travel subsidies will be notified individually in the official invitation for the eligible participants.


Contact Details
The Shanghai International Base of Social Science Innovation
The Shanghai Academy of Social Sciences
1610 Zhongshan Road West, Shanghai 200235, China
TELEPHONE: 0086-21-64862266 ext. 27381
FAX: 0086-21-64860193
PROGRAM COORDINATOR:
Ms. PAN Weilin, Chinaforum@sass.org.cn

Mais uma contribuição para o debate sobre fascismo e democracia na América Latina


O Texto abaixo é mais contributo ao debate que será realizado no Colóquio sobre as transições democráticas. Chamo a atenção para o fato que na época em que foi publicado assinava não Theotonio dos Santos, mas Theotonio Júnior. O artigo saiu primeiro na Revista Civilização Brasileira, nº 3, 1965, e está corrigido para a ortografia atual.

A IDEOLOGIA FASCISTA NO BRASIL

THEOTÔNIO JÚNIOR

Quando este artigo foi escrito, o quadro político nacional apresentava-se conturbado por fatos os mais diversos, que revelam uma unidade política. Na Marinha, um almirante que pertenceu ao Conselho Revolucionário rebela-se contra o governo e faz declarações políticas que o levam à prisão. Um coronel que dirige um IPM faz as mais diversas provocações contra os candidatos da oposição e declarações contra as concessões do governo, que o levam também à prisão. Um governador de Estado rebela-se contra as eleições estaduais e as ingerências do governo na sucessão de seu Estado, mobiliza a polícia estadual, dá entrevistas e fala de revolução traída.

Um outro governador escreve cartas diárias ao Presidente da República, exigindo uma política mais dura. Por fim, uma organização de nome LIDER, que vem conturbando a vida brasileira há algum tempo, publica um manifesto ameaçando o país de uma guerra civil. Por tudo isto, consideramos oportuna a divulgação deste trabalho.



IDEOLOGIA E SOCIEDADE


Uma ideologia surge como resposta às condições sociais concretas que a determinam. É na realidade mesma e na sua dinâmica que devemos procurar as condições gerais que a determinam e as suas coordenadas fundamentais. Assim, podemos traçar, mesmo antes que essa ideologia se amadureça formalmente, as duas bases. Este é o caso dá ideologia fascista no Brasil. Esta não ganhou ainda uma forma sistematizada e coordenada, e talvez nunca chegue a tal, pois é característica do fascismo esta indefinição, que decorre do próprio caráter oportunista e irracional do mesmo. Este é o motivo pelo qual não basearemos nossa análise em documentos, senão ocasionalmente, pois o que queremos estabelecer são as condições gerais de uma ideologia fascista no Brasil, isto é, as características que ela teria se pudesse se cristalizar num pensamento único e coerente. Muitos dirão; e qual é o objetivo de tal análise? Não estaremos fazendo para eles o que deveríamos fazer para nós? Não estaremos dando armas ao adversário? A resposta é simples: o pensamento das classes revolucionárias é necessàriamente, mais abrangente do que, o das classes em decadência. Portanto, o pensamento que corresponda à perspectiva e aos interesses dos trabalhadores brasileiros será capaz, não só de integrar numa visão coordenada e sistemática os seus próprios interesses, como os de toda a sociedade e mesmo os das classes decadentes. Esta é uma arma com que conta a ideologia do futuro. Ela pode orientar não só a si mesma, como é capaz de compreender mais claramente os objetivos e as limitações do adversário e, portanto, de vencê-Io, Neste caso, a ideologia se confunde com a ciência.
Por isto as classes decadentes temem tanto a cultura e a reprimem, enquanto as classes ascendentes não só a desenvolvem como têm sede dela.


CONDIÇÕES SOCIAIS DO FASCISMO


O fascismo surge como resposta a duas necessidades sociais da moderna sociedade capitalista: combater a ameaça de uma revolução e realizar uma integração nacional capaz de expandir externamente um capitalismo limitado pelas amarras do domínio externo e pela estreiteza do seu mercado exterior. Daí a natureza aparentemente ambígua do mesmo, pois, ao mesmo tempo que representa uma contra-revolução, aparece como um desenvolvimento das forças produtivas. O que é preciso compreender, contudo, é que este desenvolvimento das forças produtivas representa uma saída provisória de uma formação. Social em decadência. Neste sentido, esta saída é antes um atraso do que um avanço e se apóia no expansionismo colonial e no militarismo, na ideologia do direito do mais forte e da destruição das minorias. Ela só pode levar a nação ao fracasso e à derrota, pois não passa de uma tentativa de enganar a história. Temos também o caso dos regimes fascistas que visam garantir a dominação colonial ameaçada, como a Espanha e Portugal. Seu papel histórico é, pois, o de fazer sobreviver um regime já superado através da intensificação da exploração econômica baseada na força.

Se é fato que este regime corresponde a uma necessidade de sobrevivência do capitalismo monopolista, as forças sociais com que conta são de outra origem. O fascismo precisa se impor primeiro como movimento pequeno-burguês para ser aceito e apoiado pelo grande monopólio. O fascismo surge, porém nas camadas sociais em decadência e marginalizadas socialmente, por isto, ele age primeiro de fora do sistema capitalista para ser absorvido por ele posteriormente. Seu caráter pequeno burguês dá-lhe grande flexibilidade programática, que se apóia essencialmente no nacionalismo, no anticomunismo e na defesa da força.

Mas, para que o fascismo consiga ganhar um apoio maior, é preciso que ele possa atingir camadas mais amplas da pequena burguesia e da classe média. Para isto, é necessário que se atravesse um período relativamente longo de crises econômicas e sociais, que ameacem a sobrevivência de vastos setores desta classe. São geralmente os momentos de crise aguda, que provocam a proletarização da pequena burguesia em favor do grande capital e que ameaçam os salários da classe média, os momentos propícios para que o movimento fascista ganhe o apoio desses setores. Só então obtém o suficiente "status" para se colocar como opção política séria.

Uma outra questão é o fascismo no poder, que não nos cabe tratar aqui. O que podemos ressaltar é que, no poder, o fascismo passa a realizar uma política nitidamente monopolista, militarista, policial e expansionista, o que entra em conflito com as suas bases iniciais. Por isso, não nos interessa aqui analisar o estado fascista, mas as condições sociais que originam o movimento fascista e que permitem que ele chegue ao poder.

Em resumo, podemos considerar o fascismo como um movimento contra-revolucionário, que visa, contudo, derrubar as amarras internacionais ao seu desenvolvimento. Suas bases sociais são constituídas por um setor marginal e decadente da sociedade, que inicia o movimento, para encontrar, logo depois, o apoio da pequena burguesia e da classe média desesperadas diante de uma crise aguda e que lhe dão uma dinâmica insurrecional capaz de levá-lo ao poder. Mas, para que chegue ao poder e aí se mantenha, o fascismo necessita do apoio do grande monopólio, o qual só se dá após a constatação de sua força e diante de uma ameaça concreta do movimento revolucionário. Geralmente, o fascismo só pode chegar ao poder após um longo processo de guerra civil e o fracasso evidente de um governo reformista, como foi o caso da social-democracia na Alemanha ou dos republicanos na Espanha.


CONDIÇÕES SOCIAIS DO FASCISMO NO BRASIL


Existem no Brasil as condições para a instalação de um regime fascista? No nosso país já se desenvolveu um capital monopolista bastante avançado, que se encontra porém limitado externamente pelo domínio capitalista do mercado mundial. De outro lado, a classe operária e o movimento popular em geral já se desenvolveram o suficiente para se converterem numa ameaça concreta à manutenção do regime capitalista. Ao mesmo tempo, existem vastos setores sociais marginalizados na nossa sociedade. Seja um latifúndio em decadência, seja um exército que não tem perante si nenhuma ameaça externa concreta e que tende a perder sua função social básica, seja uma classe média e pequena burguesia ligadas à antiga sociedade colonial em decadência.

Afora estes setores, temos uma classe média e pequena burguesia ameaçadas por uma crise econômica, que está ainda no seu começo e cujas conseqüências já se anunciam bastante graves. Temos, por fim, um lúpem proletariado nas cidades e no campo, que não é absorvido pela nova estrutura capitalista, não só devido ao seu desenvolvimento insuficiente, em decorrência das suas limitações de mercado, como ao caráter monopolista e tecnologicamente avançado do desenvolvimento capitalista moderno, que não absorve em nível suficiente a mão-de-obra que sobra das antigas estruturas em decadência, assim como do alto índice de crescimento demográfico. Por fim, do ponto de vista político, tivemos uma experiência de um governo reformista incapaz de realizar as reformas que pregava e que identificou a esquerda brasileira com os compromissos mais diversos com a ordem social burguesa liberal, sem oferecer, contudo, uma perspectiva de efetivas e profundas transformações sociais.

De tudo isto, podemos concluir que existem objetivamente as condições sociais para se desenvolver um movimento fascista no Brasil. Uma outra questão é a possibilidade ou não deste chegar ao poder. Podemos apontar algumas limitações poderosas para que triunfe um movimento fascista no país. Em primeiro lugar, o capital monopolista no Brasil sé, na sua maioria, ligado ou diretamente constituído pelo capital imperialista. Isto provoca uma situação paradoxal, que se resume no seguinte: o setor que teoricamente estaria mais interessado numa expansão colonial do país é constituído pelas próprias forças que impedem e limitam esta expansão. Em segundo lugar, a crise econômica que afeta a pequena e média burguesia chegou à sua fase aguda depois da queda do governo reformista, identificando-se, portanto, com um governo de direita, aliado do fascismo. Isto dá à propaganda fascista contra a crise um caráter falso e inconsistente e limita o apoio da pequena burguesia e da classe média ao mesmo. Em terceiro lugar, o setor social mais expressivo com que conta o fascismo é o latifúndio, cuja tradição reacionária entra em choque com a formação política da pequena burguesia brasileira e cujo caráter decadente e arcaico é um limite, claramente compreendido pela maioria do povo, ao desenvolvimento do país. O resultado é que o fascismo vê-se entre uma propaganda radical, que lhe permitisse ganhar a pequena burguesia, e o medo de, com a mesma, perder sua base latifundiária. Esta contradição também ocorre no primeiro caso: o fascismo vê-se paralisado entre a necessidade de uma campanha de caráter nacionalista, para ganhar o apoio da pequena burguesia, e a necessidade do apoio imperialista, que constitui o grosso do capital monopolista no país.

De tudo isto podemos concluir então que, se o fascismo constitui uma ameaça presente e em desenvolvimento,suas limitações são muito grandes, pois nunca conseguirá criar um movimento suficientemente amplo para galvanizar a nação e submetê-Ia à sua propaganda, e, se chegar ao poder, não será capaz de realizar uma política capaz de manter um grande apoio popular, pois não conseguirá senão realizar um governo defensivo e repressivo, sem contudo oferecer uma perspectiva de expansão, limitando-se a garantir para os grandes monopólios a intensificação da exploração do mercado já existente. A não ser que entrasse em choque com as forças sociais que o sustentam, como o latifúndio e o imperialismo, obrigando-se assim a deflagrar um processo em que não teria mais seu papel contra-revolucionário, sendo necessàriamente substituído por um regime superior. Existem, portanto, amplas possibilidades para o povo brasileiro conjurar esta ameaça, mas tal só será possível através de um programa capaz de refletir o verdadeiro caráter da revolução brasileira, tirando-a dos limites tímidos em que foi colocada, por ocasião do governo Goulart.


A "REVOLUÇÃO" TRAÍDA


Desde que analisamos as condições sociais do fascismo no Brasil, podemos passar à análise das coordenadas fundamentais de sua ideologia. É um fator específico, mas determinante do movimento fascista que ora cresce no país, que tenha surgido no bojo de um movimento contra-revolucionário ainda nas mãos de um setor das antigas cúpulas dirigentes. Isto não é um fator acidental, mas decorre das próprias limitações do fascismo no país, que analisamos anteriormente. O fascismo, em decorrência delas, transformou-se num apêndice da contra-revolução pró-imperialista e latifundiária, constituindo-se no seu setor mais radical. A característica fundamental do atual governo é que ele é um regime de compromisso entre essas forças e o setor liberal da burguesia, que se viu obrigada a aliar-se a elas pela Sua impossibilidade de dar prosseguimento às transformações progressistas, devido aos seus limites econômicos e políticos. Ameaçada por um movimento de massas, que passava a dirigir o movimento reformista e escapar de seu controle, paralisada por uma crise econômica, que exigia uma política econômica essencialmente antipopular, a estabilização monetária, este setor da burguesia viu-se empurrado para uma estreita aliança com o latifúndio e o imperialismo. A missão do fascismo no Brasil é submeter totalmente este setor, minar totalmente suas bases liberais, limitar sua influência dentro do Estado, de forma a permitir uma política de repressão total ao movimento popular.

O fascismo apresenta-se assim, em primeiro lugar, como um continuador dos objetivos contra-revolucionários do movimento de março-abril, que teriam sido traídos pelo regime de compromisso que estava no seu bojo e que se seguiu a ele através do ato institucional e do governo Castelo. Se havia um acordo tácito em afastar as massas do processo político brasileiro, este acordo não visava destruir totalmente as bases políticas das mesmas, pois elas constituem ainda o grande trunfo da burguesia para negociar dentro do estado brasileiro. Como vemos, de passagem, o movimento liberal sofre no Brasil, como o fascismo, profundas contradições internas, pois, apesar de que sua força seja exatamente o movimento de massas, ele se aliou ao governo de abril visando exatamente afastar estas massas da vida política do país.

Este objetivo inicial do fascismo constitui ao mesmo tempo a sua força e o seu limite. A sua força, porque, com isto, procura ganhar as massas pequeno-burguesas radicalizadas em abril, acenando-lhes com a continuação da obra não terminada, e jogando a culpa da impopularidade do atual governo na não ralização das medidas repressivas e na traição ao movimento. Sua fraqueza, porque continua vinculado inevitàvelmente ao regime atual e porque seu programa se apresenta com um caráter extremamente defensivo, apelando essencialmente para a repressão, sem oferecer qualquer conteúdo positivo.

De maneira ainda contraditória, alguns de seus dirigentes já vêm percebendo este problema. Pelo menos um de seus mais insistentes teóricos já o colocou em artigo para o Estado de São Paulo: "O fator de fraqueza da oposição (o fascismo, nota do autor) reside em ser ela ostensivamente liderada pelo Privilégio, que não tem mensagem alguma ao povo" (Oliveiros S. Ferreira - "Análise da Crise - 1", O Estado de São Paulo, 27-7-65). Não basta, pois, para a posição fascista colocar, como o fez Heck, que sua revolução é a de 31 de março e não a de 1º de abril, ou, como o fez Lacerda, que a revolução foi traída pelo atual governo, ou, como o coloca o Estado de São Paulo, que houve uma "contra-revolução" termidoriana dentro da revolução, em conseqüência do etos burocrático em que transitam os seus líderes. Tal colocação é ainda insuficiente para formar uma ideologia fascista no país, ela é o seu ponto de partida, mas não basta para constituí-Ia.


O ANTICOMUNISMO

O anticomunismo é a bandeira mais popular com que conta o fascismo. Aproveitando-se de toda uma educação anticomunista que a classe dominante inculcou no país, aproveitando-se da aliança do Partido Comunista Brasileiro com o movimento sindical pelego e com o janguismo, o movimento fascista tenta levantar esta bandeira contra o atual governo, que não teria reprimido suficientemente a "subversão", que o fascismo alia à "corrupção", visando estender a força de sua "mensagem". Tal propaganda encontra-se hoje muito desgastada, pois o atual governo se constituiu em aliança com notórias expressões da corrupção, como Ademar e Magalhães, tendo, ao mesmo tempo, se tornado claro para todo o país aquilo que já era do conhecimento de quem conhecesse a política de esquerda, isto é, que o Partido Comunista Brasileiro encontrava-se inteiramente desarmado e aspirava exclusivamente transformações pacíficas e reformistas. Isto não significa, contudo, que essa propaganda esteja definitivamente ultrapassada no país. Foram anos de' educação anticomunista e moralista da classe média e da pequena burguesia, cujos efeitos não desaparecerão rapidamente. Principalmente se levarmos em conta que a crise econômica provocará profundas agitações sociais que assustarão novamente a pequena burguesia e a classe média, principalmente se essas agitações não forem conduzidas para objetivos programáticos concretos, que apresentem uma saída efetiva para a crise brasileira.

Tem sido muito ridicularizada a histeria fascista, diante das manifestações populares, identificando em todas elas o dedo do comunismo e da subversão. Tal fato tem, porém, uma origem social, que o explica e dá a esta histeria uma base muito concreta. Na medida em que a revolução brasileira ainda se coloca tarefas democráticas, antiimperialistas e antilatifundiárias, mas, por outro lado, tais tarefas se tornam a cada dia mais evidentemente entregues à liderança do movimento popular, diante da capitulação da burguesia brasileira, o fascismo percebe, muito mais claramente do que certa esquerda, que o movimente democrático, antiimperialista e antilatifundiário é essencialmente revolucionário e ameaça o próprio regime capitalista. É, portanto, completamente utópico tentar combater o fascismo nos quadros de um movimento puramente liberal e, no fundo, têm eles muito mais sentido histórico do que muitos setores da esquerda brasileira. Enganam-se, pois, profundamente aqueles que vêm no anticomunismo difuso da ultra direita um histerismo puro e simplório, uma falta de sentido histórico e de sutileza. Ela representa uma expressão, confusa e irracional, é fato, de uma situação histórica concreta.


O NACIONALISMO

Tem causado confusão em muitos setores da esquerda a propaganda anti-americana feita pela Tribuna de Imprensa encampada claramente por Carlos Lacerda. No entanto, ela corresponde a uma necessidade de sobrevivência do mesmo. Como vimos o fascismo só ganha foros de um movimento forte quando ganha a pequena burguesia e a classe média. Esta é a verdadeira base de massa do fascismo. Nada há de estranho, portanto, que ela busque ganhar estes setores, cujo nacionalismo é constitutivo de suas condições provincianas e limitadas de vida e representa uma alternativa de afirmação nacional e de expansão econômica. O nacionalismo da pequena burguesia só é antiimperialista indiretamente, em decorrência da limitação que o imperialismo estrangeiro representa para esta expansão. Eis o que identifica o programa pequeno burguês com o programa monopolista e permite sua união no estado fascista. O nacionalismo é, portanto, um constitutivo essencial da ideologia fascista.

Já vimes a limitação que representa para o fascismo brasileiro a aliança necessária do mesmo com o imperialismo. Como é possível conciliar as duas coisas? Estará o imperialismo disposto a permitir que seus aliados cheguem ao poder através de uma propaganda tão perigosa? Estará disposto a uma jogada tão ambígua? O imperialismo norte-americano ainda não se convenceu da necessidade do fascismo no poder, mas já percebeu que é uma questão a estudar. Segundo notícia da “Última Hora”, de 28 de Junho de 1965, o Departamento de Estado já teria pedido os estatutos e documentos da LIDER. Como já dissemos, o capital monopolista no caso brasileiro, o imperialismo, só
se aprova no fascismo como última saída, diante da ameaça de uma revolução social. Eis por que o imperialismo terá de aceitar, a longo prazo, uma propaganda antiimperialista, se bem que esta deverá ser adaptada, de forma 'a não criar uma opinião pública consciente e antiimperialista. O que não permitirá, será a conversão deste programa em política governamental, o que, de resto, não seria possível no país, sob um regime fascista, como já foi colocado.

A ORGANIZAÇÃO DA VONTADE POPULAR

Se bem que o fascismo se desenvolva no quadro das democracias burguesas, sua forma de organização é muito mais desenvolvida do que a dos partidos liberais. Assim como a revolução proletária exige uma forma organizatória mais rígida do que a revolução burguesa, a sua antítese contra-revolucionária exige também uma forma organizatória bastante rígida. Eis por que o fascismo se apóia no partido único, rígido e centralizado, que é uma grotesca paródia do partido proletário. A rigidez desta organização se deve não só à necessidade de combater pelas armas um adversário bem organizado, como a de sustentar um governo forte e policial.

A consciência da necessidade de "organizar a vontade popular" se coloca para o fascismo brasileiro corno um caráter extremamente defensivo: corno meio de salvar a "revolução" da impopularidade que a ameaça e de se organizar para a repressão às manifestações esquerdistas. A diversidade das lideranças fascistas, a sua falta de unidade doutrinária e a incipiência de sua doutrina vêm impedindo há muito a sua organização partidária. Hoje, difundem-se pelo país uma imensidade de siglas, que representam o embrião desta organização: LIDER, COP, PAB, CAMDE, etc., formam um conjunto assistemático e inorgânico. Seus precedentes históricos, corno o Clube da Lanterna e o Movimento Popular Jânio Quadros, foram muito mal sucedidos, pois nunca ganharam uma forma partidária e doutrinária, em virtude mesmo das contradições internas da pequena burguesia brasileira. Por outro lado, o fato de que o movimento popular brasileiro não tenha conseguido assumir a forma partidária, perdendo-se em frentes e órgãos amplos, é um limite à organização fascista, que se alimenta exatamente do seu adversário. Assim como a esquerda se organizou em torno de alas dos partidos tradicionais, como a Frente Parlamentar Nacionalista, a direita se constituiu da mesma forma. A Frente Democrática, no período Jango, tem corno sucedâneo atual os lacerdistas dentro da UDN e o Bloco Parlamentar Revolucionário. A tentativa de Magalhães Pinto em formar um Partido da Revolução era, apesar de mais completa do que as formas atuais, ainda incipientes, pois a um tal partido faltaria o mínimo de unidade programática e centralização, que lhe permitisse funcionar corno um exército contra-revolucionário. No fundo, tal Partido da Revolução representaria uma cristalização da atual situação de compromisso e, por isto, nunca poderia assumir a forma sistemática de um partido fascista.

A sugestão mais completa a este respeito foi feita mais uma vez pelo insistente teórico da "oposição revolucionária" que escreve no Estado de São Paulo. Nos seus artigos, o autor sugere a formação de uma frente nacional de militares, operários e camponeses. A ela caberia a tarefa de organizar a vontade nacional comprometida pelo domínio tutelar dos militares sobre a revolução e a nação. Tal Legião Nacional se constituiria como base de um novo Estado, assumindo assim as características de um partido único. Esta concepção é uma expressão do estágio pouco desenvolvido da ideologia fascista e de uma solução de compromisso que não exprime corretamente a correlação das forças sociais que poderiam sustentar tal regime no país. No entanto, tem a vantagem sobre as outras de apontar um caminho para os fascistas. Deixemos para eles a tarefa de resolver os seus problemas organizatórios.


A VIOLÊNCIA E A GUERRA CIVIL

O fascismo se apóia na idéia da força como forjadora do direito. Tal concepção da história é completamente falsa. O direito se fundamenta em relações sociais concretas e a força só surge como seu complemento, sua garantia, fundada, porém, numa concepção do mundo. Quando Engels afirma, por exemplo, que a "violência é a parteira da história", fala de períodos históricos condicionados socialmente, nos quais a violência surge como maneira objetiva de realizar a destruição das velhas formas sociais e dar à luz as novas relações. Nenhuma sociedade pode se fundar no domínio puro e simples do mais forte. Quando o fascismo procura glorificar a força e a violência está, de fato, escondendo, através dela, uma dominação de classe em decomposição e que já não consegue mais se legitimar perante a sociedade no seu conjunto. Ao analisar os fundamentos da ideologia fascista, no seu contravertido "Assalto à Razão", Lukács mostra que ela se apóia no irracionalismo filosófico. Tal filosofia, fundada na idéia de uma intuição, que se opõe à razão, exprime a necessidade da burguesia monopolista de renegar o racionalismo para justificar o poder e a força como conceitos abstratos, independentes de uma legitimação social.

A doutrina da força se apóia de que a sociedade e a ordem tradicionais estão ameaçadas por um monstro, o comunismo, que é necessário conjurar de qualquer forma, adotando os mesmos métodos que esta sociedade em decadência pensa ser os dele, isto é, a violência pura e simples. Se o adversário é violento, a única arma contra ele é um regime apoiado na violência. Tal concepção limita enormemente o pensamento fascista, transformando-o numa doutrina sem consistência, empírica e irracional.

A filosofia da violência ainda não ganhou uma formulação clara no Brasil. Ela aparece, em geral, vinculada a lutas políticas e a discussões de ordem tática. Falta-lhe o vigor de um pensamento filosófico ou de uma formulação mais genérica. Falta-lhe ainda um desenvolvimento literário e retórico, pois entra em choque com a ideologia da docilidade e pacifismo do brasileiro. Apesar de que o povo brasileiro seja formado dentro de um complexo sado-mazoquista, herdado da sociedade patriarcal, tal realidade psicológica é sublimada por uma auto-imagem de bonachão e tranqüilo que é fàcilmente desmentida pelo noticiário criminal dos jornais, assim como pela sua enorme clientela. Uma doutrina da violência no Brasil, que consiga vencer esta resistência psicológica, através de disfarces religiosos ou de qualquer tipo, terá uma enorme audiência e poderá ganhar uma grande força.

A guerra civil é a realização concreta do ambiente do fascismo, sobretudo Se os adversários se mostrarem fracos e hesitantes neste campo. O recente manifesto da LIDER, que fala abertamente de uma guerra civil, se os "corruptos
e subversivos" voltarem ao poder legal ou insurrecionalmente, é uma demonstração patente de que a ameaça de uma guerra civil deixou de ser algo distante no Brasil de hoje. Quando analisamos as condições sociais do fascismo, procuramos mostrar que ele tem necessidade de uma guerra civil para chegar ao poder. Isto porque o fascismo exige uma unidade nacional que não pode suportar uma oposição de qualquer tipo e, por outro lado, é uma decorrência natural do seu caráter contra-revolucionário exacerbado. Nenhum regime fascista pode se impor sem a derrota física da vanguarda revolucionária e dos setores mais ativos do proletariado e da intelectualidade. Para realizar esta tarefa, o fascismo dispõe de um recurso muito mais eficiente do que milhares de soldados armados. Através da organização de milícias e tropas de choque, o fascismo pode disseminar a repressão, criar um clima de terror e delação que supera todos Os organismos policiais. No Brasil de hoje, tais bases armadas do fascismo encontram-se em germe, através da conjugação de setores da cúpula das forças armadas, da juventude militar e dos latifundiários armados até os dentes, sem contar setores da juventude urbana, de desempregados e marginais que poderiam ser armados ràpidamente, como, aliás, o foi demonstrado em abril de 1964. Tal afirmação não é minha. Foi feita pelo insistente teórico da "oposição revolucionária" em artigo para o Estado de São Paulo já citado.

Por outro lado, já assistimos tentativas de dissolução de concentrações e de peças de teatro, além de movimentos de cassa a livros e escritores. Tais ações mostram claramente que estão em germe tropas de choque urbanas no mais estrito figurino hitlerista. E, segundo foi denunciado nos jornais da época, tais ações contavam com a cobertura da polícia política do Estado da Guanabara, o que também é típico das ações fascistas.


O CHEFE NACIONAL

Para coroar a visão do mundo fascista, falta a figura de um chefe nacional, capaz de se apresentar como a expressão corporal da vontade nacional. Tal chefe nacional é uma necessidade do fascismo, na medida em que consubstancia a justificação irracionalista da força, ao exprimir a idéia de soberania num indivíduo, como os regimes absolutistas, que precederam a queda das monarquias. Tal chefe nacional deve transmitir uma idéia messiânica, uma impressão de força e virilidade, nas quais se projete o pequeno burguês e o homem de classe média, frustrados e humilhados diàriamente nas suas relações sociais. Assim como os super-homens, difundidos pelo cinema, pela televisão e pelas revistas em quadrinho, permitem ao pequeno burguês purgar-se de suas frustrações, através da identificação psicológica com estes personagens, esquecendo assim as suas aspirações de elevação social não realizadas, as suas invejas dos poucos colegas que "subiram na vida" e libertando-se dos seus recalques, acumulados numa existência marginal e medíocre, submissa e sem sentido através das façanhas dos seus heróis.

Como toda força política em emergência, o fascismo brasileiro ainda não tem uma figura capaz de unificá-lo no seu conjunto. O nome de maior destaque nas suas fileiras é o de Carlos Lacerda, cuja biografia o aproxima enormemente de tal liderança. Mas, os compromissos com a política dominante, que este já assumiu no decorrer de uma longa carreira política, tornam-no excessivamente conciliador para obter tal liderança fàcilmente. Para isto, teria de dar passos mais concretos, no sentido de criar uma organização própria e de se colocar na condição de chefe incontestável dessas forças. Figuras como Jânio Quadros, que têm um poder messiânico e carismático bem mais forte que Lacerda, encontram-se também comprometidas com um estilo de liderança política tradicional. Possivelmente, o fascismo brasileiro deverá forjar os seus próprios líderes no processo de seu crescimento.

Mas, como em todos os outros aspectos de sua ideologia, a formação de um chefe nacional encontra-se bastante limitada pelas próprias contradições internas que já ressaltamos no fascismo brasileiro e que se refletem sobre seus
líderes. Podemos explicar a conduta de Lacerda, não só por seus compromissos políticos e pelo estilo de militância política a que se acostumou, mas também pela dificuldade de resolver as contradições internas que ressaltamos. É difícil para ele conciliar seus compromissos com o imperialismo norte-americano com a figura' de um líder nacionalista, também é-lhe difícil atirar fora a proteção do governo federal, para poder se apresentar como oposição radical ao mesmo, sobretudo enquanto faltar a base de massa ao movimento fascista e uma mínima cristalização ideológica e programática do mesmo. Eis por que a imagem pública de Lacerda cada vez mais se aproxima de um conciliador, que alterna repentes violentos com conciliações espetaculares.


CONCLUSÕES

Da análise que fizemos, fica patente que a ideologia fascista ainda está se desenvolvendo e ainda está em germe no Brasil. As possibilidades do seu desenvolvimento ideológico e prático dependerão, sobretudo, da capacidade do povo brasileiro de lutar contra esta ameaça. Tal capacidade decorre, não somente da clara visão das necessidades ideológicas e políticas dos seus adversários, mas sobretudo da capacidade de compreender as suas próprias tarefas históricas. Pelo que vimos, ainda há tempo para conjurar esta ameaça. Mas o tempo é pouco. Cabe a nós agir rapidamente neste sentido. Mas é preciso sobretudo analisar as experiências passadas para não cometer os mesmos erros, não realizar as mesmas alianças que enfraqueceram o movimento popular, saber enfim encontrar os seus verdadeiros objetivos históricos e a maneira correta de realizá-los , A luta contra o fascismo não pode ser somente defensiva, tem de ser sobretudo ofensiva, tem de oferecer uma opção suficientemente radical para justificar a dureza desta luta. Nos momentos que se avizinham, haverá muito pouco lugar para a timidez, a hesitação e a covardia política. Aqueles que incidirem neste erro, pagarão muito caro por isto. Assim a história o quer.

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