PRIMEIRO CONGRESSO DE PENSAMENTO ECONÔMICO LATINO AMERICANO

Os trabalhadores do Sindicato dos Cuidadores de Prédio Argentinos criaram a Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (UMET). Esta iniciativa transcendental, única no Mundo, teve seu edifício principal inaugurado há 10 dias pelo único líder sindical que chegou à Presidência da República nas Américas. Lula não somente fez a abertura desta universidade como foi homenageado com uma exposição fotográfica sobre os seus 8 anos de governo. Trata – se de excelentes fotografias de Ricardo Stuckert apresentadas em maravilhosas ampliações. Neste caso essas imagens vem do livro “Lula: El gobierno en imágenes (2003 – 2010)” coordenado por Pablo Gentili, Nicolás Trotta e Victor Santa María e editado por Octubre Editorial, pela CLACSO e pela UMET. A beleza das fotos não advêm somente de um sentido plástico extremamente apropriado como também do conteúdo social e humano das fotos de um dirigente político tão importante que se deixa fotografar quase todo tempo em amorosas relações com os trabalhadores e sobretudo as crianças, os indígenas, os pobres em geral. Mas também vemos as fotos de Lula com as principais autoridades políticas do Mundo sempre com um forte sorriso e uma presença humana. Chama atenção, por exemplo, a recepção extremamente alegre do Presidente do Vietnã de braços abertos ou o abraço tão fraternal com Nelson Mandela. Mas é especialmente carinhosa e simbólica a foto com Hugo Chávez ao lado da pintura de Bolívar. As relações com Nestor e Cristina Kirchner provoca fortes emoções nos trabalhadores argentinos. Seguramente, portanto, um livro que provocará o ódio de todos os membros da oligarquia que comandam nossos países há 500 anos.

Nesta oportunidade se inauguraram duas iniciativas importantes dos trabalhadores argentinos. Foi criado o “Centro de Innovación de los Trabajadores” (CITRA), dirigido pelo Doutor Demian Tupac Panigo, que além de dirigir este centro com perspectivas extremamente avançadas assume também a Presidência da Associação de Pensamento Econômico Latino Americano – APEL, que promoveu seu primeiro congresso nos dias 24 e 25 de setembro passado. Quero assinalar a presença do Ministro de Economia e Finanças Públicas da Argentina Axel Kicillof que demonstrou a necessidade de uma profunda renovação do estudo da Economia tendo como referências centrais as análises críticas como a da Teoria da Dependência e de várias correntes heterodoxas que estiveram presentes neste congresso. Também quero assinalar a presença de Jean Kreger que apesar de sua origem estadunidense tem tido uma participação muito positiva nos debates sobre economia latino americana. Com muito gosto também chamo atenção para a presença de Paul I. Singer e José Luiz Coraggio que vem militando de maneira muito consistente na busca de uma economia solidária. É importante assinalar também a presença de estudiosos consequentes das economias regionais e da geopolítica mundial como Carlos Medeiros (UFRJ) e José Manuel Quijano (MERCOSUL). Haveria que fazer muitas outras citações para mostrar a amplitude da convocatória dos trabalhadores argentinos, mas quero me dedicar sobretudo a sessão final em homenagem a trajetória de Theotonio dos Santos, assim como o painel sobre América Latina diante da crise do capitalismo financeiro global. A apresentação da minha obra foi feita por Sílvia Rodriguez (SINGES – Argentino) e Pablo Chena (CEIL – CONICET). No painel moderado por Demián Paniggo, na qual fiz uma exposição sobre as tendencias da economia mundial e seus impactos na América Latina, e Marcelo Zabalaga Estrada, Presidente do Banco Central da Bolívia e Pedro Páez, Superintendente de Controle do Poder de Mercado (Equador). O Auditório, super lotado em todas as ocasiões, aplaudiu de pé o conteúdo altamente questionador e crítico deste painel de discussão.

Devemos destacar sobretudo neste blog a importância dada a Teoria da Dependência através da minha trajetória tanto intelectual como política. É um fenômeno que está se expandindo cada vez mais em toda a região. A América Latina levanta a cabeça. Por trás dela deve estar também um pensamento crítico e rigoroso sobre os destinos da humanidade no século XXI.