segunda-feira, 4 de março de 2013

O Brasil na China

Talvez haja algum interesse na imprensa sobre partes desta informação.


Theotonio Dos Santos na China (Agenda)

 Theotonio Dos Santos se deslocará para Pequim no final de março par atender aos convites da Academia de Ciências Sociais de Xangai, da Prefeitura de Xangai e da Academia Chinesa de Ciências Sociais, órgão máximo do sistema acadêmico da China, localizado em Pequim. O professor Theotonio Dos Santos se reunirá também com os seus editores na China ( Social Sciences Academic Press) que já publicaram 6 livros seus em mandarim,  rapidamente esgotados e  alguns reeditados.

AGENDA:    
March 22 – Arrival at Shanghai. 
March 23 – Keynote Speech in the morning to the  5th World Forum on China Studies (WFCS), organized by the Shanghai Municipal Government and the Shanghai Academy of Social Sciences (SASS). Subject: “Development and Civilization. China in the World Economy”.
March 24-  Interviews to the Chinese media and participation in some panels. 
March 25-  Talk in the SASS (morning) “Latin America and China: What kind of cooperation”.
March 26 - Visit to Nanshe Museum and reception by the local government. 
March 27 - Travel to Beijing . 
Talk in the Academy of Marxism. “There is a planetarian transition to socialism?”
March 28 -  Talk at Chinese Academy of Social Sciences (CASS). “Cooperation South/South and the Role of Social Sciences”.
Meeting with the publishing house, (Social Sciences Academic Press - SSAP) with Xie Shuguang, General director of the  SSAP. 
March 29 -  Tour in Beijing . Leave Beijing to Rio de Janeiro?
March 30(?) – Arrive at Rio de Janeiro. 


NOTA: O BRASIL NA CHINA
São muito poucos os autores brasileiros publicados em chinês. Há uma distância cultural e informativa muito profunda entre estas duas grandes nações. A produção científica de Theotonio Dos Santos foi, contudo, ampliando cada vez mais sua relação com importantes setores do pensamento social chinês nos últimos 20 anos  

O livro de Theotonio Dos Santos, ( professor visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ),  presidente da Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e Desenvolvimento Sustentável” (REGGEN), professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF) e ex secretario de Relações Internacionais do governo do Rio de Janeiro )  “Imperialismo e Dependencia” inaugurou a presença editorial deste cientista social brasileiro na China, em 1990, e encontra-se na sua segunda edição, publicado em mandarim pela Editora de Documentação da Academia Chinesa de Ciências Sociais.  

Editado originalmente em castelhano, no México  quando o autor estava exilado naquele país, Imperialismo e Dependência foi traduzido ao italiano, ao japonês e ao chinês, e foi publicado em grande parte em inglês e outras línguas sob a forma de artigos independentes. Curiosamente, este livro nunca  foi publicado em português.  

Trata-se de um clássico da famosa teoria da dependência que acaba de ser reeditado na Venezuela, pela célebre Biblioteca Ayacucho, especializada na literatura clássica latino americana. 

No Brasil,  se atribui ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a criação desta teoria ( que, por sinal, ele renega, chegando a questionar a possibilidade de uma teoria da dependência) mas no resto do mundo ela é atribuída a vários cientistas sociais, principalmente a Theotonio Dos Santos que forma com Rui Mauro Marini, Vania Bambirra e Andre Gunder Frank, Florestan Fernandes e vários outros a corrente marxista ou crítica desta teoria. 

Depois de um período de hegemonia neoliberal que a tinha como inimiga fundamental,  esta corrente vem se fortalecendo nos últimos tempos devido à crise do neoliberalismo, à ascensão de governos de esquerda e centro-esquerda na América Latina e à crise econômica mundial de 2008 que se encontra ainda em marcha no centro do sistema mundial, enquanto os países do chamado Terceiro Mundo, particularmente a China, mantêm altas taxas de crescimento e hegemonizam a dinâmica econômica mundial. É bastante claro que a atração pelos livros de Theotonio Dos Santos na China têm que ver com a sua contribuição essencial para a compreensão destes fenômenos.

Theotonio Dos Santos publicou também na Editora de Documentação de Ciências Sociais em mandarim: “A Economia Mundial”, editado originalmente no Brasil pela Editora Vozes,  e  “A Teoria da Dependência: Balanço e Perspectivas”, que se publicou originalmente pela Editora Civilização Brasileira, e seu livro Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo, publicado originalmente em português pela Editora Idéias & Letras.  

A mesma Editora de Documentação de Ciências Sociais publicou  em chinês o livro “Los Retos de la Globalización-Ensayos em Homenage a Theotonio Dos Santos”, 2 volumes de textos de autores de todo o mundo em homenagem aos 60 anos de Theotonio Dos Santos, organizado pela UNESCO e publicado originalmente na Venezuela e no Peru (incorporado à biblioteca virtual da CLACSO e disponível nas línguas originais no site da REGGEN).  Também não existe edição em português deste verdadeiro tratado sobre o processo de globalização... 

A editora da Academia Chinesa de Ciências Sociais publicou também em mandarim, sob a coordenação de Theotonio Dos Santos, Gao Xian e Xie Shuguang, o livro sobre Hegemonia e Contra –Hegemonia: Globalização e Processos de Regionalização. Este livro realizou uma seleção de materiais organizados em português sob a Coordenação de Theotonio Dos Santos com o título de Hegemonia e Contra hegemonia,   publicado em 4 volumes pela Editora da PUC – Rio, pela Editora Loyola, e pela Cátedra da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN),  presidida pelo citado professor. 

O convite da Academia de Ciencias Sociais de Xangai e da Academia Chinesa de Ciencias Sociais mantém um diálogo ativo dos cientistas sociais chineses e  dos formuladores de políticas públicas deste país colossal com o pensamento mundial,  em particular o latino americano, sem aceitar as pretensões de hegemonia intelectual do eurocentrismo. O processo chinês  tem como centro político organizador deste economicamente exitoso processo histórico o Partido Comunista chinês que vem demonstrando uma abertura teórica e analítica para as correntes criticas do ocidente bem diferente daquela que predominou durante o período da guerra fria, particularmente na União Soviética. 

Os limites impostos durante a Guerra Fria quando a União Soviética,  principal responsável pela derrota do nazi-fascismo, e os países a ela alinhados,  foram objeto de um covarde cerco militar, econômico, ideológico e intelectual da chamada Civilização Ocidental estão hoje totalmente superados. A China Popular foi uma das principais componentes da Conferência de Bandung (1955) que deu origem ao movimento dos Não Alinhados o qual exigia politicamente o fim da guerra fria. Junto com  a luta política e econômica por uma nova ordem mundial, este movimento deu origem ao desenvolvimento de uma teoria crítica que foi-se expandindo mundialmente, atraindo uma geração de estudiosos à qual Dos Santos pertence que mostrava os limites históricos  e o necessário fracasso da estratégia de guerra fria inaugurada por Truman e Churchill. 

Hoje sabemos que o planeta terra está ameaçado radicalmente pela anarquia econômica imposta pelo capital, a guerra permanente contra os povos que lutam contra a herança colonial imposta pelo Ocidente capitalista,  e o desprezo pelo ser humano que resulta de uma economia gerida pelo capital. Mas sabemos também que a conservação de uma estrutura social superada e arcaica (mesmo que se exerça em nome da modernidade e da pós modernidade) coloca em risco a própria sobrevivência da espécie humana.   

Marx mostrava que a crítica das idéias não pode substituir a critica das armas. E os povos em luta por sua libertação conhecem muito bem o custo material e humano desta crítica. Mas Marx compreendia também que o conhecimento teórico era condição necessária para alcançar a mudança revolucionária. Esta dialética é a maneira mesma como se desenvolvem as grandes transformações históricas. 

Estes serão os temas que Theotonio Dos Santos discutirá com seus colegas chineses na sua próxima visita cuja agenda apresentamos acima.

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