Chamo a atenção para o livro em que Rosa Furtado reuniu as
contribuições de Celso Furtado sobre a importância da cultura para a compreensão
do desenvolvimento econômico sobre a importância da cultura para a compreensão
do desenvolvimento econômico, social, humano e sustentável. Estou trabalhando
num livro sobre desenvolvimento e civilização no qual desenvolveu muitas das
questões colocadas por Celso. Vamos todos ao lançamento-debate.
Acaba de ser lançado o volume 5 da coleção Arquivos de Celso Furtado, sob o título “Ensaios sobre cultura e o Ministério da Cultura”. Nesse novo volume Rosa Freire d’Aguiar Furtado, diretora da coleção, reuniu textos de Celso Furtado, quase todos inéditos, escritos principalmente nos anos em que ele esteve à frente do Ministério da Cultura (1986-88) e desde que tomou posse na Academia Brasileira de Letras, em 1997. Há também as contribuições de Celso Furtado para a Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento (1993-95), iniciativa da ONU e da UNESCO, e da qual ele foi o único representante brasileiro.
O volume traz Introdução de Rosa Freire d’Aguiar Furtado, dois artigos de colaboradores de Furtado — Angelo Oswaldo de Araujo Santos e Fabio Magalhães — e duas longas entrevistas do autor sobre temas culturais.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Pensando a cultura 7
Rosa Freire d’Aguiar Furtado
DOCUMENTOS
DE CELSO FURTADO
Primeiras reflexões
Que somos? 29
Criatividade cultural e desenvolvimento dependente 43
O Ministério da Cultura
Discurso de posse 51
A economia da cultura 57
Pressupostos da política cultural 61
O IPC, cultura e desenvolvimento tecnológico 67
A ação do Ministério da Cultura 75
Lei Sarney: inovação na cultura brasileira 87
Política cultural e criatividade 91
A SPHAN e o resgate de nossa formação cultural 99
Política cultural e o Estado 103
A Comissão Mundial de Cultura e Desenvolvimento
Economia e cultura 109
Cultura e Desenvolvimento 113
Páginas acadêmicas
Homenagem a Jorge Amado 119
Discurso de posse na Academia Brasileira de Letras 125
Roberto Simonsen 135
Vianna Moog, atualidade de uma obra 137
Rui Barbosa e a política financeira do primeiro governo
republicano 139
Darcy Ribeiro e O povo brasileiro 143
Machado de Assis: contexto histórico 145
Machado metafísico 151
Visitando Tobias Barreto 153
Revisitando Euclides da Cunha 155
ARTIGOS
Celso Furtado, ministro da Cultura 161
Ângelo Oswaldo de Araújo Santos
Celso Furtado e os desafios do Ministério da Cultura 177
Fabio Magalhães
ENTREVISTAS
A política cultural deve liberar as formas criativas da
sociedade 185
Celso Furtado, por Hélène Rivière d’Arc e Hélène Le Doaré
A síntese segundo Celso Furtado 191
Celso Furtado, por Gabriela Marinho
Arquivos Celso Furtado nº 5: Ensaios sobre cultura e o
Ministério da Cultura
Celso Furtado
Organização: Rosa Freire d'Aguiar Furtado
Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Ed. Contraponto,
2012198 páginasISBN: 9788578660451
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Em grande parte da nossa história, primeiro como colônia,
depois já como nação, o pensamento brasileiro não fez muito mais do que copiar
saberes da Europa. Que irremediavelmente nos condenavam. Durante séculos
convivemos com uma imagem negativa e pessimista de nós mesmos. Nossa
inteligência era um ornamento, um baletrismo avio por importar as últimas
modas, incapaz de produzir conhecimento e impulsionar qualquer mudança real.
Na década de 1930, depois de mais de cem anos de vida
independente, finalmente amadureceram novas e fecundas interpretações do
Brasil. Começa a se formar outra agenda brasileira, que se projeta pela maior
parte do século XX em torno de dois desafios fundamentais: identidade e
desenvolvimento. Celso Furtado (1920-2004) foi o pensador que melhor sintetizou
essas duas questões.
O líder intelectual do desenvolvimentismo, o visionário da
industrialização, o criador da Sudene, o ministro do Planejamento, o economista
de prestígio internacional todos conhecem. O humanista e homem de cultura,
profundamente brasileiro e cidadão do mundo, se desvela plenamente neste quinto
volume dos Arquivos, ensaios sobre cultura.
Desde cedo, diz Rosa Freire d´Aguir Furtado na Apresentação,
Celso percebeu que “o instrumento da economia era insuficiente para entender os
problemas do Brasil e do mundo; e que o uso generalizado, e até abusivo, da
matemática, e dos grandes modelos econométricos, deixara de lado outras
variáveis importantes. [...] Estudar o desenvolvimento a partir de sua dimensão
cultural, como ele o fez, era um enfoque inovador, e hoje é visto por
pesquisadores no Brasil e no exterior como um de seus aportes teóricos mais
originais. Ele costumava dizer que o homem se justifica pelos que tem –
corolário de que o desenvolvimento seria menos o resultado da acumulação
material do que um processo de invenção de valores, comportamentos, estilos de
vida, em suma, de criatividade”.
Neste volume vemos o Celso das “Sete teses sobre a cultura
brasileira” o pensador das relações entre economia e cultura, o formulador de
políticas culturais, o leitor atento dos nossos clássicos: Jorge Amado, Roberto
Simonsen, Vianna Moog, Rui Barbosa, Machado de Assis, Tobias Barreto, Euclides
da Cunha e, é claro, seu grande amigo Darcy Ribeiro. Um lado menos conhecido,
mas essencial, de sua grande obra.
César Benjamin