segunda-feira, 24 de março de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
Venezuela: crise do bolivarianismo ou necessidade de avançar em toda a região ?
Busto de Simon Bolívar presenteado pela TeleSul, que realiza um trabalho de conscientização cada vez mais fundamental. A foto é do livro editado pela TeleSul sobre o dia da morte de Chávez sob o título "Comandante Hugo Chávez Frias: Uno se va, pero no se va".
Na minha última viagem a Venezuela tive a oportunidade uma vez mais de sentir a força e o papel da consciência nos processos de transformação social, particularmente quando assume uma perspectiva revolucionária. Lembro-me, já que tenho assumido umas tendências evocativas neste Blog, da primeira conversa que tive com o Comandante e amigo Hugo Chávez. Depois de ver a profunda relação estabelecida por ele com as massas venezuelanas lhe disse o seguinte: tua atuação política está profundamente inspirada na liderança do Fidel Castro. Ainda no começo da revolução ele afirmou: "nós não fizemos nada que não estivesse antes na consciência do povo cubano, este é o segredo de uma revolução imbatível".
Nos anos seguintes pude observar e até participar de vários eventos na Venezuela, onde as organizações sociais sobretudo os Conselho Comunitários participavam intensamente do debate sobre as políticas do Governo e até sobre questões de ordem teórica, morais, políticas, históricas que pareciam fundamentais para o processo revolucionário venezuelano.
Alguns testemunhos: o garçom do restaurante do hotel Hilton me dizia "antes da revolução eu não sabia nada dessas questões internacionais, agora eu sei quase tudo e me preocupa demais o que passa nos demais países latino americanos e no Mundo". Numa reunião do Banco do Povo para cuja a Mesa diretora me levou Chávez, ele entregava pessoalmente os recursos a fundo perdido do Banco para financiar projetos apresentados pelos Conselhos Comunitários. Ele discutia com cada um dos autores dos projetos já aprovados para aguçar sua sensibilidade e sua responsabilidade para executá-los. Num certo momento uma jovem, talvez em torno de 20 anos, defende o projeto da sua comunidade e Chávez lhe diz: "eu te conheço", "sim Presidente", responde a menina, "o senhor esteve na minha comunidade", mas Chávez observa: "mas você está muito falante, quando eu te conheci você não falava nada", "é verdade Presidente, eu não sabia nada da minha comunidade. Agora eu sei tudo, eu sei de onde vem a água, de onde sai o lixo, os problemas de saúde, as construções necessárias, aprendi nesses anos", disse a jovem que continuou a defender o projeto da sua comunidade. Creio que era uma fábrica de tijolo que ia favorecer não só a sua comunidade, mas atenderia várias comunidades vizinhas.
Com que prazer fui levado por dirigentes comunitários para conhecer as clínicas comunitárias que hoje se encontram em todos os Conselhos Comunitários venezuelanos. Mais fantástico ainda é testemunhar o interesse filosófico dos líderes comunitários. O Ministério da Cultura promove um Congresso Mundial de Filosofia todos os anos com grande presença internacional e com a particularidade que eles se realizam nas comunas. Nessas discussões entre filósofos e líderes comunais saem, de repente, numa exposição, o nome de Gramsci. Eu intervenho e tento explicar aos companheiros quem era Gramsci para que pudessem compreender o tema discutido. Um companheiro ao meu lado me toca e diz: "não se preocupe Professor, aqui todos conhecem a Gramsci, o Presidente Chávez sempre trás livros do Gramsci quando se apresenta na televisão ou nos comícios e reuniões, assim como de outros filósofos, sobretudo marxistas"
Esses são alguns exemplos da força desse movimento comunitário e do avanço da consciência das suas lideranças e de toda a população. É preciso destacar que grande parte do planejamento do desenvolvimento comunitário é feita pelos próprios moradores que contratam profissionais para ajudar no planejamento e na execução das obras e dos projetos das comunas. Não cabe aqui estendermos nessas observações, mas é sempre muito emocionante conversar com os quadros que conduzem este processo.
É muito fundamental perceber no contato direto com o povo o sofrimento com a morte de Chávez. Mas ao mesmo tempo pode-se notar a confiança adquirida por eles através desta prática revolucionária de condução de suas próprias vidas. A consigna "eu sou Chávez" não é um recurso demagógico. Esta população descobriu e crê firmemente que ela é responsável pelo destino da revolução.
Esta introdução é necessária para a compreensão do tema que orientou a comemoração do primeiro ano da morte de Chávez, no próprio quartel que abriga o mausoléu do Chávez. O tema era o amor e a Pedagogia de Chávez nos vários campos, inclusive o econômico sobre o qual me pediram dissertar. Chávez tem uma entrevista onde define esta questão: "foi por amor que eu estudei, foi por amor que eu me alistei na academia militar, foi por amor que me dediquei profundamente ao estudo dos problemas do nosso povo e as questões sociais e políticas assim como a nossa história, foi por amor que me levantei contra a opressão e a repressão contra o nosso povo, foi por amor que me candidatei e assumi a Presidência da República e foi por amor que me dediquei totalmente à Revolução Bolivariana".
Portanto, está claro as razões pelas quais o processo de avaliação, interpretação do papel histórico do Chávez tome como referência o amor, como sentimento e como valor moral. Na minha exposição dei especial ênfase a diferença de uma economia a uma ciência econômica que atribui ao mercado a condução das vida humanas e uma ciência econômica que crer no papel da razão no planejamento de nossas vidas assimilando valores fundamentais como auto gestão da vida humana dos valores que permitem o pleno desenvolvimento da humanidade.
Esta reunião contou com a colaboração de Piedad Córdoba, ex-Senadora colombiana que lidera a luta pela paz no seu país ao custo de perder seu mandato. Seu testemunho sobre a influência decisiva do CHávez na sua opção política junto ao povo colombiano foi extremamente emocionante, assim como as exposições dos demais membros da Mesa.
Não posso deixar de assinalar a força moral que exala o panteão de Hugo Chávez, ali estão grupos e grupos de crianças com seus pais ou com seus professores muito atentos a figura Chávez que sempre deu uma atenção extrema a participação infantil em suas atividades, mas também se vê filas gigantescas de uma população entre a emoção e muitas vezes o choro pelo sentimento de perda, mas por outro lado a alegria sentiu-se capaz de prosseguir a revolução, sobretudo ao encontrar a mesma reação nas enormes massas que se dirigem ao mausoléu.
É também algo extremamente emocionante assistir uma vez mais um concerto de uma das orquestrar infantis deste projeto excepcional que reúne já 500 mil crianças, transformadas em músicos de altíssimo nível. É impressionante ver a concentração e a disciplina dessas crianças e adolescentes misturadas com uma tremenda alegria por serem capazes de apresentar um espetáculo tão acima da média mundial. E não deixa de ser também emocionante ver o Ministro de Educação Superior que organizou esta Mesa Redonda declarar com orgulho que a Venezuela tem hoje 75% da população em idade universitária estudando nas Universidades venezuelanas.
Claro que existem graves problemas econômicos numa economia que ainda depende fundamentalmente do petróleo e portanto das suas oscilações no mercado mundial. Cabe também considerar as dificuldades de desenvolver um pensamento econômico socialista. Não deixa der ser preocupante o fato de que grande parte dos nosso economistas foram formados pela escola econômica neoclássica na sua forma mais degenerada e primitiva que é o neoliberalismo.
Tenho o prazer de informar que o meu livro "Do Terror a Esperança: Auge e Decadência do Neoliberalismo" já esgotou duas edições e parte para a terceira. Nele combato muito fortemente a ideia de que o neoliberalismo é uma corrente de pensamento muito avançada e pós-moderna. Eu mostro de que se trata claramente de uma tentativa de volta aos princípios filosóficos do século XVIII, pretendendo retroagir a humanidade ao período de ascensão da burguesia na Europa.
Vi com bons olhos também e com muita satisfação o interesse da Comissão de Publicações do Banco Central de publicar o meu livro recém terminado sobre Desenvolvimento e Civilização. E vejo com prazer que muitos outros pensadores críticos estão sendo editados na Venezuela. E, curiosamente lidos inclusive nos Conselhos Comunais, que dispõem todos eles de bibliotecas fortemente apoiadas pelo Ministério da Cultura.
Tive inclusive o prazer de assistir um vídeo de um grupo de leitura do meu livro Conceito de Classes Sociais nas Comunidades. Chamo atenção também para a edição de 100 mil exemplares do tratado de István Mészáros "Para Além do Capital". Mészáros é um dos maiores filósofos marxistas contemporâneos e Chávez citava como assiduidade trechos de seus livros para seus concidadãos.
Tudo isso pode parecer romantismo, mas mesmo os políticos e empresários mais pretensamente "racionais" não desprezaram e não desprezam o papel das Igrejas e dos meios de comunicação na formação dos povos, eles tem milênios de trabalho ideológico para convencer os povos por eles dominados da impossibilidade de superar esta condição de subordinação, dependência, exploração, expropriação, e exclusão. Tem que ridicularizar, tem que buscar avidamente impedir o despertar da consciência revolucionária dos povo. Por isso tanto medo de Hugo Chávez. Mas tem que estender esse medo a grande maioria do povo venezuelano.
Na minha última viagem a Venezuela tive a oportunidade uma vez mais de sentir a força e o papel da consciência nos processos de transformação social, particularmente quando assume uma perspectiva revolucionária. Lembro-me, já que tenho assumido umas tendências evocativas neste Blog, da primeira conversa que tive com o Comandante e amigo Hugo Chávez. Depois de ver a profunda relação estabelecida por ele com as massas venezuelanas lhe disse o seguinte: tua atuação política está profundamente inspirada na liderança do Fidel Castro. Ainda no começo da revolução ele afirmou: "nós não fizemos nada que não estivesse antes na consciência do povo cubano, este é o segredo de uma revolução imbatível".
Nos anos seguintes pude observar e até participar de vários eventos na Venezuela, onde as organizações sociais sobretudo os Conselho Comunitários participavam intensamente do debate sobre as políticas do Governo e até sobre questões de ordem teórica, morais, políticas, históricas que pareciam fundamentais para o processo revolucionário venezuelano.
Alguns testemunhos: o garçom do restaurante do hotel Hilton me dizia "antes da revolução eu não sabia nada dessas questões internacionais, agora eu sei quase tudo e me preocupa demais o que passa nos demais países latino americanos e no Mundo". Numa reunião do Banco do Povo para cuja a Mesa diretora me levou Chávez, ele entregava pessoalmente os recursos a fundo perdido do Banco para financiar projetos apresentados pelos Conselhos Comunitários. Ele discutia com cada um dos autores dos projetos já aprovados para aguçar sua sensibilidade e sua responsabilidade para executá-los. Num certo momento uma jovem, talvez em torno de 20 anos, defende o projeto da sua comunidade e Chávez lhe diz: "eu te conheço", "sim Presidente", responde a menina, "o senhor esteve na minha comunidade", mas Chávez observa: "mas você está muito falante, quando eu te conheci você não falava nada", "é verdade Presidente, eu não sabia nada da minha comunidade. Agora eu sei tudo, eu sei de onde vem a água, de onde sai o lixo, os problemas de saúde, as construções necessárias, aprendi nesses anos", disse a jovem que continuou a defender o projeto da sua comunidade. Creio que era uma fábrica de tijolo que ia favorecer não só a sua comunidade, mas atenderia várias comunidades vizinhas.
Com que prazer fui levado por dirigentes comunitários para conhecer as clínicas comunitárias que hoje se encontram em todos os Conselhos Comunitários venezuelanos. Mais fantástico ainda é testemunhar o interesse filosófico dos líderes comunitários. O Ministério da Cultura promove um Congresso Mundial de Filosofia todos os anos com grande presença internacional e com a particularidade que eles se realizam nas comunas. Nessas discussões entre filósofos e líderes comunais saem, de repente, numa exposição, o nome de Gramsci. Eu intervenho e tento explicar aos companheiros quem era Gramsci para que pudessem compreender o tema discutido. Um companheiro ao meu lado me toca e diz: "não se preocupe Professor, aqui todos conhecem a Gramsci, o Presidente Chávez sempre trás livros do Gramsci quando se apresenta na televisão ou nos comícios e reuniões, assim como de outros filósofos, sobretudo marxistas"
Esses são alguns exemplos da força desse movimento comunitário e do avanço da consciência das suas lideranças e de toda a população. É preciso destacar que grande parte do planejamento do desenvolvimento comunitário é feita pelos próprios moradores que contratam profissionais para ajudar no planejamento e na execução das obras e dos projetos das comunas. Não cabe aqui estendermos nessas observações, mas é sempre muito emocionante conversar com os quadros que conduzem este processo.
É muito fundamental perceber no contato direto com o povo o sofrimento com a morte de Chávez. Mas ao mesmo tempo pode-se notar a confiança adquirida por eles através desta prática revolucionária de condução de suas próprias vidas. A consigna "eu sou Chávez" não é um recurso demagógico. Esta população descobriu e crê firmemente que ela é responsável pelo destino da revolução.
Esta introdução é necessária para a compreensão do tema que orientou a comemoração do primeiro ano da morte de Chávez, no próprio quartel que abriga o mausoléu do Chávez. O tema era o amor e a Pedagogia de Chávez nos vários campos, inclusive o econômico sobre o qual me pediram dissertar. Chávez tem uma entrevista onde define esta questão: "foi por amor que eu estudei, foi por amor que eu me alistei na academia militar, foi por amor que me dediquei profundamente ao estudo dos problemas do nosso povo e as questões sociais e políticas assim como a nossa história, foi por amor que me levantei contra a opressão e a repressão contra o nosso povo, foi por amor que me candidatei e assumi a Presidência da República e foi por amor que me dediquei totalmente à Revolução Bolivariana".
Portanto, está claro as razões pelas quais o processo de avaliação, interpretação do papel histórico do Chávez tome como referência o amor, como sentimento e como valor moral. Na minha exposição dei especial ênfase a diferença de uma economia a uma ciência econômica que atribui ao mercado a condução das vida humanas e uma ciência econômica que crer no papel da razão no planejamento de nossas vidas assimilando valores fundamentais como auto gestão da vida humana dos valores que permitem o pleno desenvolvimento da humanidade.
Esta reunião contou com a colaboração de Piedad Córdoba, ex-Senadora colombiana que lidera a luta pela paz no seu país ao custo de perder seu mandato. Seu testemunho sobre a influência decisiva do CHávez na sua opção política junto ao povo colombiano foi extremamente emocionante, assim como as exposições dos demais membros da Mesa.
Não posso deixar de assinalar a força moral que exala o panteão de Hugo Chávez, ali estão grupos e grupos de crianças com seus pais ou com seus professores muito atentos a figura Chávez que sempre deu uma atenção extrema a participação infantil em suas atividades, mas também se vê filas gigantescas de uma população entre a emoção e muitas vezes o choro pelo sentimento de perda, mas por outro lado a alegria sentiu-se capaz de prosseguir a revolução, sobretudo ao encontrar a mesma reação nas enormes massas que se dirigem ao mausoléu.
É também algo extremamente emocionante assistir uma vez mais um concerto de uma das orquestrar infantis deste projeto excepcional que reúne já 500 mil crianças, transformadas em músicos de altíssimo nível. É impressionante ver a concentração e a disciplina dessas crianças e adolescentes misturadas com uma tremenda alegria por serem capazes de apresentar um espetáculo tão acima da média mundial. E não deixa de ser também emocionante ver o Ministro de Educação Superior que organizou esta Mesa Redonda declarar com orgulho que a Venezuela tem hoje 75% da população em idade universitária estudando nas Universidades venezuelanas.
Claro que existem graves problemas econômicos numa economia que ainda depende fundamentalmente do petróleo e portanto das suas oscilações no mercado mundial. Cabe também considerar as dificuldades de desenvolver um pensamento econômico socialista. Não deixa der ser preocupante o fato de que grande parte dos nosso economistas foram formados pela escola econômica neoclássica na sua forma mais degenerada e primitiva que é o neoliberalismo.
Tenho o prazer de informar que o meu livro "Do Terror a Esperança: Auge e Decadência do Neoliberalismo" já esgotou duas edições e parte para a terceira. Nele combato muito fortemente a ideia de que o neoliberalismo é uma corrente de pensamento muito avançada e pós-moderna. Eu mostro de que se trata claramente de uma tentativa de volta aos princípios filosóficos do século XVIII, pretendendo retroagir a humanidade ao período de ascensão da burguesia na Europa.
Vi com bons olhos também e com muita satisfação o interesse da Comissão de Publicações do Banco Central de publicar o meu livro recém terminado sobre Desenvolvimento e Civilização. E vejo com prazer que muitos outros pensadores críticos estão sendo editados na Venezuela. E, curiosamente lidos inclusive nos Conselhos Comunais, que dispõem todos eles de bibliotecas fortemente apoiadas pelo Ministério da Cultura.
Tive inclusive o prazer de assistir um vídeo de um grupo de leitura do meu livro Conceito de Classes Sociais nas Comunidades. Chamo atenção também para a edição de 100 mil exemplares do tratado de István Mészáros "Para Além do Capital". Mészáros é um dos maiores filósofos marxistas contemporâneos e Chávez citava como assiduidade trechos de seus livros para seus concidadãos.
Tudo isso pode parecer romantismo, mas mesmo os políticos e empresários mais pretensamente "racionais" não desprezaram e não desprezam o papel das Igrejas e dos meios de comunicação na formação dos povos, eles tem milênios de trabalho ideológico para convencer os povos por eles dominados da impossibilidade de superar esta condição de subordinação, dependência, exploração, expropriação, e exclusão. Tem que ridicularizar, tem que buscar avidamente impedir o despertar da consciência revolucionária dos povo. Por isso tanto medo de Hugo Chávez. Mas tem que estender esse medo a grande maioria do povo venezuelano.
Renascimento da obra de Ruy Mauro Marini e da Teoria Marxista da Dependência
A Editora Expressão Popular e a Escola Nacional Florestan Fernandes ligadas ao MST e outros movimentos sociais criaram uma coleção de dvd's sobre grandes líderes e pensadores populares. Inaugurando a segunda fase sobre a série Realidade Brasileira se publica o livro e o dvd "Ruy Mauro Marini e a Dialética da Dependência" que constitui um excelente instrumento de trabalho "para as escolas do ensino médio, universidades, bibliotecas públicas, pontos de cultura e movimentos sociais" (Vejam a foto abaixo).
Ao mesmo tempo tem surgido várias iniciativas de seminários, grupos de estudo e laboratórios de pesquisa voltados para a recuperação e atualização da Teoria Marxista da Dependência, para qual a obra de Ruy Mauro Marini se constitui num dos elementos centrais. Para coordenar e viabilizar este trabalho de recuperação da obra de Marini está em criação uma Comissão Curadora dos Arquivos Pessoais de Ruy Mauro Marini - HEDLA/IFCH - UFRGS, que instituiu um portal e vem coordenando um conjunto de iniciativas institucionais em torno desses objetivos.
Em seguida apresento a proposta de criação desta curadoria, se você pode colaborar em algo com essa iniciativa dirija-se aos organizadores:
Ao mesmo tempo tem surgido várias iniciativas de seminários, grupos de estudo e laboratórios de pesquisa voltados para a recuperação e atualização da Teoria Marxista da Dependência, para qual a obra de Ruy Mauro Marini se constitui num dos elementos centrais. Para coordenar e viabilizar este trabalho de recuperação da obra de Marini está em criação uma Comissão Curadora dos Arquivos Pessoais de Ruy Mauro Marini - HEDLA/IFCH - UFRGS, que instituiu um portal e vem coordenando um conjunto de iniciativas institucionais em torno desses objetivos.
Em seguida apresento a proposta de criação desta curadoria, se você pode colaborar em algo com essa iniciativa dirija-se aos organizadores:
Porto Alegre, Brasil, 13 de março de 2014.
Prezada Vânia Bambirra,
Prezados Theotonio dos Santos, Bruno Marini, Jaime Osorio, Francisco Piñeda, Andrés Bareda Marín, Arnulfo Arteaga, Adrián Sotelo, Ana Esther Ceceña, Márgara Millán, Patricia Olave, Lucio Oliver, Carlos Eduardo Martins, Emir Sader e Carla Ferreira;
Antes
de qualquer coisa, gostaríamos de registrar nossa satisfação com o
crescente interesse de novas gerações de pesquisadores e militantes de
organizações sociais pela obra e contribuição ao pensamento crítico dos
autores da Teoria Marxista da Dependência (TMD). De nossa parte, temos
por objetivo seguir divulgando e participando dos esforços que, em
diversos espaços, buscam dar continuidade às reflexões dessa vertente do
marxismo. Neste sentido, esta correspondência tem por objetivo
compartilhar os resultados de uma das atividades desenvolvidas pelo
Núcleo de História Econômica da Dependência Latino-americana
(HEDLA/UFRGS) que se insere nesses objetivos, a qual está dedicada ao
levantamento de textos e documentos inéditos de Ruy Mauro Marini e Vânia
Bambirra, ambos os autores fundadores da TMD que tem parte importante
de sua obra principal inédita em português ou esgotada em seu país de
origem, o Brasil.
Ao
longo do último período, as atividades vinculadas ao resgate de
escritos inéditos destes dois autores realizou-se mediante quatro
missões de pesquisa, três ao Rio de Janeiro e uma à Cidade do México.
Nessas missões, localizamos e reproduzimos documentos e iniciamos o
trâmite de um convênio entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) com vista ao
estabelecimento de uma colaboração direta com os administradores da
página dos Escritos de Ruy Mauro Marini (www.marini-escritos.unam.mx),
entre outras atividades de cooperação para a pesquisa e extensão
universitária. Figuram entre os escritos encontrados nas missões
realizadas os seguintes trabalhos de Marini (RMM) e Vânia:
● Textos jornalísticos de RMM arquivados junto à Biblioteca Nacional; guias de leitura de O
Capital elaborados como material de apoio às disciplinas de Economia Política ministradas por
Marini, na UNAM, referentes aos livros II e III da obra principal de Marx; dois conjuntos de documentos pessoais de RMM
depositados uma parte na UERJ e outra parte junto aos arquivos de
Theotonio dos Santos, entre os quais constam textos cuja autoria
necessita ser determinada, relatórios de pesquisa inéditos, transcrições
parciais de cursos ministrados no Brasil e na França, programas de
cursos, parte da correspondência pessoal de Marini, além de livros e
outros materiais de trabalho e militância; textos de RMM publicados nos Cuadernos de Cidamo.
● Arquivos pessoais de Vânia Bambirra contendo classificação das Obras Completas de Lênin em 27 temas fundamentais para uma teoria da transição ao socialismo, além de textos inéditos sobre a questão da mulher, documentos políticos entre outros.
Registre-se
que este levantamento tem sido possível graças ao apoio de Vânia e
Theotonio, além de Nilson Araújo de Souza e Luísa Moura, bem como de
instituições como a Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP), por
meio de seu Presidente, Niemeyer Almeida Filho, a Editora Expressão
Popular, pessoas e instituições a quem registramos nossa gratidão pela
confiança empenhada. Todas as cópias dos documentos levantados até o
momento foram depositados pela coordenação do Hedla junto ao Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (IFCH/UFRGS), em caráter restrito, para processamento.
Os
documentos de Marini e Vânia receberão tratamento distinto. Os textos
de Vânia foram concedidos pela própria autora e sua autoria está
determinada. Encontram-se entre os documentos concedidos alguns
manuscritos que serão digitados (além de terem sua versão manual
digitalizada) e documentos datilografados que serão digitalizados para
compor acervo da obra da autora. A organização dos documentos, sua
disponibilidade para consulta pública e os critérios de publicação serão
discutidos diretamente entre a autora e a coordenação do HEDLA.
Os
documentos de Ruy Mauro Marini coletados junto à Biblioteca Nacional
(artigos publicados no jornal O Metropolitano) foram levantados por
Mathias Luce, em 2010. Os guias de leitura de O Capital foram
localizados por Nilson Araújo e Luísa Moura, em 2012; os Cuadernos de
Cidamo, por esforços de diversas pessoas, no Brasil e no México, entre
eles Carla Ferreira, Mathias Luce e Luísa Moura, em 2013; os arquivos
pessoais de Ruy Mauro foram abertos e reproduzidos pelos pesquisadores
Carla Ferreira e Fernando Correa Prado, em 2013, e estão sendo
inventariados.
A
historiadora Carla Ferreira, com o auxílio de uma bolsista, está
responsável pela guarda e processamento das cópias dos documentos de RMM
junto à UFRGS e por organizá-los, classificá-los e digitalizá-los para
disponibilizá-los a uma Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
(CC-AIRMM) que, de acordo com esta proposta, seria responsável por (1)
determinar autoria, (2) caráter inédito, (3) inédito em português, bem
como (4) orientar ou não por futura publicação dos textos encontrados.
Tal Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
constituir-se-á por proposição do Núcleo de História Econômica da
Dependência Latino-Americana (HEDLA), com o apoio do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em parceria com o Portal Escritos Marini albergado na UNAM sob o
critério fundamental de que é composta pelos amigos e colaboradores mais
próximos de Ruy Mauro Marini em vida, um representante da família
Marini, e a coordenação do Hedla, sempre tendo por princípio a
preservação da memória do autor, a difusão de suas ideias e no marco do
convênio UFRGS-UNAM.
A
biblioteca dos livros que pertenceram a Ruy Mauro Marini em vida,
atualmente dispersa entre outras publicações em sala que leva seu nome
localizada na UERJ, por sua vez, está sendo inventariada pelo
pesquisador Fernando Correa Prado. Carla e Fernando deverão, ao final do
inventário dos documentos e dos livros, redigir conjuntamente um
Relatório detalhado dos arquivos e biblioteca de Ruy Mauro Marini a ser
enviado à Comissão Curadora. Este relatório deverá ser redigido em um
prazo não superior a três meses a contar da data de constituição da
Comissão e dará início às atividades de curadoria.
A Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
(CC-AIRMM) proposta pelo HEDLA/UFRGS em parceria com o Portal Escritos
Marini-UNAM terá seus trabalhos coordenados por Vânia Bambirra, Jaime
Osorio, Francisco Pineda, Carlos Eduardo Martins e Carla Ferreira. Nesta
ocasião, o HEDLA/UFRGS por meio de seu Coordenador e da
vice-coordenação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS
institui a criação de dita CC-AIRMM e anexa carta convidando os
seguintes nomes para integrá-la como membros plenos: Vânia Bambirra,
Theotonio dos Santos, Jaime Osorio, Francisco Pineda, Bruno Marini,
Patricia Olave, Ana Esther Ceceña, Márgara Millan, Adrián Sotelo
Valencia, Andrés Barreda Marín, Arnulfo Arteaga, Lucio Oliver, Nilson
Araújo de Souza, Emir Sader, Carlos Eduardo Martins, Luísa Moura,
Mathias Luce e Carla Ferreira.
Desta
forma e desde já fazemos uma chamada pública a todos os que possam
deter em suas mãos algum texto, poesia ou correspondência de Ruy Mauro
que, por favor, informe à coordenação do HEDLA pelo mail hedla@ufrgs.br
a fim de que tais documentos possam ser integrados ao acervo que está
sendo construído, de preferência, em um prazo não superior a três meses
desta data. Acreditamos que, concluída a fase de constituição do
conjunto do acervo (que será somado aos textos já publicados em
português e outros idiomas, a maior parte deles em edições esgotadas),
conseguiremos compor o conjunto da obra fundamental de Ruy Mauro Marini e
Vânia Bambirra. A reunião desse acervo tem por objetivo não somente
reuni-los em um espaço de referência a fim de disponibilizá-los para
consulta de pesquisadores, mas também difundi-los pela página
Escritos-Marini albergada na UNAM e servir de base para o esforço mais
amplo de publicação em português da obra completa ou fundamental de
ambos em edições primorosas, autorizadas pela autora e pela família de
Marini, superando assim a dívida histórica da intelectualidade e da
esquerda brasileira com esses intérpretes originais e rigorosos que o
marxismo ofereceu ao Brasil e América Latina.
Cordialmente,
Mathias Seibel Luce
Professor do Departamento de História e do PPGHIST-UFRGS
Coordenador do HEDLA
Claudia Wasserman
Vice-coordenadora do Instituto de Filosofia Ciências Humanas (IFCH/UFRGS)
Professora do Departamento de História e do PPGHIST/UFRGS, Pesquisadora do HEDLA
Secretário Geral da UNASUL Alí Rodrigues Araque visita o ex-Presidente Lula da Silva, principal criador da UNASUL junto com o Comandante Hugo Chávez
Acompanham esse encontro Monica Bruckman, Professora da UFRJ e Assessora do Secretário Geral da UNASUL e Luiz Dulci, Diretor do Instituto Lula.
Nesta oportunidade foi possível fazer um balanço dos últimos avanços do processo de integração da América do Sul, Alí Rodrigues destacou a necessidade de se desenvolver uma estratégia de defesa dos recursos naturais da região para qual a Secretaria Geral da UNASUL já apresentou uma proposta de resolução aprovada pelo Conselho de Chefes de Estado e já elaborou um documento mais aprofundado sobre o conteúdo dessa estratégia que foi colocada a disposição do ex-Presidente Lula.
Lula colocou o Instituto Lula e sua atuação pessoal a serviço do avanço da UNASUL e da integração da América do Sul em geral. Ele reafirmou a colocação que realizou com um grupo de intelectuais numa importante reunião do Instituto Lula na qual destacou a necessidade de elaboração de uma doutrina da integração para a qual espera um apoio dos próprios Chefes de Estado da região.
Estas reuniões entre camaradas de luta e amigos são uma parte fundamental da integração de uma região considera a Pátria Grande que deve unificar nossos povos. Três lutadoras contra as Ditaduras que prevaleceram na região por 3 décadas são agora Presidentes da República, um líder indígena preside a Bolívia, um economista crítico preside o Equador, um sindicalista preside a Venezuela do líder militar Hugo Chávez, na Colômbia está em curso um acordo para paz depois de 50 anos de guerra, no Uruguai um ex-guerrilheiro Tupamaro assume a presidência e conquista o coração e a mente dos latino-americanos e o Primeiro Ministro da Guiana preside com muito interesse a atual fase da UNASUL.
O Secretário de Estado do governo estadunidense nos informa há cerca de 5 meses que os EUA abandona a Doutrina Monroe para a região e se rende ao fato de que a América do Sul, América Latina e o Caribe e várias outras organizações sub-regionais criaram uma densidade diplomática, política, cultural e econômica que vem limitando o espaço de um poder imperialista como estava acostumado a exercer o Departamento de Estado.
Mesmo assim existem muitos "espertos" que apregoam a tendência à decadência da integração latino-americana como um fato inexorável. Tais análises deram origem ao conceito inglês de "wishfull thinking", que reflete bem o estado de ânimo de nossas classes dominantes, estas sim em decadência.
Vejam as fotos abaixo deste memorável encontro:
quinta-feira, 20 de março de 2014
Evocações: Ciência, Pátria e Academia
Ministro Clelio Campolina Diniz recebe cumprimentos da Presidenta Dilma Rousseff (foto: Giba/ASCOM-MCTI)
Esta foto me traz recordações e provoca reflexões sobre nossa geração. Em 1981, reingressado no Brasil, em função da anistia, após 16 anos de exílio, fui consultado pela Associação de Economistas do Terceiro Mundo, que realizava a sua terceira reunião em Cuba, para indicar um grupo de três participantes deste evento.
Curiosamente escolhi três jovens economistas para esta reunião: Clelio Campolina, Dilma Rousseff e Rabat Benakuche. Vejo com satisfação que as minhas indicações não foram equivocadas ao meditar sobre essa foto.
Naquele momento um dos temas prioritários da agenda dos Economistas do Terceiro Mundo era a criação de uma política científica e tecnológica que pudesse neutralizar a dependência tecnológica das Nações do Terceiro Mundo.
Todos nós trabalhamos de alguma forma em torno dessa questão, não somente de uma perspectiva econômica, mas também como uma contribuição muito forte dos próprios cientistas de toda região.
Nela se inscreve seguramente a formação crítica de cientistas como o Ministro Marco Antônio Raupp que deixa o Ministério extremamente elogiado pela Presidenta e pelo seu sucessor.
Marco Antônio Raupp foi meu colega na criação da UnB. Por sinal, os Matemáticos da UnB, assim como os demais cientistas convocados para a UnB por Darcy Ribeiro, eram extremamente conscientes dos problemas políticos do nosso país. Por final, todos os estudantes de Pós-graduação e Professores tinham que assistir as belíssimas palestras sobre a Civilização Brasileira proferidas por Nelson Werneck Sodré. Para estes cientistas como Marco Antônio Raupp fazer ciência era também fazer Pátria.
Entre os Físicos alcançados pela repressão do golpe de Estado de 64 que nos tirou violentamente da tarefa gloriosa de criar uma Universidade de vanguarda no Brasil estava, por exemplo, o Físico Roberto Salmerom que foi expelido do nosso país para converter-se em uma das grandes figuras da física europeia, onde se aposentou pela École Polytechnique e hoje é Diretor de Pesquisa Emérito do CNRSS.
Avançamos muito na criação de uma institucionalidade capaz de manter uma atividade científica contínua e acumulativa. Para este fim destaco a contribuição sobretudo de Amilcar Herrera, notável cientista argentino cuja pesquisa sobre prospectiva tecnológica da América Latina incorporou a noção das ondas longas de Kondratiev permitindo uma visão de longo prazo da evolução tecnológica da região. Tive o prazer de participar diretamente dessa pesquisa não só como membro do Conselho Consultivo, mas também como Diretor de Treinamento da Fundação Escola de Serviço Público do Rio de Janeiro (FESP-RJ)que desenvolveu uma parte dela, que foi patrocinada pela Universidade das Nações Unidas e pela cooperação canadense. Por sinal, a FESP montou um grupo de pesquisa sobre políticas científicas e tecnológicas e foi a Sede do Encontro que criou a Associação Latino Americana de Política Científica e Tecnológica. Temos que registrar, sobretudo, diante desta foto tão evocativa o papel desses personagens que assumem responsabilidades crescentes na nossa vida política.
Para informar meus leitores sobre a minha contribuição nesse campo apresento em seguida um texto de uso acadêmico que pode ser útil a um balanço desta problemática tão fundamental para o nosso futuro e de toda humanidade:
UM RESUMO DE MINHAS PUBLICAÇÕES SOBRE ECONOMIA
MUNDIAL E REVOLUÇÃO CIENTÍFICO-TÉCNICA
Em 1967, no Centro
de Estudos Sócio-Econômicos da Universidade de Chile (CESO), onde me encontrava
asilado do golpe de Estado de 1964 no Brasil e de minha condenação pela justiça
militar em 1966, iniciei um estudo sistemático sobre a economia e a política
internacionais e as formacões sócio-econômicas contemporâneas. Depois de deixar
o Chile nas circunstâncias criadas pelo golpe de estado de 1973, continuei
essas análises em vários trabalhos, que se prolongaram nas novas fases de
minhas atividades profissionais. Distingue-se em primeiro lugar o período em
que atuei como professor, pesquisador e coordenador do Doutorado em Economia da
UNAM no México, entre 1974 e 1980. Chama a atenção também para os períodos de
professor visitante na Northern Illinois University (1969) e na
SUNY-Binghamton, (1979), assim como para os cursos, seminários e conferências
em que participei em 37 países.
Como resultado
desse trabalho de pesquisa, contatos, debates e participação ativa nos
acontecimentos sociais e políticos do período, produzi um conjunto de obras que
ocupam um papel importante nos debates sobre a teoria da dependência, as
formações sociais contemporâneas e a economia e política internacionais. São deste período entre outros, os seguintes
livros:
1967 - El Nuevo Caracter de la Dependencia, CESO,
Santiago.
1968 - Socialismo
o Fascismo: Dilema Latinoamericano,
PLA Santiago.
1970 - Dependencia
y Cambio Social, CESO, Santiago.
1971 - La Crisis Norte-Americana
y América Latina, PLA, Santiago.
1972 - Imperialismo
y Corporaciones Multinacionales, PLA, Santiago.
1972 - Socialismo
o Fascismo, El Dilema Latinoamericano y el Nuevo Caracter de la Dependencia,
PLA, Santiago. Edição atualizada no México, em 1975, por Edicol.
1977 - ImperialismoyDependencia,ERA,México.
________________________________________________________________________________
* Devo destacar que
apresentei um memorial muito mais amplo para o concurso de professor titular da
Universidade Federal Fluminense, realizado em 2004. Na atual oportunidade
foi-me pedido uma apresentação mais sucinta. Os que tenham interesse neste
material mais amplo podem consultá-lo no meu blog:
theotoniodossantos.blogspot.com.
Estes livros sintetizam
o esforço teórico incorporado em várias publicações e artigos traduzidos em
mais de 18 idiomas e editados em mais de 40 países. A eles deve ser acrecentada
uma literatura científica de grande peso,
produzida no Centro de Estudos Socioeconómicos da Universidade do Chile
onde despontavam os trabalhos de Ruy Mauro Marini, Vania Bambirra, Andre Gunder
Frank, Martha Harnnecker, Tomas Vasconi, Inés Reca, Alejando Scherman, Clarisa
Hardy, Orlando Caputo, Roberto Pizarro, Cristobal Kay, Padre Gonzalo Arroyo,
Cristina Hurtado, Sergio Ramos, Cristian Sepúlveda, Álvaro Briones, Manuel
Lajo, Emir Sader, Marco Aurelio Garcia, e vários outros brilhantes
pesquisadores de várias partes do mundo.
No periodo em que
se instaurou a ditadura militar no Chile tive que me asilar finalmente no
México onde fui pesquisador do Instituto de Economia e dirigi o Doutorado e a
Pós graduação de Economia da UNAM, além
de ministrar cursos nas Faculdades de Ciencia Política e de Filosofia da mesma
Universidade. Em todas estas atividades ajudei a formar uma pleiade de
pesquisadores de vários paises todos de grande impacto no pensamento social
latinoamericano, aprofundando o enfoque
conhecido como teoria da dependencia que se desenvolveu sobretudo no seminario
permanente sobre ciencia e tecnologia e capitalismo contemporâneo que dirigi
junto com Leonel Corona, o qual continua a existir até os nossos dias. Destaco
ainda os vários seminários que organizamos sobre o capitalismo contemporâneo e
as crises econômicas, com a participação de Ernest Mandel; do grupo de teóricos
da escola de regulação; do grupo de cientistas e especialistas em prospecção
tecnológica, comandados por Cristopher Freeman, que se reuniu em Guanuajuato,
produzindo um manifesto de grande impacto; dos pesquisadores sobre a paz,
reunidos numa associação internacional muito influente; da Associação
Internacional de Economistas do Terceiro Mundo, ligada sobretudo ao Movimento
dos Não-Alinhados; de estudiosos do desenvolvimento de toda a América Latina e de várias partes do mundo.
A partir de 1980,
de volta ao Brasil, iniciei uma nova etapa desses estudos dando especial ênfase
à caracterização do desenvolvimento das forcas produtivas contemporâneas
analisadas sob o conceito unificador da Revolução Científico-Técnica. A análise desta problemática já havia sido
iniciada na UNAM, sobretudo através do Seminário sobre a Economia Política da
Ciência e Tecnologia, que organizei no Doutorado de Economia dessa Universidade
desde 1976. Neste novo período, contei com o apoio do CNPq, da Universidade das
Nações Unidas e outras instituições internacionais e nacionais para realizar
vários encontros internacionais, alguns de grande peso como o Congresso de
Política Econômica realizado na FESP-RJ, em 1984, com apoio da Universidade
Estacio de Sá.
Internacionalmente,
entre várias atividades, devo assinalar minha participação na direção da
Associação Internacional de Estudos sobre a Paz, na direção da revista Socialismo
no Mundo, que publicava os resultados das Mesas Redondas internacionais sobre
o mesmo tema realizadas anualmente em Cavtat, na Iugoslávia; a organização do
Curso comemorativo dos 30 anos da Conferência de Bandung, realizado na FESP com
apoio da Universidade das Nações Unidas, com a qual colaborei intensamente em
vários projetos de pesquisa neste periodo.
Devo ressaltar,
neste período, a minha colaboração crescente com o Seminário sobre Sistema
Mundial que se reuniu bi-anualmente sob a coordenação de Immanuel Wallerstein
do Fernand Braudel Center (SUNY-Binghanton) onde fui professor visitante no 2º
semestre de 1979, da Maison des Sciences de l´Homme (Paris I), onde fiz vários
estágios como Directeur d´Éstudes, e do Starnberg Institute. Estas reuniões
bi-anuais se deslocaram por vários países (eu mesmo organizei um delas na UnB
em 1989) aprofundando o estudo do sistema mundial segundo vários aspectos.
Esta interação
ampla e diversificada me permitiu aprofundar minha pesquisa sobre Economia
Mundial, o que se refletiu, entre outros, na publicação dos seguintes livros:
1983 - Teorias
do Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vega, Belo Horizonte.
1983 - Revolução
Científico-Técnica e Capitalismo Contemporâneo, Ed. Vozes, Petrópolis.
1985 - Forças
Produtivas e Relações de Produção, um ensaio introdutório, Ed. Vozes,
Petrópolis.
1987 - Revolução
Científico-Técnica e Acumulação de Capital, Ed. Vozes, Petrópolis.
1987 - La Crisis Internacional
del Capitalismo y los Nuevos Modelos de Desarrollo, Editora Contrapunto,
Buenos Aires, 1987.
Entre 1987 e 1988,
iniciei uma nova fase de pesquisas com o apoio do CNPq e posteriormente da
Fundação Ford, orientando-me para o tema da "RCT, a Nova Divisão
Internacional do Trabalho e a Regionalização da Economia Mundial". Dentro deste esforço efetuei uma viagem de
estudos à França, Bélgica, Suíça, URSS e Espanha em 1989, atendendo a convites
para seminários e conferências.
O objetivo era
analisar os efeitos da Nova Divisão Internacional do Trabalho, que emerge da
RCT, sobre a regionalização da economia mundial, que considero como uma etapa
necessária na direção de uma economia mundial integrada e de uma civilização
planetária. Como a Europa se antecipava
neste processo, através da formação de sua Comunidade em 1992, iniciei por ela
a sistematização dessas teses.
Em seguida, entre
março de 1990 e fevereiro de 1992 aproveitei os convites para professor
visitante das Universidades de Ritsumeikan (Kyoto) e Paris VIII (França) para
aprofundar meus estudos sobre os processos de regionalização na Europa e na
Ásia, ao mesmo tempo em que dirigia os trabalhos de uma equipe de estudantes de
pós-graduação e graduação do Departamento de Relações Internacionais da
Universidade de Brasília sobre o mesmo tema.
Como fruto desse
período de pesquisa elaborei os seguintes trabalhos:
"A Integração
Latino-Americana: Forças Políticas em
Choque, Experiência e Perspectiva", in Revista Brasileira de Ciência
Política, nº 1, Brasília, 1989.
- "A
Revolução Científico-Técnica e a Nova Divisão Internacional do Trabalho"
in Ritsumeikan Journal of International Relations, Ano 3, nº 3,
dezembro de 1990, ps. 60 a
88.
- Democracia e
Socialismo no Capitalismo Dependente, Ed. Vozes, Petrópolis, 1991.
- "Condições
Atuais e Perspectivas da Participação dos Países da América Latina e Caribe na
Economia Internacional", in Realidade e Perspectiva da América Latina,
CORSUD/EDUFMA, São Luis - 1991. Texto
baseado no relatório sob o mesmo título realizado em consultoria para o Sistema
Econômico Latino-Americano (SELA).
- Economia
Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, Editora Vozes,
Petrópolis, 1993. 4 edições até 1999, quando revisei e atualizei o livro.
- "O Auge da
Economia Mundial de 1983 a
1989. Los Trucos del
Neo-Liberalismo", publicado em Espanhol por Nueva Sociedade, nº
117, jan-fev., 1992; em japonês e em português (versão completa).
- "New
Geopolitical Alignements in the Post - Cold War World", publicado em
inglês no Ritsumeikan Journal of International Relations, março, 1992; e
em alemão pelo boletim do Starnberg Institute.
Como resultado
desta experiência de vários anos trabalhando nesta temática, acumulei um
conhecimento bastante razoável das principais instituições, fontes de
financiamento, documentação e bibliografia e dos pesquisadores dedicados à
mesma. Estes conhecimentos permitiram a
ampliação dos meios e recursos obtidos no CNPq e na Fundação Ford, viabilizando
assim, a médio prazo, esta fase da pesquisa.
Posteriormente, na
Universidade Federal Fluminense (1992-), formei o Grupo de Estudos sobre
Economia Mundial, Integração Regional e Mercado de Trabalho (GREMIMT) que
contou com o apoio da FAPERJ e do Programa PIBIC do CNPQ o qual se dedicou
amplamente às análises da conjuntura mundial e patrocinou dois eventos
importantes.
Em 1992,
realizamos um encontro sobre Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente
patrocinado pela Universidade Ritsumeikan, de Kioto, e a Universidade Federal
Fluminense.
Em 1994,
realizamos um Seminário sobre Globalização e Competitividade do Terceiro Mundo,
no qual anunciávamos a formação dos paises emergentes e os resultados positivos
que resultariam de sua ação conjunta.
Em 1989, na
Univesidade de Brasilia, se realizou o Seminário bi-anual do grupo de estudos
sobre o sistema mundial que se reuniu sistemáticamente durante os anos 70 a 90 sob a coordenação do
Centro Fernando Braudel de SUNY-Binghamton, da Maison des Sciences de l`Homme e
do Starnberg Institute
Como culminação
desta fase logrei criar em 1997
a Cátedra e Rede sobre Economia Global e Desenvolvimento
Sustentável com o patrocínio da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas que
batizamos de REGGEN. A fundação desta cátedra foi o resultado de uma difícil
gestão junto a estas instituições que levou à convocatória, em 1996, de uma reunião de expertos em Helsink,
Finlandia, sob a inspiração do WIDER, a qual recomendou a criação da cátedra.
Contudo, o seu
prosseguimento na fase atual vem exigindo uma capacidade de organização
administrativa, contatos e auxílio técnico e secretarial muitas vezes superior,
tanto em extensão como em qualidade a nossos esforços anteriores. Este projeto
de pesquisa deve ser considerado como uma nova fase deste amplo esforço teórico
e analítico, na qual chegar-se-á a
conclusões mais definitivas sobre a evolução da economia mundial e
particularmente sobre a posição do Terceiro Mundo, da América Latina e do
Brasil dentro da mesma.
Em 1997, os meus 60 anos foram comemorados com uma
excepcional homenagem da UNESCO, através do livro Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio Dos Santos, organizado por Francisco Lopez Segreras,
naquela época conselheiro da UNESCO para as Ciencias Sociais na América Latina,
Este livro foi publicado em espanhol pelo Conselho Latino-americano de Ciências
Sociais da UNESCO, na Venezuela, e pelo
Instituto Perúmundo, no Peru, e em
mandarim pela Academia Chinesa de Ciências Sociais (veja-se os textos originais
no sitio www.reggen.org.br e a tradução
ao espanhol no sítio web da CLACSO – Conselho Latino-americano de Ciências
Sociais, com sede em Buenos Aires). Não há publicação em português.
À frente da REGGEN, como professor titular (e agora professor
emérito) da UFF, como um dos fundadores do website da Rede sobre Economia
Mundial (www.redem.buap.mx) e da Rede
Celso Furtado sobre Desenvolvimento Econômico (www.redcelsofurtado.edu.mx), ambas sitiadas no México, como
diretor científico da rede Political and Ethical Knowledge for Economic
Activities (www.pekea.org), com sede em
Rennes, na França e outras atuações internacionais, que seria muito longo
nomear, venho desenvolvendo um amplo trabalho de pesquisa e debate sobre os
grandes temas de nosso tempo que se refletem também em várias publicações que
passo a resumir.
Em 1999 revisei e atualizei meu livro sobre Economia
Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento Sustentável, para 4a.
edição da Editora Vozes. É interessante
assinalar a ampla divulgação que meus
trabalhos vêm tendo na China, desde a
década de 90, quando se publicou, em
1992, a tradução do meu livro Imperialismo
e Dependência (Publicado também em japonês, na década de 80, publicado em 2011 pela prestigiada Biblioteca
Ayacucho de clássicos das ciências sociais latino-americanas. ( Nota: não há
edição em português! ). Em 2002-2003 se publicou na China (além da reedição de Imperialismo
e Dependência) os livros Teoria da Dependência: balanço e
Perspectivas, Economia Mundial, Integração Regional e Desenvolvimento
Sustentável, e os dois volumes
de Los Retos de la Globalización: Ensayos en Homenaje a Theotonio dos Santos
(no qual participa, ao lado de alguns dos mais destacados pensadores de
nosso tempo, o ex-ministro Celso Amorim com um excelente artigo). Foi publicada
também, nesta mesma editora, uma coleção de trabalhos sobre hegemonia e contra
hegemonia, assim como se encontra em tradução o livro Do Terror à Esperança.
Tenho especial orgulho pela receptividade dos meus livros na China pela
importância das mudanças que aí ocorrem e pelo papel crescente deste país no
mundo contemporâneo.
Em 2003 e 2004
a minha produção chegou a um patamar que considero muito
adequado com a publicação do meu último livro: Do Terror à Esperança: Auge e Declínio do Neoliberalismo,
Idéias & Letras, Aparecida, 2004. Este livro apresenta uma analise original
do neoliberalismo não somente como doutrina, mas também como pratica, nos
EE.UU, com Ronald Reagan, na Inglaterra com Thatcher, no FMI e no Banco
Mundial, nos governos asiáticos, africanos, latino-americanos e, sobretudo no
caso brasileiro, que é analisado mais detidamente.
O livro mostra também que as contradições do neoliberalismo
começaram a gerar o rechaço majoritário das populações submetidas a estas
políticas e também a desmoralização do pensamento econômico que criou estes
desvios perversos transformados por 2 décadas em “pensamento único”. Este livro
foi publicado em espanhol pela Editora Monte Ávila, Caracas, em 2007, tendo
obtido menção honrosa no Concurso Pensamiento Crítico Simon Bolívar, em Caracas
e foi traduzido para o chinês e publicado pela Editora da Academia de Ciências
Sociais da China, como já assinalamos.
Nos anos de 2003-2004 publicaram-se também em espanhol dois
livros de minha autoria:
La Teoria de la Dependencia:
Balance y Perspectivas, editado originalmente em português pela
editora Civilização Brasileira em 2000 e na Argentina pela Editora
Sudamericana, em 2003 a
partir da edição mexicana publicada por Plaza & Janés no mesmo ano. Este
livro foi também publicado em mandarim pela Editora da Academia Chinesa de
Ciências Sociais, Beijing, 2003.
Em 2004, a Editora Plaza &
Janés, do México, publicou La
Economia Mundial y la Integración Latinoamericana. Trata-se
de uma nova versão de um livro clássico publicado pela Editora Vozes no Brasil
(4 edições de 1994 a
1999) e pela Academia de Ciências Sociais da China (2003). Esta nova versão
ampliada e atualizada reúne também um amplo material bibliográfico, documental
e virtual para o estudo da globalização. Sua edição em português não está
agendada. Está em curso edições peruana e venezuelana do livro, com um prefácio
novo. Estou discutindo também a possibilidade de uma edição brasileira.
Com esses 3 livros (Do Terror à Esperança, Teoria
da Dependência e Economia Mundial) espero haver completado uma
trilogia sobre o neoliberalismo e a retomada do pensamento social critico como
fonte de compreensão do mundo contemporâneo. Acredito mesmo que eles se
converteram num verdadeiro tratado sobre a história recente da humanidade e
sobre o pensamento cientifico adequado para interpretá-la e atuar sobre ela.
Seu rigor e profundidade permitem superar a prepotência dos autores
comprometidos com o enfoque dominante central que pensa o mundo sem incorporar
a realidade da maior parte da humanidade que se encontra nas zonas periféricas.
Em resumo, sem o risco de uma presunção exagerada, posso
afirmar assim que fui um dos fundadores da perspectiva do sistema mundial que
vem redefinindo a análise da sociedade, da política e da economia. Fui um dos
fundadores da Teoria da Dependência que exerceu uma influencia definitiva nos
estudos sobre o desenvolvimento, em todo mundo, a qual é considerada como um
antecedente fundamental da teoria do sistema mundial. Estes e outros aspectos
da minha carreira podem ser apreciados no sitio web da Universidade de Málaga
(Espanha) sobre os maiores economistas da história da humanidade. Entre estes
só se incorporaram até o presente, do Brasil, os nomes de Celso Furtado, Ruy
Mauro Marini e Theotonio Dos Santos.
Ao mesmo tempo, as editoras PUC Rio-Loyola publicaram de 2003 a 2005, sob a minha
coordenação, a serie de 4 volumes sobre Hegemonia e Contra – Hegemonia que recolhe os trabalhos
apresentados no seminário sob o mesmo
titulo realizado em Agosto de 2003 pela Cátedra e Rede da UNESCO e da
Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e Desenvolvimento
Sustentável (REGGEN) www.reggen.org.br.
Traduções em espanhol (Venezuela), em inglês e mandarim (China) publicaram uma
seleção destes artigos que reúnem os mais importantes pensadores sobre o nosso
tempo. Estes livros são adotados em cursos de relações internacionais de vários
países.
Meu trabalho nestes últimos anos não se detém aí. Deve-se
destacar minha condição de presidente da Comissão Cientifica da Rede sobre
Ética e Política Econômica (www.pekea.org)
com sede em Rennes na França. Em 2003, a revista Économies et Societés editou um
número especial sobre “os prolegômenos à construção de um saber político e
ético sobre as atividades econômicas” que reuniu os trabalhos da reunião
inaugural de PEKEA, com uma introdução minha conjuntamente com dois outros
membros da direção do PEKEA.
Novos livros deverão ser publicados sobre os seminários
realizados em dezembro de 2003 em Rennes e em novembro de 2004 em Bangkok.
PEKEA, com seus mais de 700 membros, abre uma nova perspectiva critica diante
da economia neoliberal, desbravando o caminho de uma pratica social e política
alternativa.
No encerrar de 2004, participei da edição especial do
Observatório Social da América Latina (OSAL), do Conselho Latino Americano de
Ciências Sociais (CLACSO), sobre “Los Desafíos de América Latina y las
Elecciones en E.E.U.U.”. Em seguida,
inaugurei o livro coletivo do Grupo de Trabalho do CLACSO sobre “Globalização,
Economia Mundial e Economias Nacionais” com o titulo: La Economia Mundial y
América Latina, CLACSO LIBROS, Buenos Aires, 2005, organizado por Jaime
Estay.
Em 2003, participei do livro de Argemiro Procópio sobre o Brasil:
Parceiros Estratégicos, Editora Alfa-Omega, e do livro Critical Social
Thought for the XXrst Century, Essais in Honour of Samir Amin,
L´Harmattan, Paris.
Venho tendo também um papel protagônico na Rede de Estudos
sobre Economia Mundial (REDEM), basicamente ibero-americana, com sede na
Universidade de Puebla (México) que já realizou vários seminários e publicou
vários livros sobre a economia mundial contemporânea. Seu sitio web vem sendo
visitado por milhares de pesquisadores do mundo inteiro e principalmente
falantes do espanhol e do português, na perspectiva de encontrar um enfoque
crítico ibero-americano dos grandes problemas de nosso tempo. Sua penúltima
reunião, organizada pela Universidade de
Barcelona em Novembro de 2004, discutiu
os caminhos da globalização e as perspectivas dos Estados Nacionais.
Deve-se destacar também a minha atividade jornalística neste
período. Colaborei quinzenalmente para o principal jornal mexicano, El
Universal, e meus artigos são publicados com regularidade em alguns dos
principais jornais latino-americanos. No Brasil sou membro do Conselho do
jornal Monitor Mercantil.
Sou membro dos conselhos científicos de vários centros de
pesquisa e pós-graduação em várias partes do mundo, assim como pertenço ao
conselho de varias revistas cientificas nas quais publico regulamente artigos
sobre a realidade internacional e nacional. Publico também com certa freqüência
em vários países da Europa, nos EUA, na Índia, na China, na Rússia e em vários
outros países.
Sou também constantemente entrevistado pela imprensa escrita,
rádio e televisão de várias partes do mundo.
No ano de 2004, dirigi a campanha internacional para a
candidatura de Celso Furtado como Prêmio Nobel de Economia. Apesar da enorme
repercussão internacional da candidatura, mais uma vez o “pensamento único” se
apossou deste prêmio.
No plano acadêmico, na condição de professor emérito,
continuo a participar da UFF, como professor da Pós-Graduação em Relações Internacionais
da UFF, assim como sou membro do Conselho Acadêmico do Instituto de Estudos
Estratégicos e da Pós-Graduação de Ciência Política da mesma universidade,
Continuo desempenhando minha posição de diretor presidente da Cátedra e Rede da
UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre “Economia Global e
Desenvolvimento Sustentável” - REGGEN.
Nos anos de 2004 e 2008 proferi curso de Economia Política
Internacional na Fundação Getúlio Vargas (EBAPE – Mestrado) e dei aulas sobre o
mesmo tema na pós-graduação da Universidade Candido Mendes, entre outros cursos
e seminários no país e no exterior. Estive em março de 2004 como professor
convidado da Universidade de Paris 13. Neste mesmo ano realizei conferencias e
apresentei teses em encontros da UNCTAD e das Universidades de Javarhal Nehru e
Delhi na Índia. Da mesma forma, no Encontro Internacional de Economistas sobre
Globalização e Desenvolvimento, em Havana, Cuba, fui mais uma vez um dos
expositores principais. Neste mesmo ano estive 2 vezes na Venezuela para varias
conferencias e a preparação, em Junho, e
para realização em Dezembro do Encontro Internacional em Defesa da Humanidade
que reuniu algumas das mais importantes personalidades e artísticas de todo
mundo.
Ainda no plano Internacional, participei como orientador
entre Outubro e Novembro de 2004 numa importante banca de defesa de tese
doutoral na UAM, México, onde se consagrou uma vez mais a colossal obra teórica
de José Valenzuela Feijóo. Participei também no Congresso Internacional sobre
Democracia, em Rosário, Argentina, no Seminário sobre Retomada do
Desenvolvimento Econômico, organizado pelo Congresso e pelo Banco do
Desenvolvimento da África do Sul, no Seminário Internacional sobre Economia
Social do PEKEA, em Bangkok e no Seminário sobre Economia Mundial e
Regionalização realizado pelo REDEM na Universidade de Barcelona, na Espanha.
Entre as atividades realizadas no Brasil neste mesmo ano
deve-se ressaltar minha participação em vários Seminários e a realização de
conferencias nas Universidades UFF, UFRJ, UF Uberlândia, Estácio de Sá,
Bennett, La Salle, na Escola Superior de Guerra, na Escola de Comando do Estado
Maior, no CEBRI e no Encontro Nacional da Sociedade Brasileira de Economia
Política, assim como na criação da Rede Mundial de Personalidades, Intelectuais
e Artistas em Defesa da Humanidade, com sede na Venezuela.
·
Em 2005 a REGGEN organizou um novo seminário
internacional sobre As Economias Emergentes e as Modernidades Alternativas que
dava sequência à discussão sobre hegemonia e contra-hegemonia realizada em
2003. Nesta oportunidade, iniciamos um programa de cooperação entre os BRICAS (
Quer dizer os BRIC dos quais se falava até então mais a África do Sul cujo peso
continental da África justificava figurar neste bloco em formação). Com o material deste encontro coordenei um
livro sobre Países Emergentes e os
Novos Caminhos da Modernidade publicado pela UNESCO, em 2008. Em 2009 coordenei com Emir Sader um livro em
homenagem a Rui Mauro Marini, co-editado pela Boitempo e a Editora PUC/Rio. Sob
o título de A America Latina e os Desafios da Globalização.
Nos últimos anos aumentei muito minha colaboração com o Fórum
Mundial das Alternativas que dirige Samir Amim, com o sólido e dinâmico apoio
de François Houtart. Participei,
sobretudo nas reuniões de Equador (2008) de caráter regional e da Venezuela
(2008) de caráter mundial, com uma forte participação africana e asiática.
Produzimos nesta última ocasião um documento sobre a crise mundial que alcançou
forte repercussão. François Houtart e vários membros deste encontro
participaram ativamente da preparação do documento da Assembléia Geral das
Nações Unidas, comandado por Joseph Stiglitz.
Gostaria de assinalar também minha participação no encontro
organizado pelo Conselho sobre Desenvolvimento da Índia sobre o centenário do
livro de M. K. Gandhi sobre Paz, Justiça e Auto-Determinação para o futuro da
humanidade. A amplitude das contribuições apresentadas neste encontro se
inscrevem muito claramente dentro das minhas preocupações atuais sobre relação
entre Desenvolvimento e Civilização que foi objeto de minha conferência
inaugural desse encontro do qual se publicarão vários livros.
Quero destacar ainda a criação de um Doutorado em Economia
Política do Desenvolvimento na Universidade de Puebla. Além de realizar a
Conferência inaugural do mesmo, a REGGEN estabeleceu um convênio com a
Benemérita Universidad Autónoma de Puebla para uma cooperação estreita com este
doutorado além da criação de uma sub-sede da REGGEN na mesma universidade que
já abriga a Rede de Economia Mundial que já citei.
Quero ressaltar ainda minha participação no Júri do Concurso
do Prêmio ao Pensamento Crítico Simon Bolívar de 2008, realizado em Caracas, em
junho de 2009. Ao ler os 102 livros apresentados para este concurso pude
constatar o renascimento do pensamento crítico não só na América Latina, mas
muito, inspirado pelos processos sócio-políticos da região. Tanto assim que
decidimos premiar o livro de István Mezáros sobre a história e as ciências
sociais que se inspira fortemente nestas experiências e no pensamento
latino-americano. Eu colocaria na mesma linha de preocupação a preparação de um
informe da UNESCO sobre Repensar o Desenvolvimento da América Latina para o
qual coordeno um dos eixos de análise sobre os cenários alternativos para a
região.
Por fim, nesta mesma direção devo assinalar o congresso da
Associação Latino-Americana de Sociologia, na Argentina, em 2009. Nesta
oportunidade ofereci uma Conferência Magna sobre “crise mundial – estrutura e
conjuntura”, com a qual recebi o título de Doctor Honoris Causa da Universidade
de Buenos Aires num ambiente extremamente exaltado de questionamentos às
ciências sociais do “mainstream” euro-centrista.
Eu colocaria no mesmo espírito os títulos de Doutro Honoris
Causa que recebi em 2008-2009 nas Universidades Ricardo Palma e Mayor de San
Marcus (Primeira das Américas), no Peru., o titulo de Professor Honorário da
tradicional Universidade de Cusco, capital do Império Inca. Posteriormente, em 2011, como reflexo do
questionamento estudantil ao neoliberalismo no Chile, recebi o título de Doutor
Honoris Causa da Universidade Nacional de Valparaiso.
Nesta linha de homenagens destaco a imposição da medalha de
Comendador da Ordem do Rio Branco, em maio de 2009, que creio refletir a
confluência entre meus esforços teóricos e analíticos e a atual política
externa brasileira que se constata nos meus últimos trabalhos que deixo de
relatar aqui por estarem em fase de preparação final e que deverão
cristalizar-se no meu trabalho de professor visitante se merecer o apoio das
autoridades responsáveis.
Devo chamar a atenção também para o grande número de
seminários sobre os 40 anos da teoria da dependência que vêm se realizando no
Brasil e no exterior, tomando como ano base da afirmação da teoria a publicação
do meu artigo sobre “A estrutura da dependência” na American Economic Review.
Entre as várias iniciativas neste sentido aponto a publicação da Revista da
Sociedade Brasileira de Economia Politica, nº 30, outubro de 2011, que
publica uma longa sessão com a tradução do meu artigo citado, um texto de
recordações históricas que preparei e um artigo de Carlos Eduardo Martins que
foi escrito como introdução à reedição venezuelana do meu livro Imperialismo
y Dependencia, pela Biblioteca Ayacucho de Clássicos Latino americanos em
co-edição com o Banco Central da Venezuela.
Gostaria de ressaltar também o encontro internacional
promovido na Argentina sobre A Dependência Acadêmica, com forte presença
africana e asiática, além de latino-americana. Alenta-me muito também ver a
grande quantidade de reuniões sobre tema no Brasil, inclusive em universidades
de província até pouco tempo totalmente alheias ao tema. É dentro destas
preocupações que estou preparando um livro sobre Desenvolvimento e
Civilização que entreguei ao Centro Internacional Celso Furtado o final de
2013. Em seguida retomei meu plano de
trabalho sobre economia política do capitalismo contemporâneo que já se
encontra bastante avançado.
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