Jornal Monitor Mercantil
02/12/2008 - 18:12
"O iuan pode ser a moeda de referência na Ásia, pois a região procura ficar menos dependente do dólar. Estuda-se também a criação de uma moeda regional". A informação é do coordenador da Cátedra e Rede Unesco/UNU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), Theotonio dos Santos. Recém-chegado da China, ele disse também que o Japão já exporta mais para os chineses do que para os EUA. "É um dado absolutamente definitivo para mostrar a importância que a China passa a adquirir para a região e se reflete no aspecto financeiro", acrescenta.
Do ponto de vista social, Santos revelou ao MONITOR MERCANTIL (MM) que há preocupação com a distribuição da renda, porque a prioridade passou a ser o mercado interno. "Os chineses continuarão estimulando o setor de mais baixa renda. Entre 2005 e 2006, o crescimento da renda agrícola foi superior a 10%. A renda do setor urbano subiu cerca de 20%. E para desespero do Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do BC brasileiro) esse aumento de renda teve como efeito uma queda nos preços", ironizou, esclarecendo que o setor que mais cresceu foi o de capital fixo.
"Portanto, houve mais produtividade e preços mais baixos. Aqui no Brasil, aumenta a demanda, mas ninguém obriga o setor produtivo a avançar tecnologicamente e vender a preços mais baixos", criticou. O coordenador do Reggen, que integra o Conselho Editorial do MM, reprovou, no entanto, a iniciativa chinesa de apoiar uma reestruturação do FMI, em vez de criar um novo órgão regulador multilateral: "O FMI regula para obrigar a desregular. Todos os bancos centrais operam no sentido de reforçar o lucro do setor financeiro. Pressionaram a China para entrar nessa do banco central independente, mas não conseguiram", ressalvou.
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