ENFIM UMA BOA NOTÍCIA:
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. É UM ECONOMISTA SÉRIO E COMPETENTE. FEZ
UMA EXCELENTE GESTÃO NO FMI, COMO REPRESENTANTE DO BRASIL E MAIS
OUTROS PAÍSES. NUNCA FEZ PREVISÕES ULTRA EQUIVOCADAS COMO O FMI
ADORA FAZER E O BANCO CENTRAL DO BRASIL TRANSFORMOU EM ESPECTÁCULO
DE INCOMPETENCIA ANUAL. TODOS ANOS ESTABELECE METAS AMPLÍSSIMAS
PARA INFLAÇÃO E NUNCA ACERTAM... E QUEREM CONVENCER O POVO
BRASILEIRO DE QUE TÊM QUE AUMENTAR A TAXA DE JUROS E
CONSEQUENTEMENTE REALIZAR "AJUSTES FISCAIS" COLOSSAIS PARA IMPEDIR
O BRASIL DE DESENVOLVER-SE E O ESTADO BRASILEIRO DE ATENDER AS
NECESSIDADES DE SEU POVO. AO CONTRÁRIO DESTA GENTE PAULO NOGUEIRA
BATISTA MANTEVE SEMPRE UMA PARTICIPAÇÃO CORRETA NO FMI E AGORA NO
BANCO DOSO BRICS. VALE APENA LER SUA ENTREVISTA A UM JORNALISTA
QUE NÃO TEM IDÉIA DO QUE SERIA O BANCO DOS BRICS.
Entrevista. Paulo Nogueira Batista, economista
Futuro vice-presidente do novo banco dos Brics diz que EUA e Europa não têm mais capacidade de dar as cartas
'O FMI não se adaptou ao século 21'
Adriana Fernandes
02 Julho 2015 | 02h 04
Novo banco
entra em operação em 2016, diz Batista
Junto
com o FMI dos Brics, como está sendo chamado o Acordo
Contingente de Reservas, o banco nasce como uma terceira via
de contraponto ao arcabouço financeiro internacional formado
pelo FMI e o Banco Mundial.
Em
entrevista na qual faz questão de ressaltar que fala a
título pessoal, pois ainda não assumiu o cargo depois da
passagem pela diretoria executiva do FMI, Batista afirma que
os países do bloco - Brasil, Rússia, Índia, China e África
do Sul - não encontram na arquitetura financeira atual
espaço condizente com sua importância. FMI e Banco Mundial,
diz, são instituições que foram criadas com base no eixo de
poder do Atlântico Norte, EUA e Europa. "Esses países são
ainda fundamentais, mas não têm mais a mesma capacidade de
dar as cartas", diz.
Quando o banco dos Brics vai funcionar?
O
acordo que estabeleceu o banco foi assinado há um ano em
Fortaleza na Cúpula dos Líderes e está prestes a entrar em
vigor. Para a estratégia operacional, surgiu a ideia de,
antes da entrada em funcionamento, nomear uma
pré-administração com vice-presidentes para que se mudem
para Xangai e para definir os procedimentos operacionais. A
meta é que entre em operação em janeiro de 2016.
Por que optar por essa terceira
via? Uma opção não poderia ter sido fortalecer as
instituições nacionais já existentes?
As instituições nacionais dos Brics são
importantes. Cada um tem seu equivalente ao BNDES e os
cinco são ativos e operam internacionalmente. Mas há o
objetivo de criar uma instituição nova, que seja o
resultado da ação conjunta dos cinco países, que seja um
organismo internacional. O que se quis fazer foi um salto.
Um banco que seja multilateral e que estará aberto à
participação de outros países. Qualquer país membro nas
Nações Unidas poderá entrar como sócio.
Recentemente foi criado o Banco Asiático de
Desenvolvimento em Infraestrutura (AIB), sob liderança
da China, para se contrapor ao Banco de Desenvolvimento
da Ásia (BDA), que tem forte influência americana. Essas
novas instituições correspondem a um novo arranjo
global, um novo 'Bretton Woods'?
De fato, o banco criado sob a liderança da China
tende a competir mais com o banco asiático de
desenvolvimento, que está sob forte influência do Japão e
americana. Não seria ir longe demais, mas, em certo
sentido, podemos dizer que Fortaleza está para os Brics
como Bretton Woods esteve para o FMI e o Banco Mundial.
Mas há diferença de proporção, porque são quase globais.
Nesse sentido não está surgindo um novo
contraponto ao FMI e ao Banco Mundial?
Sim. O novo banco é de alcance global. Mas é
preciso lembrar que vai crescer aos poucos, ir passo a
passo, para ser uma coisa segura e sólida. Vai demorar até
que tenha alcance comparável a de outros bancos. Usar a
expressão de contraponto, tudo bem, desde que se entenda
que a relação é mais complexa, envolve cooperação e até
atuação conjunta. Poderemos atuar conjuntamente com o
Banco Mundial. Essas novas instituições não foram criadas
contra ninguém, mas para ajudar os Brics e os países em
desenvolvimento.
Mas há uma estratégia chinesa de reduzir a
hegemonia americana e europeia no sistema monetário
internacional?
Não posso falar da estratégia chinesa. Mas os
Brics são cinco países grandes que têm um traço comum. São
países que não encontram na arquitetura financeira atual
espaço condizente com sua importância relativa. Quando a
China cria o banco asiático e um fundo para a rota da seda
- outra iniciativa de caráter internacional -, reflete
disposição de atuar, não contra instituições existentes,
mas adicionalmente.
Não corre o risco de o Brasil ficar periférico
nessa nova ordem internacional?
O Brasil é um país que tem peso grande. Está
entre os dez maiores em área, população e PIB. Um país
como o Brasil não será periférico a não ser que trabalhe
ativamente para ser. A não ser que a gente tema em ser
periférico. Mas o Brasil não é grande suficiente para
sozinho modificar as coisas. Precisa trabalhar em
alianças.
Qual será o foco do banco. Onde ele vai atuar?
O
banco tem o mandato claro para financiar projetos de
infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em
desenvolvimento e nos Brics. Um país desenvolvido poderá ser
sócio, mas não poderá ser tomador de empréstimo. Já um país
em desenvolvimento poderá entrar como sócio tomador. O banco
vai financiar projetos tanto do setor público como do setor
privado e de parcerias público-privadas.
Que projetos vai financiar?
É
prematuro. Só temos condições de avaliar projetos a partir
do ano que vem. O banco está autorizado a financiar projetos
do setor privado, a dar garantias e a entrar no capital
acionário, no equity.
O banco pode ajudar no futuro o programa de
concessões?
Pode,
desde que sejam projetos do que está previsto no acordo. Mas
o banco não foi criado com o propósito de financiar nada.
Não existe uma lista de projetos. Não tem uma coisa
predeterminada. Isso é coisa que vamos trabalhar.
Por que esses novos bancos estão surgindo?
Porque
o banco mundial não está dando conta de atender a demanda
por infraestrutura. Há um hiato entre a capacidade de
financiamento dos organismos multilaterais existentes e
demanda enorme que existe por infraestrutura nos países em
desenvolvimento.
Quais as armadilhas a serem evitadas?
O novo
banco tem de aprender com a experiência do Banco Mundial e
FMI e aplicar o que deu certo. O FMI está com um problema
meio crônico de não conseguir se adaptar com necessária
velocidade ao mundo que está surgindo no século 21 em que
países fora do eixo do Atlântico Norte têm peso crescente.
São instituições criadas no pós-guerra, com base no eixo de
poder do Atlântico Norte, EUA e Europa. Esses países são
ainda fundamentais, mas não têm mais a mesma capacidade de
dar as cartas.
Que oportunidades surgem para o banco e o FMI dos
Brics?
Se o
novo banco quiser dar um salto em relação aos já existentes,
terá de ser muito mais aberto aos outros países em
desenvolvimento. Para que o Brics reivindicam mais voz? Essa
é uma pergunta que temos de responder conjuntamente. Se a
resposta não for clara, vão dizer 'ah bom!' Esses cinco
países estão querendo mais influência, mas não são
diferentes dos países do Atlântico Norte. Temos uma vantagem
que é que os países do grupo não há muito tempo tinham
empréstimos do FMI. Temos a experiência não muito distante
de sermos devedores num mundo em que o Atlântico Norte dá a
regra.
O Rio é candidato para sediar o FMI do Brics?
Essa
sugestão foi feita. A China também quer fazer a sede em
Xangai.
Temos chance?
Tem. É
uma discussão política e ao mesmo tempo técnica que os
países têm de fazer. Imagino que ao longo do segundo
semestre isso seja definido por consenso.
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