terça-feira, 1 de novembro de 2011

Faculdades argentinas reveem estudo de Economia

O governo Kirschner criou um grupo de 200 economistas para propor a reforma dos cursos de economia. Era já tempo que um poder estatal chamasse a esta tarefa. Ao mesmo tempo, formaram-se vários movimentos de economia critica cujos congressos e reuniões eu divulguei no meu blog. Deste mato vai sair muito coelho pois é disto que o mundo necessita. Uma nova economia política que arranque de um enfoque teórico e metodológico completamente novo em relação ao domínio de um main strean superado. É necessários superar o século XVIII que fundamenta esta pretensa econômica, renovada superficialmente pelo neokantismo do final do sécjulo XIX. Necessitamos arrancar do esforço de Karl Marx para construir uma crítica da economia política que tinha os 3 volumes do Capital com o primeiro livro de uma coleção de 6 livros que nos iriam aproximando do universal concreto. Uma criação do pensamento que nos conduzia a um diálogo dialético com a prática social. Vejam nossos estudos sobre a necessidade de recuperar este projeto científico.

Faculdades argentinas reveem estudo de Economia

A economia como ciência social. O desafio de mudar o mundo acadêmico

Os planos de estudo das principais faculdades de Economia na Argentina estão sendo revistos. A crise nas potências mundiais questiona a corrente de pensamento neoclássica, redefinidas como ortodoxa e neoliberal hegemônicas na carreira universitária.

(reportagem de Mariano Kestelboim e Mercedes LaGioiosa, publicado pelo jornal Página/12, 26-09-2011)

A crise do paradigma neoliberal abre a oportunidade de um debate que há uma década atrás parecia impossível. A ortodoxia, como visão hegemônica, não é capaz de explicar a derrocada das economias centrais, tampouco oferece soluções viáveis. A análise dessa crise exige uma compreensão do processo histórico, social e político que a gerou. No começo dos anos 70, o aumento dos custos produtivos vinculados em grande medida pelas reivindicações salariais de uma classe operária organizada e a crise do petróleo provocou a queda dos níveis de rentabilidade das grandes corporações das nações mais desenvolvidas do mundo.

Como resposta, os grupos de poder avançaram numa estratégia de redução de custos através da fragmentação do processo produtivo e de sua relocalização, o que originou uma nova divisão internacional do trabalho. As nações desenvolvidas conservaram ou promoveram atividades de maior alcance científico-tecnológico e, através dos canais comerciais e financeiros, conseguiram controlar as cadeias de valores globais. No resto da periferia, em geral, se aprofundou a exploração dos recursos naturais na primeira fase da guerra fria.

O plano se apoiou em três eixos fundamentais: a eliminação das barreiras do comércio e de bens industriais e do movimento de capitais financeiros, o desenvolvimento de novas tecnologias da informação e da comunicação e a aplicação de programas econômicos de concepção neoclássica.

Os conteúdos teóricos impostos nas altas casas de estudo exacerbaram a formalização matemática da economia e sua abstração, distanciaram o Estado da administração da economia e retiraram dos currículos a análise dos processos históricos e sociais, assim como das transformações das estruturas produtivas.

Dessa maneira, procurou se apagar a essência política e social do estudo da economia e afastar a população da discussão sobre o impacto das politicas aplicadas no marco da estratégia neoliberal que prejudicavam os interesses nacionais e implicavam no desmantelamento das bases produtivas e das instituições públicas, a destruição dos postos de trabalho e uma crescente desigualdade social.

Agora, numa nova etapa, as economias emergentes estão podendo se recuperar das consequências das politicas neoliberais através do desenvolvimento de uma visão genuina e singular do funcionamento de suas economias no marco de um mundo globalizado. Ao mesmo tempo, os países centrais – principais promotores das políticas ortodoxas – atravessam uma crise de envergadura e tentam repassar os seus efeitos negativos aos países mais fracos.

Eles, além de contarem com instituições financeiras e políticas tanto locais como multilaterais de diversas índoles, se amparam em uma fundamentação acadêmica que de maneira desinteressada e quase científica oferece determinado marco teórico. Entretanto, essa ação institucional perde legitimidade diante da evidência irrefutável dos discordantes presentes. O desempenho dos países emergentes aponta o consenso político-social ao redor de uma visão que incorpora o estudo da problematica nacional e latino-americana em uma perspectiva histórica, e que apresenta respostas diante da existência de economias com estrutura produtiva desequilibrada e diante da necessidade de avançar na integração financeira regional.

Esse florescente cenário é acompanhado, não obstante, de maneira tíbia e expectante pelo mundo acadêmico que prefere se manter a margem das mudanças que se apresentam na sociedade diante do temor de que ele pudesse melar o rigor científico universitário, as ideias e enfoques alternativas, que foram sistematicamente segregados de um sistema de conhecimento que permita uma compreensão acabada da realidade e que comece a desempenhar um papel ativo na formação de jovens portadores de um saber global desde uma perspectiva nacional e regional.

O caminho até aqui agora percorrido e o anseio de ver a Argentina como um país industrial e de vanguarda tecnológica, pede o questionamento da visão hegemônica e das instituições a partir das quais essas se reproduzem. O desafio é, então, construir uma universidade que questione seus papel na sociedade e que se permita discutir conteúdos curriculares, oferecendo um claro exemplo de evolução, democracia e pluralidade.

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