Três
instituições se unem
para apresentar o novo livro de
Theotonio dos
Santos*:
“DESENVOLVIMENTO & CIVILIZAÇÃO:
UMA HOMENAGEM A CELSO FURTADO"
1-
Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – EdUERJ
.
2-
Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o
Desenvolvimento
3-
Conselho Latinoamericano e Caribenho de Ciências Sociais – CLACSO.
Você
pode baixar gratuitamente em:
*Pesquisador Visitante Nacional Sênior da UERJ
Professor Emérito da UFF
Presidente da Rede e Cátedra UNESCO/UNITWIN sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN)
Prêmio Mundial de Economista Marxista 2013 da Associação Mundial de Economia Política (WAPE)
Prêmio Latinoamericano e Caribenho de Ciências Sociais da CLACSO
Prólogo
É
um Tratado, no bom significado da velha expressão; destina-se a
figurar em todas as bibliotecas de ciências sociais com o destaque
de uma verdadeira referência dentro do grande tema universal do
Desenvolvimento.
Theotonio
dos Santos, um dos mais brilhantes economistas brasileiros de sua
geração, com uma extensa e qualificada obra de trânsito
internacional, tratou o desenvolvimento como nenhum outro estudioso o
tinha apresentado até agora, como equivalência de um processo de
civilização, um processo que tem direção e que compreende a
evolução da humanidade como um todo. Com um detalhamento histórico
e analítico maior dos aspectos econômicos – eis que é economista
consagrado – Theotonio avança na apresentação de todas as outras
dimensões do desenvolvimento até abrir a perspectiva fascinante que
desemboca no que chama de Civilização Planetária.
Desenvolvimento
é um conceito dos meados do século passado, que surgiu com um
significado estritamente econômico (era desenvolvimento econômico),
ligado ao crescimento da produtividade das economias e ao consequente
aumento das rendas e dos produtos nacionais, e evoluiu posteriormente
com a consideração de outras importantes dimensões de natureza
social, cultural e política, até encontrar os derradeiros
condicionamentos de natureza ambiental. Theotonio trata de tudo isto
no seu livro, e transcende todos esses aspectos numa abrangência
maior, de natureza histórica, que é a do processo de evolução da
própria humanidade, que aponta para um estágio mais elevado, já
visível para ele, que chama de Civilização Planetária.
O
conceito de civilização, forjado nas luzes do século XVIII, é
repassado em todo um extenso capítulo logo no início do livro, com
o foco no Ocidente e na sua expansão para a América Latina, que é
analisada depois em outro capítulo como enfrentando hoje uma
encruzilhada decisiva. Assim também, com o mesmo cuidado, e com o
mesmo foco ocidental, é tratada, em seguida, a Teoria do
Desenvolvimento. Ressalta em toda esta detalhada revisão histórica
uma consequência, óbvia, mas não comumente mencionada, do processo
de desenvolvimento na sua etapa atual da aceleração tecnolóogica,
uma consequência que constituirá, a seu juízo, a transformação
principal a ocorrer proximamente, que é a redução da jornada de
trabalho, que multiplicará os postos de emprego e dará aos
assalariados em geral o precioso tempo adicional para o
aperfeiçoamento cultural e espiritual da humanidade.
É
importante remarcar a relevância que Theotonio atribui a esse
desdobramento necessário do processo de desenvolvimento: necessário
sob o ponto de vista ético, pois que a ciência é patrimônio da
humanidade e não pode moralmente ter seus resultados produtivos
apropriados pelo capital; e necessário sob a perspectiva da
sobrevivência desta humanidade, torturada pelo flagelo do desemprego
e ameaçada pelo crescimento da produção e do desgaste ambiental em
ritmo frenético e irracional, exigido por esse mesmo capital.
Este
futuro desaguar de todo o processo passado em revista constituirá
uma nova etapa histórica de paz e de entendimento mundial pela
razão. Perceptível já pela fina sensibilidade do autor, esta nova
História verá a realização deste “potencial colossal de uma
humanidade unida pela cooperação entre os povos”. Logo adiante,
Theotonio confirma sua visão grandiosa:
Como
vimos, o mundo está se transformando drasticamente. Estamos na
fronteira de uma nova era econômica, social, política e cultural. O
que define esta nova era é, essencialmente, a criação de uma
dimensão global da vida, que é o ponto de partida para uma
Civilização Planetária. Trata-se de um conceito “baseado na
ideia de convergência de civilizações e culturas em direção a um
convívio plural num sistema planetário único”. Eis o núcleo
fundamental, denso e brilhante da obra de Theotonio dos Santos.
Evidentemente,
há uma consistente e animosa crença na humanidade, que o
autor
afirma sem nenhum receio de expor alguma dose de inocência que os
cientistas positivistas rejeitam com esgares. Todavia, na visão
filosófica construtivista, mais avançada e democrática, esta
ousadia é uma qualidade primordial na deflagração do diálogo
verdadeiramente igualitário que faz emergir a razão comunicativa de
Habermas, capaz de sustentar a Civilização Planetária de
Theotonio.
Esta
crença firme na humanidade retrata-se plenamente na terceira parte
do livro, aquela que trata dos direitos humanos, dos direitos dos
povos e da paz mundial. É nesse desfecho mais elevado que Theotonio
fala do velho e do novo na evolução humana. O velho é a falta de
controle da razão sobre a produção, a distribuição e os
acontecimentos políticos; o velho é a guerra, a falsa modernidade
dos avanços tecnológicos sobre os aparatos bélicos, a guerra nas
estrelas. O novo é a Paz, o entendimento democrático para a
governança mundial (ONU) que caracterizará a Civilização
Planetária.
Qualquer
um que tenha vivência e sensibilidade política verá os traços
firmes do socialismo nos contornos desta Civilização Planetária
que Theotonio afirma “pluralista, democrática e igualitária [...]
capaz de assegurar uma justiça social de forte base coletiva,
apoiada nos direitos humanos e no direito dos povos, na paz e no
respeito à soberania nacional”.
A
ciência nunca é tão “neutra” como a tradição positivista
quer que seja, e o cientista Theotonio dos Santos é, antes de tudo,
um ser moral, marcado pela ética política que, necessariamente,
demanda o socialismo.
O
livro que, como disse, é um Tratado, tece ainda comentários
percucientes sobre a evolução próxima da política mundial, aponta
mudanças substanciais no quadro das hegemonias globais e prevê
participações mais relevantes dos chamados BRICS nesta hegemonia,
especialmente da China com sua economia dirigida, e até de
continentes inteiros antes relegados à submissão, como a América
do Sul e a África, num renascer mais consistente do Terceiro Mundo.
Desenvolvimento
e civilização é um alentado conjunto de estudos e proposições
que encontra evidente inspiração no pensamento do nosso maior
pensador dos últimos tempos, Celso Furtado, homenageado
explicitamente pelo autor. Será referência, certamente, em toda a
bibliografia sobre desenvolvimento, ao lado da obra do seu
inspirador; uma referência cheia de conteúdo ético e científico,
conteúdo também auspicioso, anunciador de tempos de grandes
realizações da humanidade, que preencherão o milênio
recém-inaugurado. Pode-se dizer mais: será referência obrigatória
na hipótese, que ele prevê com muitos argumentos, de sobrevivência
da humanidade dentro dessa Civilização Planetária; porquanto na
outra hipótese, a do comando irracional do capital, em que não se
pode acreditar, não haveria nem referências nem sobrevivência.
Roberto
Saturnino Braga
INDICE
PRÓLOGO
PREFÁCIO
INTRODUÇÃO
1.Uma
homenagem a Celso Furtado
2.
Civilização e Desenvolvimento
3.
Desenvolvimento e Civilização
PRIMEIRA
PARTE: A RECONSTRUÇÃO DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
I.
TESES SOBRE A HERANÇA NEOLIBERAL
1.
Introdução
2.
Primeira tese
3.
Segunda tese
4.
Terceira tese
5.
Quarta tese
6.
Quinta tese
7.
Sexta tese
8.
Sétima tese
9.
Oitava tese
10.
Nona tese
11.
Décima tese
12.
Décima primeira tese
II.
A TEORIA DA DEPENDÊNCIA E A DESCOBERTA DO SISTEMA-MUNDO
1.
Introdução: as origens
2.
A teoria da dependência e a descoberta do sistema-mundo
3.
As estruturas internas e a dependência
4.
As corporações multinacionais
5.
A ampliação do enfoque
6. Elementos do sistema econômico mundial
6. Elementos do sistema econômico mundial
7.
Sistema mundial e o processo civilizatório
8.
Um apêndice bibliográfico
III.
A RECONSTRUÇÃO DA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO
1.
Introdução
2.
Uma breve digressão comprobatória da força do “modelo” que
empregamos
3.
Retornando da digressão
4.
Desenvolvimento e economia mundial
5.
Neodesenvolvimentismo
6. Por que não crescemos?
6. Por que não crescemos?
7.
Desenvolvimento e abertura econômica
8.
O Consenso de Washington em debate
9. A nova etapa do capitalismo de Estado
9. A nova etapa do capitalismo de Estado
10.
O que fazer com tanto dinheiro?
11.
O avanço do capitalismo de Estado
IV.
GLOBALIZAÇÃO, INOVAÇÃO E CRESCIMENTO: GEOPOLÍTICA E
INTEGRAÇÃO
1.
Introdução
2.
O período da Revolução Científico-Técnica
3.
Tecnologia, concentração econômica e capitalismo de Estado
4.
A destruição criadora: inovação e ciclos econômicos
5.
Inovação, transformações tecnológicas e a força de trabalho:
visão econômica
6.
Inovação, transformações tecnológicas e desemprego: visão
política
7.
Crescimento econômico, comércio exterior e livre comércio
8.
Integração e geopolítica
9.
O exemplo do Mercosul
10.
Conclusões
SEGUNDA
PARTE: DESENVOLVIMENTO E GEOPOLÍTICA
V.
UNIPOLARIDADE OU HEGEMONIA COMPARTILHADA
1.
Em busca de um esquema interpretativo
2.
Os casos brasileiro e francês de luta pela redução da jornada de
trabalho
3.
A procura de um novo centro hegemônico e de uma “Nova Ordem
Mundial
4. A hegemonia compartilhada dos Estados Unidos
4. A hegemonia compartilhada dos Estados Unidos
5.
Japão: do poder exclusivo no Pacífico à expansão no continente
asiático
6.
A integração europeia, o Leste Europeu e o papel da Alemanha
unificada
7.
A União Soviética: um “cachorro morto”?
8.
O Terceiro Mundo ainda existe?
9.
É necessário e possível governar um mundo tão complexo e
contraditório?
VI.
A GLOBALIZAÇÃO, O FUTURO DO CAPITALISMO E DAS POTÊNCIAS EMERGENTES
1.
As potências emergentes e o futuro do capitalismo
2.
Crise ideológica e a opinião pública mundial
3.
A questão da hegemonia
4.
Desenvolvimento e economia mundial
5.
As novas relações Sul-Sul
6.
O renascer do Terceiro Mundo
7.
Os BRICAS
8.
Ainda sobre os BRICAS
9.
Grupo dos Sete, dos Oito, dos Treze ou dos 20+?
VII.
A EMERGÊNCIA DA CHINA NA ECONOMIA MUNDIAL
1.
Introdução: questões teóricas
2.
Reflexões sobre a China
3.
A crise asiática e a economia mundial
4.
Perspectivas da economia asiática depois da crise
5.
A crise asiática e a consolidação das exportações chinesas
6.
O consenso de Pequim
VIII.
A AMÉRICA LATINA NA ENCRUZILHADA
1.
Desenvolvimento e integração
2.
Bolívar ou Monroe uma vez mais?
3.
Efeitos diplomáticos mais gerais
4.
A crise Argentina e o esgotamento das políticas neoliberais
5.
As encruzilhadas diante das crises do neoliberalismo
6.
A crise chega à América Latina
7.
Estudo de caso: a contabilidade da dívida brasileira
8.
Graves decisões
9.
Mercosul: um projeto histórico
10.
Ainda existe América Latina?
11.
Mudanças à vista
TERCEIRA
PARTE: DIREITOS HUMANOS, DIREITO DOS POVOS E A PAZ
MUNDIAL
IX.
DIREITOS HUMANOS, DIREITOS DOS POVOS E A PAZ MUNDIAL
1.
O combate pacífico pela sobrevivência
2.
Os direitos humanos e o direito dos povos na busca pela paz mundial
3.
O direito dos povos e sua repercussão
4.
O pós-guerra e os desafios do amanhã
X.
HIPÓTESES SOBRE A ECONOMIA MUNDIAL, A GUERRA E A PAZ
1.
Introdução: natureza e política
2.
Iniciando o novo milênio
3.
O plano militar
4.
O crepúsculo do neoliberalismo
5.
Tragédia e razão
6.
Guerra e informação
QUARTA
PARTE: CRISE, DESENVOLVIMENTO, NOVOS SUJEITOS SOCIAIS E CIVILIZAÇÃO
PLANETÁRIA
XI.
CRISE ESTRUTURAL E CRISE CONJUNTURAL NO CAPITALISMO
CONTEMPORÂNEO
1.
Crise estrutural e longa duração
2.
Os mecanismos de adaptação gerados pelas contradições internas do
sistema
são sempre precários
3.
A trilogia sobre o capitalismo contemporâneo, a crise e a teoria
social
4.
Da crise estrutural à crise da conjuntura 2008-2012
XII.
A EMERGÊNCIA DE UM PROGRAMA ALTERNATIVO DOS
MOVIMENTOS
SOCIAIS
1.
As origens: da influência anarquista à Terceira Internacional
2.
O populismo e as lutas nacional-democráticas
3.
A autonomia dos movimentos sociais e as novas formas de resistência
4.
A globalização das lutas sociais
CONCLUSÕES
Referências