28
de julho de 2014
Boletim N.73
A
atualidade da obra e
do pensamento do
economista Celso
Furtado, dez anos após
sua morte, será um dos
temas do 2º Congresso
Internacional do
Centro Celso Furtado.
Haverá uma homenagem
ao grande teórico do
subdesenvolvimento,
com resgate da sua
contribuição para a
formação do Brasil
atual e revelações de
fatos curiosos e
desconhecidos da sua
trajetória, durante
mesa redonda mediada
por Rosa Freire
d'Aguiar, viúva de
Furtado e presidente
do Conselho
Deliberativo do
Centro. O encontro
acontecerá na tarde do
dia 20 de agosto com
participação de
estudiosos e
profissionais que
acompanharam a
carreira do economista e
ex-ministro da
Cultura.
A mesa 2004-2014: a atualidade de Celso Furtado dez anos após sua morte será formada por Afrânio Garcia (Maison de Sciences de l'Homme), Aldo Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Almino Affonso (ex-ministro do Trabalho do governo João Goulart), Angelo Oswaldo de Araújo Santos (presidente do Instituto Brasileiro de Museus), Carlos Brandão (economista do IPPUR/UFRJ) e Luiz Felipe de Alencastro (Universidade de Paris e FGV-SP).
Segundo Rosa,
é uma oportunidade de
mostrar a
contemporaneidade do
pensamento de Celso e
reafirmar o novo
interesse de algumas
facetas do pensamento de
Celso, como seus estudos
sobre a cultura: “Um dos
meus esforços sempre foi
o de abrir o Centro para
outras áreas de
conhecimento, indo além
da economia. Celso
sempre teve um
pensamento
pluridisciplinar. Mas o
fulcro de suas ideias é,
evidentemente, a
economia. E também aí
suas ideias permanecem
atuais. Afinal, enquanto
o subdesenvolvimento não
estiver superado, a
teoria está válida,
ainda que vá sendo
reelaborada
periodicamente por
outros estudiosos.
Celso, como também
outros cientistas
sociais brasileiros,
devem ser relembrados e
estudados em
permanência. Ter a
oportunidade de reunir
um pequeno grupo que
acompanhou o trabalho e
as atividades de Celso
em vida será um grande
momento”, afirma.
“Quanto aos
arquivos de Celso, tenho
consciência de que é uma
herança valiosa.
Acredito que o meu dever
seja transmitir este
patrimônio da melhor
maneira, pelos meios
possíveis. É prazeroso
escrever sobre Celso,
conheço coisas que
outras pessoas não
conhecem graças a nossas
conversas e convívio de
26 anos. Todos os meus
textos sobre ele têm
necessariamente um lado
muito pessoal, mas ao
mesmo tempo procuro me
distanciar e encontrar
um equilíbrio”, completa
Rosa.
Publicações
– Nos últimos anos de
vida, a pedido de Rosa,
Celso Furtado releu e
fez anotações em suas
publicações. De posse
deste material, desde
2004, ano em que o
escritor morreu, a viúva
e herdeira dos arquivos
e espólio cultural
reeditou e publicou doze
livros (contando os dois
que saem este ano),
entre eles algumas
edições definitivas, com
atualizações e notas de
rodapé, uma obra
comemorativa sobre o
cinquentenário de
“Formação Econômica do
Brasil” (2009), e a
importante coletânea
“Essencial Celso
Furtado” (2012). Criou
em 2008 a coleção
“Arquivos Celso
Furtado”, coeditada pelo
Centro Celso Furtado e a
Editora Contraponto,
pela qual já publicou 5
livros temáticos com
material dos arquivos de
Celso.
Durante o 2º
Congresso, outros dois
exemplares serão
relançados: Anos de
Formação e Obra
Autobiográfica,
que, de acordo com a
presidente do Conselho
Deliberativo do Centro,
se complementam. “É um
trabalho de resgate
desde os anos iniciais
de formação do Celso,
que marcaram quem ele
seria no futuro. Minha
intenção é recuperar o
passado e lançar novas
ideias a partir de
estudos deixados por
ele, aproveitando os dez
anos para mostrar a
riqueza de seu
pensamento”, destaca.
Anos de
Formação 1938 -1948
(Editora Contraponto,
404 páginas), sexto
título da coleção
“Arquivos Celso
Furtado”, se refere ao
período dos 18 aos 28
anos de Furtado. Mostra
seu interesse por
questões internacionais
– por meio dos textos
escritos por ele quando
esteve como oficial da
FEB na Itália, durante a
2ª Guerra Mundial, e
também das cartas
enviadas à família
durante o confronto. O
livro também revela sua
experiência no
jornalismo, com
reprodução de matérias
publicadas, e ensaios
inéditos retirados do
caderno pessoal de
Furtado; outros sobre
sua paixão pela
administração pública, a
iniciação na ciência
política.
A Obra
Autobiográfica (Companhia
das Letras, 670
páginas) é formada por
uma trilogia. A
Fantasia Organizada relembra o Rio de
Janeiro dos anos 1940
e seu ambiente
intelectual que
deslumbrou o jovem
recém-chegado da
Paraíba; a devastada
Europa do pós-guerra,
percorrida durante o
doutorado de economia
em Paris; os anos
vividos na América
Latina, como diretor
da Cepal e os estudos
em Cambridge,
convivendo com os
contemporâneos de lo
rde
Keynes. A
fantasia desfeita cobre os
seis anos em que Celso
Furtado trabalhou com
Juscelino Kubitschek,
Jânio Quadros e João
Goulart, como diretor
da Sudene, e
primeiro-ministro do
Planejamento do país.
Por fim, o terceiro
volume, Os Ares
do Mundo, evoca
o golpe militar de
1964, a dedicação no
exílio e a atividade
acadêmica nas
universidades de
Paris, Yale, Cambridge
e Columbia, onde
produziu uma obra
teórica vasta e
original que expandiu
as fronteiras da
ciência econômica e
aproximou-a das
relações
internacionais e da
cultura.endidas
pelo Centro Celso
Furtado no sentido de
qualificar o debate
sobre desenvolvimento.
A realização
sistemática de um
congresso que vise
articular pensadores e
estudiosos que
trabalham com o tema
no Brasil e no
exterior é uma espécie
de coroamento desse
trabalho. O Brasil
vive há muitos anos o
dilema do curtíssimo
prazo, com as questões
de conjuntura
dominando a agenda e
ocupando um espaço
significativo na mídia
e se sobrepondo a
questões estruturais
mais amplas sobre o
desenvolvimento. Essas
questões são mais
complexas, exigem
medidas de longo
prazo, exigem mais
políticas de Estado do
que de governo. Esse
quadro vivido pelo
Brasil foi
brilhantemente tratado pelo
próprio Celso Furtado,
no seu livro de 1992,
Brasil,
a construção
interrompida. Sa&iacu
te;mos
de uma economia
agroexportadora, no
início do século
passado, nos
viabilizamos como uma
das maiores economias
do mundo, mas vivemos
hoje o dilema do curto
prazo, com uma
deturpação do uso da
política cambial, como
instrumento de
controle de preços,
temos pouco espaço
para políticas
industriais e de
desenvolvimento. E não
obstante tudo isso, o
Brasil logrou êxito,
na última década e
meia, em melhorar a
sua distribuição de
renda. Tivemos
crescimento do PIB com
mais distribuição. E a
solidez desse processo
passa por mudanças
mais voltadas para o
desenvolvimento de
longo prazo. São
questões que fazem
parte desse grande
debate que precisa ser
feito da inserção do
Brasil nesse mundo
financeirizado, para
viabilizar nosso
desenvolvimento. Nesse
sentido, o Congresso
do Centro representa
uma contribuição
significativa.
|
Centro Internacional Celso
Furtado de Políticas para o Desenvolvimento
Avenida República do Chile, 330, 2º andar, Ed. Ventura, Torre Oeste, Centro, CEP 20031-170 - Rio de Janeiro-RJ
Tel.: +55 (21) 2172-6312 / 2172-6313 Fax: +55 (21) 2172-6314
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