domingo, 12 de julho de 2009

Multinacionais concentram 30% do comércio do mundo

www.monitormercantil.com.br - 20/08/2004 - 23:08

O comércio entre filiais de multinacionais espalhadas pelo mundo já representa 30% do fluxo mundial de trocas. O dado foi citado pelo professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Theotônio dos Santos para demonstrar que o livre mercado perseguido pelos economistas clássicos é uma utopia: "Hoje os interesses de monopólios e oligopólios predominam no mercado que, talvez, tenha sido livre apenas no século XIX", observa Santos, que integra o Conselho Editorial do MM.

Ele destaca que os Estados Unidos mantêm sua hegemonia, mesmo com déficit comercial de US$ 600 bilhões em 2004, por deterem a moeda mundial.

"Mas agora surgiu o euro, com grandes possibilidades de ser uma nova referência. Será difícil para os EUA manterem sua hegemonia com o colossal déficit comercial e custos externos extras, como o da guerra no Iraque que já custou US$ 150 bilhões", contabiliza, acrescentando que os gastos militares dos EUA totalizam US$ 800 bilhões anuais.

"A dívida externa do Brasil, que há poucos anos era a maior do planeta, foi largamente superada pela dos EUA, que hoje equivalem a US$ 1 trilhão", observa.


Na América Latina, o economista também avalia que o neoliberalismo não foi adotado na prática: "Diz-se que o Brasil tem fundamentos macroeconômicos fortes, mas seu risco soberano é um dos maiores do mundo. O Estado aumentou brutalmente a participação na economia, com a arrecadação saltando de 26% para 40% do PIB, mas o superávit primário de 4,5% do PIB não cobre os 12% gastos com o serviço da dívida interna. E a diferença é coberta com mais dívida."

Santos destaca também que o real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo desde 1998: "A inflação baixou no mundo todo. Apenas em três países supera os 10%", disse.

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