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segunda-feira, 24 de março de 2014
sexta-feira, 21 de março de 2014
Venezuela: crise do bolivarianismo ou necessidade de avançar em toda a região ?
Busto de Simon Bolívar presenteado pela TeleSul, que realiza um trabalho de conscientização cada vez mais fundamental. A foto é do livro editado pela TeleSul sobre o dia da morte de Chávez sob o título "Comandante Hugo Chávez Frias: Uno se va, pero no se va".
Na minha última viagem a Venezuela tive a oportunidade uma vez mais de sentir a força e o papel da consciência nos processos de transformação social, particularmente quando assume uma perspectiva revolucionária. Lembro-me, já que tenho assumido umas tendências evocativas neste Blog, da primeira conversa que tive com o Comandante e amigo Hugo Chávez. Depois de ver a profunda relação estabelecida por ele com as massas venezuelanas lhe disse o seguinte: tua atuação política está profundamente inspirada na liderança do Fidel Castro. Ainda no começo da revolução ele afirmou: "nós não fizemos nada que não estivesse antes na consciência do povo cubano, este é o segredo de uma revolução imbatível".
Nos anos seguintes pude observar e até participar de vários eventos na Venezuela, onde as organizações sociais sobretudo os Conselho Comunitários participavam intensamente do debate sobre as políticas do Governo e até sobre questões de ordem teórica, morais, políticas, históricas que pareciam fundamentais para o processo revolucionário venezuelano.
Alguns testemunhos: o garçom do restaurante do hotel Hilton me dizia "antes da revolução eu não sabia nada dessas questões internacionais, agora eu sei quase tudo e me preocupa demais o que passa nos demais países latino americanos e no Mundo". Numa reunião do Banco do Povo para cuja a Mesa diretora me levou Chávez, ele entregava pessoalmente os recursos a fundo perdido do Banco para financiar projetos apresentados pelos Conselhos Comunitários. Ele discutia com cada um dos autores dos projetos já aprovados para aguçar sua sensibilidade e sua responsabilidade para executá-los. Num certo momento uma jovem, talvez em torno de 20 anos, defende o projeto da sua comunidade e Chávez lhe diz: "eu te conheço", "sim Presidente", responde a menina, "o senhor esteve na minha comunidade", mas Chávez observa: "mas você está muito falante, quando eu te conheci você não falava nada", "é verdade Presidente, eu não sabia nada da minha comunidade. Agora eu sei tudo, eu sei de onde vem a água, de onde sai o lixo, os problemas de saúde, as construções necessárias, aprendi nesses anos", disse a jovem que continuou a defender o projeto da sua comunidade. Creio que era uma fábrica de tijolo que ia favorecer não só a sua comunidade, mas atenderia várias comunidades vizinhas.
Com que prazer fui levado por dirigentes comunitários para conhecer as clínicas comunitárias que hoje se encontram em todos os Conselhos Comunitários venezuelanos. Mais fantástico ainda é testemunhar o interesse filosófico dos líderes comunitários. O Ministério da Cultura promove um Congresso Mundial de Filosofia todos os anos com grande presença internacional e com a particularidade que eles se realizam nas comunas. Nessas discussões entre filósofos e líderes comunais saem, de repente, numa exposição, o nome de Gramsci. Eu intervenho e tento explicar aos companheiros quem era Gramsci para que pudessem compreender o tema discutido. Um companheiro ao meu lado me toca e diz: "não se preocupe Professor, aqui todos conhecem a Gramsci, o Presidente Chávez sempre trás livros do Gramsci quando se apresenta na televisão ou nos comícios e reuniões, assim como de outros filósofos, sobretudo marxistas"
Esses são alguns exemplos da força desse movimento comunitário e do avanço da consciência das suas lideranças e de toda a população. É preciso destacar que grande parte do planejamento do desenvolvimento comunitário é feita pelos próprios moradores que contratam profissionais para ajudar no planejamento e na execução das obras e dos projetos das comunas. Não cabe aqui estendermos nessas observações, mas é sempre muito emocionante conversar com os quadros que conduzem este processo.
É muito fundamental perceber no contato direto com o povo o sofrimento com a morte de Chávez. Mas ao mesmo tempo pode-se notar a confiança adquirida por eles através desta prática revolucionária de condução de suas próprias vidas. A consigna "eu sou Chávez" não é um recurso demagógico. Esta população descobriu e crê firmemente que ela é responsável pelo destino da revolução.
Esta introdução é necessária para a compreensão do tema que orientou a comemoração do primeiro ano da morte de Chávez, no próprio quartel que abriga o mausoléu do Chávez. O tema era o amor e a Pedagogia de Chávez nos vários campos, inclusive o econômico sobre o qual me pediram dissertar. Chávez tem uma entrevista onde define esta questão: "foi por amor que eu estudei, foi por amor que eu me alistei na academia militar, foi por amor que me dediquei profundamente ao estudo dos problemas do nosso povo e as questões sociais e políticas assim como a nossa história, foi por amor que me levantei contra a opressão e a repressão contra o nosso povo, foi por amor que me candidatei e assumi a Presidência da República e foi por amor que me dediquei totalmente à Revolução Bolivariana".
Portanto, está claro as razões pelas quais o processo de avaliação, interpretação do papel histórico do Chávez tome como referência o amor, como sentimento e como valor moral. Na minha exposição dei especial ênfase a diferença de uma economia a uma ciência econômica que atribui ao mercado a condução das vida humanas e uma ciência econômica que crer no papel da razão no planejamento de nossas vidas assimilando valores fundamentais como auto gestão da vida humana dos valores que permitem o pleno desenvolvimento da humanidade.
Esta reunião contou com a colaboração de Piedad Córdoba, ex-Senadora colombiana que lidera a luta pela paz no seu país ao custo de perder seu mandato. Seu testemunho sobre a influência decisiva do CHávez na sua opção política junto ao povo colombiano foi extremamente emocionante, assim como as exposições dos demais membros da Mesa.
Não posso deixar de assinalar a força moral que exala o panteão de Hugo Chávez, ali estão grupos e grupos de crianças com seus pais ou com seus professores muito atentos a figura Chávez que sempre deu uma atenção extrema a participação infantil em suas atividades, mas também se vê filas gigantescas de uma população entre a emoção e muitas vezes o choro pelo sentimento de perda, mas por outro lado a alegria sentiu-se capaz de prosseguir a revolução, sobretudo ao encontrar a mesma reação nas enormes massas que se dirigem ao mausoléu.
É também algo extremamente emocionante assistir uma vez mais um concerto de uma das orquestrar infantis deste projeto excepcional que reúne já 500 mil crianças, transformadas em músicos de altíssimo nível. É impressionante ver a concentração e a disciplina dessas crianças e adolescentes misturadas com uma tremenda alegria por serem capazes de apresentar um espetáculo tão acima da média mundial. E não deixa de ser também emocionante ver o Ministro de Educação Superior que organizou esta Mesa Redonda declarar com orgulho que a Venezuela tem hoje 75% da população em idade universitária estudando nas Universidades venezuelanas.
Claro que existem graves problemas econômicos numa economia que ainda depende fundamentalmente do petróleo e portanto das suas oscilações no mercado mundial. Cabe também considerar as dificuldades de desenvolver um pensamento econômico socialista. Não deixa der ser preocupante o fato de que grande parte dos nosso economistas foram formados pela escola econômica neoclássica na sua forma mais degenerada e primitiva que é o neoliberalismo.
Tenho o prazer de informar que o meu livro "Do Terror a Esperança: Auge e Decadência do Neoliberalismo" já esgotou duas edições e parte para a terceira. Nele combato muito fortemente a ideia de que o neoliberalismo é uma corrente de pensamento muito avançada e pós-moderna. Eu mostro de que se trata claramente de uma tentativa de volta aos princípios filosóficos do século XVIII, pretendendo retroagir a humanidade ao período de ascensão da burguesia na Europa.
Vi com bons olhos também e com muita satisfação o interesse da Comissão de Publicações do Banco Central de publicar o meu livro recém terminado sobre Desenvolvimento e Civilização. E vejo com prazer que muitos outros pensadores críticos estão sendo editados na Venezuela. E, curiosamente lidos inclusive nos Conselhos Comunais, que dispõem todos eles de bibliotecas fortemente apoiadas pelo Ministério da Cultura.
Tive inclusive o prazer de assistir um vídeo de um grupo de leitura do meu livro Conceito de Classes Sociais nas Comunidades. Chamo atenção também para a edição de 100 mil exemplares do tratado de István Mészáros "Para Além do Capital". Mészáros é um dos maiores filósofos marxistas contemporâneos e Chávez citava como assiduidade trechos de seus livros para seus concidadãos.
Tudo isso pode parecer romantismo, mas mesmo os políticos e empresários mais pretensamente "racionais" não desprezaram e não desprezam o papel das Igrejas e dos meios de comunicação na formação dos povos, eles tem milênios de trabalho ideológico para convencer os povos por eles dominados da impossibilidade de superar esta condição de subordinação, dependência, exploração, expropriação, e exclusão. Tem que ridicularizar, tem que buscar avidamente impedir o despertar da consciência revolucionária dos povo. Por isso tanto medo de Hugo Chávez. Mas tem que estender esse medo a grande maioria do povo venezuelano.
Na minha última viagem a Venezuela tive a oportunidade uma vez mais de sentir a força e o papel da consciência nos processos de transformação social, particularmente quando assume uma perspectiva revolucionária. Lembro-me, já que tenho assumido umas tendências evocativas neste Blog, da primeira conversa que tive com o Comandante e amigo Hugo Chávez. Depois de ver a profunda relação estabelecida por ele com as massas venezuelanas lhe disse o seguinte: tua atuação política está profundamente inspirada na liderança do Fidel Castro. Ainda no começo da revolução ele afirmou: "nós não fizemos nada que não estivesse antes na consciência do povo cubano, este é o segredo de uma revolução imbatível".
Nos anos seguintes pude observar e até participar de vários eventos na Venezuela, onde as organizações sociais sobretudo os Conselho Comunitários participavam intensamente do debate sobre as políticas do Governo e até sobre questões de ordem teórica, morais, políticas, históricas que pareciam fundamentais para o processo revolucionário venezuelano.
Alguns testemunhos: o garçom do restaurante do hotel Hilton me dizia "antes da revolução eu não sabia nada dessas questões internacionais, agora eu sei quase tudo e me preocupa demais o que passa nos demais países latino americanos e no Mundo". Numa reunião do Banco do Povo para cuja a Mesa diretora me levou Chávez, ele entregava pessoalmente os recursos a fundo perdido do Banco para financiar projetos apresentados pelos Conselhos Comunitários. Ele discutia com cada um dos autores dos projetos já aprovados para aguçar sua sensibilidade e sua responsabilidade para executá-los. Num certo momento uma jovem, talvez em torno de 20 anos, defende o projeto da sua comunidade e Chávez lhe diz: "eu te conheço", "sim Presidente", responde a menina, "o senhor esteve na minha comunidade", mas Chávez observa: "mas você está muito falante, quando eu te conheci você não falava nada", "é verdade Presidente, eu não sabia nada da minha comunidade. Agora eu sei tudo, eu sei de onde vem a água, de onde sai o lixo, os problemas de saúde, as construções necessárias, aprendi nesses anos", disse a jovem que continuou a defender o projeto da sua comunidade. Creio que era uma fábrica de tijolo que ia favorecer não só a sua comunidade, mas atenderia várias comunidades vizinhas.
Com que prazer fui levado por dirigentes comunitários para conhecer as clínicas comunitárias que hoje se encontram em todos os Conselhos Comunitários venezuelanos. Mais fantástico ainda é testemunhar o interesse filosófico dos líderes comunitários. O Ministério da Cultura promove um Congresso Mundial de Filosofia todos os anos com grande presença internacional e com a particularidade que eles se realizam nas comunas. Nessas discussões entre filósofos e líderes comunais saem, de repente, numa exposição, o nome de Gramsci. Eu intervenho e tento explicar aos companheiros quem era Gramsci para que pudessem compreender o tema discutido. Um companheiro ao meu lado me toca e diz: "não se preocupe Professor, aqui todos conhecem a Gramsci, o Presidente Chávez sempre trás livros do Gramsci quando se apresenta na televisão ou nos comícios e reuniões, assim como de outros filósofos, sobretudo marxistas"
Esses são alguns exemplos da força desse movimento comunitário e do avanço da consciência das suas lideranças e de toda a população. É preciso destacar que grande parte do planejamento do desenvolvimento comunitário é feita pelos próprios moradores que contratam profissionais para ajudar no planejamento e na execução das obras e dos projetos das comunas. Não cabe aqui estendermos nessas observações, mas é sempre muito emocionante conversar com os quadros que conduzem este processo.
É muito fundamental perceber no contato direto com o povo o sofrimento com a morte de Chávez. Mas ao mesmo tempo pode-se notar a confiança adquirida por eles através desta prática revolucionária de condução de suas próprias vidas. A consigna "eu sou Chávez" não é um recurso demagógico. Esta população descobriu e crê firmemente que ela é responsável pelo destino da revolução.
Esta introdução é necessária para a compreensão do tema que orientou a comemoração do primeiro ano da morte de Chávez, no próprio quartel que abriga o mausoléu do Chávez. O tema era o amor e a Pedagogia de Chávez nos vários campos, inclusive o econômico sobre o qual me pediram dissertar. Chávez tem uma entrevista onde define esta questão: "foi por amor que eu estudei, foi por amor que eu me alistei na academia militar, foi por amor que me dediquei profundamente ao estudo dos problemas do nosso povo e as questões sociais e políticas assim como a nossa história, foi por amor que me levantei contra a opressão e a repressão contra o nosso povo, foi por amor que me candidatei e assumi a Presidência da República e foi por amor que me dediquei totalmente à Revolução Bolivariana".
Portanto, está claro as razões pelas quais o processo de avaliação, interpretação do papel histórico do Chávez tome como referência o amor, como sentimento e como valor moral. Na minha exposição dei especial ênfase a diferença de uma economia a uma ciência econômica que atribui ao mercado a condução das vida humanas e uma ciência econômica que crer no papel da razão no planejamento de nossas vidas assimilando valores fundamentais como auto gestão da vida humana dos valores que permitem o pleno desenvolvimento da humanidade.
Esta reunião contou com a colaboração de Piedad Córdoba, ex-Senadora colombiana que lidera a luta pela paz no seu país ao custo de perder seu mandato. Seu testemunho sobre a influência decisiva do CHávez na sua opção política junto ao povo colombiano foi extremamente emocionante, assim como as exposições dos demais membros da Mesa.
Não posso deixar de assinalar a força moral que exala o panteão de Hugo Chávez, ali estão grupos e grupos de crianças com seus pais ou com seus professores muito atentos a figura Chávez que sempre deu uma atenção extrema a participação infantil em suas atividades, mas também se vê filas gigantescas de uma população entre a emoção e muitas vezes o choro pelo sentimento de perda, mas por outro lado a alegria sentiu-se capaz de prosseguir a revolução, sobretudo ao encontrar a mesma reação nas enormes massas que se dirigem ao mausoléu.
É também algo extremamente emocionante assistir uma vez mais um concerto de uma das orquestrar infantis deste projeto excepcional que reúne já 500 mil crianças, transformadas em músicos de altíssimo nível. É impressionante ver a concentração e a disciplina dessas crianças e adolescentes misturadas com uma tremenda alegria por serem capazes de apresentar um espetáculo tão acima da média mundial. E não deixa de ser também emocionante ver o Ministro de Educação Superior que organizou esta Mesa Redonda declarar com orgulho que a Venezuela tem hoje 75% da população em idade universitária estudando nas Universidades venezuelanas.
Claro que existem graves problemas econômicos numa economia que ainda depende fundamentalmente do petróleo e portanto das suas oscilações no mercado mundial. Cabe também considerar as dificuldades de desenvolver um pensamento econômico socialista. Não deixa der ser preocupante o fato de que grande parte dos nosso economistas foram formados pela escola econômica neoclássica na sua forma mais degenerada e primitiva que é o neoliberalismo.
Tenho o prazer de informar que o meu livro "Do Terror a Esperança: Auge e Decadência do Neoliberalismo" já esgotou duas edições e parte para a terceira. Nele combato muito fortemente a ideia de que o neoliberalismo é uma corrente de pensamento muito avançada e pós-moderna. Eu mostro de que se trata claramente de uma tentativa de volta aos princípios filosóficos do século XVIII, pretendendo retroagir a humanidade ao período de ascensão da burguesia na Europa.
Vi com bons olhos também e com muita satisfação o interesse da Comissão de Publicações do Banco Central de publicar o meu livro recém terminado sobre Desenvolvimento e Civilização. E vejo com prazer que muitos outros pensadores críticos estão sendo editados na Venezuela. E, curiosamente lidos inclusive nos Conselhos Comunais, que dispõem todos eles de bibliotecas fortemente apoiadas pelo Ministério da Cultura.
Tive inclusive o prazer de assistir um vídeo de um grupo de leitura do meu livro Conceito de Classes Sociais nas Comunidades. Chamo atenção também para a edição de 100 mil exemplares do tratado de István Mészáros "Para Além do Capital". Mészáros é um dos maiores filósofos marxistas contemporâneos e Chávez citava como assiduidade trechos de seus livros para seus concidadãos.
Tudo isso pode parecer romantismo, mas mesmo os políticos e empresários mais pretensamente "racionais" não desprezaram e não desprezam o papel das Igrejas e dos meios de comunicação na formação dos povos, eles tem milênios de trabalho ideológico para convencer os povos por eles dominados da impossibilidade de superar esta condição de subordinação, dependência, exploração, expropriação, e exclusão. Tem que ridicularizar, tem que buscar avidamente impedir o despertar da consciência revolucionária dos povo. Por isso tanto medo de Hugo Chávez. Mas tem que estender esse medo a grande maioria do povo venezuelano.
Renascimento da obra de Ruy Mauro Marini e da Teoria Marxista da Dependência
A Editora Expressão Popular e a Escola Nacional Florestan Fernandes ligadas ao MST e outros movimentos sociais criaram uma coleção de dvd's sobre grandes líderes e pensadores populares. Inaugurando a segunda fase sobre a série Realidade Brasileira se publica o livro e o dvd "Ruy Mauro Marini e a Dialética da Dependência" que constitui um excelente instrumento de trabalho "para as escolas do ensino médio, universidades, bibliotecas públicas, pontos de cultura e movimentos sociais" (Vejam a foto abaixo).
Ao mesmo tempo tem surgido várias iniciativas de seminários, grupos de estudo e laboratórios de pesquisa voltados para a recuperação e atualização da Teoria Marxista da Dependência, para qual a obra de Ruy Mauro Marini se constitui num dos elementos centrais. Para coordenar e viabilizar este trabalho de recuperação da obra de Marini está em criação uma Comissão Curadora dos Arquivos Pessoais de Ruy Mauro Marini - HEDLA/IFCH - UFRGS, que instituiu um portal e vem coordenando um conjunto de iniciativas institucionais em torno desses objetivos.
Em seguida apresento a proposta de criação desta curadoria, se você pode colaborar em algo com essa iniciativa dirija-se aos organizadores:
Ao mesmo tempo tem surgido várias iniciativas de seminários, grupos de estudo e laboratórios de pesquisa voltados para a recuperação e atualização da Teoria Marxista da Dependência, para qual a obra de Ruy Mauro Marini se constitui num dos elementos centrais. Para coordenar e viabilizar este trabalho de recuperação da obra de Marini está em criação uma Comissão Curadora dos Arquivos Pessoais de Ruy Mauro Marini - HEDLA/IFCH - UFRGS, que instituiu um portal e vem coordenando um conjunto de iniciativas institucionais em torno desses objetivos.
Em seguida apresento a proposta de criação desta curadoria, se você pode colaborar em algo com essa iniciativa dirija-se aos organizadores:
Porto Alegre, Brasil, 13 de março de 2014.
Prezada Vânia Bambirra,
Prezados Theotonio dos Santos, Bruno Marini, Jaime Osorio, Francisco Piñeda, Andrés Bareda Marín, Arnulfo Arteaga, Adrián Sotelo, Ana Esther Ceceña, Márgara Millán, Patricia Olave, Lucio Oliver, Carlos Eduardo Martins, Emir Sader e Carla Ferreira;
Antes
de qualquer coisa, gostaríamos de registrar nossa satisfação com o
crescente interesse de novas gerações de pesquisadores e militantes de
organizações sociais pela obra e contribuição ao pensamento crítico dos
autores da Teoria Marxista da Dependência (TMD). De nossa parte, temos
por objetivo seguir divulgando e participando dos esforços que, em
diversos espaços, buscam dar continuidade às reflexões dessa vertente do
marxismo. Neste sentido, esta correspondência tem por objetivo
compartilhar os resultados de uma das atividades desenvolvidas pelo
Núcleo de História Econômica da Dependência Latino-americana
(HEDLA/UFRGS) que se insere nesses objetivos, a qual está dedicada ao
levantamento de textos e documentos inéditos de Ruy Mauro Marini e Vânia
Bambirra, ambos os autores fundadores da TMD que tem parte importante
de sua obra principal inédita em português ou esgotada em seu país de
origem, o Brasil.
Ao
longo do último período, as atividades vinculadas ao resgate de
escritos inéditos destes dois autores realizou-se mediante quatro
missões de pesquisa, três ao Rio de Janeiro e uma à Cidade do México.
Nessas missões, localizamos e reproduzimos documentos e iniciamos o
trâmite de um convênio entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e a Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) com vista ao
estabelecimento de uma colaboração direta com os administradores da
página dos Escritos de Ruy Mauro Marini (www.marini-escritos.unam.mx),
entre outras atividades de cooperação para a pesquisa e extensão
universitária. Figuram entre os escritos encontrados nas missões
realizadas os seguintes trabalhos de Marini (RMM) e Vânia:
● Textos jornalísticos de RMM arquivados junto à Biblioteca Nacional; guias de leitura de O
Capital elaborados como material de apoio às disciplinas de Economia Política ministradas por
Marini, na UNAM, referentes aos livros II e III da obra principal de Marx; dois conjuntos de documentos pessoais de RMM
depositados uma parte na UERJ e outra parte junto aos arquivos de
Theotonio dos Santos, entre os quais constam textos cuja autoria
necessita ser determinada, relatórios de pesquisa inéditos, transcrições
parciais de cursos ministrados no Brasil e na França, programas de
cursos, parte da correspondência pessoal de Marini, além de livros e
outros materiais de trabalho e militância; textos de RMM publicados nos Cuadernos de Cidamo.
● Arquivos pessoais de Vânia Bambirra contendo classificação das Obras Completas de Lênin em 27 temas fundamentais para uma teoria da transição ao socialismo, além de textos inéditos sobre a questão da mulher, documentos políticos entre outros.
Registre-se
que este levantamento tem sido possível graças ao apoio de Vânia e
Theotonio, além de Nilson Araújo de Souza e Luísa Moura, bem como de
instituições como a Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP), por
meio de seu Presidente, Niemeyer Almeida Filho, a Editora Expressão
Popular, pessoas e instituições a quem registramos nossa gratidão pela
confiança empenhada. Todas as cópias dos documentos levantados até o
momento foram depositados pela coordenação do Hedla junto ao Instituto
de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (IFCH/UFRGS), em caráter restrito, para processamento.
Os
documentos de Marini e Vânia receberão tratamento distinto. Os textos
de Vânia foram concedidos pela própria autora e sua autoria está
determinada. Encontram-se entre os documentos concedidos alguns
manuscritos que serão digitados (além de terem sua versão manual
digitalizada) e documentos datilografados que serão digitalizados para
compor acervo da obra da autora. A organização dos documentos, sua
disponibilidade para consulta pública e os critérios de publicação serão
discutidos diretamente entre a autora e a coordenação do HEDLA.
Os
documentos de Ruy Mauro Marini coletados junto à Biblioteca Nacional
(artigos publicados no jornal O Metropolitano) foram levantados por
Mathias Luce, em 2010. Os guias de leitura de O Capital foram
localizados por Nilson Araújo e Luísa Moura, em 2012; os Cuadernos de
Cidamo, por esforços de diversas pessoas, no Brasil e no México, entre
eles Carla Ferreira, Mathias Luce e Luísa Moura, em 2013; os arquivos
pessoais de Ruy Mauro foram abertos e reproduzidos pelos pesquisadores
Carla Ferreira e Fernando Correa Prado, em 2013, e estão sendo
inventariados.
A
historiadora Carla Ferreira, com o auxílio de uma bolsista, está
responsável pela guarda e processamento das cópias dos documentos de RMM
junto à UFRGS e por organizá-los, classificá-los e digitalizá-los para
disponibilizá-los a uma Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
(CC-AIRMM) que, de acordo com esta proposta, seria responsável por (1)
determinar autoria, (2) caráter inédito, (3) inédito em português, bem
como (4) orientar ou não por futura publicação dos textos encontrados.
Tal Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
constituir-se-á por proposição do Núcleo de História Econômica da
Dependência Latino-Americana (HEDLA), com o apoio do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, em parceria com o Portal Escritos Marini albergado na UNAM sob o
critério fundamental de que é composta pelos amigos e colaboradores mais
próximos de Ruy Mauro Marini em vida, um representante da família
Marini, e a coordenação do Hedla, sempre tendo por princípio a
preservação da memória do autor, a difusão de suas ideias e no marco do
convênio UFRGS-UNAM.
A
biblioteca dos livros que pertenceram a Ruy Mauro Marini em vida,
atualmente dispersa entre outras publicações em sala que leva seu nome
localizada na UERJ, por sua vez, está sendo inventariada pelo
pesquisador Fernando Correa Prado. Carla e Fernando deverão, ao final do
inventário dos documentos e dos livros, redigir conjuntamente um
Relatório detalhado dos arquivos e biblioteca de Ruy Mauro Marini a ser
enviado à Comissão Curadora. Este relatório deverá ser redigido em um
prazo não superior a três meses a contar da data de constituição da
Comissão e dará início às atividades de curadoria.
A Comissão Curadora dos Arquivos Inéditos de Ruy Mauro Marini
(CC-AIRMM) proposta pelo HEDLA/UFRGS em parceria com o Portal Escritos
Marini-UNAM terá seus trabalhos coordenados por Vânia Bambirra, Jaime
Osorio, Francisco Pineda, Carlos Eduardo Martins e Carla Ferreira. Nesta
ocasião, o HEDLA/UFRGS por meio de seu Coordenador e da
vice-coordenação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UFRGS
institui a criação de dita CC-AIRMM e anexa carta convidando os
seguintes nomes para integrá-la como membros plenos: Vânia Bambirra,
Theotonio dos Santos, Jaime Osorio, Francisco Pineda, Bruno Marini,
Patricia Olave, Ana Esther Ceceña, Márgara Millan, Adrián Sotelo
Valencia, Andrés Barreda Marín, Arnulfo Arteaga, Lucio Oliver, Nilson
Araújo de Souza, Emir Sader, Carlos Eduardo Martins, Luísa Moura,
Mathias Luce e Carla Ferreira.
Desta
forma e desde já fazemos uma chamada pública a todos os que possam
deter em suas mãos algum texto, poesia ou correspondência de Ruy Mauro
que, por favor, informe à coordenação do HEDLA pelo mail hedla@ufrgs.br
a fim de que tais documentos possam ser integrados ao acervo que está
sendo construído, de preferência, em um prazo não superior a três meses
desta data. Acreditamos que, concluída a fase de constituição do
conjunto do acervo (que será somado aos textos já publicados em
português e outros idiomas, a maior parte deles em edições esgotadas),
conseguiremos compor o conjunto da obra fundamental de Ruy Mauro Marini e
Vânia Bambirra. A reunião desse acervo tem por objetivo não somente
reuni-los em um espaço de referência a fim de disponibilizá-los para
consulta de pesquisadores, mas também difundi-los pela página
Escritos-Marini albergada na UNAM e servir de base para o esforço mais
amplo de publicação em português da obra completa ou fundamental de
ambos em edições primorosas, autorizadas pela autora e pela família de
Marini, superando assim a dívida histórica da intelectualidade e da
esquerda brasileira com esses intérpretes originais e rigorosos que o
marxismo ofereceu ao Brasil e América Latina.
Cordialmente,
Mathias Seibel Luce
Professor do Departamento de História e do PPGHIST-UFRGS
Coordenador do HEDLA
Claudia Wasserman
Vice-coordenadora do Instituto de Filosofia Ciências Humanas (IFCH/UFRGS)
Professora do Departamento de História e do PPGHIST/UFRGS, Pesquisadora do HEDLA
Secretário Geral da UNASUL Alí Rodrigues Araque visita o ex-Presidente Lula da Silva, principal criador da UNASUL junto com o Comandante Hugo Chávez
Acompanham esse encontro Monica Bruckman, Professora da UFRJ e Assessora do Secretário Geral da UNASUL e Luiz Dulci, Diretor do Instituto Lula.
Nesta oportunidade foi possível fazer um balanço dos últimos avanços do processo de integração da América do Sul, Alí Rodrigues destacou a necessidade de se desenvolver uma estratégia de defesa dos recursos naturais da região para qual a Secretaria Geral da UNASUL já apresentou uma proposta de resolução aprovada pelo Conselho de Chefes de Estado e já elaborou um documento mais aprofundado sobre o conteúdo dessa estratégia que foi colocada a disposição do ex-Presidente Lula.
Lula colocou o Instituto Lula e sua atuação pessoal a serviço do avanço da UNASUL e da integração da América do Sul em geral. Ele reafirmou a colocação que realizou com um grupo de intelectuais numa importante reunião do Instituto Lula na qual destacou a necessidade de elaboração de uma doutrina da integração para a qual espera um apoio dos próprios Chefes de Estado da região.
Estas reuniões entre camaradas de luta e amigos são uma parte fundamental da integração de uma região considera a Pátria Grande que deve unificar nossos povos. Três lutadoras contra as Ditaduras que prevaleceram na região por 3 décadas são agora Presidentes da República, um líder indígena preside a Bolívia, um economista crítico preside o Equador, um sindicalista preside a Venezuela do líder militar Hugo Chávez, na Colômbia está em curso um acordo para paz depois de 50 anos de guerra, no Uruguai um ex-guerrilheiro Tupamaro assume a presidência e conquista o coração e a mente dos latino-americanos e o Primeiro Ministro da Guiana preside com muito interesse a atual fase da UNASUL.
O Secretário de Estado do governo estadunidense nos informa há cerca de 5 meses que os EUA abandona a Doutrina Monroe para a região e se rende ao fato de que a América do Sul, América Latina e o Caribe e várias outras organizações sub-regionais criaram uma densidade diplomática, política, cultural e econômica que vem limitando o espaço de um poder imperialista como estava acostumado a exercer o Departamento de Estado.
Mesmo assim existem muitos "espertos" que apregoam a tendência à decadência da integração latino-americana como um fato inexorável. Tais análises deram origem ao conceito inglês de "wishfull thinking", que reflete bem o estado de ânimo de nossas classes dominantes, estas sim em decadência.
Vejam as fotos abaixo deste memorável encontro:
quinta-feira, 20 de março de 2014
Evocações: Ciência, Pátria e Academia
Ministro Clelio Campolina Diniz recebe cumprimentos da Presidenta Dilma Rousseff (foto: Giba/ASCOM-MCTI)