Páginas

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A volta da Geração Complemento

Na Fronteira do Ético – Polêmica em torno de uma geração


A volta da Geração Complemento

Neste sábado quente de verão carioca, reuniram-se na casa de Frederico Moraes e Vilma Martins alguns sobreviventes de uma das gerações literárias de Minas Gerais mais discutida e polêmica.

Estiveram presentes:

Frederico Moraes
Como se sabe foi o guru das artes plásticas nos anos 70 e 80 quando era critico de arte do Globo e que continua na ponta do debate das artes plásticas contemporâneas na américa latina e no mundo, diria mesmo que ele é o grande sucessor de Mario Pedrosa, criador da Bienal de Arte Moderna de São Paulo.


Vilma Martins
Grande pintora e desenhista. Ainda sou daqueles que crê que um grande pintor deve ser um grande desenhista.




Silviano Santiago
Recém apontado pelos críticos argentinos como o maior romancista brasileiro vivo apesar de seu prestígio estar ligado no Brasil aos seus trabalhos críticos e teóricos que lhe deram o titulo de Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense. Ninguém sabe o porquê ainda não é membro da Academia Brasileira de Letras.

Ivan Ângelo
Romancista, contista e jornalista que escreve gostoso de se ler.

Angel Vianna
Bailarina, coreógrafa, e professora das artes do corpo. Ela seu marido Klaus Vianna e seu filho tragicamente desaparecido revolucionaram a dança no Brasil.

Argemiro Ferreira
Jornalista e escritor que acompanha com extrema competência o mundo político, intelectual e jornalístico norte americano.

José Haroldo Pereira
Sempre ligado ao mundo cinematográfico.

E eu que tendo me iniciado poeta, jornalista de cultura e outras incursões artísticas, terminei afundado no mundo da luta política e do pensamento critico. Saiba-se contudo, que estimulado por este reencontro, vou apresentar para os leitores do meu blog algumas demonstrações desta faceta abandonada oficialmente mas, mantida secretamente.

O que foi a “Geração Complemento”?

A Geração Complemento recebeu este nome em função de uma pequena revista literária que publicou somente 3 números e umas 5 plaquetas de poesia. Complemento expressava, sobretudo o espírito de uma época e de uma geração que teve seu epicentro em Minas Gerais, devido ao papel de Juscelino Kubitscheck como Presidente da República de 1955 a 1960. Dessa geração num sentido amplo saíram iniciativas intelectuais e artísticas que ainda guardam extrema atualidade no Brasil.

O Teatro Experimental dirigido por Carlos Kroeber, a Revista de Cinema que foi a inspiradora do cinema novo, o Ballet Klaus Vianna renovador da dança no Brasil, o Madrigal Renascentista dirigido por Isaac Karabtchevsky e estrelado por Maria Lúcia Godóy de enorme impacto na renovação da música brasileira, e nesta integração do clássico e do popular que tanto influenciou a bossa nova, Afonso Romano Sant’Anna, poeta que foi considerado sucessor de Carlos Drummond de Andrade.

A Escola de Arte Guignard com excelentes expressões de artes plásticas que por aí passaram, uma renovação jornalística muito importante tendo no binômio o grande antecedente do Pasquim. No campo cientifico e social, a faculdade de Ciências Econômicas que primeiro implantou no Brasil o sistema de estudantes bolsistas de tempo completo e uma universidade federal que se converteu em um dos maiores centros intelectuais do Brasil (apesar do rombo causado pelo rapto de vários jovens intelectuais mineiros para a UNB sob a égide de Darcy Ribeiro). Deste ambiente estudantil no qual se destaca a figura pioneira de José Nilo Tavares, nasceu grande parte da renovação do movimento estudantil brasileiro, colocado em sintonia com os operários e camponeses numa aliança que se desdobrou pelo menos até a década de 70 no Brasil.

Também foi a JUC de Minas Gerais com Betinho à frente que surgiu este grande movimento cristão de esquerda que vai se cristalizar na teologia da libertação. Também foi um dos centros da Organização Revolucionária Marxista Político Operária (POLOP) que se converteu numa das vertentes mais criativas do marxismo contemporâneo através da Teoria da Dependência.

Reconhecendo a dimensão transdisciplinar dessa geração (cujo nome está ligado ao seu lado literário por tradição), nasceu nesta reunião a idéia de reestudar seu papel na cultura brasileira. Quem quiser apoiar esta iniciativa pode entrar em contato com Angel Vianna, Silviano Santiago, pelo nosso blog e pelo blog do Argemiro Ferreira. Apresentei aqui alguns textos da polêmica estabelecida na imprensa mineira a partir de um artigo meu sobre “Um ensaismo situado”. Apesar da suas limitações esta polêmica tem ainda grande atualidade e esperamos interessar os leitores do nosso blog a ponto de instigá-los a escrever sua opinião sobre os temas em discussão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário