A
Lava-Jato e o nazismo
Publicado
na Agência Carta Maior – http://cartamaior.com.br/?/
Jeferson
Miola
O
Ministro do Supremo Tribunal Federal [STF] Marco Aurélio Mello, em
crítica à violência perpetrada contra o ex-presidente Lula, disse
que “quando se potencializa o objetivo a ser alcançado em
detrimento de lei, se parte para o justiçamento, e isso não se
coaduna com os ares democráticos da Carta de 88”. Ele
prognostica que com os atropelos da Lava Jato, “amanhã [os
justiceiros] constroem um paredão na praça dos Três Poderes”.
O
renomado constitucionalista Fabio Konder Comparato assinala que a
arbitrariedade contra Lula “foi um abuso manifesto”, e diz
que, devido a tais atropelos e violências, “o Estado de Direito
está em frangalhos”.
Os
procuradores da República que atuam na força-tarefa da Lava Jato,
indiferentes às vozes que reclamam o respeito à Constituição e à
democracia, publicaram uma nota
de esclarecimento prepotente e provocativa, para não dizer
totalitária. Começam dizendo que “instalou-se
falsa controvérsia [sic]
sobre
a natureza e as circunstâncias da condução coercitiva do senhor
Luiz Inácio Lula da Silva”;
e sustentam que “tal
discussão nada mais é que uma cortina de fumaça [sic]
sobre
os fatos investigados”.
Os
justiceiros argumentam que nas 24 fases da Lava Jato foram expedidos
117 mandados de condução coercitiva autorizados pelo Juiz Sergio
Moro, e que apenas em relação ao “senhor Luiz Inácio Lula da
Silva houve a manifestação de algumas opiniões contrárias à
legalidade e constitucionalidade dessa medida”. E então
constroem esta pérola lógica: “Considerando que em outros 116
mandados de condução coercitiva não houve tal clamor, conclui-se
que esses críticos insurgem-se não contra o instituto da condução
coercitiva em si, mas sim pela condução coercitiva de um
ex-presidente da República”.
Os
procuradores mentem. Em fases anteriores, a condução coercitiva
imotivada também foi duramente questionada, porém as vozes que a
denunciavam foram asfixiadas pela Rede Globo, Folha, Estadão e toda
a imprensa cúmplice da arbitrariedade. É natural, além disso, “tal
clamor” e comoção democrática quando o arbítrio atinge uma
figura com a popularidade do ex-presidente Lula, fato que permite
denunciar a conversão da Lava Jato em instrumento de perseguição
ideológica e partidária de adversários – e, portanto, uma
Operação que pode perigosamente evoluir para a um regime jurídico
totalitário, de natureza nazi-fascista.
Assim
como as aberrações autoritárias da Lava Jato não começaram na
24ª fase de investigação, o nazismo também não começou com o
Holocausto de 6 milhões de judeus. O Holocausto foi o horripilante
resultado anti-civilizacional de décadas de desenvolvimento do
nazismo. Ele é a conseqüência, nos anos 1940, da evolução de
idéias e dispositivos jurídico-policiais que passaram a ser
engendrados na sociedade alemã a partir de 1920 com a fundação do
Partido Nacional-Socialista [o Partido Nazista] de Adolf Hitler, de
posições segregacionistas e totalitárias, que defendia a
superioridade da raça ariana e apregoava o extermínio de judeus,
ciganos, negros, pobres, comunistas, homossexuais, adversários do
regime de exceção etc.
À
diferença do que dizem os justiceiros do Ministério Público, o
clamor contra os abusos da Lava Jato não é uma “falsa
controvérsia” e, menos ainda, “cortina de fumaça sobre
os fatos investigados”, porque antes disso é um alerta de que
o ideário nazi-fascista subsiste no tempo, e ganha forma concreta em
sociedades submetidas a ditaduras midiáticas como é o caso do
Brasil, onde a Rede Globo, a Folha, o Estadão, a RBS e outros
veículos de comunicação formam um condomínio
jurídico-midiático-policial que tenta entorpecer a consciência
democrática do povo para conspirar contra a democracia, a
Constituição e governos populares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário