Quinta, 12 de março de 2015
Nota sobre a ameaça de morte a Stedile
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto” e oferece uma recompensa de R$ 10 mil. Segundo Nota do MST
divulgada em seu portal na Internet, 12-03-2015, "um monstro foi criado
pela forma como os tucanos escolheram fazer oposição ao governo petista
e pela irresponsabilidade da mídia empresarial. A violência e o ódio
estão se naturalizando pelas ruas".
Eis a nota.
Nota ao povo brasileiro
Circula pelas redes sociais da internet um anúncio que pede “Stedile vivo ou morto”. Apresentando-o como líder do MST
e “inimigo da Pátria”, o autor oferece uma recompensa de R$ 10 mil para
quem atender o seu pedido. Em outras palavras, está incentivado e
prometendo pagar para matar uma pessoa, no caso João Pedro Stedile, da
coordenação nacional do MST.
Há indícios que a ação criminosa partiu da conta pessoal no facebook de Paulo Mendonça, guarda municipal de Macaé
(RJ). E foi, imediatamente, reproduzida pela maioria das redes sociais
que diariamente destilam ódio contra os movimentos populares, migrantes,
petistas e agora, especialmente, contra a presidenta Dilma Rousseff.
São as mesmas redes sociais, em sua maioria, que estão chamando a
população para os atos do dia 15/3, para exigir a saída de Dilma do
cargo de Presidenta da República, eleita legitimamente em 2014.
Já foram tomadas as providências, junto às autoridades, para que o
autor do cartaz e todos os que estão fazendo sua divulgação, com o mesmo
propósito, sejam investigados e responsabilizados criminalmente, uma
vez que são autores do crime de incitação à pratica de homicídio.
Mas o panfleto é apenas um reflexo dos setores da elite brasileira
que estão dispostos a promover uma onda de violência e ódio, com o
intuito de desestabilizar o governo e retomar o poder, de onde foram
afastados com a vitória petista nas urnas em 2002.
Para estes setores não há limites, nem sequer bom senso. Recusam-se a
aceitar a vontade da população manifestada no processo democrático de
eleger seus governantes.
Deixam-se levar por instintos golpistas, embalados pelo apoio e a
conivência da mídia conservadora e anti-democrática. Usam a retórica do
combate a corrupção e da necessidade de afastar os que consideram estar
destruindo o país, para flertar com a ruptura democrática. Posam de
democráticos esquecendo que os governos da ditadura militar também
diziam ser.
São os mesmo que cometeram, impunemente, o crime de lesa-pátria com a política de privatizações, na década de 1990.
O panfleto, e o que se vê nas ruas e redes sociais, é reflexo,
sobretudo, de uma mídia partidarizada, que manipula, distorce e esconde
informações, ao mesmo tempo que promove o ódio e o preconceito contra os
que pensam diferente. O teólogo Leonardo Boff tem
razão quando responsabiliza a mídia, conservadora, golpista, que nunca
respeitou um governo popular, pela dramaticidade da crise política
instalada no país. E corajosamente nomina os promotores do caos em que
querem jogar o país: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo e a perversa e mentirosa revista Veja.
Um poder midiático que tem a capacidade de sequestrar partidos políticos e setores dos poderes republicanos.
Essa mídia, órfã de ética e de responsabilidade social, é que forma
seus leitores com a mentalidade do autor que fez o criminoso cartaz
sobre Stedile. É quem alimenta as redes sociais com os valores mais anti-sociais e incivilizatórios.
Os tucanos, traindo sua origem socialdemocrata, fazem oposição ao
governo alimentando um ódio coletivo inicialmente restrito à classe
alta, mas agora espraiado em todos os segmentos sociais, contra um
partido político e a presidenta eleita. Imaginam que serão beneficiados
com o caos que querem instalar, envergonhando, com essa política
rasteira, os seus que os antecederam.
Um monstro foi criado pela forma como os tucanos escolheram fazer
oposição ao governo petista e pela irresponsabilidade da mídia
empresarial. A violência e o ódio estão se naturalizando pelas ruas.
Essa criatura já escolheu suas vítimas primeiras: os casais homossexuais
e seus filhos, os imigrantes, pobres das periferias, dirigentes de
movimentos populares e militantes políticos de esquerda. Mas não raras
vezes, essas criaturas, sempre ávidas de violência e intolerância, não
poupam sequer seus criadores e os que hoje os acompanham.
Haverá uma longa jornada para superar as dificuldades criadas pelos
que se opõe a construir um país socialmente justo, democrático e
igualitário.
A começar por uma profunda reforma política, que nos leve a uma nova
Assembleia Nacional Constituinte, exclusiva e soberana. É preciso taxar
as grandes fortunas e enfrentar o poder dos rentistas e do sistema
financeiro. Batalhas tão urgentes e necessárias quanto as de enfrentar o
desafio de democratizar comunicação para assegurar, igualmente, a
liberdade de expressão e o direito à informação, direitos bloqueados
pelo monopólio da comunicação existente no país.
Somente assim, os saudosistas dos governos ditatoriais serão
derrotados, e o povo terá a consciência de que defender o pais é lutar
pela democracia, e não o contrário, como imagina hoje o autor do cartaz
criminoso.
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST
São Paulo, 12 de março de 2015
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