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                              de julho de 2014 
Boletim N.73 
A
                                                  atualidade da obra e
                                                  do pensamento do
                                                  economista Celso
                                                  Furtado, dez anos após
                                                  sua morte, será um dos
                                                  temas do 2º Congresso
                                                  Internacional do
                                                  Centro Celso Furtado.
                                                  Haverá uma homenagem
                                                  ao grande teórico do
                                                  subdesenvolvimento,
                                                  com resgate da sua
                                                  contribuição para a
                                                  formação do Brasil
                                                  atual e revelações de
                                                  fatos curiosos e
                                                  desconhecidos da sua
                                                  trajetória, durante
                                                  mesa redonda mediada
                                                  por Rosa Freire
                                                  d'Aguiar, viúva de
                                                  Furtado e presidente
                                                  do Conselho
                                                  Deliberativo do
                                                  Centro. O encontro
                                                  acontecerá na tarde do
                                                  dia 20 de agosto com
                                                  participação de
                                                  estudiosos e
                                                  profissionais que
                                                  acompanharam a
                                                  carreira do economista e
                                                  ex-ministro da
                                                  Cultura. 
A mesa 2004-2014: a atualidade de Celso Furtado dez anos após sua morte será formada por Afrânio Garcia (Maison de Sciences de l'Homme), Aldo Ferrer (Universidade de Buenos Aires), Almino Affonso (ex-ministro do Trabalho do governo João Goulart), Angelo Oswaldo de Araújo Santos (presidente do Instituto Brasileiro de Museus), Carlos Brandão (economista do IPPUR/UFRJ) e Luiz Felipe de Alencastro (Universidade de Paris e FGV-SP). 
Segundo Rosa,
                                                é uma oportunidade de
                                                mostrar a
                                                contemporaneidade do
                                                pensamento de Celso e
                                                reafirmar o novo
                                                interesse de algumas
                                                facetas do pensamento de
                                                Celso, como seus estudos
                                                sobre a cultura: “Um dos
                                                meus esforços sempre foi
                                                o de abrir o Centro para
                                                outras áreas de
                                                conhecimento, indo além
                                                da economia. Celso
                                                sempre teve um
                                                pensamento
                                                pluridisciplinar. Mas o
                                                fulcro de suas ideias é,
                                                evidentemente, a
                                                economia. E também aí
                                                suas ideias permanecem
                                                atuais. Afinal, enquanto
                                                o subdesenvolvimento não
                                                estiver superado, a
                                                teoria está válida,
                                                ainda que vá sendo
                                                reelaborada
                                                periodicamente por
                                                outros estudiosos.
                                                Celso, como também
                                                outros cientistas
                                                sociais brasileiros,
                                                devem ser relembrados e
                                                estudados em
                                                permanência. Ter a
                                                oportunidade de reunir
                                                um pequeno grupo que
                                                acompanhou o trabalho e
                                                as atividades de Celso
                                                em vida será um grande
                                                momento”, afirma. 
“Quanto aos
                                                arquivos de Celso, tenho
                                                consciência de que é uma
                                                herança valiosa.
                                                Acredito que o meu dever
                                                seja transmitir este
                                                patrimônio da melhor
                                                maneira, pelos meios
                                                possíveis. É prazeroso
                                                escrever sobre Celso,
                                                conheço coisas que
                                                outras pessoas não
                                                conhecem graças a nossas
                                                conversas e convívio de
                                                26 anos. Todos os meus
                                                textos sobre ele têm
                                                necessariamente um lado
                                                muito pessoal, mas ao
                                                mesmo tempo procuro me
                                                distanciar e encontrar
                                                um equilíbrio”, completa
                                                Rosa. 
Publicações
                                                – Nos últimos anos de
                                                vida, a pedido de Rosa,
                                                Celso Furtado releu e
                                                fez anotações em suas
                                                publicações. De posse
                                                deste material, desde
                                                2004, ano em que o
                                                escritor morreu, a viúva
                                                e herdeira dos arquivos
                                                e espólio cultural
                                                reeditou e publicou doze
                                                livros (contando os dois
                                                que saem este ano),
                                                entre eles algumas
                                                edições definitivas, com
                                                atualizações e notas de
                                                rodapé, uma obra
                                                comemorativa sobre o
                                                cinquentenário de
                                                “Formação Econômica do
                                                Brasil” (2009), e a
                                                importante coletânea
                                                “Essencial Celso
                                                Furtado” (2012). Criou
                                                em 2008 a coleção
                                                “Arquivos Celso
                                                Furtado”, coeditada pelo
                                                Centro Celso Furtado e a
                                                Editora Contraponto,
                                                pela qual já publicou 5
                                                livros temáticos com
                                                material dos arquivos de
                                                Celso. 
Durante o 2º
                                                Congresso, outros dois
                                                exemplares serão
                                                relançados: Anos de
                                                  Formação e Obra
                                                  Autobiográfica,
                                                que, de acordo com a
                                                presidente do Conselho
                                                Deliberativo do Centro,
                                                se complementam. “É um
                                                trabalho de resgate
                                                desde os anos iniciais
                                                de formação do Celso,
                                                que marcaram quem ele
                                                seria no futuro. Minha
                                                intenção é recuperar o
                                                passado e lançar novas
                                                ideias a partir de
                                                estudos deixados por
                                                ele, aproveitando os dez
                                                anos para mostrar a
                                                riqueza de seu
                                                pensamento”, destaca. 
Anos de
                                                  Formação 1938 -1948
                                                (Editora Contraponto,
                                                404 páginas), sexto
                                                título da coleção
                                                “Arquivos Celso
                                                Furtado”, se refere ao
                                                período dos 18 aos 28
                                                anos de Furtado. Mostra
                                                seu interesse por
                                                questões internacionais
                                                – por meio dos textos
                                                escritos por ele quando
                                                esteve como oficial da
                                                FEB na Itália, durante a
                                                2ª Guerra Mundial, e
                                                também das cartas
                                                enviadas à família
                                                durante o confronto. O
                                                livro também revela sua
                                                experiência no
                                                jornalismo, com
                                                reprodução de matérias
                                                publicadas, e ensaios
                                                inéditos retirados do
                                                caderno pessoal de
                                                Furtado; outros sobre
                                                sua paixão pela
                                                administração pública, a
                                                iniciação na ciência
                                                política. 
A Obra
                                                  Autobiográfica (Companhia
                                                  das Letras, 670
                                                  páginas) é formada por
                                                  uma trilogia. A
                                                  Fantasia Organizada relembra o Rio de
                                                  Janeiro dos anos 1940
                                                  e seu ambiente
                                                  intelectual que
                                                  deslumbrou o jovem
                                                  recém-chegado da
                                                  Paraíba; a devastada
                                                  Europa do pós-guerra,
                                                  percorrida durante o
                                                  doutorado de economia
                                                  em Paris; os anos
                                                  vividos na América
                                                  Latina, como diretor
                                                  da Cepal e os estudos
                                                  em Cambridge,
                                                  convivendo com os
                                                  contemporâneos de lo
                                                  rde
                                                  Keynes. A
                                                  fantasia desfeita cobre os
                                                  seis anos em que Celso
                                                  Furtado trabalhou com
                                                  Juscelino Kubitschek,
                                                  Jânio Quadros e João
                                                  Goulart, como diretor
                                                  da Sudene, e
                                                  primeiro-ministro do
                                                  Planejamento do país.
                                                  Por fim, o terceiro
                                                  volume, Os Ares
                                                  do Mundo, evoca
                                                  o golpe militar de
                                                  1964, a dedicação no
                                                  exílio e a atividade
                                                  acadêmica nas
                                                  universidades de
                                                  Paris, Yale, Cambridge
                                                  e Columbia, onde
                                                  produziu uma obra
                                                  teórica vasta e
                                                  original que expandiu
                                                  as fronteiras da
                                                  ciência econômica e
                                                  aproximou-a das
                                                  relações
                                                  internacionais e da
                                                  cultura.endidas
                                                  pelo Centro Celso
                                                  Furtado no sentido de
                                                  qualificar o debate
                                                  sobre desenvolvimento.
                                                  A realização
                                                  sistemática de um
                                                  congresso que vise
                                                  articular pensadores e
                                                  estudiosos que
                                                  trabalham com o tema
                                                  no Brasil e no
                                                  exterior é uma espécie
                                                  de coroamento desse
                                                  trabalho. O Brasil
                                                  vive há muitos anos o
                                                  dilema do curtíssimo
                                                  prazo, com as questões
                                                  de conjuntura
                                                  dominando a agenda e
                                                  ocupando um espaço
                                                  significativo na mídia
                                                  e se sobrepondo a
                                                  questões estruturais
                                                  mais amplas sobre o
                                                  desenvolvimento. Essas
                                                  questões são mais
                                                  complexas, exigem
                                                  medidas de longo
                                                  prazo,  exigem mais
                                                  políticas de Estado do
                                                  que de governo. Esse
                                                  quadro vivido pelo
                                                  Brasil foi
                                                  brilhantemente tratado pelo
                                                  próprio Celso Furtado,
                                                  no seu livro de 1992,
                                                Brasil,
                                                  a construção
                                                  interrompida. Sa&iacu
                                                  te;mos
                                                  de uma economia
                                                  agroexportadora, no
                                                  início do século
                                                  passado, nos
                                                  viabilizamos como uma
                                                  das maiores economias
                                                  do mundo, mas vivemos
                                                  hoje o dilema do curto
                                                  prazo, com uma
                                                  deturpação do uso da
                                                  política cambial, como
                                                  instrumento de
                                                  controle de preços,
                                                  temos pouco espaço
                                                  para políticas
                                                  industriais e de
                                                  desenvolvimento. E não
                                                  obstante tudo isso, o
                                                  Brasil logrou êxito,
                                                  na última década e
                                                  meia, em melhorar a
                                                  sua distribuição de
                                                  renda. Tivemos
                                                  crescimento do PIB com
                                                  mais distribuição. E a
                                                  solidez desse processo
                                                  passa por mudanças
                                                  mais voltadas para o
                                                  desenvolvimento de
                                                  longo prazo. São
                                                  questões que fazem
                                                  parte desse grande
                                                  debate que precisa ser
                                                  feito da inserção do
                                                  Brasil nesse mundo
                                                  financeirizado, para
                                                  viabilizar nosso
                                                  desenvolvimento. Nesse
                                                  sentido, o Congresso
                                                  do Centro representa
                                                  uma contribuição
                                                  significativa.
                                                 
 | 
                                      
Centro Internacional Celso
                            Furtado de Políticas para o Desenvolvimento
Avenida República do Chile, 330, 2º andar, Ed. Ventura, Torre Oeste, Centro, CEP 20031-170 - Rio de Janeiro-RJ
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