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segunda-feira, 11 de abril de 2011

O FIM DO MODELO CHILENO?

O chamado modelo chileno serviu de referencia para várias experiências políticas no continente. Primeiramente como primeira realização governamental das políticas neoliberais, dirigidas pelos próprios economistas de Chicago. Depois de oito anos de fracasso ( entre 1973 e 1981) que elevou o desemprego a 30% e a uma crise financeira tão brutal que os próprios neoliberais foram obrigados a nacionalizar o sistema financeiro, conseguiram algum crescimento que foi aprofundado com a queda de Pinochett e a instalação do governo da Concertação Socialista-Democrata Cristã. Apoiados na nacionalização do cobre e na reforma agrária radical que Allende realizara, além de outras conquistas excepcionais dos 3 anos da Unidade Popular, a economia chilena altamente modernizada pode responder positivamente a um projeto mais voltado para o desenvolvimento e a atenção a uma política social voltada para o amparo à pobreza. Desta maneira, Chile deixou de ser um modelo direitista para mover-se para um centro, com muitos compromissos com a direita da democracia cristã. Fernando Henrique se inspirou em parte neste modelo sem ter reforma agrária nem nacionalização das princpais riquezas dopais. Muito pelo contrário conduziu uma quase dissolução do Estão através deprivatizações que mais pareciam negociatas..

O governo Lula se inspirou também neste model que estava no seu auge em 2002. Parecia muito sólido e definitivo. Roberto Pizarro, um dos fundadores da teoria da dependência como membro do grupo de pesquisa que dirigi no Centro de Estudos Sócio Econômicos (CESO) na Faculdade de Economia Política do Chile, da qual Pizarro foi diretor, escreveu com Orlando Caputo um livro fundamental sobre A Economia Internacional. Como socialista, participou fortemente no governo da U.P. e foi ministro da Concertação demitindo-se do cargo quando ficou clara a dificuldade de levar mais longe a política econômica do mesmo. Desde então vem mantendo uma crítica sistemática aos erros da Concertação, rompendo com a mesma e apoiando uma candidatura presidencial de esquerda que se tornou muito importante nas últimas eleições.

Sua crítica é incisiva e clara. Vale a pena ler esta peça de um debate que deverá se desenvolver nos próximos anos. É importante também para o Brasil afastar-se dos erros que a Concertação cometeu e preparar-se para uma possível ascensão da direita se não se corrigir a tempo os efeitos de certas concessões perigosas como a política macroeconômica de acosso do gasto público pelo pagamento de juros absurdos, que , ao contrário do que se diz, é a principal responsável pela tendência inflacionária alta no país e responsável direta pela valorização absurda do real que deverá conduzir a uma crise similar à de 1999 que terminou com o reino do PSDB. Quem não acredita nestas previsões leia a reprodução das minhas previsões no início de 1998 sobre o mês exato em que a crise ocorreria e sua dimensão. Ver a citação destas previsões formulados no mais importante jornal do México naquele momento, já que no Brasil não era possível publicá-las na grande imprensa, no livro de Paulo Emilio Martins e Octavio Penha Pieranti, Estado e Gestão Pública, publicado pela Fundação Getulio Vargas, 2006. Já publiquei anteriormente uma crítica de Orlando Caputo que vai na mesma direção, mas baseada sobretudo nas políticas macro-económicas que levaram finalmente a Concertaçao ao fracasso quando se esgotaram os impulsos positivos deixados pela Unidade Popular ( como, por exemplo, os últimos governos da Concertação privatizaram a mineração do cobre debilitando o poder da economia e do Estado chileno, entre outras contra medidas).

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