Prática dos países desenvolvidos contraria retórica liberal do encolhimento estatal
Desde a I Guerra Mundial, a participação média do Estado nas economias do Primeiro Mundo saltou de 9% para cerca de 30% em 1945, chegando a atingir 60%. Hoje, apesar da retórica neoliberal, o Estado nos Estados Unidos responde por 40% do PIB, incluindo importante contribuição dos governos locais. Os dados foram apresentados pelo professor Theotônio dos Santos, para mostrar a enorme distância entre a teoria e a prática neoliberal.
"O livre mercado jamais existiu e a luta pelo seu domínio resultou em duas grandes guerras mundiais", disse Santos, durante aula inaugural do curso de Relações Internacionais da Universidade Estácio de Sá, segunda-feira à noite*.
E acrescentou que a tendência de aumento da participação do Estado na economia se mantém, exceto nos países que abandonaram o comunismo, "nos quais o desemprego disparou para mais de 20%)".
Santos, que integra o Conselho Editorial do MM, também lançou o livro Do terror à esperança: auge e declínio do neoliberalismo (Idéias&Letras): "No final da década de 80, os EUA tinham cerca de 200 bases em diversos países. Hoje, esse número supera 600 unidades espalhadas pelo mundo, com 1 milhão de militares gastando recursos do Estado para manter a hegemonia sobre os mercados mundiais."
O economista disse ainda que o equilíbrio pretendido pelos neoliberais não se verifica nem no plano fiscal, nem no cambial: "Apenas o controle monetário (da inflação) obtém algum sucesso. No período Reagan, o déficit fiscal saltou de US$ 50 bilhões para US$ 300 bilhões por ano, o mesmo valor se verificando em relação ao déficit comercial."
(*) www.monitormercantil - 17/08/2004 - 22:08
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