Apenas dois por cento dos adultos de todo o mundo possuem mais de metade da riqueza global disponível, ao mesmo tempo que metade da humanidade é
detentora de apenas um por cento deste patrimônio, revela um estudo das Nações Unidas divulgado em Helsinque.
Este trabalho pioneiro confirma a crescente concentração de riqueza e mostra que as "desigualdades de patrimônio são hoje muito maiores do que as desigualdades de rendimentos" , afirmou Anthony Shorrocks, director do Instituto Mundial para a Investigação e Desenvolvimento Econômico da Universidade das Nações Unidas (ONU-WIDER), sediado em Helsinque, capital da Finlândia.
Incidindo exclusivamente sobre os bens detidos pela população adulta (bens mobiliários e imobiliários, bem como outros valores tangíveis), o estudo estabelece patamares mínimos de riqueza pessoal que vão dos 2.200 dólares (1.700 euros) aos 500 mil dólares (384 mil euros).
Surpreendentemente, no primeiro patamar apenas entram cerca de 50% dos indivíduos, enquanto que no mais elevado (com um mínimo de 500 mil dólares) está um grupo restrito de 32 milhões de pessoas abastadas (1% dos adultos do planeta). O escalão intermediário, com um patrimônio igual ou superior a 61 mil dólares (50 mil euros), abrange somente 10% do universo populacional.
Contudo, as diferenças não ficam por aí. As Nações Unidas identificaram uma pequena elite de favorecidos, constituída por 13 milhões de indivíduos que possuem fortunas iguais ou superiores a um milhão de dólares. Entre estes, existe um clube ainda mais fechado de super-ricos, cujo patrimônio é avaliado em mais de 1 bilhão de dólares. Em todo o mundo há 499 magnatas deste tipo.
Em praticamente todos os países verifica-se um elevado grau de concentração, com destaque para os Estados Unidos, onde dez por cento da população mais rica detém 70 por cento da riqueza.
Na China, segundo o presente estudo, esta relação ronda os 40%. Ou seja, dez por cento dos mais abastados detêm menos de metade do patrimônio particular.
Em termos globais, os dados coligidos pela ONU mostram que uma ínfima parte da população adulta (1%) é detentora de 40% dos bens do planeta, enquanto os 10% mais ricos controlam 85% do total mundial. A metade desfavorecida da humanidade conta com apenas 1% dos bens acumulados.
Utilizando o coeficiente de Gini, que determina as desigualdades numa escala de zero a um, o estudo conclui que os desequilíbrios patrimoniais superam largamente as diferenças de rendimento, atingindo à escala mundial o valor (Gini) de 0,89. O mesmo grau de desigualdade poderia ser obtido se num grupo de dez pessoas, um único indivíduo se apropriasse de 99 por cento do bolo e que os outros nove convivas tivessem de partilhar as migalhas restantes.
*População endividada*
Ao analisar o patrimônio pessoal da população adulta, o presente estudo teve igualmente em conta a sua composição e o nível de endividamento das famílias. Nos países menos desenvolvidos, os bens imobiliários, como a terra e equipamentos agrícolas, têm um peso importante no patrimônio das famílias.
Os depósitos bancários assumem maior importância nas economias em transição de alguns países da Ásia, enquanto que os outros tipos de aplicações financeiras (ações e similares) são mais comuns nos países ocidentais ricos.
Também nos países menos desenvolvidos se observa um nível de endividamento das famílias extremamente baixo. Ao contrário, nos países industrializados, o recurso generalizado ao crédito faz com que um grande número dos agregados apresente "patrimônio negativo". Isto significa que os bens que possuem não cobrem os montantes dos empréstimos contraídos. Desta situação resulta que, em termos de patrimônio, estes indivíduos integram a parte da população "mais pobre" do planeta.
*Onde vivem os ricos?*
No ano 2000, a riqueza acumulada no planeta elevou-se a 125 trilhões, ou seja, o equivalente ao valor da produção mundial durante três anos. Este patrimônio dividido em partes iguais pela humanidade corresponderia a 20,5 mil dólares por pessoa ou a 26 mil dólares se levarmos em conta as diferenças de custo de vida entre os países.
Contudo, da mesma forma que a riqueza se encontra distribuída de forma tão desigual entre os indivíduos, também se verificam enormes disparidades entre as diversas regiões do globo.
Nos Estados Unidos, a riqueza média por pessoa era, no ano 2000, de 114 mil dólares, e no Japão atingia 181 mil dólares. Em contrapartida, na Índia, os ativos por habitante não passavam de 1.100 dólares, elevando-se um pouco mais, na Indonésia, para 1.400 dólares.
De resto, a riqueza acumulada na América do Norte, Europa e em alguns países da Ásia do Pacífico representa 88% do total mundial. Assim, os Estados Unidos e o Canadá, com apenas seis por cento da população adulta do globo, concentram 34%; a Europa detém 30%; o Japão e Austrália somam 24%.
O contraste é mais notório se considerarmos que a China, com mais de 1,3 bilhões de habitantes, não vai além dos três por cento e que a Índia, com 1,1 bilhões de pessoas, dispõe unicamente de um por cento do total da riqueza.
Não se estranha pois que 89% dos indivíduos mais ricos do planeta residam na América do Norte, Japão e Europa: Estados Unidos (37%), no Japão (27%),
Europa (23%), Canadá (2%).
Fonte: Portal Vermelho
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