www.monitormercantil.com.br - 05/07/2007 - 22:07
O Brasil assinou acordo de diálogo sobre política energética com a União Européia (UE), tornando-se, segundo o porta-voz europeu de Energia, Ferran Tarradellas, um "país-chave" para o bloco. A União Européia já mantém esse tipo de parceria com a Argélia e a Ucrânia e tenta se aproximar da Rússia.
Apesar das críticas dos presidentes Fidel Castro (Cuba) e Hugo Chavez (Venezuela) de que a produção de combustível renovável tira terra para o plantio de alimentos, o coordenador da Cátedra e Rede Unesco/ONU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), Theotonio dos Santos, pondera que a energia renovável deu ao Brasil um poder de negociação muito forte, que não deve ser desprezado.
"O país tem tecnologia de ponta, clima e território ideais para a produção. A tese de Fidel e Chavez faz sentido nos EUA, onde o álcool é produzido a partir do milho. Atualmente, a produção de álcool de cana ocupa apenas 0,5% das terras agricultáveis no Brasil, podendo tranqüilamente chegar a 2%", afirma o cientista social, lembrando que a África também pode ser beneficiada.
"O Sudão é a maior reserva agrícola do planeta. O Brasil deve liderar a criação de algo similar à Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) no campo da biomassa e fundar uma empresa estatal, a partir da Petrobras, voltada exclusivamente para o biodiesel", lembra.
Chicago ditará preços
Sobre a receptividade oferecida ao presidente dos EUA, George W. Bush, Theotonio destaca que a idéia dos norte-americanos é fazer do álcool uma commoditie. "Assim os preços serão ditados pelo sistema financeiro, em Chicago", alerta, criticando a falta de investimentos em pesquisa no setor.
"Pagando R$ 160 bilhões de juros por ano não sobra dinheiro para nada. Essa empulhação exige a reformulação do papel do Estado como gestor do desenvolvimento. O dinheiro que entra por causa dos juros apenas obriga o Estado a gastar mais, já que não vai para a produção", finaliza.
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