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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Razões do auge econômico mundial:O crescimento da economia mundial está acompanhado pela luta crescente

Na atual conjuntura de crise econômica mundial é importante relembramos que a poucos meses a economia global vivia uma fase de intensa prosperidade. Para entendermos essa virada da realidade é preciso rever esse passado recente, e identificar que as mesmas forças da prosperidade são as que no momento seguinte trazem a catastrofe.
Theotonio dos Santos fala do otimismo do início do ano de 2007, apesar de amplos sinais de chegada da crise. Fala das forças sociais e econômicas que trouxeram o boom econômico dos últimos anos e das forças em luta. Será essa luta, não resolvida, que trará a crise.



Razões do auge econômico mundial:O crescimento da economia mundial está acompanhado pela luta crescente entre os velhos monopólios e o capitalismo de Estado

por Theotonio dos Santos


O início de 2007 está cheio de manifestações de otimismo sobre o comportamento da economia mundial, apesar dos vários alertas sobre os fatores negativos que ameaçam a continuidade do auge mantido durante quase toda a década de 90 do século passado (particularmente desde 1994), com uma curta interrupção entre 2000 e 2001.

O informe anual da UNCTAD recentemente publicado, sempre de muita boa qualidade, fala de uma pequena queda da alta taxa de crescimento alcançada em 2006. Previsões similares esperam-se do Informe Anual do Presidente dos Estados Unidos em fevereiro, preparado pelo seu conselho econômico..

O FMI, o Banco Mundial e o excelente informe das Nações Unidas devem confirmar as previsões positivas quanto ao crescimento econômico anunciadas nos estudos de conjuntura do ano passado.

Trata-se de um consenso determinado pela força dos números, pois os “cânones” da teoria econômica não sabem muito bem explicar este comportamento da economia mundial. Para aqueles que trabalham com os ciclos longos de Kondratiev, este comportamento da economia mundial era plenamente previsível, como o leitor poderá certificar-se se ler meus artigos e livros escritos desde a década de 70.

Segundo este universo teórico, desconhecido para os economistas neoliberais e muitos heterodoxos, era previsível que as forças que anunciavam uma reestruturação da economia mundial desde 1966 ( quando se inicia uma crise de longo prazo de cerca de 30 anos ), deveriam preparar um novo auge econômico de longo prazo. Segundo os ciclos longos de Kondratiev este novo ciclo deveria iniciar-se em 1994 aproximadamente.

Não se trata de nenhuma mágica senão de uma boa teoria economia apoiada no estudo da história econômica e não no estabelecimento de hipóteses cheias de ideologia e empiricamente irresponsáveis, formalizações mais estéticas que efetivas e deduções puramente formais, tudo isso a serviço da manutenção da ordem econômica vigente.

De fato, a revolução científico-técnica (RCT) entrava em uma etapa nova em 1966. A expansão da economia mundial do pós II Guerra Mundial encontrava limites sérios para o crescimento do mercado mundial. O pós-guerra foi marcado por um movimento mundial a favor da reforma agrária (que se expande na China, tanto a continental como em Formosa, no Japão, na Coréia, na Indochina, na Índia e em outros casos menos importantes) que integraram ao mercado mundial milhões de camponeses. Da mesma forma, governos progressistas (os chamados populismos!) aumentaram a participação dos trabalhadores na vida econômica de grande parte do chamado Terceiro Mundo.

Esta extensão dos mercados do Terceiro Mundo acrescentava-se à expansão dos mercados nas economias centrais alcançadas com a consolidação do Estado do Bem-estar, a fixação do dólar como moeda mundial e a expansão dos investimentos americanos pelo mundo todo. Esta expansão, realizada por empresas multinacionais e apoiadas nas políticas estatais desenvolvimentistas, incorporavam as inovações revolucionárias nas forças produtivas acumuladas pela revolução científico-técnica que se desabrochara durante a década de 1940.

Estas inovações se fazem possíveis economicamente em conseqüência dos processos revolucionários que abriram espaço para a realização da vontade política dos povos e governos. Estas aspirações - expressadas em levantes e movimentos populares desenvolvidos entre as duas guerras mundiais - foram reprimidas com êxito durante a longa crise da economia mundial que prevaleceu neste período. Elas começaram a ser desbloqueadas durante as resistências antifascistas, apoiadas na ação militar dos Aliados durante a guerra e na euforia da vitória democrática sobre a reação nazi-fascista.

O crescimento dos investimentos durante e depois da guerra permitiu criar uma base industrial nas antigas zonas agrárias do mundo. Mas estas indústrias estavam voltadas para os mercados internos que se expandiam com as reformas sociais já citadas. Mas em 30 anos de expansão foram-se alcançando áreas do mundo onde as reformas sociais já não eram bem-vindas para o sistema mundial. As mudanças sociais ganhavam dimensões muito mais profundas que as aceitáveis pelo sistema socioeconômico dominante – o capitalismo sentia-se ameaçado pelo conteúdo antiimperialista e socializante do movimento reformista mundial. Com isto, a expansão dos mercados mundiais se fazia muito cara e perigosa.

Era mais seguro reestruturar o conjunto do sistema mundial numa outra direção. Tratava-se de oferecer o mercado dos países centrais às indústrias emergentes nas economias mais dinâmicas do Terceiro Mundo (os chamados new industrial countries – os NICs) promovendo uma nova divisão internacional do trabalho. O que o capital internacional não podeia medir muito claramente era o fato de que a criação de núcleos industriais nessas regiões daria origem também a um novo poder de geração de tecnologias próprias que permitiria a alguns desses países iniciar uma concorrência séria com o centro do poder mundial.

Isto é o que acontece durante os anos recessivos de 1966 a 1994 (fase B dos ciclos longos de Kondratiev) quando sobre tudo o Japão e em parte os tigres asiáticos inauguraram a nova fase das forças produtivas mundiais caracterizada pela incorporação dos robôs ao sistema produtivo. A recuperação da China e da Índia as transformou, em seguida, em potências industriais exportadoras. A expansão dos centros industriais e a nova divisão internacional do trabalho que vai se armando já não pode se deter.

Poucos puderam apreciar o impacto antiinflacionário dessa mutação. Com a robotização e os novos materiais, os preços dos produtos industriais baixam drasticamente, os gastos maiores se concentram nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, marketing e gestão. Esta situação abre caminho à cópia de produtos a preços ínfimos.

Os monopólios se vêm enfrentados a uma rebaixa drástica das barreiras de entrada. As novas potências começam a ameaçar os monopólios centrais da economia mundial e os excedentes financeiros conseguidos com os superávits comerciais substituem poderes econômicos que se pensavam totalmente estáveis. Estão asseguradas as condições para um boom econômico de médio prazo. Este é o período que se consolida de 1994 para cá..

Crescimento econômico com tendências deflacionárias e queda dos custos de investimento a nível mundial. Desvalorização da enorme massa de capital financeiro acumulado no período recessivo. Queda espetacular dos altos juros da década de 80. Luta crescente entre os velhos monopólios e os capitalismo de Estado ascendentes pelo controle da economia mundial. Os que acreditam que um longo auge econômico significa tranqüilidade à vista estão muito enganados.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Iuan: moeda de referência na Ásia

Jornal Monitor Mercantil
02/12/2008 - 18:12

"O iuan pode ser a moeda de referência na Ásia, pois a região procura ficar menos dependente do dólar. Estuda-se também a criação de uma moeda regional". A informação é do coordenador da Cátedra e Rede Unesco/UNU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), Theotonio dos Santos. Recém-chegado da China, ele disse também que o Japão já exporta mais para os chineses do que para os EUA. "É um dado absolutamente definitivo para mostrar a importância que a China passa a adquirir para a região e se reflete no aspecto financeiro", acrescenta.

Do ponto de vista social, Santos revelou ao MONITOR MERCANTIL (MM) que há preocupação com a distribuição da renda, porque a prioridade passou a ser o mercado interno. "Os chineses continuarão estimulando o setor de mais baixa renda. Entre 2005 e 2006, o crescimento da renda agrícola foi superior a 10%. A renda do setor urbano subiu cerca de 20%. E para desespero do Meirelles (Henrique Meirelles, presidente do BC brasileiro) esse aumento de renda teve como efeito uma queda nos preços", ironizou, esclarecendo que o setor que mais cresceu foi o de capital fixo.

"Portanto, houve mais produtividade e preços mais baixos. Aqui no Brasil, aumenta a demanda, mas ninguém obriga o setor produtivo a avançar tecnologicamente e vender a preços mais baixos", criticou. O coordenador do Reggen, que integra o Conselho Editorial do MM, reprovou, no entanto, a iniciativa chinesa de apoiar uma reestruturação do FMI, em vez de criar um novo órgão regulador multilateral: "O FMI regula para obrigar a desregular. Todos os bancos centrais operam no sentido de reforçar o lucro do setor financeiro. Pressionaram a China para entrar nessa do banco central independente, mas não conseguiram", ressalvou.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

China quer trocar "mico" de papéis dos EUA por atuação em mercado futuro de petróleo.

Monitor Mercantil

14/01/2009 - 18:01

Sem financiador, dólar despenca
China quer trocar "mico" de papéis dos EUA por atuação em mercado futuro de petróleo.


De acordo com Theotônio dos Santos, coordenador da Cátedra e Rede UNESCO/UNU de Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (Reggen), a China não quer mais concentrar suas reservas em títulos do tesouro norte-americano - atualmente são quase US$ 700 bilhões nesse tipo de aplicação - sobretudo por causa da baixa rentabilidade e da decadência do dólar.

Para Santos, que também integra o Conselho Editorial do MM, se os EUA não encontrarem uma alternativa, terão de emitir moeda para financiar seu déficit público, acentuando o processo de decadência do dólar:

"Além disso, o saldo comercial chinês com os EUA está em queda, reduzindo mais os recursos para aplicação em títulos norte-americanos", disse.

O departamento de estatísticas da China revisou o crescimento do produto interno bruto (PIB) do país, em 2007, de 11,9% para 13%, o maior em 13 anos. Ao todo, o PIB naquele ano somou 25,731 trilhões de iuans (US$ 3,76 trilhões).

Com a revisão, a China ultrapassou a Alemanha e tornou-se a terceira maior economia mundial em 2007, com base nas taxas de câmbio do mercado para aquele ano.

Para manter esse ritmo, a China deve priorizar o mercado interno. O coordenador do Reggen acrescentou que a China estuda usar suas reservas para interferir nos mercados futuros e se proteger da volatilidade do preço das commodities estratégicas:

"Com o iuan valorizando em relação ao dólar, aumentam o poder dos chineses para intervir no sistema financeiro e o poder de compra da população."

"A especulação com petróleo é completamente arbitrária e os mercados terão de se adequar à crise. Possivelmente, os chineses terão influência nas mudanças porque têm de comprar matérias prima a longo prazo. Mas primeiro estão se preparando, porque a experiência política dos governos socialistas não passou por esse tipo de mercado", acrescenta.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

As ciências sociais e o novo boom latino-americano

Theotonio Dos Santos


Postado originalmente ALAI, América Latina en Movimiento, em 17 de maior de 2007.

A América Latina volta ao primeiro plano internacional. Por um lado, encontramos uma nova realidade política expressada em vitórias eleitorais de forças de centro-esquerda e de esquerda. Por outro lado, uma conjuntura econômica marcada pela retomada do crescimento econômico, a queda da dívida externa, o aumento dos superávits cambiais e o conseqüente aparecimento de amplas reservas de divisas. Estas mudanças são ainda mais impressinantes por estarem ligadas a um forte movimento de integração regional e o surgimento de uma diplomacia regional cada vez mais densa e atuante não somente no plano continental senão também no plano internacional.
Estes fatos assustam os centros do poder mundial. Está muito claro que estes centros, sejam as corporações transnacionais, sejam os Estados nacionais que as abrigam, protegem e estimulam, sentem-se sem poder para controlar completamente esta situação. Por outro lado, estas corporações e estes governos vêem com bons olhos a evolução econômica da região e não têm grandes confrontações com as políticas econômicas em andamento na maior parte dos países.
Temos falado nestes artigos sobre uma verdadeira mutação da consciência coletiva da região com a inclusão da subjetividade dos grupos étnicos e de gênero, dos despossuídos e marginalizados socialmente, das populações jovens e tantas outras camadas sociais excluídas por anos e anos dos centros de decisão que afetam duramente suas próprias vidas.
A onda democrática que se expande pelo mundo como resultado da derrocada das ditaduras impostas nos anos1960s e 1970s se impõe também pelo aumento da comunicação entre os povos e as lutas antiditatoriais e pela defesa dos direitos humanos.
Estes avanços democráticos retomam a defesa das conquistas democráticas dos anos 1930 a 1970, apoiadas em fortes movimentos de massa (que podem ter sido em parte manipulados pelos governos chamados”populistas”) mas que acumularam conquistas importantes contra as quais se lançaram as ondas de golpes de Estado e terror estatal iniciados com o golpe de 1964 no Brasil e, finalmente, a ofensiva neoliberal das décadas de 80 e 90.
Se já naquela época foi difícil deter as conquistas populares, atualmente será bem mais difícil deter um movimento que vem de baixo para cima, aproveitando as brechas antiautoritárias abertas pelos próprios centros de poder mundial quando decidiram livrar-se dos militares que eles mesmos tinham colocado no poder.
Neste movimento geral de superação de um quadro político, econômico e ideológico dominado pelo “pensamento único” de origem neoliberal, destaca-se o papel cada vez mais claro do pensamento socioeconômico e político latino-americano. Trata-se de sobrepor-se a um falso “universalismo”, alardeado por economistas “de terceira linha”, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional entre outros. Estes “economistas” pretendem ensinar economia a alguns dos melhores economistas do mundo. Entre eles existe uma geração de cientistas sociais na América Latina que desenvolveu nos anos 1950, 1960 e 1970 um pensamento social de alta qualidade e impacto internacional.
Instituições como a CEPAL (Comissão Econômica nas Nações Unidas para a América Latina), a ALAS (Associação Latino-americana de Sociologia), a FLACSO (Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais), o CLACSO (Conselho Latino-americana de Ciências Sociais), permitiram afirmar uma consciência e prática profissional de excelente qualidade no continente, mas, sobretudo, foram abrindo caminho para um pensamento regional cada vez mais denso, acompanhado de um enorme acervo de estatísticas e pesquisas empíricas.
É muito alentador ver como estas instituições conseguiram manter sua continuidade em um continente assaltado por golpes militares, censuras, demissão e perseguição de professores, e outros confrontos violentos. As Universidades nacionais e as instituições básicas de planejamento (muito enfraquecidas pelos delírios livre-cambistas neoliberais) conseguiram sobreviver apesar de todos os ataques que sofreram. Elas permitiram manter um substrato intelectual no continente apesar dos ataques de um arcaísmo triunfante que era exercido em nome da “modernidade”.
À medida que o baixo nível dos titulares do “pensamento único” foi se revelando com o fracasso de suas políticas, os intelectuais, cientistas sociais e artistas autênticos começam a levantar novamente suas cabeças e somar-se à grande ofensiva em andamento no plano internacional e regional contra os donos das consciências humanas atemorizadas pelo terror repressivo, físico, moral e intelectual. No final deste mês de maio participaremos em Cochabamba de uma reunião da Rede em Defesa da Humanidade sobre o papel dos meios de comunicação neste processo. Em junho participaremos em Havana do V Encontro Internacional sobre Cultura e Desenvolvimento com uma problemática similar.
Nos próximos meses assistiremos alguns momentos de afirmação das instituições que sobreviveram a esta onda de barbárie. A ALAS realizará seu XXVI Congresso em agosto (13 a 18) em Guadalajara. A FLACSO comemorará seus 50 anos em outubro (29 a 31), O CLACSO comemorará seus 40 anos em outubro (25 a 27) em Bogotá. Ao mesmo tempo, muitas outras instituições foram criadas e desenvolvidas neste período e seria muito difícil enumerá-las em um artigo curto.
Só gostaria de assinalar que em novembro deste ano (2007) se reunirá em Caracas a Cátedra e Rede da UNESCO e da Universidade das Nações Unidas sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN, ver www.reggen.org.br) que eu dirijo e que reúne centros de pesquisa dos vários continentes para fazer um balanço destas mudanças junto com várias instituições latino-americanas e internacionais que formam a REGGEN e com uma participação especial de vários grupos de trabalho do CLACSO e da Rede de Economia Mundial (REDEM) com sede em Puebla, México, além de um grande número de intelectuais de várias partes do mundo que reúnem-se em torno do Centro Internacional Miranda que abrigará este evento em Caracas.
Acredito firmemente que uma grande mudança teórica está em curso e que esta oportunidade permitirá explicitá-la para liberar definitivamente nosso pensamento de uma contra-revolução teórica similar à que representou a inquisição católica frente à emergência de uma nova sociedade burguesa e um novo pensamento em escala mundial nos séculos XV a XVIII. É notável verificar como pode ganhar credibilidade uma tentativa de voltar em pleno século XXI aos esquemas de uma economia de livre mercado instituídos no século XVIII e completamente ultrapassados pela realidade econômica de nosso tempo.


Theotonio Dos Santos é Diretor Presidente da Cátedra UNESCO-UNU sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (www.reggen.org.br) e Professor Emérito da Universidade Federal Fluminense.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Agenda de Theotonio dos Santos da semana

12 a 14 de fevereiro

A REGGEN apresentará uma mesa redonda no Seminário Internacional em comemoração do Centenário do documento de M.K. Gandhi "Hens Waraji" (Paz, Justiça e Autodeterminação para o futuro da humanidade).

A reunião contará com participantes dos 5 continentes e dará origem a varias publicações. Ela se realizará em Nova Delhi, capital da Índia, sob os auspicios do Conselho Nacional de Ciências Sociais da Índia e várias outras instituições, inclusive a REGGEN.

A mesa-redonda da REGGEN será com o tema América Latina: Desenvolvimento e Processo Civilizatório. Comporão a mesa: Leonel Corona (México), sobre ciência e tecnologia e desenvolvimento; Manoel Lajo, sobre crise alimentaria mundial; Francisco Lopez Segrera, sobre a Crise das Universidaes e a chamada sociedade de conhecimento e Monica Bruckmann , sobre ideologia e processo civilizatorio nas lutas indígenas latino-americanas.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O documentário "A Revolução não será televisionada"

A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA - 1/10

Famoso documentário sobre a tentativa de golpe sobre Chavez derrotada pela ação popular.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Agenda FEVEREIRO E MARÇO:

A REGGEN apresentará uma mesa redonda sobre América Latina:
Desenvolvimento e Processo Civilizatório no Seminário Internacional em comemoração do Centenário do documento de M.K. Gandhi "Hens Waraji" (Paz , Justiça e Autodeterminação para o futuro da humanidade).
A reunião contará com participantes dos 5 continentes e dará origem a varias publicações. Ela se realizará em New Delhi sob os auspicios do Conselho Nacional de Ciencias Sociais da India e várias outras intituições, inclusive a REGGEN. Comporão a mesa: Leonel Corona (México) sobre ciencia e tecnologia e desenvolvimento; Manoel Lajo sobre crise alimentaria mundial; Francisco Lopez Segrea sobre A Crise das Universidaes e a chamada sociedade de conhecimento e Monica Bruckmann sobre ideologia e processo civilizatorio nas lutas indígenas latinoamericanas.

4 a 6 de Março - O professor Theotonio Dos Santos, presidente da REGGEN, pronunciará a conferencia inaugural da Pré-ALAS, reunião preparatória do Congresso Latinomericano de Sociologia. Ele falará sobre o efeito da Crise Global em curso sobre as Ciências Sociais. Nesta reunião falará também a diretora executiva da REGGEN, Monica Bruckmann, sobre os movimentos indígenas latinoamericanos.
Este Encontro se realizará na Universidade Ricardo Palma, Lima Peru.

Também em Lima o professor Theotonio Dos Santos realizará uma Conferência Magistral na prestigiosa Biblioteca Nacional do Peru em comemoração ao lançamento de um suplemento da Revista da Biblioteca dedicado à sua obra.

9 de Março - Theotonio Dos Santos pronunciará a Conferencia Inaugural do Doutora de Desenvolvimento Económico-Social da Benemérita Universidade Autónoma de Puebla, BUAP, em Puebla no México. Nesta ocasião se estabelecerá a Sede Mexicana da REGGEN, que cooperará com a viabilização deste Doutorado.

26 a 27 de março - Se discutirá uma ampliação das relações da REGGEN na China por ocasião do Seminario Internacional sobre "As Mudanças do Pensamento Social e Político diante da Crise Financeira Internacional. Este evento será organizado pelo Centro Chinês de Estudos Mundiais Contemporaneos (CCCWS). O presidente da REGGEN está convidado para o evento. Na oportunidade, encaminhará com a editora da Academia Chinesa de Ciencias Sociais a edição de uma seleção de textos so Seminario Internacional da REGGEN em 2005 sobre Potencias Emergentes e Modernizações Alternativas

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Reading Karl Polanyi em Beijing - vídeo de Giovanni Arrighi

Vídeo "Reading Karl Polanyi in Beijing" (Lendo Karl Polanyi em Pequim), vídeo de apresentação preparedo por Giovanni Arrighi à 11a. Conferência Anual Karl Polanyi com o tema "The Relevance of Karl Polanyi in the 21st Century" (A revelância de Karl Polanyi no século XXI) em Montreal, Canadá.
Nessa conferência também contou com a presença de Theotonio dos Santos.
O título do vídeo é um trocadilho com famoso livro de Giovanni Arrighi, "Lendo Adam Smith em Pequim".

Professor Emérito da UFF

Theotonio recebeu uma importante condecoração e posto na Universidade Federal Fluminense, o de professor emérito, do qual recentemente se aposentou de professor titular do Departamento de Economia.

Vejamos a mensagem de solicitação que encaminha o pedido, feito pela chefia do Departamento de Ciência Política.

Parabéns a Theotonio e a UFF, pela proposta que enche de orgulho a Academia brasileira, e homenagea esse importante nome da ciência social latino-americana.


UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CENTRO DE ESTUDOS GERAIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA POLÍTICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA


Memorando


Niterói, 11 de janeiro de 2007.

Ao colegiado

Programa de Pós-Graduação em Ciência Política

Assunto: Concessão de Título de Professor Emérito


Prezados colegas,


Venho, através desta solicitação, encaminhar proposta de concessão do título de Professor Emérito ao Professor Theotonio dos Santos.


O Estatuto da Universidade Federal Fluminense prevê, em seu Regimento Geral, título X, artigo 123º, item I, a concessão do Título de Professor Emérito aos docentes que, ao se aposentarem, “tenham alcançado posição eminente no ensino e na pesquisa”. Após seguir os necessários trâmites, a outorga será concedida pelo Conselho Universitário em sessão onde o candidato à homenagem deverá merecer, em votação secreta, a aprovação de pelo menos ¾ dos presentes. O parágrafo único exige que a proposta de concessão seja devidamente instruída com o curriculum vitae do homenageado.


Justifico minha pretensão baseado nos seguintes pontos.


Completa hoje 70 anos o Professor Titular Theotonio dos Santos Júnior da Universidade Federal Fluminense. Assim, por força da Lei, ele se despede, nesta mesma data, do serviço ativo entre nós. Conhecido e reconhecido nacional e internacionalmente seu currículo, com mais de 70 páginas, que acompanha esta proposta, revela uma obra tão diversificada quanto ilustre, publicada em várias línguas, diversos países e diferentes continentes.


A formação acadêmica do Professor Theotonio dos Santos é, a um só tempo, marcada pelo cosmopolitismo e pelas vicissitudes políticas que marcaram o Brasil e, de resto, grande parte da América do Sul nos anos 60 e 70 do século passado. Formou-se Bacharel em Sociologia, Política e Administração Pública pela Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1961. Obteve seu Mestrado em Ciência Política em 1964 pela Universidade de Brasília. Obrigado a deixar o País ainda em 1964, prestou concurso, em 1968, para Professor Titular da Universidade do Chile, cargo que lhe valeu a equivalência em nível doutoral. Com o golpe de 1973, deixou o Chile e foi para o México onde, em 1979, novamente através de concurso, conquistou o cargo de Professor Titular na Universidade Autônoma do México, função também em nível doutoral. Em 1985 obteve o Doutorado em Economia por Notório Saber pela Universidade Federal de Minas Gerais e, em 1993, o Doutorado em Economia por Notório Saber, desta vez pela Universidade Federal Fluminense.


É impressionante a carreira docente do Doutor Theotonio dos Santos, bastando citar alguns cargos por ele exercidos. Iniciou sua carreira como bolsista e monitor da Faculdade de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais em 1958. Entre 1966 e 1973 foi Professor Titular da Faculdade de Economia da Universidade do Chile. Em 1969 foi Professor Visitante do Departamento de Sociologia da Northern Illinois University, Estados Unidos. Entre 1974 e 1980 foi Professor Titular da Divisão de Pós-Graduação de Ciência Política e das Faculdades de Economia e Filosofia na UNAM, México. Em 1979 exerceu a posição de Professor Visitante do Departamento de Sociologia, State University of New York at Binghamton, Estados Unidos. Entre 1988 e 1992, reintegrado pela Lei da Anistia, assumiu o posto de Professor Titular no Departamento de Relações Internacionais, Universidade de Brasília. Através de concurso público obteve, em 1986, a vaga de Professor Titular na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, nela permanecendo por dois anos. Entre 1990 e 1992 foi Professor Associado na Faculty of International Relations - Ritsumeikan University, Kioto, Japão. Em 1991 foi Professor Associado ao Departement d'Économie Politique, Université de Paris VIII. Em 1999 recebeu o título de Professor Emérito pela Universidade Ricardo Palma, Lima, e em 2003, a mesma honraria lhe foi prestada pela universidade Santo Agostinho de Arequipa, ambas no Peru. Entre 1989 e 95 foi Diretor de Estudos - École des Hautes Études des Sciences Sociales - Maison des Sciences de l'Homme – na Universidade de Paris I (Sorbonne). Por concurso Público, em 1994, ingressou no quadro de Professor Titular da Universidade Federal Fluminense, tendo exercido, entre 1997 e 1999, o cargo de Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Economia, Mestrado e Doutorado. Em 1997 foi designado para o cargo de Coordenador da Cátedra UNESCO e da Rede UNESCO, Universidade das Nações Unidas Sobre Economia Global e Desenvolvimento Sustentável (REGGEN), função que ocupa até hoje.


A produção científica e intelectual do Professor Titular Theotonio dos Santos provoca impacto naquele que a analisa, tanto pela sua quantidade, como pela sua qualidade. Ele é autor de 40 livros, co-autor em 70 outros, tendo publicado mais de 100 artigos em revistas científicas em todo o mundo. Uma breve menção à literatura sobre seu trabalho serve como indicador de sua importância. Dez anos atrás, por ocasião de seus 60 anos, em 1997, sua obra mereceu grandiosa homenagem por parte da UNESCO. Sob sua égide, foi publicada, em 1998, o livro Los Retos de la Globalización, Ensayos en Homenaje a Thetotonio dos Santos, em dois volumes e com 891 páginas. No ano seguinte, em segunda edição, o livro foi publicado sob o patrocínio do Instituto de Relaciones Sociales Perúmundo. Nele estão firmados a homenagem e o reconhecimento de cientistas sociais como André Gunder Frank, Immanuel Wallerstein, James Petras, Samir Amin, além de ilustres scholars da França, Alemanha, França, Estados Unidos, Cuba, Japão, México, Colômbia, Senegal, Chile, entre outros. Entre os autores brasileiros, lá estão nomes como o do Ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim; os economistas Rui Mauro Marini, Reinaldo Gonçalves e Vânia Bambirrra; e escritores e acadêmicos como Silviano Santiago. Escreve o prólogo o ex-Reitor da UFF, Professor José Raymundo Romeo que, inclusive, por ocasião de um Seminário Internacional, teve a iniciativa de propor a honraria. Colaboram também dois eminentes colegas que pertenceram ao Departamento de Ciência Política de nossa universidade, ambos tão prematuramente falecidos, o Professor Titular José Nilo Tavares e o Professor René Dreifuss, criador e primeiro Coordenador do Núcleo de Estudos Estratégicos da UFF, o NEST/UFF, onde hoje ele figura como titular do seu Conselho Acadêmico. Um jovem assistente seu, hoje igualmente pertencente ao colegiado da Pós-Graduação em Ciência Política da UFF, Professor Carlos Eduardo Martins, escreveu longa e valiosa introdução sobre a vida e a obra do homenageado. Foi nela que fui buscar trecho de um verso escrito por Theotonio dos Santos em sua juventude:


“A construção existe e sou seu membro

Nada mais sei, nada mais encontro.”


O jovem Theotonio se enganou na sua humildade. Construiu, ao longo de sua vida, obra reconhecida mundialmente. Devotou todos os seus esforços e talentos para melhor entender as estruturas de um sistema mundial injusto. Foi sabendo cada vez mais sobre os mecanismos que levam à concentração da riqueza global nas mãos de uns poucos países ricos, em detrimento da grande maioria que se vê privada do acesso à educação e à saúde, à cultura e à tecnologia, à habitação e à alimentação. Nesse périplo foi se encontrando consigo mesmo, um cidadão do globo terrestre, um incansável e infatigável trabalhador intelectual que se identifica com a busca da dignidade do Homem.


Por força da Lei, o Professor Titular Theotonio, no auge de sua maturidade intelectual, em plena produção de uma obra reconhecida aqui e alhures, se vê obrigado a nos deixar. Permanecerão, entretanto, entre nós, a saudade e as amizades que conquistou baseadas na admiração e respeito. Prolongar-se-ão para sempre. A concessão do título de Professor Emérito ilustrará o homenageado, mas trará brilho também à nossa querida Universidade Federal Fluminense. Ela terá, assim, a oportunidade de lhe outorgar essa alta dignidade acadêmica. A gratidão e o reconhecimento são pilares da grandeza e da generosidade das instituições que estão destinadas a perdurar ao longo dos tempos.


Este é o encaminhamento de minha Proposta.



Professor Notório Saber Eurico de Lima Figueiredo

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (M/D)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

LA ENCRUCIJADA DEL PENSAMIENTO PROGRESISTA

por Theotonio dos Santos

La disolución del bloque monolítico que representó el pensamiento único en las décadas de los 80s y los 90s del siglo pasado está llegando a su punto crítico. Sin embargo, el cadáver se encuentra insepulto. No está claro aún quienes serán los encargados de enterrarlo. La tarea es mucho más compleja de lo que pueda parecer a la primera vista. Tratase de un fenómeno muy complejo que tiene demasiados lados entrecruzados.

En primer lugar, el triunfo del neoliberalismo en la doctrina económica fue el resultado de la larga onda de descenso económico iniciada en 1966-7, cuando los Estados Unidos buscó mantener su crecimiento económico a través de una nueva ola de gastos militares que se canalizaran hacia la guerra del Vietnam.

Esto ocurrió en un momento en que los gastos públicos saltaban hacia un nuevo nivel, como consecuencia del auge de los gastos con el llamado Estado de Bienestar, en consecuencia de la campaña de Lyndon Johnson por la Gran Sociedad, que pretendía eliminar la pobreza en los Estados Unidos.

La tensión generada por los nuevos gastos de guerra se chocó con la movilización de contenido social y su ideario. Mientras tanto el aumento de los gastos públicos continuó presionando los Estados Unidos hacia el aumento de las importaciones, al mismo tiempo que crecían cada vez más los gastos en el exterior. El déficit del balance de pagos se hizo más serio con la llegada del déficit comercial en 1969 para quedar definitivamente en la nueva fase de la vida del imperio norteamericano. Desde esta época hasta nuestros días este desequilibrio básico de las cuentas externas de Estados Unidos continuó a crecer preparando una nueva era de desequilibrios en la economía mundial.

Es importante comprender que, en aquél momento, se agotaban mecanismos fundamentales del crecimiento económico que se desenvolvieron durante los años del ascenso económico iniciado después de la Segunda Guerra Mundial. Estos mecanismos estuvieron asociados al triunfo de las ideas de Keynes en la ciencia económica que sirvieron de base teórica para una nueva fase del pensamiento liberal, que se liberaba de la noción de equilibrio general como centro de la mecánica económica y rompía con algunos principios fundamentales del liberalismo como el padrón oro y el equilibrio fiscal.

Asimismo, el auge de las luchas sociales en la posguerra, después de años de graves confrontaciones, iniciadas en 1917 con la Revolución Rusa, no dejaba espacio para el libre mercado que, según Keynes, no permitía el pleno empleo que se convertía en el objetivo fundamental de las políticas económicas. La caída del crecimiento económico en el nuevo período de la economía mundial permitió la vuelta del desempleo. Al mismo tiempo, el aumento de la deuda pública exacerbado por la aventura militar ejercía fuertes presiones inflacionarias. La combinación de inflación y caída del crecimiento dio origen al fenómeno de la “stagflación” que desafió la ortodoxia económica de base keynesiana.

Este fue el momento adecuado para la entrada en escena del pensamiento que en América Latina llamamos de neoliberal y que corresponde de hecho a una visión neoconservadora como lo ven los norteamericanos y europeos. La implantación del neoliberalismo empieza por la entrega de la política económica del gobierno fascista del general Augusto Pinochet a los llamados “Chicago boys”.

Era en la Universidad de Chicago donde se había recogido el desmoralizado grupo de pensadores ultraliberales, que se reunían desde 1945 en los encuentros anuales de Mont Pellerin. Entre ellos ganara destaque el monetarista radical Milton Friedman, que proponía una política antiinflacionaria de base monetarista, que siempre contó con buena disposición del Fondo Monetario Internacional.

No debe causar espanto este vínculo del ultra liberalismo con el fascismo. Todos los jefes fascistas importantes se consolidaron en el poder a través de políticas de estabilización monetaria, seguidas de períodos significativos de crecimiento económico moderado o simple estagnación de la renta nacional.

Un ejemplo significativo de esta ligazón entre el ultraliberalismo y el fascismo se encuentra en el artículo de Gustavo Franco al presentar el libro del ministro de las finanzas de Hitler, Hjalmar Schacht, Setenta y Seis Años de mi vida, editado en portugués por editora 34. Bajo el subtítulo de “la autobiografía del mago de la economía alemana de la República de Weimar al III Reich” encontramos una presentación general del libro hecha por el representante de Brasil en el Consejo del Fondo Monetario Internacional, Alexandre Kafta; una presentación política por Bolivar Lamounier y finalmente la presentación económica por aquél que se considera el verdadero autor del plan real y que fue el presidente del Banco Central en buena parte del gobierno Fernando Henrique Cardoso.

Aprendemos con el “teórico” del plan real que “las ideas de Schacht eran buenas, pero estaban al delante de su tiempo”. Y sabemos también que su libro es “una sucesión de clases ministradas por un maestro en un teatro que cubre los principales eventos del siglo XX.” Como se ve, el plan real de Brasil también tiene sus deudas con el pensamiento económico para-fascista.

No es pues absurda la constatación de Joseph E. Stiglitz en lo referente al Fondo Monetario Internacional. En su libro Globalization and its Discontents, él afirma:
“ La extensión de las condiciones significa que los países que aceptan las ayudas del Fondo tienen que ceder una gran parte de su soberanía económica. Algunas de las objeciones a los programas del FMI son basadas en esto y el consecuente daño a la democracia: en otros casos se basan en el hecho de que las condiciones exigidas no logran (o no buscan) restaurar la salud económica.”

Esta relación entre el pensamiento único, el ultra neoliberalismo y el totalitarismo no son algo nuevo, como vimos, pero ha sido puesto en segundo plano en los últimos años. Pero no debemos olvidar la relación estrecha entre el gobierno de Nixon y el golpe de estado en Chile, en 1973, lo mismo podemos afirmar del período Reagan o de las relaciones tan estrechas entre la señora Thatcher y Pinochet. En realidad fueron los gobiernos de Reagan, Tatcher y Kohl que asumieron oficialmente la perspectiva neoliberal en toda su extensión. Ellos se realizaron en el período más difícil de la crisis de largo plazo, iniciada en 1967, endurecida en 1973-75, retornada en 1978-81, combatida en nombre del neoliberalismo entre 1983 y 1987, con algunos resultados generales luego comprometidos en la crisis de octubre de 1987 que inicia la decadencia del pensamiento único en los Estados Unidos, con el gobierno Clinton, luego llegando en parte a Europa con la “onda rosa” de las victoria social demócratas y socialistas, pero siempre muy fuerte en América Latina y en las zonas excoloniales.

Si vinculamos el ascenso del pensamiento único al fascismo y otras formas de autoritarismo, como la tecnocracia internacional y los gobiernos conservadores, podemos también vincularlo a una tendencia del pensamiento filosófico hacia un formalismo que tendió a ser hegemónico en las décadas de los 80s y 90s. El estructuralismo filosófico abrió camino hacia este desprecio de la historia que se consolidó en la fuerza de las propuestas post-modernas.

Fue típico de esta fase el intento de valorizar los períodos históricos pre-revolucionarios y de descalificar los períodos revolucionarios. Es así como se desarrolla una interpretación extremamente conservadora de la revolución francesa en la conmemoración de sus 200 años; se busca desmoralizar totalmente la revolución rusa; y, finalmente, el gobierno Salinas en México busca descalificar la revolución mexicana y valorizar el período del dictador Porfirio Días.

En el plano de la teoría del conocimiento se debe resaltar también la hegemonía de las tendencias neokantianas en las Ciencias Sociales que habían ganado ya mucha fuerza en los años 50s. Entre sus exponentes principales está Karl Popper que frecuentó las reuniones de Mont Pellerin desde el comienzo. Con el fortalecimiento del estructuralismo estas tendencias se hicieron definitivamente dominantes tendiendo a presentarse como la única forma de conocimiento científico.

De este análisis muy general se puede sacar la conclusión que el fenómeno del pensamiento único estuvo ubicado en el contexto de un proceso múltiplo y complexo. En el plan económico él responde a las dificultades sociales generadas por un largo período de recesiones o quedas del crecimiento, con el aumento de las tasas de desempleo y el debilitamiento de las condiciones de lucha de los trabajadores en general.

Asimismo en el plano económico hay un requiebre de las actividades de planeamiento y una hegemonía creciente del sector financiero que pasa a fortalecerse frente a las dificultades de inversiones directas con altas tasas de ganancia.

Las cuentas públicas se ven afectadas por el crecimiento del déficit fiscal, agravado dramáticamente por el aumento de las tasas de intereses que se convierten en un de los principales rubros de los gastos públicos. Con la recesión aumenta también la población desempleada, cae la fuerza de los sindicatos y aumentan los gastos del estado con la asistencia a los trabajadores desempleados y otros gastos sociales.

Todos estos fenómenos fortalecen las fuerzas conservadoras y en algunos casos hasta las tendencias reaccionarias que pretenden empujar la historia para tras. Es una condición para el pleno desarrollo de estas tendencias el abandono de la historia como una referencia evolutiva de la humanidad. Como no hay acumulación en la coyuntura de la economía, estimase también que no hay acumulación en todas las dimensiones de la historia.

Cuando se recoge a la historia es para asumir su fin, como lo hizo con extremo éxito Fukuyama en 1980, con su célebre artículo, luego convertido en libro con un enorme aparato publicitario.

Como se ve, en el plano político, la aventura neoliberal tuvo también su refuerza en la retomada del poder por los partidos conservadores y su proyección sobre la agenda política de los años 80s y 90s.

Restó por analizar el vínculo estrecho de estos cambios generales con el manejo de los aparatos ideológicos. Las ideologías se vaciaran hacia los medios de comunicación y transformaron estas ideas en fuerzas materiales indiscutibles. Esto ayudó a producir un terror ideológico muy evidente que impide hasta nuestros días la superación de estas concepciones arcaicas en la vida contemporánea.

Estamos por lo tanto en el comienzo de un amplio desmoronamiento de este basto complejo que representa la hegemonía del neoliberalismo y necesitamos armar urgentemente una respuesta articulada a este gran embuste. Sea en el plano filosófico, como económico y político. Solo así podremos iluminar la encrucijada en que nos encontramos.

La tendencia actual a la recuperación del crescimiento económico internacional debrá poseguir a pesar de que la crisis financiera y el desempleo estructural limiten seriamente su amplitud y alcance.

Em realidad, a pesar de las sucesivas crisis financieras, los países del llamado Tercer Mundo ( entre los cuales se incluye China, a pesar de su crecimiento econômico espetacular) han obtenido um gran excedente financiero a partir de los auges de precios de las commodities desde 2002 a 2007. El aumento de La demanda China em el mercado mundial fue responsable em gran parte por esta alza de precios, pero existen otros factores imortantes que no cabe destacar aqui. Em los últimos 7 años el crecimiento de los países Del Tercer Mundo supera em mucho el de los papíses centrales del sistema econômico mundial. Em consecuencia, los países del llamado Tercer Mundo son hoy los únicos (com La excepción del Japón entre los desarrollados) a poseer reservas externas significativas. Los paíss centrales tienden antes al endeudamiento, sobretodo los Estados Unidos.

Como se explica esta desigualdad o desequilibrio? Los países desarrollados, con estructuras e infraestructuras montadas hace muchos años, encuentran limitaciones para sus inversiones. Sus tasas de ganancias y de interés son muy bajas y, a pesar de presentar enormes masas de inversión, no atraen las grandes reservas del capital que abandonaron el mercado financiero, en quiebra desde 1989 (de hecho, desde 1987). La estructura del sistema financiero mundial solo se há mantenido, a pesar de su volatilidad espectacular, gracias a la intervención de los bancos centrales de los países desarrollados y la consecuente recuperación del mercado accionario, sobre todo norteamericano, que se recuperó rapidamente de la crisis asiática entrando sin embargo em la rueda de volatilidad e inseguridad que caracteriza el sistema financiero mundial cada vez más especulativo.

Es fácil entender cómo países que se mantuvieron con altas tasas de crecimiento con inversiones en infraestructura, en desarrollo industrial y agroindustrial, en turismo y otros servicios - como China Popular, los Tigres Asiáticos y los nuevos tigres, pudieron absorber enormes masas de inversión directa a bajo precio y sin mayores exigencias. A pesar de que su programa de inversiones esté basado sobre todo en sus ahorros internos, básicamente estatales, estos países atrajeron masas de capital internacional realmente espectaculares para la inversión directa. Alguns de ellos (como Malasia, Corea del Sur y Chile) establecieron incluso severos límites a la entrada de “hot money”y al capital especulativo en general. Asimismo, Corea del Sur se vió frente a una crisis de pagamento en 1998 porque abandonó las limitaciones a la entrade de capitales de curto plazo.

Cualquiera que lea con atención el libro de Giovanni Arrighi, El Largo Siglo XX, verá en estos hechos un ejemplo de su tesis (inspiradas en Fernand Braudel) de que los nuevos ciclos sistémicos de acumulación mundial se caracterizan por amplias transferencias de capital financiero de las antiguas zonas hegemónicas a las emergentes.

Esto se explíca por la disminución de las oportunidades de inversiones lucrativas en los mismos sectores que generaron el auge de estas zonas mientras surgen nuevas oportunidades de inversión en áreas semiperiféricas o cercanas al centro hegemónico pero no partícipes del mismo. Arrighi nos muestra cómo ocurren estos fenómenos en la formación de los excedentes financieros de las Ciudades-Estado del Adriático y del Centro de Europa en los siglos XIV y XV, cuando el grupo genovés reubica sus excedentes para financiar la expansión territorial ibérica en los siglos XVI y XVII (particularmente el Imperio Español). Por su parte, Holanda absorverá en los siglos XVII y XVIII gran parte de la riqueza acumulada por los Borgia, además de saquear directamente los barcos españoles. Pero también en ese mismo periodo transferirá gran parte de su acumulación de capital para financiar el ascenso de la Inglaterra industrializada. A su vez Inglaterra será una de las financiadoras de la espectacular expansión norteamericana a finales del siglo XIX y comienzos del XX. Finalmente el déficit comercial norteamericano es en la actualidad uno de los financiadores de los superávits financieros japonês y chino.

Brasil y gran parte de los países latino americanos se dejan seducir por las facilidades de la importación de capital financiero y altas tasas de interés. El capital de cortoplazo no Entra el el país pues El conserva su derecho de salir junto cn los enormes excedentes obtenidos com lãs tasas de interes obtenidas. En consecuencia, se hacen inviables las actividades productivas de estos países y ellos reducen sus Estados a la impotencia por medio del recorte de gastos de inversiones y sociales para pagar altos intereses, injustificables en un presupuesto operativo superavitario hace ya varios años. Los superávits primarios han sido usadoa para pagar altos intereses en nombre única y exclusivamente de la contención del consumo, para evitar uma inflación que no existe, así como de la atracción de capitales internacionales.

La evolución de la situación es comocida: se buscó compensar los déficits comerciales de la década del 90, surgidos en consecuencia de la sobrevalorización de las monedas latinoamericanas, com aumento de las tasas de interes para atraer los capitales internacionales. El resultado fué el aumento del pago de intereses de la deuda y otros compromisos como lãs remesas de ganâncias. Se intentó atraer más capitales del exterior con nuevas privatizaciones . Sin embargo, esta y otras fuentes depredatórias de ingresos públicos terminaron y plantearon la necesidad de la devaluación de las monedas y de la retomada de los exportaciones.

La retomada de las exportaciones abrió camino para los superávits comerciales de los primeros años del nuevo siglo. La formación de las reservas crecientes está aún em marcha pero no se há encontrado apún um camino masivo para protegerlas. Ellas se encuentran em dólares, moneda volátil com tendência a la caída, así como a convivir com los bajos intereses internacionales. Los economistas neoliberales continúan insistiendo em atraer estos dólares em inversiones de corto plazo a altos intereses. Esta polpítica suicida se enfrenta a uma reacción de los sectores más concientes de la región que llaman a la creación del Banco del Sur y a la formación de fondos soberanos que permitan utilizar esta espatcular masa de recursos paralizados em monedas em desvalorización. Como se vê, la herencia neoliberal continúa activa apoyada en los bancos centrales, protegidos por la doctrina de la independência. Independencia de la política, es decir, de la democracia y de la desmoralización de su base doctrinaria y filosófica.